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Não existe uma prova conclusiva da presença de religiosos na viagem inaugural da saga americana que partiu da cidade espanhola de Palos de Moguer, em agosto de 1492. Esse fato pode ser decorrente da falta de confiança nos resultados de tal viagem por parte dos monarcas espanhóis. Não pareciam muitas as possibilidades de que Colombo chegasse a encontrar o tão anunciado e desejado caminho alternativo das Índias; muito menos que encontraria, para a Coroa de Castela, um novo continente. Continente este que terminaria por converter a Europa no Velho Mundo e mudaria para sempre as relações sociais, econômicas e culturais, entre outras, do planeta. Eram demasiadas coisas para serem enxergadas diante de uma aventura que, como acabamos de observar, oferecia, à primeira vista, poucas perspectivas.

Essa primeira aventura no desconhecido Mar tenebroso não representou para a Coroa castelhana um grande gasto. Porém, o que Colombo precisava da Coroa espanhola era mais o apoio e a aprovação de suas petulantes petições do que o próprio dinheiro dos monarcas. O apoio da Coroa abriria a porta para negociar com os banqueiros genoveses que enxergariam esse sufrágio real como uma possibilidade de futuro lucro. As inflamadas petições do futuro Almirante foram referendadas através das Capitulações realizadas na cidade granadina de Santa Fé e concediam ao navegador importantes benefícios no hipotético caso de encontrar as a rota alternativa para as Índias tal e como assegurava.

A importância da presença dos reis católicos nesse projeto justificava-se, pois, pela confiança que o apoio real representaria na hora de os banqueiros e demais prestamistas investirem numa aventura que à vista de todos não pareceria muito promissora. Se a Universidade de Salamanca, reunida para estudar o caso e dar seu parecer após longas conversas e entrevistas com o próprio Colombo, não havia chegado a um veredicto favorável para o navegador, o fator econômico e as muitas possibilidades, no caso de a viagem ser satisfatória, pesou bem mais que a ciência dos sábios salmantinos. A providencial intervenção do funcionário da Corte Luis de Santangel e sua celebre frase “pouco a perder e tal vez muito a ganhar” ajudou eloqüentemente na decisão final dos monarcas.

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Apesar disso, a expectativa não era suficiente a ponto de enviarem religiosos para converter os infiéis que pudessem ser encontrados nas terras asiáticas. A ausência eclesiástica no momento da descoberta das novas terras não pressagiava a vital importância que os religiosos viriam a ter, séculos depois, na mais tarde chamada Conquista espiritual da América. Um agouro favorável que não foi constatado nessa primeira viagem, apesar da pertinaz idéia do agora Almirante das Índias de ter alcançado as míticas terras do Grande Cã sem possuir sequer alguma evidência do fato e não obstante haver claras evidências do contrário.

No hace falta abrumar con citas documentales, porque nadie ignora lo sucedido: cuando Colón avisto en la noche entre los días 11 y 12 de octubre de 1492, tuvo la certeza de haber llegado a Asia, o más puntualmente dicho, a los litorales del extremo oriente de la isla de la tierra. Se trataba sólo de una isla pequeñita; pero de una isla, piensa, del nutrido archipiélago adyacente a las costas del orbis terrarum del que había escrito Marco Polo. (O’GORMAN, 2001, p.83)

Apesar dessas evidências, Colombo retornou à Espanha e apresentou diante dos monarcas o que ele chamou de uma pequena mostra do que poderia trazer numa futura viagem em que um pouco mais de apoio lhe fosse oferecido.

En conclusión, a fablar desto solamente que se ha fecho este viage que fué así de corrida, que pueden ver Sus Altezas que yo les daré oro cuanto hobieren menester, con muy poquita ayuda que sus altezas me darán: agora especería y algodon cuanto Sus Altezas mandaran cargar, y almastiga cuanto mandaran cargar; é de la cual fasta hoy no se ha fallado salvo en Grecia y en la isla de Xio, y el Señorio la vendo como quiere, y lignaloe cuanto mandaran cargar, y esclavos cuantos mandaran cargar, é serán de los idólatras; y creo haber fallado ruibarbo y canela, e otras mil cosas de sustancia fallaré, que habrán fallado la gente que allá dejo; [...] (Carta de Cristóvão Colombo anunciando a descoberta do Novo Mundo)

Essa “fuga hacia adelante”, como a denomina Ainsa (1998, p.56), foi, durante os anos seguintes, uma constante na aventura americana e na paulatina consolidação da utopia. A projeção da realidade, assim como o jogo de distanciamento-aproximação, serviram de base para a construção do discurso narrativo da conquista. “En las permanentes referencias al ‘mundo buscado’ Colón no hace sino proyectar ‘más lejos’ su esperanza de encontrar ‘las ciudades que se descubrirán sin Duda” (AINSA, 1998, p.57).

Seja como for, independentemente de ter encontrado ou não grandes riquezas, naqueles primeiros momentos a presença anunciada e demonstrada de indígenas nas novas terras, com ou sem rasgos que os assemelhassem aos encontrados por Marco Polo no século XIII, fez com que a Coroa espanhola se mobilizasse para garantir sua presença no Novo

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Mundo e a conseguinte extração sem empecilhos das possíveis matérias-primas que pudessem ser encontradas naquelas terras próximas, como ainda acreditava o Almirante, aos domínios do Grande Cã.

Como veremos mais adiante, a descoberta e a exploração das novas terras da Coroa provocou o surgimento de uma dicotomia que se arrastou pelas décadas seguintes e que sem dúvida o ponto central do conflito entre aqueles que mais tarde questionaram o modo como estava sendo levada a cabo a colonização dos territórios: por um lado, as várias Bulas Papais promulgadas num tempo recorde, por parte da Coroa espanhola, impunham a obrigação de instruir a fé dos novos súditos do Império e levar a luz a todos aqueles a quem, por razões desconhecidas, lhes havia sido negado o conhecimento da verdade única. Conhecimento este que agora se impunha como o único que justifica oficialmente a permanência nessas terras; por outro lado, havia a necessidade de extrair as riquezas, apesar de isso implicar explicitamente no trabalho escravo dos indígenas e, como se verificou já nos primeiros anos, causar a rápida mortandade indígena devido ao exaustivo trabalho, o que não parecia comover muitos daqueles que se definiam como católicos.

Este último fato parecia não muito compatível com a obrigação imposta pelo Papa e com o desejo da própria Rainha Isabel de Espanha, que no codicilo de seu testamento deixava explícita sua última vontade de que os naturais fossem tratados com retidão. Tal questão já foi tratada com maior profundidade ao examinarmos as ordenanças que o Governador Nicolas de Ovando levou em sua bagagem ao chegar na ilha de La Española para tomar posse, em 1502.

Por essa questão, a presença de religiosos sempre foi uma inescusável imposição da Coroa, não somente com o nobre objetivo de dar amparo aos viajantes, mas também para levar a palavra de Deus e, por extensão, tomar posse das novas terras em nome deste e da própria Coroa, que agora cumpria uma divina missão amparada pelo poder da Santa Madre Igreja.

Em conferência pronunciada no Ateneu de Madri, em 1892, por ocasião do quarto centenário da descoberta, o Marques de Lema oferece-nos sua particular visão sobre o assunto:

No consta que en el primer viaje realizado por Colón acudiera ningún religioso ni misionero a tan apartadas tierras. Desechada por completo toda tradición y leyenda acerca del hecho de haber acompañado al gran navegante aquellos dos frailes que con tanto calor recibieron a sus ideas y la empresa por el meditada, y asimismo, sin motivos para admitir aquella otra referente al pobre lego, Fr, Ramón, que aparece más tarde en el segundo viaje transmitiendo sus escasos conocimientos de lengua indígena a dos frailes del convento de San Francisco de Picardía, puede decirse que sólo en esta

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segunda expedición va la iglesia con su representación al Nuevo Mundo, y sólo entonces se pueden señalar los primeros pasos de esta institución. (LEMA, 1892, p.7)

Sobre esse mesmo assunto, em Historia eclesiástica indiana Frei Jerónimo de Mendieta registrou seu ponto de vista, também fazendo referência à preocupação dos monarcas em enviar religiosos para acompanhar o Almirante em sua segunda viagem, apenas um ano após a descoberta.

Como sus Altezas se hallaron en Barcelona al tiempo que Cristóbal Colón llegó con las primeras nuevas, y cosas que llevaba de las Indias, queriendo proveer, cuanto a lo primero, ministros eclesiásticos que industrias en aquellas nuevas gentes en las cosas de nuestra santa fe católica y los hiciese cristianos, eligieron un religiosos de la orden del bienaventurado San Benito, hombre de las letras y buena vida, llamado Fr. Buil, de nación catalán, el cual procuraron que trajese plenísimo poder de la Silla Apostólica para todo lo que se ofreciese, como prelado y cabeza de la iglesia en partes tan remotas; y con él enviaron también una docena de clérigos doctos, expertos y de vida aprobada, y los proveyeron de ornamentos, cruces, cálices y imagines, y todo lo demás que era necesario para el culto divino y para ornato de las iglesias que se hubiesen de edificar. (MENDIETA, 1973, p.14)

Apesar das boas intenções da Coroa espanhola e do próprio Almirante em levar a palavra de Deus àqueles que, segundo o pensamento da época, porventura nunca haviam tido a oportunidade de conhecer tão divino tesouro, as relações entre os indígenas e os espanhóis não começaram muito bem e isso foi algo que os primeiros religiosos não tardaram a observar e, posteriormente, a denunciar. O próprio Frei Buil abandonou a colônia pouco tempo depois de sua chegada, motivado por suas diferenças irreconciliáveis com o Almirante. A dificuldade na hora de harmonizar a teoria e a prática quando se tratava de aplicar as ordenanças da Coroa, principalmente no que se referia à propagação da fé entre os nativos, evidenciava, num prazo muito curto de tempo, como seria difícil a tarefa de evangelizar os naturais sem que o doutrinamento chocasse com os ideais menos nobres da aventura americana.

Os referenciais humanistas tão em voga naquele momento, presentes na bagagem de muitos dos que se arriscavam na duvidosa viagem ultramarina, caminhavam, em muitos casos, junto com os ideais cavalheirescos e guerreiros. Os conquistadores, herdeiros evidentes de uma sólida tradição medieval ainda muito presente na mentalidade da época, carregavam esse ideal híbrido produto de duas épocas que não haviam de fato se separado. As tropas que haviam lutado durante séculos na reconquista para liberar a terra do infiel, agora prosseguiam sua divina missão pelas terras do Novo Mundo.

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Considerando esse último aspecto, é evidente que seria muito difícil sequer vislumbrar a possibilidade de colonizar os novos domínios da Coroa castelhana de um modo mais próximo ao modelo que o humanismo cristão propugnava. A Idade de Ouro sonhada por Mendieta seria mais bem apelidada de Idade de Ferro, em referência ao metal das espadas e das armaduras que defendiam o corpo e a alma daqueles que levavam a espada na mão e a cruz no coração. Esta férrea idade distinguirá as primeiras décadas de presença dos espanhóis no Novo Mundo, assim como as primeiras legislações promulgadas especificamente para essa nova colônia.

O ideário de uma convivência pacífica e de uma posterior serena evangelização defendido pelas diferentes ordens religiosas passou a ser, em pouco tempo, mais uma quimera do que a utopia com um fundo de esperança que alguns, em sua concepção de um mundo ideal, porém possível, imaginavam. Em pouco tempo, evidenciou-se que o problema de adaptação dos indígenas à nova realidade seria somente um, e certamente não o mais importante, dentre os problemas que enfrentariam os missionários, evangelizadores que agora apareciam convertidos – como é advertido ao Monarca Carlos I de Espanha pelo frade franciscano Martin de Valencia em uma carta datada em 1532 – em pastores com a missão defender as ovelhas dos lobos.

Y puede creernos V. M., que los muchos trabajos, grande animo y constancia que el elegido mostró de defender estas ovejas de los lobos, pudieron ser parte para que los beneficios que de aquí adelante en ellos se hicieren, haya quedado quien los reciba; y más osamos decir, que según veíamos y entendíamos que andaba e iba la cosa, con todo lo que el elegido clamaba y hacia y trabajaba con todos nosotros. (VALENCIA apud TORENO, 1974. p.57)

Desde os primeiros momentos, como já vimos, a difícil coexistência entre os nativos e os espanhóis não facilitou muito a aproximação entre os dois grupos, e isso fez com que o indígena tivesse sérias dificuldades em seu processo de integração na nova sociedade que os espanhóis cogitavam construir no Novo Mundo. Tal fato se evidenciou, como veremos mais adiante na análise do corpus, nos aspectos mais comuns da possível convivência entre espanhóis e indígenas. O medo de ser relacionado aos indígenas, considerados a priori como heréticos, demoníacos e muitos outros vitupérios, talvez fosse o motivo pelo qual aqueles que escreveram aos seus familiares distantes omitiam qualquer referência ao mundo indígena, aos costumes ou atividades do dia a dia destes que até pouco tempo antes eram os donos da terra. Ser indígena virou motivo de suspeita em sua própria terra. Uma carta pode ser uma portadora de boas novas, mas, por outro lado, pode também ser uma arma que se volta contra o próprio

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remetente. Esse fato sem dúvida teve que ser considerado pelos colonos na hora de exteriorizar certos sentimentos em relação aos naturais, agora seus vizinhos. Antes de entrar plenamente na análise epistolar das cartas franciscanas, serão contemplados alguns exemplos, em outros epistolários, dessa proteção natural contra possíveis acusações de associação com os indígenas – nativos que agora representavam um dos aspectos mais paradoxais da colonização: estrangeiros de si mesmos.

Em outros momentos da história, fatos semelhantes aconteceram e os naturais de determinado território, então sob a tutela de outro povo, converteram-se em possíveis suspeitos de traição ou heresia em suas próprias casas. Em um exercício de acrobacia dedutiva, o historiador Serge Gruzinski compara a situação da capital do império Asteca Tenochtitlan após a conquista pelas tropas de Fernão Cortés e os sucessos que aconteceram mais tarde à temática mostrada no filme do cineasta alemão Lars Von Trier:

Aceptemos el riesgo del anacronismo y volvamos a Europa, de Lars Von Trier. A nadie se le ocurriría aproximar la derrota de la Alemania hitleriana a la caída del México indígena. Pero en la manera de filmar de Lars Von Trier descubrimos la voluntad muy evidente de evocar en imágenes el choque apocalíptico de dos universos que se enfrentan […] En México la confusión de la vida urbana y la interferencia de los tiempos acentúan el desorden político y social. A lo largo de 1520, el fracaso de las soluciones tomadas por el nuevo poder aumenta el trastorno general. (GRUZINSKI, 2007, p.84)

Até no próprio pensamento dos membros da ordem de São Francisco respirava-se, por parte de alguns deles, um clima de desconfiança e desespero para com os indígenas, como deixa entrever o próprio Juan de Zumárraga, primeiro bispo do México, na hora de enfrentar a teimosia dos nahuas em manter, de modo camuflado, seus cultos ancestrais. A santidade do bispo não lhe impede de considerá-los de forma no mínimo antagônica.

Al mismo tiempo, para nuestra mayor pena y afrentamiento, nos, supimos que numerosos ídolos verdaderos, o sea las antiguas estatuas no las falsas, habían sido escondidas a los ojos de nuestros frailes. ¿Y dónde supondríais vos, Señor, que las escondieron? Ellos las escondieron en los cimientos de nuestros santuarios, de nuestras capillas y de otros monumentos Cristianos, ¡que fueron construidos por trabajadores indios! Esos hipócritas salvajes, escondieron sus impías imágenes en esos lugares santos, creyendo que nunca se descubrirían. Y peor todavía, creían que podrían adorar allí a esas monstruosidades escondidas, mientras aparentaban rendir homenaje a la cruz, o a la Virgen o a cualquier santo que estuviera visiblemente representado allí. (Carta del Obispo Zumárraga sobre o mito guadalupano. Disponível em: <http://foros.forosmexico.com/showthread.php?t=42400>.)

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Esta carta será, pela sua grande importância, posteriormente analisada na integra. Nessa nova sociedade, o indígena tinha pouco ou nenhum espaço nos cargos principais. Nos primeiros momentos e levados pela necessidade de controlar as massas e a cobrança dos tributos que configuravam a relação econômica entre os nahuas e os demais povos, assim como de garantir a ordem, os conquistadores, como já haviam feito durante a tomada da capital mexicana, aproximaram-se estrategicamente das elites que sobreviveram ao assédio da cidade e às epidemias que se seguiram durante as décadas subseqüentes.

Uma vez repartidas as encomendas entre os colonizadores recém chegados e superados os primeiros problemas de reorganização dos principais cargos políticos, poucas eram as funções possíveis a serem desempenhadas pelos, até pouco tempo antes, donos da terra.

Um dos possíveis cargos na sociedade que surgia poderia ter sido o religioso. Visto que, após os primeiros anos de adequação, o indígena já não era tão necessário para assegurar a ordem e o seguimento da recolhida dos tributos, tal cargo poderia muito bem ter sido adotado para cuidar do espírito ainda aturdido de seus irmãos. Ao mesmo tempo, um possível clero indígena poderia ter incorporado aquele necessário interlocutor entre os dois mundos, um interlocutor que teria vislumbrado, naqueles primeiros anos, os modos de convivência de uma forma mais prática e menos teórica.

Porém, a possibilidade de incluir o indígena no corpo da nova igreja americana sempre encontrou grandes dificuldades, não apenas por parte da Coroa e da população civil, mas também dos próprios religiosos. Talvez resida nessa questão uma das chaves para tentar explicar quais foram os fatores que determinaram as difíceis relações sociais entre as duas civilizações naqueles primeiros momentos. Uma relação marcada por um lado pelo etnocídio e por outro pela resistência indígena a abandonar suas culturas e a adoção estratégica das novas crenças.

Os impedimentos por trás da falta da formação de um clero indígena

É difícil avaliar, hoje em dia, se a formação de um clero indígena durante os primeiros momentos da colonização do Novo Mundo teria ajudado a evitar que a conquista se produzisse da maneira como foi feita e com as conseqüências tão desastrosas que teve para a população indígena e para seus descendentes ao longo dos cinco séculos seguintes.

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Segundo Robert Ricard em um de seus últimos escritos e depois de uma vida dedicada ao estudo da chamada conquista espiritual, parece que tal formação não teria servido de muita ajuda.

Ahora veo más claro que la formación de un clero indígena no era una panacea y que no podía resolverlo todo. Acaso cometí una equivocación cuando imaginé que, creando un clero indígena, los misioneros hubieran resuelto de una vez cuantos problemas quedaban planteados en la historia religiosa y social de México. De todos modos, los problemas que se presentaron en el siglo XVI a los gobernantes temporales y espirituales de México atestiguan, de manera impresionante, el profundo desconcierto de los españoles frente a la nueva humanidad que acaban de descubrir. (RICARD, 1986, p.30)

Talvez, como observa Ricard, a participação dos indígenas na nova igreja que se formava não tivesse ajudado muito a solucionar os problemas que se apresentaram, problemas estes provocados em razão do enorme impacto que significou o choque de culturas. Contudo, podemos afirmar que a participação de um clero indígena poderia ter melhorado em muito a compreensão da nova realidade e a aproximação às culturas e aos costumes locais de um