• Nenhum resultado encontrado

ESTUDOS EPISTOLARES: NOVAS FORMAS DE APROXIMAÇÃO À HISTÓRIA

A literatura epistolar na atualidade

Tradicionalmente, a história tem sido analisada de um ponto de vista que quase sempre peca pela sua falta de objetividade e pelo seu olhar parcial de determinado momento histórico. Segundo Walter Mignolo (2001), no seu magnífico ensaio Lógica das diferenças e política

das semelhanças da literatura que parece história ou antropologia, e vice-versa, a história

nunca é vista de modo objetivo por aquele que esteve presente e a escreve no mesmo instante do acontecimento ou tempos depois, nem por aquele que, sem sequer ter estado presente e sob o título de “historiador”, a reescreve partindo da sua visão dos fatos.

No mesmo ensaio, Mignolo (2001, p.127) faz referência ao historiador Hayden White e à sua idéia de considerar o estatuto da narração historiográfica como um artefato verbal. Deste modo, o autor toca em um dos assuntos mais controversos dos últimos anos. Trata-se de uma temática que tem suscitado calorosos debates entre os que defendem esses dois campos do saber dentro de uma frente única e aqueles que têm sérias dificuldades para enxergá-los como gêneros híbridos.

Literatura e história têm caminhado de mãos dadas, porém, há um conflito de longa data entre o que é considerado como realidade e como ficção. Isso tem colocado essas duas disciplinas em campos, se não opostos, pelo menos irreconciliáveis. Segundo Mignolo, no mesmo artigo:

Minha tese já exposta em outros trabalhos é que literatura e história implicam normas e marcos discursivos que qualquer pessoa que tenha sido educada na tradição ocidental – não necessariamente especialista em filosofia, semiótica, teoria do discurso ou teoria da literatura – está em condições de compreender e diferenciar (MIGNOLO, 2001, p.116)

125

Lopez. J.I

Diante da dificuldade de pôr um ponto final nesse eterno debate, o tratamento que será dado a esse assunto nas próximas páginas visa, se não resolver a questão, pelo menos estabelecer uma postura pessoal mais clara sobre esse tema controverso dentro do campo estabelecido nesta tese. Ao analisar tanto o nosso corpus epistolar como os demais textos pertencentes ao período colonial hispano-americano selecionados de acordo com o recorte temporal estabelecido, não entraremos em questionamentos sobre a veradicidade ou não dos fatos, mas, sim, se tal aspecto pode provocar que um texto seja redirecionado de um gênero para outro e vice-versa. Deste modo, não é pertinente neste estudo analisar a veracidade do narrado, senão observar os diferentes textos de uma perspectiva contextualizada, isto é, interessa-nos além dos múltiplos fatores envolvidos no momento em que os textos foram redigidos, também a sua recepção analítica no momento presente. Assim, o objetivo deste estudo do corpus epistolar franciscano, como foi observado no capítulo introdutório, é confrontar as correspondências redigidas por alguns dos membros da Ordem Seráfica com o contexto histórico e social em que foram redigidas, considerando as múltiplas e complexas circunstâncias que cercaram esse momento crucial de formação da futura América Latina. A carta como fonte primária tem muito a dizer a respeito dos eventos que marcaram o primeiro século de presença européia no Vice-reino de Nova Espanha.

Tal comparação nos permitirá uma aproximação dos fatos de uma perspectiva mais nítida e esclarecedora, considerando a complexidade das relações sociais que se estabeleceram entre os grupos em conflito: indígenas de diferentes etnias e de diversas camadas sociais; religiosos mais ou menos comprometidos com a sua missão evangelizadora; conquistadores e, finalmente, os colonizadores que, sem pertencer a nenhum dos grupos anteriores, ajudaram a formar a nova sociedade hispânica que os espanhóis tentaram implantar no Novo Mundo.

Gonzalo Fernández de Oviedo, primeiro cronista oficial das Índias enviado pela Coroa espanhola, acreditou ter visto sereias na sua viagem de reconhecimento do novo território, como deixou escrito no seu livro Sumario de la natural historia de las Índias (2002), mas estudos posteriores comprovaram que Oviedo na verdade só havia visto um peixe-boi, uma espécie que ainda era desconhecida na Europa. Até o pioneiro da descoberta, Cristóvão Colombo, acreditou ter visto as tais sereias, como deixou escrito na entrada do seu diário da primeira viagem, do dia nove de janeiro de 1493: “El día pasado, cuando el Almirante iba al rio, dijo haber visto tres sirenas que salieron bien alto de la mar, pero no eran tan hermosas como las

126

Lopez. J.I

pintan, que en alguna manera tenían forma de hombre en la cara; dijo que otras veces vio algunas en Guinea en la costa Manegueta.(COLÓN, 1985, p. 136)

Já Oviedo faz outra particular descrição das sereias quando as compara com os odres de vinho nos quais é guardado o vinho em Castela. A clássica beleza das míticas sereias é, portanto, questionada pelo autor que, no prólogo de seu livro, afirma que tudo o que nele aparece não é fruto da imaginação, mas sim da experiência vivida.

Colombo e Oviedo não foram os únicos a ver sereias e outros tantos seres mitológicos e extraordinários, todos extraídos das páginas dos livros de referência da época: os bestiários medievais. Esses pequenos manuais – que poderiam ser considerados pertencentes a um gênero híbrido entre a zoologia e o que mais tarde viria ser a literatura fantástica – passaram a ser, nas viagens ultramarinas, o livro de cabeceira de muitos navegantes. Na época das grandes navegações, eles eram denominados “Bestiários das Índias” e eram um claro sintoma de como alguns traços da Idade Média seguiam vigentes no imaginário da chamada Idade Moderna.

No caso particular do cronista Gonzalo Fernández de Oviedo, muitos historiadores talvez se questionassem se ele estaria fazendo literatura ou história. Somente um exame contextualizado do momento em que o cronista visualizou a tal “sereia” permitiria entender o lapso histórico cometido por um dos únicos “historiadores de carteirinha” que manifestou no prólogo de seu livro a grande preocupação com a veracidade de seu relato.

Escribió Plinio treinta e siete libros en su Natural Historia, e yo en aquesta mi obra e primera parte della, veinte, en los cuales, como he dicho, en todo cuanto le pudiere imitar, entiendo hacerlo. El primero de los suyos fué el proemio, enderezando lo que escribió a Tito, emperador; aunque otros tienen que a Domiciano, y no falta quien diga que a Vespasiano. Yo no tengo necesidad deso, pues no escribo de auctoridad de algún historiador o poeta, sino como testigo de vista, en la mayor parte, de cuanto aquí tratare; y lo que yo no hubiere visto, dirélo por relación de personas fidedignas, no dando en cosa alguna crédito a un solo testigo, sino a muchos, en aquellas cosas que por mi persona no hobiere experimentado. Y dirélas de la manera que las entendí, y de quién; porque tengo cédulas y mandamientos de la Cesárea Majestad para que todos sus gobernadores e justicias e oficiales de todas las Indias me den aviso e relación verdadera de todo lo que fuere digno de historia, por testimonios auténticos, firmados de sus nombres e signados de escribanos públicos, de manera que hagan fe. (OVIEDO,. Sumario de la natural historia de las Indias. Edição digital disponível em: <http:// www.ems.kcl.ac.uk/content/etext/E026.html>)

O olhar científico de Oviedo, assim como o olhar curioso de Colombo, encontrou no seu caminho as míticas sereias ou, pelo menos, foi o que os cronistas acreditaram ter visto.

127

Lopez. J.I

Determinadas espécies eram ainda ignoradas pelo homem na época em que viveram os dois narradores e isso os isenta de qualquer suspeita de tentar enganar seus leitores ou de propagar o que, com o tempo, passou a ser chamado “mentira de viajante” (LIMA,1997, p.215).

Já no âmbito da historiografia mexicana, temos o caso exemplar de dois autores que se encaixam perfeitamente nessa distinção para narrar um mesmo fato: o cronista Bernal Díaz del Castillo, que fez parte do exército do conquistador e explorador espanhol Fernão Cortês, ficou irritado com a publicação do livro sobre a conquista do México redigido por Francisco López de Gómara – que não participou da aventura e nem sequer havia pisado em solo americano. Por isso, Díaz del Castillo, decidiu, já nos últimos anos de sua vida, redigir o que ele chamaria de Historia verdadera de la Conquista de Nueva España, título que sem dúvida era uma resposta à obra, segundo ele, mentirosa de Gómara, La Conquista de México.

Mucho se ha debatido sobre qué le movió a escribir y porque siguió escribiendo a lo largo de tanto tiempo. Se ha afirmado en ocasiones que, más que historia, su memorial fue una nueva y muy larga relación de meritos. Han proclamado otros que sobre todo escribió para contradecir al capellán de Cortés, el humanista Francisco López de Gómara, personaje que no conoció México y en 1552 saco una historia de la conquista de México. Ante el cúmulo de ponderaciones que con estilo tan atildado hace Gómara de la persona y los hechos de Cortés, se ha expresado también que Bernal, con sentido popularista, quiso poner de bulto la participación de todos los otros conquistadores, en especial la suya propia. Por eso, incluso se le ha tildado de vanidoso que, en su afán de alabarse, da entrada a fantasía y aun falsedades. (LEÓN-PORTILLA, 2000, p.8)

A longa exaltação de Gómara sobre a figura de Fernão Cortês e o pouco destaque dado aos outros protagonistas da aventura nas páginas de seu livro motivaram Díaz del Castillo a redigir a sua particular visão da história. Na perspectiva do já velho soldado, o seu antigo e afamado companheiro de luta Cortês não perde o seu importante papel na aventura, porém os demais capitães também ganharam a merecida atenção – ainda que, às vezes, isso provoque descrições fantásticas e até questionáveis.

[...] Diremos lo que en aquellos tiempos nos hallamos ser verdad, como testigos de vista, e no estaremos hablando las contrariedades y falsas relaciones (como decimos) de los que escribieron de oídas, pues sabemos que la verdad es cosa sagrada, y quiero dejar de más hablar en esta materia; y aunque había bien que decir de ella e lo que sé, sospecho del coronista que le dieron falsas relaciones cuando hacia aquella historia; porque toda la honra y prez de ella la dio sólo al marqués don Hernando Cortés, e no hizo memoria de ninguno de nuestros valerosos capitanes y fuertes soldados; y bien se parece en todo lo que el Gómara escribe en su historia serle muy aficionado, pues a su hijo, el marqués que ahora es, le eligió su corónica e obra, e la dejó de elegir a nuestro rey y señor [...]. (CASTILLO, 1983, p.104)

128

Lopez. J.I

Nas últimas décadas do século XVI, em um momento em que a “mentira de viajante” havia entrado em crise, como afirma Padgen (apud LIMA, 1997, p.215), os leitores começavam a reclamar sobre a questionável veracidade dos fatos narrados por muitos cronistas americanos. O resultado dessa crise foi a obstinada preocupação desses autores em confirmar que todo o narrado, como no caso de Oviedo e de Díaz del Castillo, não é senão aquilo que eles mesmos viram com os seus próprios olhos; embora, muitas vezes, esse órgão não auxilie muito na hora de explicar a inédita realidade americana.

Outros soldados que acompanharam Cortês na conquista do México também escreveram livros dedicados a esse episódio. Entre eles, destacam-se as figuras de Juan Díaz, Andrés de Tapia, Bernardino Vázquez e Francisco de Aguilar, que participaram da conquista da capital asteca. O que levou esses militares a contar a sua própria versão da história vivida obedecia a uma série de propósitos comuns: algumas vezes, para reivindicar direitos supostamente adquiridos e não pagados; outras vezes, para tentar alcançar seu próprio espaço na história e não somente um nome ao lado do grande Cortês.

Andrés de Tapia, em uma atitude semelhante à de Díaz del Castillo, publicou sua própria versão da história. A motivação do cronista, como adverte Chamorro (1985, p.62) foi, em um primeiro momento, fornecer informações que ajudassem Gómara a redigir seu texto sobre os fatos ocorridos durante a conquista de Tenochtitlan. Isso sem dúvida aconteceu, pois, como afirma Chamorro (1985, p.60), Gómara pirateou à vontade a obra de Tapia. Já no caso de Francisco de Aguilar, o que motivou a redação da sua obra foi o pedido de certos religiosos da sua ordem, resultando em um texto com um estilo simples e carregado de humanidade (CHAMORRO, 1985, p.152).

Deste modo, os motores do discurso narrativo do que se chamou Conquista Militar foram, por um lado, a fortuna e, por outro, a fama. Esses relatos inspiraram-se tanto na Idade Média como na Renascença, voltada à Antiguidade Clássica. Assim, foram resgatados do mundo medieval os livros de cavalaria – começando pelo livro de cabeceira da soldadesca: o

Amadis de Gaula – e do mundo renascentista, aqueles autores que relataram as façanhas das

campanhas militares de grandes generais como Júlio César ou Carlos Magno, bem como um estilo menos carregado e mais próximo do pensamento humanista em voga naquele momento.

Em alguns poucos casos, a motivação dos cronistas das Índias foi destacar a bravura e a acirrada resistência dos indígenas contra a conquista. Nesses raros exemplos, a épica narrativa é mostrada de modo diferente dos textos citados anteriormente e a voz protagonista

129

Lopez. J.I

está com os indígenas. Um desses exemplos na literatura hispano-americana colonial é, sem dúvida, La Araucana, do soldado espanhol Alonso de Ercilla, que realmente só tem de espanhol o nome. O herói dos fatos narrados é o indígena americano na sua impressionante luta contra o avanço castelhano. Outros textos, também fora do contexto mexicano, mostraram nas suas páginas um retrato mais benevolente dos nativos e sofreram, por isso, a repulsa por parte das autoridades espanholas. Foi assim no caso do cronista peruano Huaman Poma de Ayala que descreveu na sua Primera nueva crónica y buen gobierno um retrato muito afetivo dos indígenas, com um forte tom anticolonialista. O autor sofreu duros ataques e a sua obra teve que enfrentar a quase imediata proibição e passou mais de três séculos esquecida até ser redescoberta no século XIX.

Assim, podemos concluir que as narrativas dessa conquista militar caracterizam-se pelo subjetivismo decorrente dos diferentes interesses dos autores e pela combinação de elementos herdados da tradição medieval e da greco-latina. Ao mesmo tempo, os diferentes relatos também são marcados pelo fato de terem sido escritos pelos próprios protagonistas no momento dos eventos. Exemplos desse tipo de narrativa escrita no calor da hora são as famosas cartas de relação do conquistador Fernão Cortês. De outro lado, há autores que participaram dos fatos e redigiram seus textos somente décadas depois dos eventos terem ocorrido; entre os quais está o velho soldado cronista Bernal Díaz del Castillo. Em última instância, dentro dos chamados cronistas das Índias estão também aqueles que não participaram dos fatos narrados e nunca pisaram em solo americano, como é o caso do já citado Francisco López de Gómara.

Essas três perspectivas determinam as características de cada uma das narrativas. Vamos, então, analisar como um mesmo fato pode ser visto de diferentes modos dependendo da posição do autor, contrastando três fragmentos: o primeiro de Fernão Cortês, o segundo de López de Gómara e o último de Bernal Díaz del Castillo. Desta maneira, poderemos comprovar como um mesmo episódio pode ganhar diferentes versões de acordo com o autor e as circunstâncias nas quais foi redigido.

Nos três relatos selecionados podemos encontrar passagens que narram a decisão de destruir os navios e continuar enfrente com destino à conquista da capital mexicana. Vejamos, pois, como cada um dos autores retratou esse momento histórico.

Em 1520, na sua segunda carta de relação, Cortês oferece-nos a sua particular versão de um dos episódios mais conhecidos da conquista do México: a destruição dos navios que haviam trazido os soldados de Cuba. Para narrá-la, o autor emula a descrição da famosa

130

Lopez. J.I

travessia do Rubicão feita por Júlio César na sua obra Guerra das Gálias: naquele momento estava em questão a diferença entre a volta e o fracasso, ou o avanço e a vitória final.

Essa representação sugestiva da volta e do avanço como sinônimos, respectivamente, do fracasso e da vitória não foi empregada uma única vez por um conquistador americano. Francisco de Pizarro, nos momentos iniciais da Conquista do Peru, utilizou a mesma estratégia ao traçar a famosa linha na areia para dividir aqueles que avançariam e chegariam até o coração do Império Inca e, portanto, à glória, daqueles que voltariam ao Panamá, cidade de origem da expedição, e, portanto, ao fracasso e à pobreza.

Para Cortês, a eliminação do único meio de voltar, isto é, os barcos, significava que a aventura não tinha volta, mas somente o avanço; e aqueles que a continuassem seriam um dia lembrados como herois. Essa imagem, como observamos, remete-nos diretamente às fontes clássicas, inspiração constante na literatura cortesiana. Prova disso é que o autor romano Caio Suetonio registrou na sua biografia de Júlio César a importância da travessia do rio como uma disputa entre a luta ou a desistência, a glória ou o fracasso:

Cuando supo que, rechazada la intercesión de los tribunos, éstos habían tenido que salir de Roma, hizo avanzar algunas cohortes secretamente para no despertar sospechas (…) habiendo encontrado un guía, siguió a pie estrechos senderos hasta el Rubicón, que era el límite de su provincia, donde le esperaban sus cohortes; se detúvo breves momentos, y reflexionando en las consecuencias de su empresa, dijo, dirigiéndose a los más inmediatos: Todavía podemos retroceder, pero si cruzamos ese puentecillo, todo habrán de decidirlo las armas. (SUETONIO. Vida de los Doce Césares. Disponível em: (<http://www.antorcha. net/biblioteca_virtual/historia/suetonio/1.html>)

Para López de Gómara, biógrafo oficial do conquistador, o ato simbólico pensado e decidido exclusivamente por Cortês estava revestido de sabedoria e de grandeza, e remete a outros grandes estrategistas da história que souberam tomar decisões arriscadas em momentos difíceis.

Se propuso Cortés de ir a México, y lo encubría a los soldados, para que no rehusasen la ida por los inconvenientes que Teudilli con otros ponía, especialmente por estar sobre agua, que lo consideraban como fortísimo, como en efecto lo era. Y para que le siguieran todos aunque no quisiesen, acordó romper los navíos; cosa dura y peligrosa y de gran pérdida, por cuya causa tuvo mucho que pensar, y no porque le doliesen los navíos, sino porque no se lo estorbasen los compañeros, pues sin duda se lo estorbaran y hasta se amotinasen de veras si se enteraran. (…) De allí a poco rompieron otros cuatro; pero ya entonces se hizo con alguna dificultad, porque la gente comprendió el trato y el propósito de Cortés, y decían que los quería meter en el matadero. Él los aplacó diciendo que los que no quisiesen seguir la

131

Lopez. J.I

guerra en tan rica tierra y en su compañía, se podían volver a Cuba (…) hazaña por cierto necesaria para el tiempo, y hecha con juicio de animoso capitán, pero de muy confiado, y cual convenía para su propósito, aunque perdía mucho en los navíos, y quedaba sin la fuerza y servicio de mar. Pocos ejemplos de éstos hay, y aquéllos son de grandes hombres, como fue Omich Barbarroja, del brazo cortado, que pocos años antes de esto rompió siete galeotas y fustas por tomar a Bujía, según extensamente escribo yo en las batallas de mar de nuestros tiempos. (GÓMARA, 2001, p.122-123)

Vejamos, então, como o mesmo fato é retratado pelo cronista que participou da conquista do México e, portanto, é considerado testemunha direita dos acontecimentos:

Cómo acordamos de ir a México, y antes que partiésemos dar con todos los navíos al través, y lo que más pasó; y esto de dar con los navíos al través fue por consejo e acuerdo. de todos nosotros los que éramos amigos de Cortés. Estamos en Cempoal, como dicho tengo, platicando con Cortés en las cosas