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Um ambiente escolar emocional

O CONHECIMENTO DA NEUROCIÊNCIA PARA PRODUZIR UM APRENDIZADO DE QUALIDADE

3.3. Um ambiente escolar emocional

Este item vem com o intuito de abordar a temática da emoção e motivação sob o processo de ensino e aprendizagem dos alunos em um ambiente escolar, além de demonstrar algumas práticas pedagógicas que podem ser executadas para despertar o interesse dos mesmos pela aprendizagem, e mostrar como o cérebro aprende através de estímulos positivos que o motive. Para Relvas (2012, p. 153) “Atualmente o espaço escolar precisa se tornar um local para educação emocional”.

Percebe-se que as aulas precisam ser elaboradas com originalidade e criatividade, no intuito de estimular os alunos, gerando emoção, que é um processo interno desenvolvido através de reações biológicas. Henri Wallon (2012) fazia essa relação usando o nome de afetividade, segundo ele a teoria do desenvolvimento humano é um processo biológico, e é preciso considerar que a conduta emocional depende de centros subcorticais, ou seja, sistema límbico ou circuito de Papez, sendo incontrolável.

Um neurociêntista pedagógico se torna mais crítico, o que é muito importante para não cair nas armadilhas do “fazer por fazer”, buscando técnicas e diferentes abordagens didáticas sem nos esquecer de como o cérebro aprende. De uma forma prática é preciso ter inúmeras formas de envolver o aluno, motivá-lo e ajudá-lo a se desenvolver. Pode-se começar com pequenas mudanças do cotidiano, sem esquecer de que se leva tempo para que os discentes possam se acostumar com as inovações, portanto, não se pode esmorecer se aparentemente não surgir resultados imediatos.

É preciso reconhecer que eles estão em pleno desenvolvimento do córtex pré-frontal, o que reflete no potencial da aprendizagem, em atividades de projeção de objetivos e na relação entre causa e conseqüência. Sendo assim, é preciso colocar todos os dias o objetivo da aula no quadro de forma visível e ao final retornar para verificar se conseguiram atingi-lo. Desta forma, os alunos estarão dando significado aos conteúdos apresentados, por serem capazes de entender o porquê de estarem recebendo determinadas informações.

Também não se pode esquecer que sempre que possível precisa-se aproveitar diversos canais sensoriais, a exposição verbal apoiada em recursos visuais, auditivos e cinestésicos. Isso é importante, pois é preciso ter o entendimento que a memória é armazenada em diversas partes do cérebro, para que seja lembrado de um conceito há um conjunto de fragmentos vários para formar uma imagem integrada. Ao expor os alunos a experiências sensoriais variadas é incentivado a ativação da rede neural. De forma prática é preciso escolher uma música para marcar um conceito importante, dispor de recursos visuais para explorar a consolidação de informações, marcar pontos importantes com auxílio dos mesmos, como por exemplo, pedir que eles batam palmas quando escutarem uma determinada palavra ou, incentivar a competição saudável.

Outra ferramenta pouco utilizada em sala de aula são os recursos tecnológicos, muitas vezes eles ficam reduzidos apenas à fonte de pesquisa. Por reconhecer que as crianças e adolescentes apresentam certa disposição em utilizá-los sem dificuldades pode-se dar uma nova “cara” para essas ferramentas, podendo avaliá-los por meio de um blog que eles possam montar em grupo, divulgando conceitos aprendidos em sala, montar vídeos tutorias, passar tarefas por meio do Whatsapp ou Facebook. Porém é preciso ter em mente que o planejamento e a paciência são fundamentais para o educador, pois nem todos os educandos possuem habilidades com os recursos tecnológicos como também ajudá-los a ter um bom critério nas escolhas desses recursos.

Esses pontos podem mudar a postura do professor, gerar mais atenção por parte dele com relação ao planejamento de aula e também em

relação ao comportamento de seus alunos no desenvolvimento das atividades simples do dia a dia, conseqüentemente promovendo um processo de aprendizagem mais eficaz. A escola tem o papel de promover um bom convívio entre as diferenças e automaticamente consolidar a aprendizagem de maneira única para cada aluno. “É importante garantir que essas crianças tenham êxito em situações diversas para que se vejam e sejam vistas pelo grupo como valorosas.” (NOVA ESCOLA, 2014,p.93)

Portanto, cabe ao professor criar condições para que todos tenham acesso ao conhecimento, valorizando aquilo que sabem fazer e incentivando- os a vencerem os desafios correspondentes a aprendizagem.

De acordo com Serrano Freire:

“A escola do século XXI precisa de educadores visionários, verdadeiros empreendedores. São estes, sim, os grandes transformadores do presente, que trazem o futuro para hoje, que aliam sonho e competência, que não enxergam apenas os seus limites, mas imaginam como superá-los”. (2012, p.17)

O professor tem em suas mãos os caminhos para guiar o processo de ensino, deixando de lado o simples ato de transmitir informações, precisa incentivar a resolução dos problemas, ajudando os alunos a encontrar saídas para que possam aprender os conteúdos propostos. É necessário auxiliá-los a aprender, buscando superar os limites.

Cada aluno tem a sua particularidade e o educador deve estimulá- lo a superar as dificuldades propondo a resolução de problemas e desafios de forma prazerosa, para que ele tenha orgulho de si mesmo, por ter alcançado a vitória sobre a sua dificuldade ou mesmo por ter conseguido compreender ou resolver o que foi ensinado/proposto.

Serrano Freire, ainda ressalta que:

“Os fatores que mais contribuem para o desenvolvimento cognitivo de uma criança são: a superação de dificuldades, a resolução de problemas e a conquista de desafios. Cada vez, que uma criança supera dificuldades na escola ou na vida, resolve problemas por conta própria ou conquista por si mesma os desafios que lhes são apresentados, está abrindo espaço para a construção de novas sinapses no cérebro, ou seja, ela está desenvolvendo sua inteligência. Sabendo disso, o professor deve agir para que isso

tudo ocorra. A postura equivocada de “transmitir informações” sem que o aluno se envolva na construção do conhecimento não permite o desenvolvimento cognitivo, pois não apresenta nenhum dos três fatores”. (2012, p.93)

O pensar leva a uma reflexão de como fazer, e fazer bem feito para um objetivo positivo no processo de aprendizagem do educando, o qual é o alvo de interesse para aplicação daquilo que é pensado. Mas para que tudo isso dê certo, é necessário uma pré-disposição do educador em fazer e ensinar, tentando amenizar e construir de forma estimuladora o seu planejamento ou projeto para um bom aprendizado e sucesso na aplicação do que foi traçado nele. Por isso, se faz necessário ter metas e objetivos na hora de planejar em prol da perseverança do saber, para perseverar e seguir rumo ao horizonte do saber, buscando a motivação de cada educando diante da variedade e originalidade do trabalho promovido, devendo o aluno ser encorajado para que os processos mentais diante das sinapses possam estar bem sedimentados no processo do aprender, do fazer e da internalização dos mesmos, através do cognitivo de cada um individualmente, pois cada ser possui uma singularidade e isso deve ser respeitado no processo do aprender à aprender.

É necessário estar sempre analisando e refletindo sobre aquilo que se faz dentro da prática e não fazendo por fazer, deixando de respeitar a leitura de mundo de cada criança envolvida no processo.

“O importante é fazer do menino e da menina, moça ou rapaz, homem ou mulher, no seu maior sentido e desafio que é tornar- se pessoa e autor de sua vida. Esse é o principal papel que o educador exerce em seus estudantes, o de incentivar, o de tocar no mais sublime ser: A ESSÊNCIA DE SER HUMANA BIOÉTICO, independentemente de seus gêneros, etnias, culturas.” ( RELVAS,2010,p.152)]

Cabe a todos os envolvidos no processo educacional respeitar o pensamento de ambos os sexos, pois cada um tem sua evolução dentro do processo do aprender, cabendo ao educador saber respeitar essas singularidades e nunca esquecendo que todas as pessoas possuem uma maneira de aprender e compreender os fatos.

Portanto, ao resolver problemas e superar as dificuldades, os alunos são encorajados a vencer os desafios, especialmente quando isso é feito de uma forma dinâmica com jogos ou competições, que os emocione verdadeiramente. Assim, cada vez mais passam a acreditar em seu potencial, têm a sua autoconfiança estimulada e sentem-se motivados a continuar aprendendo.

CONCLUSÃO

Foi possível verificar neste trabalho o quanto as emoções são importantes para o ser humano, principalmente ao que se refere ao processo ensino-aprendizagem.

As emoções são orgânicas, alertam quando as necessidades naturais ao ser humano não são atendidas, quando sente-se a sós, quando tem-se medo, raiva. Elas ajudam nas decisões e colaboram, quando positivas, para o aprendizado.

O aprendizado é cognitivo, porém para que haja a assimilação é preciso que a criança/aprendente tenha vivido emoções positivas através de estímulos que podem ser realizados pela família, escola e/ou meio em que está inserida. São os estímulos que colaboram para que as células nervosas alcancem o máximo de desenvolvimento e comunicação neural.

Cabe ao professor e a escola preparar, através do conhecimento adquirido da Neurociência, meios facilitadores que promovem um aprendizado de qualidade. Ao utilizar a emoção no ambiente escolar, através de jogos, teatro, fantoches, brincadeira de amarelinha, ouvir histórias, desenhar e escrever com as duas mãos ao mesmo tempo e etc é realizado estímulos na estrutura cerebral, promovendo sinapses. É trazida instintivamente uma gama neural que colaboram em nossas competências intelectuais e emocionais e,quando bem estimulados todas as atividades desafiam os hemisférios, além de estimular a inteligência criativa.

Aprender quer dizer fazer mudança na estrutura funcional do cérebro, por isso o ambiente escolar deve se transformar em um ambiente lúdico, em que a criança possa aprender divertindo-se.

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