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Emoção, forte aliada para a memória

O CONHECIMENTO DA NEUROCIÊNCIA PARA PRODUZIR UM APRENDIZADO DE QUALIDADE

3.2. Emoção, forte aliada para a memória

As emoções assinalam a presença de algo importante ou significativo, manifestando-se por meio de alterações na sua fisiologia e nos processos mentais. Ela mobiliza os recursos cognitivos existentes como atenção e atingindo assim as regiões corticais específicas, direcionando para a amígdala. Esta interage com o cérebro permitindo que a identificação da emoção seja feita. Podendo afetar o cérebro de duas maneiras, a primeira utilizando as vias sensoriais até o córtex cerebral, sendo a informação depois enviada a amígdala ou também pelas vias sensoriais diretamente para a amígdala, antes de chegar ao córtex (as respostas emocional periféricas: estado de alerta, desassossego, dilatação da pupila, etc- são desencadeadas antes que o córtex cerebral tome conhecimento).

O cérebro pode ser dividido em três partes, são elas:

• Romencéfalo - Composto pelo tronco cerebral e herdado dos reptes, ele é responsável pelos mecanismos básicos da reprodução e autoconservação;

• Diencéfalo – É o cérebro intermediário, composto pelo sistema límbico se encontra perto do tronco cerebral e onde se encontra a amídala, e ela funciona junto com o hipotálamo e tem a função de identificar o perigo, como também responsável pelo medo, ansiedade e estado de alerta preparando o corpo para a luta ou fulga;

• Telencéfalo – É o cérebro superior e está dividido em pré-frontal, parietal, temporal e occipital;

• Cerebelo – Responsável pelo equilíbrio, tônus muscular, movimentos involuntários e aprendizagem motora.

O diencéfalo é responsável pela emoção gerada no cérebro gerando o instinto de sobrevivência e bem-estar psicológico, tais como: raiva, medo, alegria, ansiedade, euforia, etc. Em neurociência emoção e sentimentos são processos distintos. A emoção é biológica e o sentimento é toda a

interpretação do biológico pelo corpo humano, é o que se chama de comportamento e nele pode-se ter influência do lobo pré-frontal. Encontra-se no cérebro intermediário as seguintes regiões que controlam as reações emocionais: o tálamo, hipotálamo, giro do cíngulo, amídala cerebral, hipocampo, dentre outros, mas esses estão intimamente ligados aos comportamentos essenciais do homem. Nesses momentos há um bombardeio de neurotransmissores no sistema, e esses neurotransmissores estarão ligados com o estado de alerta dos alunos para que depois possa se formar memórias.

Não se pode lembrar de todos os acontecimentos ao longo da vida, porque é preciso dar lugar a novos acontecimentos e o cérebro de cada indivíduo escolhe o que esquecer. Por esse aspecto, o planejamento de ensino com uma prática pedagógica e o ambiente estimulador se faz necessário para contribuir com um desenvolvimento motor e cognitivo satisfatório. Dentro de uma sala de aula pode-se encontrar uma pluralidade, tanto cultural como subjetiva, não esquecendo o papel importante da família no que cerne a emoção do aluno, portanto, é preciso haver um olhar para cada um, já que na escola cada cérebro aprende de forma diferente, seja ele visual, auditivo ou cinestésico.

O autor Iván Izquierdo (2011) fala muito bem sobre como a aprendizagem ocorre de acordo com o sistema de recordação, de feedback, percebendo, desta forma, que a recordação está diretamente envolvida com os acontecimentos que possuem um forte grau de alerta emocional. Portanto, sem esse sistema de recordação, o cérebro não identificará um acontecimento importante e este poderá ser descartado, pois o mesmo autor enfatiza a importância de esquecer. Logo, a consolidação só acontecerá se o aprendizado estiver intimamente ligada à emoção do aluno, porque quando este vai dormir o cérebro selecionará as aprendizagens significativas que se encontram no sistema límbico, nossa memória de curto prazo, e as transferirá para o córtex pré-frontal, a memória de longo prazo. O que não chega na memória de longo prazo o cérebro descarta.

Segundo a autora Marta Relvas, uma importante contribuição para a aprendizagem dos alunos é:

“instrumentalizar o educador a tornar o ato de aprender e estudar do seu estudante mais prazeroso e interessante, pois o cérebro só

assimila as informações por meio de recursos metodológicos atraentes, instigantes, contextualizados e aplicados no dia a dia.” (2014, p.24).

Desta forma, da vida embrionária até a chegada da vida escolar as crianças aprendem através das estimulações que chegam as conexões neurais. Elas funcionam como uma rede e podem ser fortalecidas. Para isso, estes estímulos terão que estar relacionados com as vivências anteriores para que haja ganchos de memórias, nesse conceito, algo só irá para a memória quando cria-se circuitos neurais ligados a outros já existentes. Percebe-se a importância de dinamizar as aulas, para chegarmos a um ponto positivo e alcançarmos a tão sonhada aprendizagem através dos recursos pedagógicos como jogos, atividades realizadas em grupo, vídeos, músicas, brincadeiras, atividades artísticas, etc. É o que afirma Serrano Freire, quando diz que deve- se estar atentos aos discentes atuais:

“O aluno de hoje quer um professor motivado, sonhador, que acredite na força do seu trabalho, com atitudes inovadoras, desafiadoras e não de um professor com atitudes e soluções ultrapassadas” (2012, p. 19).

Quando o aluno é incentivado a tomar uma posição mais ativa em sala de aula, ele se sente incluído e, desta forma, é possível atingir uma emoção e automaticamente a motivação, o desejo que impulsiona seu desempenho e o envolve nos estudos. Buscar o envolvimento do aluno é o caminho mais eficaz para uma aprendizagem realmente significativa sem deixar de considerar o que Consenza afirma:

“É bom não esquecer, mais uma vez, que o cérebro se dedica a aprender aquilo que ele percebe como significante, portanto, a melhor maneira de envolvê-lo é fazer com que o conhecimento novo esteja de acordo com suas expectativas e que tenha ligações com o que já é conhecido e tido como importante para o aprendiz.” (2011, p. 58)

Deve-se então partir do princípio que o professor deve respeitar os saberes de cada aluno e também seus conhecimentos vindos da sua realidade cultural e social. E sendo o professor peça chave do processo de mediação do aprender, do pesquisar, do fazer, do ensinar e do pensar certo, este deve

refletir de forma inerente e abrangente toda a formatação e construção do seu planejamento, levando em consideração o “DNA” de cada turma a que leciona.

Levando em consideração as três vias de aprendizagem do educando e sua bagagem cultural, deve-se criar uma escola criativa, a qual através de dinâmicas, brincadeiras e com pensamentos mais abstratos, atingindo ao ponto em questão que é a motivação e assim a produção de conhecimentos e memórias se torna mais prazerosa e simples, pois não se pode limitar a imaginação e a evolução das habilidades de nosso alunato.

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