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5. INFRAESTRUTURA

5.4. Ambiente Gerador de Inovação e Conhecimento

Assim como apontam as novas leituras sobre desenvolvimento econômico (FLORIDA, 1995; ASHEIM e COOKE, 1997; RALLET e TORRE, 1999; DINIZ e GONÇALVES, 2005), o investimento em centros de pesquisa e qualificação da mão de obra deve ser prioridade dos governantes quando se almeja levar grandes empresas para regiões desassistidas.

31 Segundo http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2013/03/dilma-chega-pernambuco-para- inauguracao-de-adutora.html

Em se tratando de prover a região de mais poder tecnológico, Ferreira (2006, p. 488) destaca a importância dos “setores industriais e de serviços que dependem mais do desenvolvimento de recursos humanos e tecnologia avançada e menos propriamente da base local de matérias-primas, como é o caso da informática, turismo, eletrônica etc.”.

Klaassen (1977) afirma que as amenidades existentes na região contribuem para melhorar o ambiente econômico, tornando a localidade mais atrativa. Dentre as amenidades está a educação e uma das formas de qualificar o cidadão é através do ensino superior. Assim, é interessante discorrer sobre a infraestrutura existente, no que tange a educação.

Segundo dados do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), houve um aumento de 31% no número de Universidade Federais criadas entre 2003 e 2010 no país, democratizando e aumentando as vagas no ensino superior, enquanto que o número de campi cresceu 85%. Os Institutos Federais e de Educação Profissional também se expandiram, registrando crescimento de mais de 150% entre 2002 e 2010, promovendo a formação profissional de muitos, sem que os estudantes precisem sair de suas regiões (REUNI, 2012). O Gráfico 5.3 a seguir confirma a expansão das universidades federais e dos institutos federais no Brasil.

Gráfico 5.3 – Evolução do número de universidade e institutos federais no Brasil

* Previsto

Fonte de dados: REUNI (2012).

Outro dado importante que revela a pulverização do ensino está no número de municípios atendidos com as novas unidades. Isto porque os municípios vizinhos fazem parte do raio de atuação das universidades e institutos. Em 2002, 114 municípios eram atendidos com universidades no país, ao passo que em 2010 esse dado subiu para 230. Para os institutos, 140 municípios eram atendidos pelos institutos federais existentes até o ano de 2002, enquanto em 2010 o número de municípios atendidos saltou para 321.

Pernambuco conta com três universidades federais e uma estadual ao longo de todo seu território, perfazendo 15 unidades de ensino superior em diferentes municípios, bem como 14 unidades que representam o instituto federal, especializadas em cursos técnicos, todos representados no Quadro 5.7 a seguir. Destaca-se ainda que existem no estado 57 instituições de ensino superior privado.

0 100 200 300 400 500 600

Até 2002 Até 2010 Até 2014*

Núm er o de un ida des Universidades Institutos

Quadro 5.8 – Universidades e institutos localizados em Pernambuco

Universidades Campi (municípios)

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Recife, Vitória de Santo Antão e Caruaru Universidade Federal Rural de Pernambuco

(UFRPE)

Recife, Garanhuns e Serra Talhada Universidade Federal do Vale do São

Francisco (UNIVASF)

Petrolina (2)

Universidade de Pernambuco (UPE) Recife, Nazaré da Mata, Caruaru, Garanhuns, Arcoverde, Salgueiro e Petrolina

Institutos Unidades (municípios)

Instituto Federal de Pernambuco – (IFPE) Recife, Ipojuca, Barreiros, São Lourenço da Mata, Vitória de Santo Antão, Caruaru, Belo Jardim, Pesqueira e Afogados da Ingazeira, Ouricuri, Floresta, Salgueiro e Petrolina (2). Fonte: REUNI (2012) e UPE (2012)

Percebe-se que muitas universidades e institutos federais estão localizados no interior, reflexo direto da política federal de expansão das unidades de educação federal visando a interiorização do conhecimento ao longo de seu território. Fato semelhante ocorre com a distribuição das unidades da universidade estadual. Em geral, os cursos oferecidos em cada uma das unidades tentam se relacionar com as vocações da região. No campus da UFPE em Caruaru, por exemplo, é oferecido o curso de design, voltado para desenvolver as potencialidades do mercado de confecção local. Em Petrolina, a UNIVASF oferece cursos na área rural, como engenharia agronômica e zootecnia, porém, também oferece os cursos de medicina e enfermagem, de modo a formar profissionais para atender as demandas de uma região em crescimento. Assim, a distribuição das unidades por região em Pernambuco é demonstrada no Gráfico 5.4 a seguir.

Gráfico 5.4 – Distribuição das universidades e institutos federais em Pernambuco, por região.

Fonte de dados: REUNI (2012).

Cabe destacar os 35 cursos de engenharia existentes no estado de Pernambuco, importantes para o avanço industrial do estado, dentre os quais está o novo curso de engenharia naval oferecido pelo campus de Recife da UFPE, que veio para atender uma demanda decorrente do Pólo Naval que está sendo instalado no estado, composto por três estaleiros (Atlântico Sul, Promar e CMO), um consórcio que irá executar serviços de reparos em navios (Consórcio Galíctio) e uma empresa que irá trabalhar na integração de módulos para plataformas (Nalavmare). O mesmo campus também oferece as engenharias química, de energia, de materiais, de produção, cartográfica e biomédica, além das tradicionais civil, elétrica, eletrônica e mecânica.

Os institutos federais oferecem cursos técnicos, superior e de pós-graduação. Dentre os cursos técnicos oferecidos estão telecomunicações, eletrônica, eletrotécnica, mecânica e química industrial no campus do Recife, e no campus de Ipojuca são oferecidos os de química, petroquímica e construção, dentre outros. Existe, portanto, um direcionamento dos cursos oferecidos para a qualificação da mão de obra interessada em ingressar num dos vários segmentos que estão sendo desenvolvidos no estado.

0 2 4 6 8 10 12 14

RMR Zona da Mata Agreste Sertão

de Unid a des Universidades Institutos

Os institutos e universidades cumprem, portanto, um papel importante na promoção da qualificação de médio e longo prazo. Entretanto, outra forma de qualificar o indivíduo é através de cursos específicos e de curta duração, que são oferecidos por instituições como Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE) e Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP), bem como pelas próprias empresas que necessitam de um treinamento mais específico.

Assim, a cooperação entre esfera pública, seja ela federal, estadual e municipal, e o setor privado pode render ótimos resultados para a economia, quando ambos estão engajados para promover a qualificação da mão de obra local e a transferência de tecnologia.

Tudo isso contribui para confirmar a premissa de que a acumulação de conhecimento é um importante mecanismo de promover o crescimento. Destaca-se também que a acumulação de conhecimento ocorre dentro das empresas, voltado para o treinamento específico no trabalho para atendimento de uma necessidade. O processo de qualificação pode ocorrer, inclusive, concomitantemente ao crescimento da economia. Sendo assim, educação e crescimento devem andar sempre juntos, afirma Galvão (2012).

Todas essas iniciativas de prover o estado de Pernambuco de infraestrutura hídrica, transporte, logística e educacional têm como principal fonte de recursos o governo federal, mais recentemente sob a tutela do PAC. Cabe ao estado de Pernambuco fornecer o apoio necessário para que esses investimentos possam desencadear outros negócios, sobretudo ao setor privado, que consegue impulsionar a economia com mais eficiência e dinamismo.

5.5. Considerações Conclusivas

Quando se pensa no desenvolvimento de uma região, os investimentos públicos são tão importantes quanto os investimentos privados. Assim, para tornar uma região atrativa para as empresas, obras de infraestrutura são essenciais, pois elas ajudam no dia

a dia da empresa. A infraestrutura econômica, que engloba transportes, energia e comunicações, é um elemento lembrado pelas empresas ao decidir sobre a localização de sua planta. Ademais, a infraestrutura também é fator chave para o dia a dia da população.

Percebe-se que grande parte das obras de infraestrutura é custeada pelo governo federal. Cabe ao governo estadual elencar as necessidades da sua região e direcionar as demandas para o governo federal. Em Pernambuco, os investimentos públicos feitos no Porto de Suape foram essenciais para mostrar para as empresas que o estado possuía uma estrutura importante para dinamizar a sua economia. A partir da entrada de grandes empresas no estado, sobretudo no entorno do Porto de Suape, o círculo vicioso de estagnação em Pernambuco começou a ser quebrado.

Novos investimentos públicos em infraestrutura são apresentados a cada momento, reflexo não só da necessidade do estado, constatada pela esfera federal, mas também reflexo da pressão que a iniciativa privada exerce sobre o poder político.

Para melhorar a infraestrutura que atende à região, velhos projetos que beneficiam também o estado de Pernambuco estão sendo executados com a ajuda do governo federal através do PAC. A Ferrovia Transnordestina e a Transposição do Rio São Francisco representam um importante avanço para a integração da região Nordeste. O diferencial apresentado nas referidas obras é que as mesmas estão sendo tocadas em parceria com a iniciativa privada, através de PPP. Essas obras são relevantes para desconcentrar o desenvolvimento da RMR, uma vez que oferece oportunidade à população do interior, não só na fase de construção, mas também quando de seu funcionamento, através da geração de empregos e renda a partir das empresas que passarão a se interessar pelo interior.

Para que os benefícios da vinda de grandes empresas sejam sentidos no próprio estado, é preciso que a população aproveite as oportunidades da melhor maneira, ou seja, ocupando cargos de nível qualificado e conseguindo salários mais robustos, aumentando o nível de renda das famílias. A qualificação da mão de obra é tarefa que não pode ser esquecida, e Pernambuco conta com uma boa quantidade de universidades e institutos tecnológicos espalhados por todo o seu território para atender essa demanda por conhecimento. Assim como as obras de infraestrutura de transportes são essenciais

para o desenvolvimento da região, a oferta de mão de obra qualificada é de suma importância para que esse desenvolvimento ocorra em todas as regiões do estado.

O capítulo seguinte irá tratar do impacto dos grandes projetos estruturadores no estado de Pernambuco. Para esses projetos, a estrutura existente de infraestrutura é um importante requisito que é levado em consideração no momento de decisão de onde a planta irá se instalar.