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4.2 ANÁLISE PEST E SWOT PARA COMERCIALIZAÇÃO DE BIOELETRICIDADE

4.2.4 Ambiente Tecnológico

Como ambiente tecnológico considerou-se além das novas tecnologias disponíveis e necessárias para a cogeração de energia, os fatores do processo produtivo que interferem no seu desenvolvimento ou fazem parte dele. Os resultados foram sintetizados no gráfico 8 e na tabela 7.

A análise de correspondência que mais conservou a variabilidade inicial dos dados (83%) foi a realizada para o ambiente tecnológico, pois observou-se uma inércia acumulada de 0,8282.

Ao analisar o gráfico 8, nota-se uma dispersão de pontos destacando que todas as proposições foram classificadas de maneira similar no ambiente livre e no regulado. A inconstância da geração de bioeletricidade é uma fraqueza tanto do ACL quanto ACR, pois como pode ser observado no gráfico 5, o tema “Geração não é constante”se apresentou como próxima de FRL e FRR, da mesma forma que o uso de caldeiras de baixa pressão.

1,5 1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 -2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 -2,0 Eixo 1 E ix o 2 AR AL OR OL FRR FRL FOR FOL Especif icações técnicas/ transmissão

Sistema de distribuição Bioeletricidade Caldeiras Cogeração Capacidade de geração Bagaço (insumo) Intempéries climáticas

Geração não é constante

Fonte: Dados da pesquisa

Gráfico 8: Análise de correspondência para o ambiente tecnológico.

O FOR com mais frequências registradas (6) e mais próximo do ponto que representa os pontos fortes do mercado livre no gráfico 5 foi o tema “Bioletricidade”. A tecnologia de cogeração, considerada a única que melhor absorve o volume de bagaço gerado na produção de açúcar e etanol é igualmente citado como FOR.

Os pontos OL e OR se apresentaram próximos e ambos, por sua vez, próximos do tema “Cogeração”, representando a oportunidade existente às usinas de açúcar e etanol em explorar novas tecnologias para a geração de energia com mais eficiência. As proposições que foram classificadas como AL e AR tiveram uma frequência baixa (tabela 7), ambas se apresentaram relativamente próximas e, por sua vez, próximas do tema secundário “Intempéries Climáticas”, pois são incontroláveis as usinas e podem comprometer a cogeração de bioeletricidade.

No aspecto tecnológico, segundo os entrevistados, um ponto fraco da bioeletricidade que inclusive faz esta perder mercado frente a outras fontes de energia é a sua capacidade de geração, uma vez que, devido à necessidade de suprimento, esta não é constante, inviabilizando, muitas vezes, contratos com prazo maior tanto no ACL quanto ACR.

Temas secundários Categorias do estudo

Tabela 7: Contagem das frequências da análise SWOT para o ambiente tecnológico

Temas Secundários FOL FOR FRL FRR OL OR AL AR

Num. de proposições

Geração não é constante 0 0 3 3 0 0 0 0 6

Intempéries climáticas 0 0 1 1 0 0 5 5 12 Bagaço (insumo) 5 5 1 1 0 0 1 1 14 Capacidade de geração 3 3 3 3 0 0 1 1 14 Cogeração 2 2 3 3 2 2 0 0 14 Caldeiras 2 1 3 3 0 0 0 0 9 Bioeletricidade 6 6 0 0 1 1 0 0 14 Sistema de distribuição 1 1 0 0 0 0 0 0 2 Especificações técnicas/ transmissão 3 0 3 2 0 0 1 1 10 Total 22 18 17 16 3 3 8 8

Fonte: pesquisa de campo

Porém, dependendo do balanço térmico da usina sucroenergética (bagaço disponível), torna-se possível gerar alguns meses antes e depois da safra de cana-de-açúcar, o que é positivo. A chuva também interfere na geração, pois, quando chove, a produção de açúcar e etanol para e, consequentemente, a geração de energia também deveria ser interrompida, pois cogerar é aproveitar a mesma energia duas vezes (acionamento de caldeiras e de gerador).

Dessa maneira, a utilização de caldeiras eficientes com a tecnologia que permite o processo de condensação da água e sua reutilização, mesmo que o restante da usina não esteja em operação, é uma oportunidade para o crescimento da cogeração a partir do bagaço da cana-de-açúcar.

Para tal, se faz necessário que uma fraqueza ainda existente seja eliminada tanto no ACL quanto ACR, que é a troca das caldeiras de baixa pressão por de alta pressão (se possível com a tecnologia da condensação), uma vez que as plantas das usinas existentes não foram projetadas para a geração de energia e sim para a queima do bagaço, cuja eliminação, até o seu aproveitamento na cogeração, era um problema para as usinas devido à grande quantidade de bagaço gerado e seu impacto ambiental.

A existência da tecnologia das caldeiras de alta pressão é um ponto forte a ser melhor explorado, pois além de propiciar um maior rendimento, o que permitiria a geração de eletricidade em escala comercial, também ficariam dentro das exigências da legislação ambiental quanto à emissão de gases.

O montante de energia a ser produzida depende da quantidade de bagaço disponível. Este, por sua vez, pode ser utilizado de diversas maneiras, mas, segundo os entrevistados, a tecnologia da cogeração é a única que consegue consumir o alto volume originado no

processo de produção de açúcar e etanol, não sendo outro destino, do ponto de vista tecnológico, um concorrente da produção de bioeletricidade.

Vale ressaltar que, embora não tenha sido apontada nas entrevistas como ameaça tecnológica, a possibilidade de transformar o bagaço da cana-de-açúcar em etanol, por meio da hidrólise é uma perspectiva que deve ser considerada pelos agentes, uma vez que a principal matéria-prima utilizada na cogeração de energia elétrica tende a ser destinada para a produção de etanol, produto principal das usinas sucroenergéticas.

Como a hidrólise ainda não foi desenvolvida em escala comercial, provavelmente os entrevistados em suas análises focaram principalmente a situação presente e o futuro imediato do setor ou então acreditam que essa tecnologia não afetará a cogeração, pois também pode ser utilizada a palha da cana na produção de energia. A disponibilidade desta será aumentada na medida em que as queimadas forem reduzidas e eliminadas de acordo com a lei.

Podem interferir na geração de bioeletricidade a disponibilidade e qualidade do bagaço, que tem como ameaça fatores exógenos e incontroláveis como: a temperatura, a umidade relativa do ar do ano anterior e as chuvas, pois se eleva a umidade do bagaço e, consequentemente, o seu consumo na geração de energia.

No tocante ao sistema de distribuição, um ponto forte tanto do ACL quanto ACR é a tecnologia que permitiu a interligação do sistema. Contudo, como todos os geradores se conectam na mesma rede, a cada nova conexão é causada uma interferência técnica, sendo necessário reconfigurar, reinstalar equipamentos que suportem a carga e isso gera custos que são revertidos no preço da energia, sendo uma fraqueza desse sistema.