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2.2 A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2.2.3 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Segundo Lévy, (2007, p. 15) “[...] virtual vem do latim medieval virtualis, derivado por sua vez de virtus, força, potência” e descreve a virtualização como unidade de tempo sem unidade de lugar e continuidade da ação apesar de uma duração descontínua. Para o autor, a sincronização substitui a unidade de lugar, e a interconexão, a unidade tempo. Na EaD, “a comunicação ocorre entre pessoas que não estão todas no mesmo local e que necessitam, portanto, de recursos tecnológicos que propiciem um acoplamento entre si” (CARNEIRO; MARASCHIN, 2005, p. 114). Ainda, é importante ter confiança no sistema, Giddens (1991, p. 116) afirma que “a confiança em sistemas abstratos é a condição do distanciamento tempo-espaço”.

Para Martins, Tiziotto e Cazarini (2016), os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) tem por objetivo figurar um espaço de construção do conhecimento mediado pelas Tecnologias da Informação e Comunicação.

Lévy (2007, p. 95) afirma que, “[...] nós seres humanos jamais pensamos sozinhos ou sem ferramentas”. Os AVAs permitem essa interação de pensamentos e se insere no ciberespaço, o qual, segundo Lévy (2007, p. 129), “oferece objetos que rolam entre os grupos, memórias compartilhadas, hipertextos comunitários para a constituição de coletivos inteligentes”.

O ciberespaço proporciona a disseminação da cibercultura, cuja definição é apresentada por Silva (2010), baseada nos autores Lemos e Lévy. Cibercultura é o modo de vida e de comportamento assimilados e transmitidos no cotidiano e marcados pelas tecnologias de informação e comunicação mediante o uso da internet. A ocorrência da mediação da comunicação deixa de ser centrada na emissão, como na mídia tradicional (rádio, imprensa, televisão) baseados na lógica da distribuição que supõe concentração de meio e uniformização de fluxos. Na Cibercultura, a lógica comunicacional supõe rede hipertextual, multiplicidade, interatividade, imaterialidade, processo síncrono e assíncrono, multissensorialidade e multidirecionalidade.

A aprendizagem, de acordo com a teoria socioconstrutivista, é efetivada pela troca de significados, logo, com o objetivo de partilhar a compreensão desses significados, o professor além de transmitir o conhecimento permite que os participantes relatem suas experiências e informações (VYGOTSKY, 2000). Os construtivistas sociais acreditam que o processo de conhecimento funciona melhor por meio da discussão e interação social, permitindo-nos testar e desafiar nossos próprios entendimentos com os dos outros (BATES, 2016).

Essas afirmações vêm ao encontro da construção do conhecimento citada por Silva e Valente (2006), a qual deve desenvolver habilidades que interessam ao bom desempenho do trabalho, bem como habilidades relacionadas à possibilidade de continuar a aprender. Portanto, deve ser considerada a interação virtual nos cursos a distância para o acompanhamento e assessoramento constante do aprendiz.

A inteligência distribuída e valorizada, sendo coordenada em tempo real, resulta na mobilização efetiva das competências (LÉVY, 2003) e segundo De Luca (2006), o desenvolvimento científico e tecnológico tornou mais acessíveis máquinas e equipamentos e transferiu para o trabalhador a capacidade de agregar valor ao negócio, colocando em benefício da empresa, o capital intelectual.

Na modalidade de educação a distância professor e aprendiz possuem responsabilidades distintas, que diferem do ambiente tradicional da educação presencial devido às especificidades acopladas à tecnologia. Silva (2010, p. 49) afirma que:

No AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) ou LMS (Learning Management

System), o professor ou responsável pode disponibilizar conteúdos e

proposições de aprendizagem, podendo acompanhar o aproveitamento de cada estudante e da turma. Os aprendizes têm a oportunidade de estudar, de se encontrar a qualquer hora, interagindo com os conteúdos propostos, com monitores e com o professor. Cada aprendiz toma decisões, analisa, interpreta, observa, testa hipóteses, elabora e colabora. O professor ou responsável disponibiliza o acesso a um mundo de informações, fornece conteúdo didático multimídia para estudo, objetos de aprendizagem, materiais complementares. Uma vez a par do hipertexto e da interatividade, o professor não disponibilizará apostilas eletrônicas com conteúdos fechados que repetem o falar-ditar do mestre centrado na transmissão para repetição, subutilizando essa poderosa interface.

ensinar em ambientes digitais e interativos de aprendizagem significa: organizar situações de aprendizagem, planejar e propor atividades; disponibilizar materiais de apoio com o uso de múltiplas mídias e linguagens; ter um professor que atue como mediador e orientador do aluno, procurando identificar suas representações de pensamento; fornecer informações relevantes, incentivar a busca de distintas fontes de informações e a realização de experimentações; provocar a reflexão sobre processos e produtos; favorecer a formalização de conceitos; propiciar a interaprendizagem e a aprendizagem significativa do aluno.

Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem são frequentemente utilizados por alunos e professores no novo cenário acadêmico e há muitos tipos de AVAs disponíveis que permitem promover a comunicação, disponibilizar materiais e administrar o curso ou disciplina. Gonzales (2005) elenca quatro grupos de ferramentas necessárias em um AVA: coordenação, comunicação, produção dos alunos ou de cooperação e de administração. Para Pereira (2007), as ferramentas necessárias no AVA são: controle de acesso, administração, controle de tempo, avaliação, comunicação, espaço privativo, gerenciamento de base de recursos, apoio e manutenção.

O primeiro AVA lançado de forma inédita como software livre para atender a demanda da educação a distância foi o TelEduc. Seu desenvolvimento iniciou-se no ano de 1997, na Universidade Estadual de Campinas por pesquisadores do Núcleo de Informática Aplicada à Educação e foi lançado em 2001, inicialmente para as universidades brasileiras (ROCHA, 2002).

Em 2002, logo após o lançamento do TelEduc foi lançado o Moodle, segundo

software livre voltado para a educação. O protótipo do Moodle foi idealizado em 1999,

pelo australiano Martim Dougiamas, educador e cientista computacional, e atualmente essa plataforma está presente em 235 países (CLARO, 2016).

Recentemente, em 2014, o Google lançou seu ambiente virtual de aprendizagem gratuito com o nome de Google Sala de Aula (Google Classroom), que possui a facilidade de sincronizar com outras ferramentas do Google (PORVIR, 2014). Em 2004, a extinta Coordenação de Recursos Tecnológicos da UFPR, desenvolveu a plataforma AVA UFPR VIRTUAL para oferecer Cursos de Capacitação de Tutores em EaD. Em 2006, dois anos após a UFPR VIRTUAL, o NEAD, agora Cipead, adotou a utilização da plataforma AVA Moodle (SOARES, REICH, 2009).

De acordo com as autoras Soares e Reich (2009, p. 7):

Para estruturação de um curso em ambiente de aprendizagem virtual, é necessário que o coordenador do Curso e o administrador do AVA conversem e discutam sobre a disponibilização das etapas do Curso, do material didático e das atividades. Desta forma, as ferramentas do AVA poderão ser exploradas e aproveitadas em toda a sua funcionalidade e função. [...] Nesta estruturação, realizada a partir da Matriz Curricular, o coordenador de curso, em trabalho cooperativo com a equipe docente e a equipe técnica, preenche um espelho da estrutura do AVA, criado sob a denominação de Matriz para Estruturação de Cursos.

Na UFPR a plataforma de AVA utilizada é o Moodle. Conforme consta no tutorial do Moodle disponibilizado pela Cipead:

Uma das principais características do Moodle é a facilidade de uso. A estrutura central do ambiente permite que o professor/tutor estabeleça um cronograma baseado em atividades semanais, por tópico ou social. Na Cipead (Coordenação de Integração de Políticas de Educação a Distância) da Universidade Federal do Paraná, a versão do Moodle utilizada é a 3.1 e administrado pela Coordenação de Recursos Tecnológicos da Cipead/UFPR (UFPR, 2016, p. 3).

A utilização da plataforma Moodle na Universidade Federal do Paraná se deve ao fato de a plataforma ser um software livre de fácil acesso. A UFPR dispõe de uma Coordenação de Integração de Políticas de Educação a Distância (Cipead) e de um Centro de Computação Eletrônica (CCE), que viabilizam a instalação e o suporte aos usuários da plataforma Moodle pertencentes a UFPR. Além da Cipead a UFPR possui o Núcleo de EaD do Setor de Educação Profissional e Tecnológica (NEAD) que oferece acompanhamento pedagógico e suporte técnico para planejamento de atividades, implementação e recursos de gravação e edição de vídeos, estruturação e manutenção de disciplinas e cursos no Moodle (UFPR, 2016).

No próximo capítulo, são apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para a realização da presente pesquisa, bem como as justificativas para as escolhas realizadas ao longo da investigação.

3 METODOLOGIA

Para alcançar o objetivo proposto na pesquisa, é essencial utilizar a metodologia adequada como base. Nesse capítulo, são abordadas as escolhas metodológicas para responder a pergunta de pesquisa. O capítulo aborda a especificação do problema de pesquisa e descreve as categorias analíticas. São apresentados também, na sequência, o delineamento da pesquisa e o procedimento de coleta de dados.