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A análise de conceito de Lopes, Silva e Araújo (2012) fundamenta-se em referenciais largamente utilizados nas pesquisas de validação em enfermagem e acrescenta objetividade à execução e alternativas diante das dificuldades enfrentadas pelos métodos mais tradicionais.

A importância da análise de conceito está na representação dos diagnósticos de enfermagem como descrição linguística ou mental de fenômenos com vistas à comunicação profissional efetiva que proporcione um corpo de conhecimento para descrever a prática de enfermagem (WALKER; AVANT, 2011).

Conceito é uma ideia ou construção mental acerca de características de um determinado fenômeno que o faz único em relação a outros (MOREIRA et al., 2014). Considerado como ponto de partida nos estudos de validação de diagnósticos de enfermagem, a análise de conceito especifica ou clarifica um conceito existente, atribui um significado útil e inequívoco para sua utilização na prática clínica (WALKER; AVANT, 2011).

Um diagnóstico de enfermagem é formulado a partir de um sistema multiaxial e o cerne desta estrutura é o eixo 1 que corresponde ao foco diagnóstico, elemento principal que descreve a resposta humana (HERDMAN; KAMITSURU, 2015). Enfermeiros inferem diagnósticos para respostas humanas ou vulnerabilidade a estas, portanto, definir o que constitui a essência do foco diagnóstico implica reconhecê-lo como um fenômeno de interesse para a prática da enfermagem.

O núcleo conceitual do diagnóstico de enfermagem é analisado sob a perspectiva de fatores que o antecedem e se relacionam para formar o conceito, assim como os consequentes deste. Estes dois componentes, antecedentes e consequentes, são analisados para rever a definição dos atributos representativos do fenômeno (LOPES; SILVA; ARAUJO, 2012; LOPES; SILVA; ARAUJO, 2013).

A identificação dos atributos essenciais significa especificar o que representa o cerne conceitual dos diagnósticos de enfermagem, ou seja, os fenômenos que dizem respeito às respostas humanas identificadas e representadas por seus atributos essenciais, que permitem ao enfermeiro o julgamento pela decisão do diagnóstico (LOPES; SILVA; ARAUJO, 2013).

Lopes, Silva e Araujo (2012) afirmam que vários modelos têm sido propostos para Análise de Conceito e específico para estudos de validação de diagnósticos e resultados de enfermagem, os mais comumente utilizados são os descritos por Rodgers e Knalf (2000) e Walker e Avant (2011).

O modelo proposto por Walker e Avant (2011) fundamenta-se na adaptação da análise de conceito de Wilson (2005), com proposta simplificada para os sistemas de classificação de linguagem da enfermagem e constituída por oito passos demonstrados na Figura 2.

Figura 2 - Procedimentos metodológicos do modelo da Análise de Conceito de

Walker e Avant (2011).

O primeiro passo, seleção do conceito, significa a escolha principal que norteará a direção de toda construção e clarificação do objeto de interesse. Corresponde ao ponto de partida que dará estrutura a todos os passos subsequentes. Para os diagnósticos de enfermagem, Lopes, Silva e Araújo (2013) recomendam que na escolha do conceito deve-se considerar a avaliação minuciosa dos outros eixos e no significado que incorporam ao núcleo conceitual, de modo que não incorra no erro de uma análise equivocada e subestimada.

O objetivo da análise deve responder ao questionamento: Com que finalidade esta análise é executada? Aqui se considera, inclusive, outras análises realizadas anteriormente e o que elas não trouxeram de clarificação do objeto ou as possíveis lacunas na execução do estudo, para que o objetivo seja coerente com o avanço do conhecimento.

A identificação dos possíveis usos do termo, diz respeito à análise na forma mais abrangente possível para sua identificação em diferentes concepções e contextos (WALKER; AVANT, 2011). Neste ponto, Lopes, Silva e Araújo (2012) advertem sobre um aspecto importante. A questão é se a análise de conceito deverá ser realizada para uma população geral ou para uma população específica. A ampla busca lida com um número elevado de dados e permite uma generalização dos achados, ao tempo que a análise direcionada a uma população específica permite um maior controle dos achados e melhor direcionamento para a finalidade do estudo. Ambos possuem suas dificuldades, a primeira lida com um quantitativo

incontrolável de dados, ao passo que a segunda, pode limitar a generalização dos achados. Outros modelos, como o de Rodgers (2000) pode ser uma solução intermediária na vigência desta dificuldade.

Os atributos permitem ampla visão do conceito e são as características que o descrevem. Não são estáticos, modificam-se ao longo do tempo ou em contextos diferentes do pesquisado (WALKER; AVANT, 2011). Corresponde a elementos que poderão ser incorporados à definição do diagnóstico, de modo que permita ao enfermeiro a decisão no julgamento. Ademais, estes possuem uma relação mútua com os indicadores clínicos que manifestam particularidades inerentes ao diagnóstico (LOPES; SILVA; ARAUJO, 2013).

Os antecedentes são eventos que precedem o conceito e/ou contribuem para a sua ocorrência. Aqueles, portanto, que decorrem de resultados do conceito são os

consequentes (WALKER; AVANT, 2011).

Lopes, Silva e Araújo (2013) afirmam que os elementos essenciais para compor uma análise de conceito no processo de validação de diagnóstico são: definição, fatores etiológicos e indicadores clínicos. A interação dos termos propostos por Walker e Avant (2011) com a interpretação dos autores é que os antecedentes se referem aos fatores de risco, os consequentes aos indicadores clínicos e os atributos à definição dos diagnósticos.

As dificuldades oriundas da análise desses três elementos são a dubiedade de interpretação e o limiar clínico do antecedente se tornar um consequente, ou vice- versa. Estas considerações se revestem de particular importância, quando a análise conceitual parte de fenômenos novos na área de interesse.

Nem todos os indicadores clínicos são vinculados à definição dos diagnósticos, entretanto, no entendimento de que estes correspondem a consequentes espectros clínicos que representam o grau de comprometimento de um indivíduo, firma-se a noção de diagnóstico como um processo de raciocínio clínico diretamente relacionado aos métodos de validação (LOPES; SILVA; ARAÚJO, 2013)

Por fim, as referências empíricas são referentes ao último passo do modelo de Walker e Avant (2011). Na abstração do conceito emerge a necessidade de como determinar a existência de um fenômeno no mundo real. Frente a isto, os referentes empíricos representam as classes ou categorias de um fenômeno concreto observável que determinarão a sua ocorrência e permitirão a construção das

definições operacionais dos elementos de interesse constituintes de um diagnóstico, com vistas a viabilizar a sua mensuração.

A revisão integrativa (RI) da literatura tem sido o método proposto para operacionalizar a análise de conceito. Para validação dos sistemas de classificação em enfermagem, representa o método mais adequado para atingir a busca pelas definições conceituais dos elementos essenciais. Trata-se de um método amplo que inclui literatura teórica e empírica de estudos com diferentes abordagens metodológicas, quer sejam quantitativas ou qualitativas (POMPEO; ROSSI; GALVÃO, 2009).

A enfermagem assumiu a RI como estratégia útil para responder questionamentos oriundos da prática e para refinamento dos conceitos, em especial pela sua característica abrangente de explicitar a complexidade de suas finalidades. Requer um rigor metodológico que garanta análise precisa, objetiva e completa do tema de interesse com o intuito de gerar resultados concisos para ciência e prática clínica (SOARES et al., 2014).

O método de RI proposto por Whittemore e Knalf (2005) tem sido o referencial de escolha de muitos estudos que versam sobre Análise de Conceito por incorporar literatura teórica e empírica dos mais diversos métodos que capturam o contexto, processo e elementos subjetivos do tema. Suas etapas são sequencialmente estruturadas e revestidas de rigor metodológico para alcance dos resultados. A Figura 3 apresenta suas cinco etapas.

Figura 3 - Etapas da revisão integrativa proposta por Whittemore e Knalf (2005).

É indiscutível a adequação da RI aos objetivos propostos na análise de conceito. No entanto, investigar definições conceituais a partir deste método não é tarefa simples e totalmente atingível. A principal dificuldade advinda da captura em bases de dados está na sua característica limitante de abordagem de fatores etiológicos ou indicadores clínicos numa perspectiva conceitual. Nos estudos de alto nível de evidência, como os ensaios clínicos, esta dificuldade eleva-se sobremaneira, em especial pela diferença marcante de seu objetivo quando

comparada ao da RI. Postula-se, portanto, a justificativa da maioria dos resultados de uma análise conceitual possuir maior quantitativo de estudos com menor nível de evidência, como os observacionais, que retratam com maior ênfase os elementos investigativos.

Devido às limitações para construção das definições conceituais e operacionais dos elementos essenciais (atributos, antecedentes e consequentes) a partir de artigos científicos disponíveis em bases de dados, Lopes, Silva e Araújo (2013) propõem como alternativa a incorporação de literatura mais abrangente, como os livros-textos e a busca de opinião de experts, sobretudo quando o diagnóstico de interesse referir-se a aspectos fisiológicos.

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