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Entrevista semiestruturada realizada à Enfermeira Responsável da UCI

Com o objetivo de conhecer a opinião da Enfermeira Responsável da UCI relativamente à escala comportamental Behavioral Pain Scale e sua implementação no serviço atrás mencionado, realizou-se uma entrevista semiestruturada. Esta caracteriza- se pela existência de um guião previamente preparado e que serviu de eixo orientador ao desenvolvimento da entrevista (Costa et al., 2005).

Neste sentido, realizou-se um guião de entrevista estruturado em 4 Blocos, nomeadamente: Bloco A - legitimação da entrevista e motivação da entrevistada; Bloco B - caracterização do perfil da entrevistada relativamente ao nível de habilitações académicas, anos de experiência profissional e de exercício na Unidade de Cuidados Intensivos; Bloco C - opinião da entrevistada relativamente à escala comportamental BPS; Bloco D – nível de concordância da entrevistada face à implementação da BPS no serviço supracitado.

Assim, depois de legitimar a entrevista e motivar a entrevistada a colaborar de forma consentida, gravou-se a entrevista realizada. Através do bloco B da entrevista, onde se pretendia caracterizar o perfil da entrevistada, aferiu-se que as suas habilitações literárias são a Licenciatura em Enfermagem, com 29 anos de exercício profissional, dos quais os últimos 6 foram a exercer funções na referida UCI.

Para o tipo de entrevista realizada, entrevista semiestruturada com questões abertas, é indicada a modalidade de análise de conteúdo qualitativa. Entende-se por análise de conteúdo “um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter os procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de

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conhecimentos relativos às condições de produção/receção (variáveis inferidas) destas mensagens” (Bardin, 2009,p.44). Esta técnica propõe analisar o que é explícito no texto para obtenção de indicadores que permitam fazer inferências (Bardin, 2009).

Para a análise de conteúdo, procurou-se seguir os 3 passos cronológicos propostos por Bardin (2009), sendo eles: a pré-análise, exploração do material e tratamentos dos resultados, inferência e interpretação.

Na fase de pré-análise procurou-se organizar o material necessário a ser analisado, com o objetivo de torna-lo operacional e sistematizar as ideias iniciais. Aqui, fez-se a transcrição da informação gravada, que se validou posteriormente com a enfermeira responsável.

Na fase da exploração do material, realizou-se uma leitura mais cuidadosa procurando selecionar de forma exaustiva, pertinente e representativa as informações mais relevantes tendo em consideração as questões levantadas e os objetivos previamente delineados. Esta fase consiste na definição de categorias e codificação, que é o processo pelo qual os dados em bruto são transformados sistematicamente e agregados em unidades, as quais permitem uma descrição exata das características pertinentes do conteúdo (Bardin, 2009). Este momento é o da aplicação do que foi trabalhado no momento da pré-análise

Neste sentido, pretendeu-se codificar alguns trechos da entrevista transcrita que é agora apresentada em forma de tabela. Na coluna Categoria serão agregados os dois principais temas da entrevista; na coluna Unidade de Registo encontram-se os fragmentos de texto que se tomam por indicativo de uma característica; por fim, na coluna Unidade de Contexto encontram-se os fragmentos do texto que englobam a unidade de registo e que, sendo assim, contextualizam a respetiva unidade de registo no decurso da entrevista.

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Categoria Unidade de Registo

(Indicadores)

Unidade de Contexto

Opinião relativamente à BPS

- Conhecimento da BPS “ Sim. A Behavioral Pain

Scale, de forma simples, é

um método subjetivo de avaliação de dor, aplicável a pessoas impossibilitadas de comunicar, de forma verbal e ou motora, sedadas e ventiladas; baseia-se na observação de três aspetos comportamentos como: expressão facial, movimentos dos membros superiores e adaptação ao ventilador.”

- Importância da BPS “ (…) o controlo da dor é um dever dos profissionais de saúde, um direito dos doentes para a efetiva humanização das Unidades de Saúde, princípio com o qual me identifico perfeitamente.”

“ (…) considero a aplicação deste instrumento de avaliação de dor (BPS), de extrema importância para os doentes internados

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na UCI (não comunicantes, sedados e submetidos a ventilação mecânica). - Adaptabilidade da BPS

ao tipo de doentes internados na UCI

“Na ausência destas condições (estado de consciência, lucidez e possibilidade de comunicar),considero a aplicação da BPS, se adapta aos doentes internados na UCI (não comunicantes, sedados e submetidos a ventilação mecânica). - Linguagem universal entre os profissionais, através da utilização da BPS

“Considero sempre que a aplicação e utilização deste tipo de instrumentos são uma mais-valia para a uniformização da linguagem dos profissionais.” Nível de concordância com a implementação da BPS nesta UCI - Benefícios da implementação da BPS na UCI “Tendo ainda conhecimento dos resultados do trabalho realizado pelo Grupo de Avaliação da dor em 91,5% Unidades de

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Cuidados Intensivos em Portugal (Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos), que recomenda a aplicação desta Escala não poderia estar mais de acordo.”

“Estarei à inteira disposição para colaborar no projeto. Penso que não será difícil (…)”

Partindo do acima apresentado, podem-se então propor inferências e adiantar interpretações.

- Quanto à “Opinião relativamente à escala comportamental BPS”, considerando as respostas positivas, é possível inferir que a enfermeira responsável do serviço supracitado:

 Conhecendo a BPS, considera-a um instrumento adequado para a avaliação da dor a doentes, sedados, submetidos à ventilação mecânica e/ou que não comunicam, internados na UCI

 Considera que a utilização da BPS permite uma linguagem universal entre os profissionais

- Relativamente à “Concordância com a implementação da BPS nesta Unidade de Cuidados Intensivos”, considerando as respostas obtidas, é possível inferir que a enfermeira responsável do serviço supracitado:

 Considera benéfica a implementação da utilização da BPS no serviço supracitado, disponibilizando-se totalmente para colaborar no PIS.

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