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8 EMBASAMENTO TEÓRICO METODOLÓGICO PARA ANÁLISE DAS

8.1 A análise de conteúdo como recurso metodológico para a avaliação das

8.1 A análise de conteúdo como recurso metodológico para a avaliação das monografias

O método de análise de conteúdo descrito por BARDIN (1977) e TRIVINÕS (1987) está composto por três fases, denominadas por BARDIN de:

1) pré-análise;

2) exploração do material e tratamento dos resultados; 3) inferência e interpretação.

TRIVINÕS denomina as três fases de: pré-análise, descrição analítica e interpretação inferencial. MINAYO (1998) as classifica como: pré análise, exploração do material, tratamento dos resultados e interpretação. RICHARDSON et aI. (1999) propõem as fases citadas por BARDIN: pré-análise; exploração do material e tratamento os resultados; inferência e interpretação. As fases da análise de conteúdo e as atividades nelas incluídas estão representadas no mapa conceitual no APÊNDICE A.

O mapa conceitual é uma atividade proposta por MOREIRA & BUCHWEITZ (1987) com a função de representar, de maneira esquemática, a diferenciação progressiva dos conceitos tratados no assunto em estudo. Estes autores empregaram a teoria de aprendizagem significativa de AUSUBEL (1978) como marco referencial para seu trabalho sobre mapas conceituais a qual também serviu de guia para a nossa dissertação de mestrado.

8.1.1 Primeira fase

A pré-análise para os autores acima citados é a fase de organização do material. RICHARDSON et aI. (1999) ressalta que esta fase é bastante flexível por permitir a eliminação, substituição e introdução de novos dados que possam contribuir para esclarecimentos do problema em estudo. Ela comporta atividades que aproximam o investigador da análise propriamente dita, como:

1 leitura flutuante;

2 escolha dos documentos;

3 formulação de hipóteses e objetivos;

4 referenciação dos índices e elaboração de indicadores; e 5 preparação do material.

a) A leitura flutuante

Tem por finalidade colocar o pesquisador em contacto com o material a ser analisado, levando-o a sondar o documento para deixar-se impregnar pelas impressões e orientações do conteúdo. Esta primeira atividade fornece ao pesquisador subsídios para formular os objetivos e as hipóteses e definir o córpus do trabalho. MINAYO (1998) lembra que existem duas formas de escolher os documentos:

b) quando o trabalho é encomendado, é a instituição quem define os documentos e c) quando o pesquisador formula o problema e os objetivos, então deve escolher os

documentos conforme esta orientação.

b) A escolha dos documentos

Num universo possível de documentos existentes sobre o assunto, o pesquisador escolhe aquele(s) suscetível(is) de fornecer as informações sobre o problema em estudo (BARDIN, 1977). Após a escolha do material, BARDIN (1977), TRIVINÕS (1987) e RICHARDSON et al (1999) chamam atenção para a quantidade e variedade de material disponível. Nesse momento é necessário estabelecer o

córpus da investigação que é a especificação dos documentos que serão

analisados. Esta atividade implica escolhas e substituições que devem ser pautadas em princípios, normas, regras, critérios para não comprometer o rigor científico da pesquisa. BARDIN (1977) e RICHARDSON et al (1999) dão relevo a quatro princípios: exaustividade (é não deixar de fora nenhum dos documentos que constituem o córpus); representatividade (o córpus,a amostra, deve ser um reflexo fiel dos documentos selecionados); homogeneidade (os documentos que constituem o corpus devem possuir as mesmas características) e adequação (os documentos selecionados devem proporcionar as informações adequadas aos objetivos da pesquisa).

c) A formulação de hipóteses e de objetivos

A hipótese é uma afirmação provisória que pretendemos examinar com os procedimentos da análise. É uma suposição subjetiva e intuitiva que direciona o raciocínio do pesquisador no entendimento dos dados; permanece em suspenso enquanto não for submetido à prova. Serve como orientação provisória para o raciocínio do pesquisador. O objetivo é aquilo se espera alcançar com os resultados obtidos.

d) A referenciação dos índices e a elaboração no e indicadores

A referenciação dos índices é entendida como o momento de indicar as unidades, ou núcleos de significados que serão buscados no discurso. Consiste em descrever como esses núcleos serão recortados no discurso dos sujeitos. O recorte pode ser feito levando-se em consideração o nível semântico (tema) ou lingüístico (frase). Indicador é o recurso utilizado na quantificação das unidades de significado, cita-se como exemplo a freqüência. Este indicador determina a freqüência com que certas palavras, expressões, temas aparecem no discurso, o que pode ter um significado especial para quem utiliza tal ferramenta.

e) A preparação do material

A última atividade da pré-análise é a preparação do material e consiste em organizar o material para facilitar a percepção dos temas (índices) abordados nos discursos dos sujeitos. Preparar ou tratar o material é codificá-Io. A codificação corresponde a uma transformação dos dados brutos dos discursos em unidades que funcionam como índices, os quais permitem a representação do conteúdo.

8.1.2 A segunda fase

Na fase de exploração do material, os documentos que constituem o corpus são submetidos a um estudo aprofundado, baseado em princípios, hipóteses e referenciais teóricos. Esta fase requer uma série de atividades que os autores consultados afirmam que são longas e fastidiosas, consistem em operações de codificação, enumeração e categorização. O discurso pode ser classificado ou decomposto em unidades mais abrangentes (unidades de contexto) e unidades específicas (unidades de registro).

A codificação corresponde a uma transformação dos dados brutos, por recorte, agregação e enumeração, em unidades de registro. Essas unidades devem representar o conteúdo significativo e refletir todas as características pertinentes ao conteúdo. As unidades de registro representam unidades de significação a serem codificadas, são unidades bases que permitem a categorização e a contagem freqüêncial, por exemplo.

As unidades de registro podem ser de natureza (lingüística, psicológica), de extensão (palavra, palavra-chave, frase) e variáveis. Estabelecer as unidades de contexto é fazer uma referência aos aspectos mais abrangentes do contexto no qual as unidades de registro aparecem. Ocorre por exemplo, quando as unidades de registro refletem uma ideologia, uma crença ou uma classe social.

Neste trabalho, a unidade de registro será o tema. BERELSON apud BARDIN (1977) define tema como sendo uma afirmação sobre um assunto. As unidades de registro podem ser reunidas em classes (categorias) sob um título genérico, de acordo com critérios preestabelecidos (hipóteses). Categoria é um conceito que abrange elementos ou aspectos que possuem as mesmas características.

As categorias refletem uma classificação dos elementos do discurso em razão das características destes elementos. Uma classe reúne expressões dos sujeitos que exprimem o mesmo significado. O critério para organizar as categorias pode ser semântico (tema), léxico (segundo o sentido) e expressivo (perturbações da linguagem). Classificar em categorias impõe a investigação do que cada unidade de registro tem em comum com as outras. O que realmente permite seu agrupamento é a parte comum existente entre os temas.

A categorização tem por objetivo oferecer, por condensação, uma representação simplificada dos dados brutos, sem introduzir desvios. Um conjunto de categorias deve possuir qualidades como: exclusão mútua (cada tema deve pertencer unicamente a uma categoria), homogeneidade (um único princípio de classificação deve orientar sua organização), pertinência (quando está coerente com o quadro teórico definido), objetividade e fidelidade (quando). as variáveis que determinam a entrada de cada elemento em dada categoria estão definidas), produtividade (quando fornece índices férteis para a inferência).

8.1.3 A terceira fase

Tratamento dos resultados é o momento para submeter os resultados obtidos ao tratamento estatístico e da interpretação. Para Richardsonet aI. (1999), a análise de conteúdo visa a um tratamento quantitativo, com o apoio da estatística que não exclui a interpretação qualitativa.

BARDIN (1977) e RICHARDSON et aI. (1999), afirmam que nesta fase os dados obtidos transformados em unidades de registro são submetidos a operações estatísticas desde as mais simples, como freqüência e percentagem, até as mais complexas, como a análise fatorial. Estas operações permitem a organização de quadros, diagramas, figuras e modelos que condensam e põem em relevo as informações fornecidas pelas etapas anteriores. O pesquisador perante esses resultados pode fazer inferências e adiantar interpretações a respeito do problema, hipótese e objetivos.

TRIVINÕS (1987) chama atenção para a importância da análise de conteúdo o qual pode ir além dos conteúdos manifestos nos documentos. O pesquisador deve aprofundar sua análise desvendando o conteúdo latente dos dados. O autor enfatiza que análise quantitativa apenas oferece uma visão estática de realidades negativas do indivíduo ou da sociedade, enquanto que a análise qualitativa é dinâmica e permite descobrir ideologias e tendências vinculadas às informações levantadas. Enumerado e categorizado pode ser analisado sob o enfoque de outras dimensões teóricas e com diferentes técnicas, como a análise categorial, a análise da avaliação, a análise da enunciação, a análise da expressão, a análise das relações e a análise do discurso (BARDIN,1977; TRIVINÕS, 1987; RICHARDSON et aI., 1999).