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A evolução do turismo na atualidade apresenta um desempenho favorável, tanto do próprio setor turístico, como dos setores das atividades direta e indiretamente envolvidas, a partir da ampliação e diversificação dos mercados nacionais e internacionais. O turismo, apontado como uma das atividades mais importantes do setor de serviços do novo milênio, necessita ampliar sua visibilidade e apresentar-se como fator transformador de uma sociedade ou região.

A interdependência entre os diversos agentes envolvidos, a amplitude do fenômeno turístico e sua inter, multi e pluridisplinaridade, exige o conhecimento da realidade e implicações econômicas, sociais, culturais e ambientais, dentro de uma visão sistêmica e de uma visão de oportunidade, respeitando seu caráter distintivo.

As ações baseadas no imediatismo e na descontinuidade devem ser substituídas por um processo sistêmico de desenvolvimento turístico, fundamentado em concretas e efetivas ações articuladas de forma a priorizar o importante e o necessário. Assim, os recursos turísticos deverão ser preparados de forma pré- determinada, adotando as medidas de planejamento e de gestão que valorizem estes recursos e contemplem a finalidade de promover o desenvolvimento sustentável da atividade, e, especificamente, da Gestão de Negócios.

A tendência atual no cenário econômico é a globalização e a competitividade entre organizações empresariais e, no caso do turismo, entre produtos e destinos turísticos, o que leva a uma exigência cada vez maior de agilidade e ajuste de novos paradigmas. Para a atividade turística enfrentar o desafio globalizante há necessidade de se conceber novas formas de organização, planejamento e gestão empresarial. Assim, governos, agências de desenvolvimento, organizações financeiras, planejadores, conselhos locais e outros grupos, que atuam no turismo, têm visto a atividade como uma forma de solução para as dificuldades econômicas que precisam enfrentar.

Um dos aspectos que mais incidem na transformação da indústria turística internacional é a permanente evolução das tendências do mercado, da sua gestão como negócio, geradas, sobretudo, pela forte concorrência de preço e qualidade. A consolidação de um padrão de serviço com o adequado controle permanente de qualidade é um dos itens mais importantes para o fluxo contínuo e crescente de um destino turístico.

Os múltiplos serviços, as infra-estruturas, as ofertas dos atrativos e de lazer agregam, isoladamente, um determinado valor. A visão sistêmica oferece a compreensão da real dimensão da atividade e as múltiplas variáveis que a compõem. Ela se preocupa com cada um dos subsistemas, com a soma dos seus valores, pois o resultado do todo depende de cada um desses subsistemas.

A gestão do turismo precisa, também, se preocupar com a preservação dos valores culturais, sociais, históricos, ambientais e, ainda, contar com o apoio da comunidade local, além de administrar a dinâmica da oferta turística. O sistema turístico composto pelos seus diversos subsistemas, tanto sob o ponto de vista da iniciativa privada quanto do poder público, é um complexo sistema de planejamento e gestão, exigindo um desempenho otimizado de todas as partes. Precisa oferecer produtos turísticos competitivos para que possa promover o desenvolvimento sócio econômico da localidade receptora e continuar operando de uma forma sustentável.

Os estudos dos sistemas, incluindo o turístico, ofereceram diretrizes para a gestão de negócios, através da Engenharia da Produção. A teoria de sistemas permite a flexibilidade para sua aplicação. As fronteiras físicas de um município necessariamente não precisam coincidir com as fronteiras turísticas locais. A teoria de sistemas permite a criação de um sistema turístico em parte de um município, um distrito ou um segmento turístico ou, também, a criação de um sistema que compreenda mais de um município, cujos limites abrigariam determinada região.

Essa teoria oferece infinitas alternativas dentro do conceito de que um sistema está sempre inserido em um sistema maior e interagindo com seus ambientes interno e externo.

O Turismo moderno se relaciona com os conceitos de desenvolvimento econômico sustentável, qualidade de vida e distribuição de renda. No contexto de mudanças globais que afetam aspectos culturais, educacionais e de comunicação em geral, suas atividades moldam uma indústria em rápida expansão, cujo movimento gera riqueza, cria empregos e aciona imensas somas de impostos, atuando como âncora para uma complexa teia de investimentos e oferecendo serviços para mercados cada vez maiores Ao longo de 50 anos o setor vem apresentando um crescimento médio de 5,7 % ao ano (Organização Mundial de Turismo, 2001).

O turismo é a atividade econômica de maior faturamento no mundo e a que mais emprega mão-de-obra, ultrapassando todos os setores. Segundo

estimativas da World Travel and Tourism Council – WTTC, o setor de turismo em todo o mundo deverá atingir, no ano de 2007, um resultado bruto de US$ 7,1 trilhões (Organização Mundial de Turismo, 2001).

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Depois da estabilização da economia brasileira, a partir de 1994, US$ 7 bilhões foram aplicados por empresas estrangeiras no setor. De acordo com a ABIH – Associação Brasileira da Indústria Hoteleira – estão sendo implantados atualmente no Brasil, pela iniciativa privada, projetos turísticos avaliados em cerca de US$ 6 bilhões - são novos hotéis, resorts, pousadas - empreendimentos estes que criarão 140 mil empregos diretos Mais de 420 mil empregos indiretos.

7.1 Importância para o País

No cenário de mudanças rápidas e profundas dos últimos anos, a indústria tem demonstrado, no Brasil, capacidade de crescimento acelerado, com elevações expressivas na venda de pacotes turísticos para destinos domésticos, investimentos de diversas companhias internacionais de turismo e hotelaria previstos para os próximos anos e dezenas de empreendimentos de lazer devendo ser inaugurados nas diversas capitais.

A expansão da atividade turística e seu efeito na geração de emprego e renda contribui para a diminuição das desigualdades. O Plano Nacional de Turismo, lançado em abril de 2003, prioriza o setor posicionando-o como atividade econômica central na retomada do crescimento e geração de empregos. Com o Plano o Governo pretende articular e pela EMBRATUR, a Conta Turismo do Brasil totalizou, em 2000, uma receita de US$ 4.227.606 (gastos de turistas estrangeiros no Brasil), enquanto que a despesa somou US$ 3.893.000 (gastos de turistas brasileiros no exterior), o que gerou um saldo positivo de US$ 334.606.

No entanto, apesar dos números expressivos, existe uma tendência dos órgãos públicos responsáveis pelo desenvolvimento do setor de turismo no Brasil de não utilizar pesquisas e estudos técnicos para balizar suas ações, de forma a entender melhor esta complexa atividade, minimizando, assim, os possíveis erros.

7.2 O Turismo como Fenômeno Econômico

Segundo BARBOSA (1998), do ponto de vista econômico, a atividade turística se torna importante não pelo fato da “viagem a trabalho ou lazer”, mas, sim, pelas conseqüências não-intencionadas deste ato.

Quando o turista viaja a lazer, ele não trabalha, o que afeta diretamente a oferta de mão-de-obra, pois possibilita a abertura de novas vagas no mercado. Para viajar a lazer, o turista tem de trabalhar e poupar. Isso significa que, numa sociedade onde existe a cultura do turismo, há permanentemente oferta de recursos derivados da poupança dos que estão esperando o momento de transformá-los em dispêndio de viagem, e uma intensa movimentação das atividades produtivas derivadas do turismo.

Quando o turista viaja para o exterior, participa de um amplo movimento internacional de capital,gerando demanda adicional e transferindo divisas para o país escolhido No entanto, o adequado tratamento econômico do turismo exige conhecer detalhadamente os impactos econômicos derivados desta atividade, uma vez que os turistas gastam o seu dinheiro numa ampla variedade de mercadorias e serviços, tais como: transporte, acomodação, alimentos, bebidas, comunicação, entretenimento, artigos em geral. Este dinheiro é visto como uma injeção de recursos, via aumento da demanda na economia local, que não existiria sem esta atividade.

COOPER (2001) ressalta que o valor dos gastos realizados pelos turistas representa somente parte dos impactos econômicos. Para uma análise completa, outros aspectos devem ser levados em consideração,como por exemplo:

• Efeitos indiretos e induzidos, como compra de fornecedores e novos negócios abertos em função da renda do turismo;

• “Vazamento” dos gastos locais, como a compra de produtos importados para suprir a necessidade dos turistas;

• Deslocamento de mão-de-obra e custos de oportunidade, como a atração de empregados de outros setores para trabalhar com o turismo.

O “efeito multiplicador” é citado freqüentemente como forma de capturar efeitos secundários do gasto turístico e prova do grande alcance dos seus benefícios em diferentes setores da economia.

As análises econômicas, por si só, tendem a analisar o turismo por uma perspectiva unilateral, ressaltando o lado positivo dos impactos econômicos do turismo, mesmo sabendo que há diversos impactos econômicos negativos como: sazonalidade, trabalhos temporários, falsa sensação de empregabilidade, inflação, importações (vazamentos). Por outro lado os estudos de impactos ambientais, sociais e culturais tendem a enfocar mais os custos inerentes ao desenvolvimento

turístico, mesmo sabendo que existem impactos positivos como: proteção de sítios naturais e recursos culturais, educação ambiental, elevação da auto-estima local etc. (STYNES, 1999; SINCLAIR, 1997; COOPER et al, 2001).

O grande desafio apontado pelos autores está em perceber as exigências do mundo globalizado que redefine o mercado de trabalho frente às mudanças, principalmente, em decorrência das novas tecnologias incorporadas ao processo de produção. Explicar esta nova realidade e criar estratégias para superar as contradições impostas existentes é o desafio que se apresenta para muitos pesquisadores.

STYNES (1999) ressalta a existência de uma grande variedade de métodos utilizados para o cálculo dos impactos econômicos de turismo. Estes vão desde as análises conjunturais, até a utilização de modelos matemáticos complexos. Estas análises são utilizadas como instrumentos de apoio a decisões relativas ao turismo, sejam referentes ao setor público, privado ou à comunidade. No entanto, esta diversidade de análises pode confundir os tomadores de decisão sobre as políticas públicas a serem adotadas para o turismo.

8 EMBASAMENTO TEÓRICO-METODOLÓGICO PARA ANÁLISE DAS