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1. INTRODUÇÃO

3.2 ANÁLISE DE CONTEÚDO

Após a definição do portfólio bibliográfico foram iniciadas as etapas da Análise de Conteúdo propostas por Bardin (2016). Essa autora, cuja obra é utilizada largamente em pesquisa qualitativa no Brasil, define análise de conteúdo como “[...] um método muito empírico, dependente do tipo de ‘fala’ a que se dedica e do tipo de interpretação que se pretende como objetivo” (BARDIN, 2016, p. 36). Ainda, destaca que se trata de “[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações” (p. 37).

Trata-se, portanto, de um poderoso método para desvelar conteúdos implícitos, aplicável em documentos escritos, entrevistas, discursos, entre outros. Gomes aponta que “[...] através da análise de conteúdo, podemos caminhar na descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestos, indo além das aparências do que está sendo comunicado” (GOMES, 2016, p. 76). Tratando-se de um conjunto de técnicas, é composta principalmente pela análise de avaliação, análise de expressão, análise de enunciação e análise temática (GOMES, 2016), a qual será aplicada neste estudo.

Não obstante, a análise de conteúdo organiza-se em “três polos cronológicos”: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação, conforme elencado no Quadro 11.

Quadro 11 – Fases da análise de conteúdo

Etapas Objetivos Procedimentos

Pré-análise estado da arte na área estudada. Realizar levantamento sobre o Pesquisa e Análise Bibliométrica

Exploração do material e tratamento dos

resultados

Identificar elementos envolvidos na gestão dos serviços de acolhimento.

Análise Sistêmica

1.1 Leitura exploratória e classificação dos artigos (metodologia Proknow-C) 1.2 Leitura aprofundada dos artigos

1.3 Classificação das categorias

Inferência e interpretação

Identificar atores, contextos e processos envolvidos na gestão dos serviços de acolhimento institucional

de crianças e adolescentes.

2.1 Estabelecimento de relação entre acolhimento institucional e processos intersetoriais (inferência e interpretação)

2.2 Caracterização do processo intersetorial no acolhimento institucional.

Discussão dos resultados

Identificar como os processos intersetoriais se materializam na gestão dos serviços de acolhimento

institucional no município de Curitiba.

Comparativo entre o processo intersetorial caracterizado e a realidade

do município de Curitiba. Fonte: Adaptado de Penhaki (2019).

3.2.1 Pré-análise

A pré-análise ocorre com vistas a sistematizar o material a ser estudado, com base na escolha de documentos, formulação de hipóteses e objetivos e a referenciação dos índices e elaboração de indicadores (BARDIN, 2016). Neste estudo,

a escolha de documentos corresponde à definição do portfólio bibliográfico (ou corpus), atentando para a adequação às regras da representatividade25, homogeneidade26 e pertinência27 (BARDIN, 2016), tendo em vista o rigor empregado

por meio da aplicação dos critérios da metodologia Proknow-C (AFONSO et al, 2012). Por seu turno, a formulação de hipóteses e objetivos corresponde ao momento de formulação dos objetivos gerais da pesquisa, assim como a referenciação dos índices e a elaboração de indicadores remete à utilização dos objetivos específicos deste estudo como norteadores para realização da categorização.

3.2.2 Exploração do material e tratamento dos resultados

O universo a ser pesquisado compreende os 13 artigos sinalizados na definição do portifólio bibliográfico (Quadro 12).Nestes, procedeu-se a aplicação das etapas de codificação, que remete a “uma transformação – efetuada segundo regras precisas – dos dados brutos do texto (...) por recorte, agregação e enumeração” (BARDIN, 2016, p. 133). Os critérios de categorização relacionam-se às características semânticas, sintáticas, léxicas ou expressivas dos elementos presentes no texto (BARDIN, 2016). Foram utilizados nesta pesquisa os critérios semântico e léxico, agrupando os elementos conforme o seu significado, o sentido com o qual os termos foram utilizados no texto e o agrupamento de termos afins (BARDIN, 2016).

25 “A amostragem diz-se rigorosa se a amostra for uma parte representativa do universo inicial. [...] Para

se proceder à amostragem é necessário ser possível descobrir a distribuição dos caracteres dos elementos da amostra” (BARDIN, 2016, p. 127).

26 Os documentos selecionados para composição do universo ou da amostra não devem apresentar

discrepância ao ponto de descaracterizar o corpus (BARDIN, 2016).

27 O material selecionado para o corpus deve corresponder aos objetivos primordiais da análise

Quadro 12 – Portifólio bibliográfico final

COD Título Citações Autores Ano

1 Acolhimento de crianças e adolescentes em situações de abandono, violência e rupturas 44 Rossetti-Ferreira, Maria Clotilde et al 2012 2 adolescentes: gestão para proteção integral e Acolhimento institucional de crianças e

defesa de cidadania 2

Lima, Liziane Vasconcelos Teixeira Afonso, Maria Lúcia Miranda 2016 3 Developing family-based care: complexities in implementing the UN Guidelines for the

Alternative Care of Children 1 Davidson, Jennifer C. et al 2017 4 Exclusão/Inclusão Social: Políticas Públicas de acolhimento institucional dirigidas à Infância e

Juventude 7

Furlan, Vinicius

de Paula Souza, Telma Regina 2013 5 Foster Care Reform and Social Partnership in Nizhny Novgorod Region 2 Ivashinenko, Nina Nikula, Jouko 2017 6 Guardianship: A Twenty-First Century From Foster Care to Adoption and

Challenge 1 Rolock, Nancy et al 2018

7 Implementation of deinstitutionalization of child care institutions in post-soviet countries: The

case of Azerbaijan 0 Huseynli, Aytakin 2018

8 “In the name of the children”: Public policies for children in out-of-home care in Chile. Historical review, present situation and future challenges 7

Garcia Quiroga, Manuela

Hamilton-Giachritsis, Catherine 2014 9 Institutional and Ideational Factors behind the Overhauling Russia’s Child Welfare system:

Paradigm Shift 2

Kulmala, Meri Rasell, Michael

Chernova, Zhanna 2017 10 Reintegração familiar e múltiplos acolhimentos institucionais 0 de Souza Moraes, Patricia Jakeliny Aparecida Penso, Maria 2016

11 Saving Children, Controlling Families 5 Edwards, Frank 2016

12

Temporary housing as a mental health intervention for the needs of children and adolescents users of alcohol and other drugs:

Hybridity between care and protection

0 Vicentin, Maria-Cristina G de Oliveira, Adriano 2016

13 Three models of collaborative child protection: what is their influence on short stays in foster

care? 4 Garcia, Antonio et al 2014

Total 13 Fonte: Autoria própria (2018).

Ainda, a Análise de Conteúdo requer que a categorização se dê de forma a contemplar as qualidades da exclusão mútua, homogeneidade, pertinência, objetividade/fidelidade e produtividade. Nesse sentido, é prerrogativa que se verifique no processo se um determinado elemento é elencado em apenas uma categoria, se as categorias foram definidas com base num mesmo princípio de classificação, se refletem os objetivos a serem alcançados no estudo, se são estabelecidas com rigor metodológico que as salvaguardem de vieses subjetivos e distorções do pesquisador e, por fim, se são capazes de fornecer resultados úteis/produtivos (BARDIN, 2016).

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS

Nesta seção serão apresentados e analisados os resultados encontrados. Após a apresentação do caso de Curitiba, ainda na perspectiva da Análise de Conteúdo, procedeu-se com a realização de cruzamento entre as Categorias de Análise, com base nas Unidades de Registro identificadas e adotando como elemento demarcador o referencial teórico ofertado pelo corpus bibliográfico. Este processo corresponde à etapa de Inferência e Interpretação da Análise de Conteúdo, e o cruzamento entre as Categorias de Análise e Unidades de Registro apresenta-se ilustrado e seus resultados analisados nas sub-seções 4.2, 4.3 e 4.4.