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Análise crítica dos resultados e implicação dos mesmos

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

6.1. Análise crítica dos resultados e implicação dos mesmos

O “O Voluntariado no século XXI: um Projeto de Educação ao Longo da Vida” vem contribuir para a valorização e expansão da área da educação, conferindo destaque para projetos de EAIC. O trabalho realizado, que se dividiu em dois contextos paralelos, vem alargar o campo de intervenção no que respeita à realidade em que se inscreve, ao público-alvo, aos temas da intervenção e aos métodos/técnicas utilizados no decorrer do processo.

Num mundo marcado pelo avanço tecnológico, pela revolução digital e pela globalização do conhecimento e informação, o século XXI veio exigir dos indivíduos a constante adaptação às exigências que a sociedade impõe. O presente trabalho vai ao encontro das necessidades pessoais e sociais, através da criação de espaços onde as pessoas se puderam desenvolver e realizar enquanto seres autónomos e críticos. Apelando à valorização do ideal de educação permanente, no seio da EAV, o “O Voluntariado no Século XXI: um Projeto de Educação ao Longo da Vida” afigura-se diversificado e distinto dos habituais projetos no campo da EAIC.

O trabalho realizado recorreu ao estudo de áreas do conhecimento optando pela utilização de instrumentos distintos daqueles que são empregues noutros contextos. Diante de algumas investigações, é possível encontrarmos a “história” e a “filosofia” agregadas a métodos escolarizados, numa feição mais tradicionalista. Por outro lado, aparecem projetos que abordam o envelhecimento ativo e a EAIC que não vão muito além do público mais desfavorecido e/ou mais velho, nomeadamente a nível nacional. Não descorando a importância de tais trabalhos,

Projeto de Educação ao Longo da Vida” envolveu um público variado, diante de diferentes necessidades/interesses, considerando especificidades, valorizando cada pessoa enquanto ser único e singular.

Conjugando a história, a filosofia e a EAV, o presente trabalho veio enriquecer a área da EAIC. Partindo de sessões/atividades que seguiram uma lógica histórico-temporal, percorrendo a história da humanidade, desde a idade da pedra à contemporaneidade, foi possível a criação de ambientes favoráveis ao desenvolvimento holístico do público-alvo.

Perante a leitura crítica dos resultados, podemos destacar os pontos fortes de todo o trabalho realizado. O projeto proporcionou uma maior autonomia e o desenvolvimento de sujeitos mais críticos e solidários. O espírito de grupo, criado a partir dos momentos de convívio e de aprendizagem colaborativa foi, também, um dos pontos mais fortes do trabalho. Envolvendo o grande grupo, os momentos de comunicação e interajuda ofereceram as bases necessárias ao desenvolvimento do trabalho. A criação de um bom ambiente de grupo possibilitou aos participantes a partilha ativa de vivências, saberes e experiências, a participação ativa e crítica em todas as sessões/atividades, através de trabalhos/debates em grupo, afigurando-se como uma das principais razões do apelo ao prosseguimento do projeto.

Neste processo, foi às voluntárias que se deveu a criação inicial de momentos de

partilha e convívio, tanto presencialmente, como a partir do grupo do Facebook. Em todas as

sessões/atividades, as voluntárias, olhando aos interesses/necessidades de todos, propunham, após cada sessão, a continuação do trabalho num outro espaço, criando momentos propícios à construção de novas amizades. Em muito contribuíram as voluntárias para que o projeto ultrapassasse as expectativas, cuja integração foi imediata, percetível a partir da criação de ações e através das permanentes tomadas de decisão, contribuindo, simultaneamente, para a ocupação qualitativa do seu tempo-livre.

Daintes dos problemas despoletados pela pós-modernidade, entre eles o desemprego, o individualismo, a entrada tardia na reforma, a exclusão social e a crescente desvalorização e degradação ambiental e cultural, as pessoas têm vindo a sentir a necessidade de encontrar meios onde se possam desenvolver e sentir parte de um grupo/comunidade que, agregando interesses comuns, proporcionem o crescimento da qualidade de vida e a transformação de realidades. A educação, cada vez mais voltada para os interesses económicos, reduzindo-se à transmissão acrítica de conhecimentos, vem exigir dos profissionais de educação a superação de situações indesejosas e a reestruturação do verdadeiro conceito de educação. Neste sentido,

importa estabelecer um paralelo entre o trabalho desenvolvido com aqueles que são os quatro pilares da educação, definidos no Relatório de Delors (1996), conferindo qualidade a todo o trabalho.

O trabalho realizado, ao longo destes meses, resultou na criação de um grupo que, a partir da aprendizagem cooperativa entre a estagiária, voluntárias e participantes (aprender a viver com os outros), desenvolveu um conjunto de práticas enriquecedoras que permitiram a valorização de potencialidades, oferecendo a todos experiências significativas, com base nos vários momentos do projeto (aprender a conhecer). Na procura constante do “aprender a aprender”, os intervenientes tomaram consciência das suas capacidades, concluindo que a educação é um processo que se estende ao longo da vida e que a idade de nada é impedimento. Num processo permanente de autorreflexão crítica, exigindo a adaptação às necessidades/interesses que iam surgindo, os participantes tornaram-se capazes de dirigir o seu próprio processo educativo, tanto através da formulação de opiniões acerca dos assuntos abordados e sobre os momentos das sessões/atividades, como, e essencialmente, a partir da organização autónoma de ações, apresentando soluções às questões que iam surgindo (aprender a fazer). Apesar das limitações do trabalho, o projeto terminou com a participação de trinta e oito participantes, com idades variadas. A verdade é que, na opinião crítica e fundamentada do grande grupo, o trabalho contribui, largamente, para a melhoria da qualidade de vida de todos, envolvendo todas as dimensões do ser humano (aprender a ser).

Conjugando contextos e realidades dissemelhantes, o trabalho veio apelar para a relevância de projetos/programas diferenciados, que abordem temas de interesse para o público, que utilizem métodos/técnicas impulsionadores da participação crítica, cívica e cultural. Classificado, na sua maioria, como um projeto de alta qualidade/excelência, todos os participantes solicitaram a sua continuação. Já terminado o projeto, a pedido do público-alvo, foi criado um outro grupo na plataforma Facebook, com o intuito do grande grupo continuar a concretizar festas/eventos, independentemente da instituição.