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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1.5 Análise da distância das RPPNs para UCs/ZAs

Como já apresentado anteriormente no texto, parte do discurso que defende e estimula a criação de RPPNs é de que esse tipo de reserva, funciona formando corredores ecológicos e trampolins entre fragmentos florestais de maior área e mais preservados, principalmente dentro de UCs públicas. Dessa forma, as RPPNS contribuiriam para o fluxo biogenético, aumentariam a área de vida das espécies e poderiam funcionar até como pequenas zonas de amortecimento para as UCs públicas (GIOVANELLI; CANTAGALLO, 2006).

Para atestar esse discurso foi preciso fazer a interseção das RPPNs com outras UCs e ZAs presentes no território estadual, e mediar a distância entre essas unidades. Na análise exploratória das distâncias medidas entre as RPPNs e a UC/ZA mais próxima os resultados

encontrados para as medidas de tendência central, medidas de dispersão e estrutura distributivas dos dados foi: distância média das RPPNs para Ucs e/ou ZAs é de 1.181,697m; A distância mediana é de 213,924m; O valor mais frequente (moda) é de 149,412m; a distribuição estatística das medidas das distâncias é assimétrica positiva e platicúrtica.

A primeira classe, compreendida entre zero e 283,68m, é a de maior frequência, com 59 RPPNs, equivalente a 66,29% da amostra. Dessas 59, 55, ou 61,80% das RPPNs fazem interseção com pelo menos uma UC e/ou ZA. Elas se encontram nos limites, completa, ou parcialmente inseridas nessas unidades. As outras 30 RPPNs se dispersam pelas outras seis classes, havendo um pequeno pico na penúltima classe, com distâncias entre 3.973,56m a 6.652,761m, onde se alocam 10 RPPNs. As curvas de frequência simples e frequência relativa acumulada das menores distâncias medidas entre RPPNs e UCs/ZAs estão nas figuras 17 e 18.

Figura 18. Curva de frequência relativa acumulada da distribuição da menor distância, em metros, entre RPPNs e UC/ZA.

Figura 17. Histograma de frequência simples das distâncias medidas, em metros, entre RPPNs e UC/ZA mais próxima.

Em função da maior parte das RPPNs apresentar interseção com ao menos uma UC ou ZA, ou seja, 61,80% dos valores amostrados na análise exploratória das distâncias medidas, eram zero, optou-se por fazer uma outra análise excluindo os valores nulos. Os resultados obtidos são completamente diferentes dos anteriores: a ordem de grandeza encontrada para as medidas de dispersão foi muito alta. As RPPNs podem estar a distâncias que variam de 40 metros a mais de 10 quilômetros. Os gráficos dessa análise podem ser observados abaixo, nas figuras 19 e 20. É possível ver que a distância mediana das unidades é de 2.637,735m.

Embora sejam a minoria, as RPPNs que não fazem interseção com UCs ou ZAs, encontram- se, na verdade, isoladas delas.

Figura 19. Histograma de distribuição das distâncias, em metros, das distâncias entre as RPPNs e a UC/ZA mais próxima, por frequência simples f(i) – excluindo os valores nulos.

Figura 20. Curva de frequência relativa acumulada da distribuição da menor distância, em metros, entre RPPNs e UC/ZA - excluindo os valores nulos.

O mapa na figura 21 reforça os resultados e possíveis causas apresentados nas sessões anteriores, pois fica evidente a correlação e dependência espacial entre todos os fatores. A maioria das UCs e, portanto, das ZAs, se concentra nesse “cinturão verde” do estado, nas serras e áreas montanhosas, que abrigam a maior parte e os maiores remanescentes do estado. Coincidem em grande parte com os Grupos de paisagem da Classe 1.

Também ao observar o mapa, é possível perceber que há bastante sobreposição entre UCs de diferentes categorias e pertencentes às diferentes esferas governamentais. Por isso, como resultados da interseção, algumas RPPNs apresentaram correlação espacial com mais de um tipo de unidade: 10,11% das RPPNs fazem interseção com os três tipos de unidades avaliados, UCs de Proteção Integral, UCs de Uso Sustentável e Zonas de Amortecimento; 21,35% das RPPNs fazem interseção com duas tipos das unidades analisadas; 30,34% faz interseção com apenas um tipo, e; 38,20% não apresentou relação topológicas com UCs e/ou ZAs (as interseções estão melhor detalhadas na tabela 4). De uma forma geral isso pode ser bom, pois as RPPNs, como reservas privadas, reforçam e ajudam a proteger a conectividade entre fragmentos de florestais conservados por UCs públicas, mas aponta para a redundância do sistema de unidades de conservação no estado.

De acordo com a tabela 4, percebe-se que a interseção mais comum para as RPPNs (49 cruzamentos) é com UCs de uso sustentável, tipo de unidades que costumam incorporar grandes áreas, e permitem a exploração sustentável da terra. Assim sendo, dentro das UCs de uso sustentável as RPPNs garantem a integridade de ao menos parte dos remanescentes, criando refúgios legal e perpetuamente protegidos, uma vez que essas UCs são mais restritivas e não permitem a exploração/utilização dos recursos da terra.

As RPPNs que intersecionam UCs de Proteção Integral, normalmente se encontram nos limites dessas unidades, como um anexo das mesmas. A maioria das UC de Proteção Integral são exclusivamente de domínio público e requerem desapropriação de terras, mas existem modalidades de UCs de Proteção Integral que podem ser constituídos por áreas particulares, como é o caso dos Refúgios da Vida Silvestre e dos Monumentos Naturais.

As UCs públicas preservam cerca de 40% da superfície do estado do Rio de Janeiro. Como as RPPNs costumam preservar áreas menores do que as UCs, elas poderiam fazer a conexão entre esse “cinturão verde” bem protegido pelo SNUC, para outras regiões do estado onde os remanescentes da Mata Atlântica se encontram mais fragmentados e menos protegidos. Servindo como reforço do sistema público de UCs, expandindo para áreas onde é mais difícil, ou onde há menos possibilidade de criação de UCs públicas.

4.2 ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL ENTRE A CRIAÇÃO DE

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