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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1.4 Análise da distribuição das RPPNs por tipologias de Grupos de paisagem

As análises anteriormente descritas, são aprofundadas e melhor compreendidas quando sobrepostas aos resultados encontrados para a distribuição das RPPNs pelos Grupos de paisagem do estado. A comparação entre os gráficos da figura 15 mostra que apesar da maioria das RPPNs (34%) apresentar interseção com o Grupo de paisagem 1.1 – escarpas estruturo- denudativas, formadas por rochas cristalinas pré-cambrianas -, o Grupo de paisagem percentualmente mais protegido, pelas RPPNs é o 3.3 – planícies flúvio-marinhas quaternárias – com 0,52% de área dentro de RPPNs. O Grupo 1.3 – Maciços montanhosos intrusivo- denudativos, com formato dômico, sobre rochas plutônicas pré-cambrianas – também é o segundo percentualmente mais protegido e apresenta apenas dez interseções com RPPNs. Isso demonstra que mesmo algumas unidades contendo menos RPPNs, têm mais área parcialmente protegida por elas.

Figura 15. Gráfico A: quantidade de interseções entre RPPNs e Grupos da paisagem; Gráfico B: porcentagem que RPPNs protegem dos Grupos da paisagem.

O Grupo 3.3 – planícies flúvio-marinhas quaternárias – tem interseção com apenas quatro RPPNs, mas a reserva natural de maior área (3843,61) está quase completamente inserida nesse Grupo. O que faz com que, mesmo apesar da pressão antrópica em sua região de ocorrência, pelo fato de a região ser litorânea e apresentar menores declividades, seja um dos Grupos de paisagem percentualmente mais preservados.

Os quantitativos para o grupo 1.1 – Escarpas estruturo-denudativas, formada por rochas cristalinas pré-cambrianas – apresentaram uma inversão de expectativa quanto aos resultados. Provavelmente pelo fato de mesmo com o maior número de interseções identificadas com as áreas protegidas pelas RPPNs, não é o Grupo de paisagem percentualmente mais protegido, indicando que essas reservas possuíam áreas menores do que as localizadas em outras tipologias. Somado ao fato de que o Grupo de paisagem 1.1, é descontinuamente distribuído pelo estado, e é entrecortado, faz limites com diversos outros Grupos de paisagem, como representado na figura 16, com o mapa da distribuição das RPPNs por tipologias. O que fez com que RPPNs da região serrana apresentassem interseção com mais de uma tipologia, e essas áreas, mesmo em maior quantidade, eram menores. Isso poderia ser esperado uma vez que 19 RPPNs tiveram interseção espacial com dois Grupos e outras oito com três Grupos diferentes.

A tabela 3 apresenta mais detalhadamente os relacionamentos medidos entre as RPPNs e as tipologias dos Grupos de paisagem, elaborados por Cronemberguer (2014).

De acordo com os gráficos e mapas apresentados, é possível apreender que a maioria das RPPNs se distribui entre os Grupos de paisagem da primeira Classe da hierarquia taxonômica – Montanhas intrusivo-tectônicas com clima tropical e subtropical de altitude –, definidos por Cronemberguer (2014). Por outro lado, nem todos os Grupos de paisagem das classes 2 – Depressões tectônicas interplanálticas, com clima tropical ou subtropical de altitude – e 3 – Planícies tropicais erosivo-acumulativas – apresentam correspondência espacial com as RPPNs.

Isso indica que a primeira hipótese formulada, da distribuição das RPPNs por todas as tipologias de paisagem, não se concretiza. Conclui-se que os sistemas de RRPNs do Rio de Janeiro não protege em igual grau todas as tipologias do estado, estando concentrado na Classe de paisagens montanhosas, com déficit de unidades nas depressões interplanálticas, na bacia do Rio Paraíba do Sul, e nas planícies e baixadas litorâneas.

O Grupo 2.3, corresponde às depressões estruturais, que possui uma ocorrência bastante específica, com concentrações no nordeste e noroeste do estado, regiões com remanescentes florestais mais fragmentados. Os grupos 3.2 de planícies fluviais acumulativas, e 3.4 – Planícies eólico-marinhas – se distribuem de forma mais pontual, formando “ilhas” na paisagem do estado, esses grupo estão na mesma área de ocorrência da região metropolitana, municípios da região dos lagos e próximo à foz do Rio Paraíba do Sul, todas áreas que sofrem fortes pressões antrópicas, especulação imobiliária e possuem poucos fragmentos de vegetação.

Dentro a Classe 1, de Montanhas intrusivo-tectônicas com clima tropical e subtropical de altitude, os Grupos 1.5, dos maciços costeiros isolados, e 1.6 dos vales intramontanos apresentaram percentagens mais baixas para área ocupada por RPPNs. O Grupo 1.5 apresentou

apenas uma interseção com RPPN, talvez porque os maciços costeiros estejam localizados principalmente em áreas urbanas, e a maioria deles já é protegida por outros tipos de UC. No caso dos vales intramontanos, esse é o Grupo de menor área de ocorrência no estado (60.700ha), e eles também representam as áreas mais ocupadas e que podem ser mais facilmente exploradas nas regiões serranas, montanhosas.

Os resultados encontrados, da concentração de correspondências espaciais entre RPPNs e os Grupos de paisagem da primeira Classe, correspondente às áreas montanhosas, apontam que essas áreas são melhor preservadas do que o restante por conta de seu relevo acidentado, da transição entre diferentes Grupos da paisagem, e por isso apresentando menor potencial de exploração tanto industrial, quanto agrícola.

Os Grupos da paisagem pertencentes à Classe 1 também coincidem com a localização da área de cobertura florestal mais preservada e menos fragmentada do estado. O que também é um indicativo da dificuldade de exploração dessas terras, em função de suas características naturais. Esse nível de preservação pode ter atraído moradores para a região, que reforçaram o histórico e cultura de preservação dessas áreas serranas/montanhosas. Juntamente com o perfil conservacionista dessa região, o número de RPPNs pode ser maior nela, por conta da maior quantidade, disponibilidade, abundância de fragmentos. Portanto, ao unir a análise das RPPNs por municípios com a análise das tipologias, os resultados são confirmados e melhor explicados.

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