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É possível dizer que os procedimentos adotados para essa pesquisa alcançaram os resultados de forma à responder satisfatoriamente os questionamentos propostos. A distribuição espaço-temporal das RPPNs foi bem caracterizada em relação aos municípios, anos de criação, densidade, medidas de tendência central de localização, interseção com as tipologias de paisagem e proximidade e de UCs e/ou ZAs. Ao comparar todos os resultados, principalmente as cartografias elaboradas, as coincidências, correlações e concentrações espaciais, demonstraram uma forte relação entre esses fatores na estrutura e padrão de distribuição das RPPNs.

Foi visto que essas reservas ocorrem especialmente em áreas montanhosas, da primeira Classe das tipologias de paisagem de CRONEMBERGUER 2014, por onde também se distribuem a maior parte das UCs e ZAs, que protegem os grandes remanescentes florestais da Mata Atlântica no estado. O relevo escarpado e acidentado funciona como uma barreira, ou entrave na exploração dos recursos naturais, também não oferece boas condições para pecuária e instalação de indústrias. Isso fez com que historicamente essas áreas permanecessem mais preservadas e menos exploradas. O desenvolvimento das UCs públicas se deu de forma a manter sob tutela boa parte desses remanescentes, e as RPPNs reforçaram esse padrão, se concentrando principalmente entre os municípios de Silva Jardim, Nova Friburgo e Teresópilis.

Considerando as trajetórias de forma geral, nove, dentre 76 imóveis (com RPPNs criadas até 2016) apresentaram mudanças em sua vegetação, isso corresponde a 11,84% da amostra. O ano que no total apresentou maior área de mudança foi 2011, fortemente associadas à eventos naturais, enquanto, curiosamente, os imóveis com RPPNs parecem ter permanecido invariantes em 2009 e 2013. Apesar de não ter sido identificada forte correlação espacial entre a criação de RPPNs e trajetórias de recuperação da vegetação dentro dos imóveis dessas reservas, o fato de a maioria das propriedades ter se mantido invariante ainda é melhor do que se tivesse ocorrido mais desmatamentos. O que poderia indicar que os proprietários, por já

possuírem uma RPPN, não se sentiam comprometidos em conservar o restante, ou que quisessem explorar ao máximo suas terras.

É preciso considerar também que talvez os resultados tivessem sido um pouco diferentes se houvesse um mapeamento para as trajetórias até 2019, o que na época de aquisição dos dados não havia à disposição. E a própria escala regional do mapeamento utilizado, 1:100.000, deixou passar outras trajetórias de menor área nas RPPNs e imóveis consultados, que por sua vez apresentam uma escala compatível com o nível local.

Para além do escopo desse trabalho, um cruzamento das RPPNs, tipologias de paisagem e trajetórias da vegetação com mapeamentos ou detecção de mudanças de uso e cobertura do solo entre 2009 e 2019, seria um aprofundamento interessante das análises apresentadas aqui. Isso permitiria uma compreensão ainda mais profunda do perfil dos imóveis que abrigam as RPPNs.

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