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Análise da Distribuição de Inscritos e Aprovados segundo a Etnia

4 ANÁLISE DESCRITIVA DO ACESSO AO ENSINO SUPERIOR: UM RETRATO A PARTIR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

4.1 ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA QUANTIDADE DEMANDADA POR VAGAS DA UFBA SEGUNDO CARACTERÍSTICAS PESSOAIS DOS CANDIDATOS

4.1.3 Análise da Distribuição de Inscritos e Aprovados segundo a Etnia

A Tabela 5 incorpora a variável etnia, o que permite uma análise bastante interessante do mecanismo de filtragem que o vestibular exerce. Obviamente que a variável cor ou etnia é uma proxy para outras variáveis, tais como o background familiar, em termos de disponibilidade e acesso a bens culturais (livros, informação cultural em geral etc), status sócio-econômico, qualidade da escola, tempo disponível para o estudo etc. Isto porque é evidente que a pobreza no Brasil tem cor. Contudo, apenas se dispõe de dados sobre etnia dos candidatos ao vestibular da UFBA nos anos de 1998 e 2001. Por conseguinte, as tabelas e regressões que utilizarem essa variável, neste e no próximo capítulo, terão as suas amostras reduzidas em comparação às das tabelas e regressões que não a utilizarem.

A Tabela 5 revela, por exemplo, sobre a evidente preponderância da etnia branca, em ambos os sexos, com mais de 48,3% do total de candidatos inscritos para cada sexo, no ano de 1998. Contudo, esse número altera-se, demonstrando que as denominadas “minorias” estão conseguindo chegar em maior quantidade às portas da Universidade, o que denota uma menor exclusão do sistema educacional brasileiro como um todo, desde o ensino fundamental, passando pelo ensino médio. Com efeito, a etnia branca reduz a sua participação na inscrição para pouco mais de 39%, em apenas três anos, em 2001. Enquanto isto, os indivíduos de cor parda passaram de cerca de 40% para 45% (no caso do sexo feminino) e para quase 44%,

de 6,5% para 9,6% (feminino) e de 7,8% para 11,2% (masculino); os da etnia amarela e indígena, francamente minorias, elevaram levemente as suas participações, tendo-se alterados estas de cerca de 2% para 3%. Em todas as etnias, observa-se a superioridade numérica de candidatos inscritos do sexo feminino sobre o masculino, em que as mulheres aparecem com uma proporção não inferior a 54,5% contra 45,5% do sexo oposto, nos dois anos de referência. É de chamar a atenção, contudo, a superioridade numérica (quase o dobro) dos indivíduos da etnia amarela do sexo feminino sobre os do sexo masculino. Em resumo, configura-se uma situação em que uma maior proporção de candidatos não brancos e/ou do sexo feminino está chegando a disputar o acesso à Universidade.

A “discriminação racial”, velada no caso do vestibular, fica evidenciada quando se comparam as Tabelas 5 e 6. A variável etnia ou cor pode estar funcionando, aqui, como proxy para a real situação da qualidade da escola e do ambiente familiar, ambos francamente desfavoráveis se comparados com os candidatos provenientes dos estratos de maior nível sócioeconômico.

Tabela 4.2.3.1: Distribuição dos Inscritos por Sexo e Cor ou Raça. UFBA, , 10675 8877 48,3% 39,8% 8867 10061 40,1% 45,1% 1433 2136 6,5% 9,6% 568 627 2,6% 2,8% 543 592 2,5% 2,7% 22086 22293 100,0% 100,0% 7424 6166 48,5% 39,4% 5975 6880 39,0% 43,9% 1196 1761 7,8% 11,2% 256 318 1,7% 2,0% 453 541 3,0% 3,5% 15304 15666 100,0% 100,0% Quantidade

% dentro ano do concurso Quantidade

% dentro ano do concurso Quantidade

% dentro ano do concurso Quantidade

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% dentro ano do concurso Branca Parda Negra Amarela Indígena Cor/ raça Total Branca Parda Negra Amarela Indígena Cor/ raça Total Sexo do candidato Feminino Masculino 1998 2001 Ano do concurso

Cálculos do autor a partir de bases de dados do vestibular. a.

Fonte: Pesquisa do autor.

Notas: Cálculos do autor a partir da base de dados do vestibular.

Tabela 5: Distribuição dos Inscritos por Sexo e Etnia. UFBA, 1998 e 2001.

Etnia

1

Tabela 4.2.3.2: Distribuição dos Aprovados por Sexo e Cor ou Raça. UFBA, , 952 641 53,2% 45,0% 636 592 35,6% 41,6% 121 130 6,8% 9,1% 40 35 2,2% 2,5% 39 25 2,2% 1,8% 1788 1423 100,0% 100,0% 975 683 54,2% 43,4% 638 663 35,5% 42,2% 119 154 6,6% 9,8% 21 33 1,2% 2,1% 45 39 2,5% 2,5% 1798 1572 100,0% 100,0% Quantidade

% dentro ano do concurso Quantidade

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% dentro ano do concurso Quantidade

% dentro ano do concurso Branca Parda Negra Amarela Indígena Cor/ raça Total Branca Parda Negra Amarela Indígena Cor/ raça Total Sexo do candidato Feminino Masculino 1998 2001 Ano do concurso

Cálculos do autor a partir de bases de dados do vestibular. a.

Fonte: Pesquisa do autor.

Nota: Cálculos do autor a partir da base de dados do vestibular.

Etnia

Etnia

Tabela 6: Distribuição dos Aprovados por Sexo e Etnia. UFBA, 1998 e 2001.

Da comparação das Tabelas 5 e 6 se constata que, dada (fixada) a variável sexo, a variável etnia parece exercer alguma influência, favorável ou desfavorável, sobre a aprovação dos candidatos. Com efeito, enquanto os percentuais de aprovados são sempre superiores aos percentuais de inscritos de cor branca, em ambos os sexos, e nos dois anos de referência, o oposto ocorre quando se trata de candidatos de outras etnias.

A Tabela 7 resume os dados das Tabelas 5 e 6 na medida em que se calcula a proporção (percentual) de aprovados pelo total de inscritos por etnia e sexo, nos anos de 1993 e 2001. Constata-se claramente da Tabela 7 a preponderância dos brancos aprovados como proporção dos inscritos, principalmente entre os de sexo masculino. Comparando-se os dois anos da tabela, houve uma redução generalizada, em todas as etnias, nos percentuais apresentados no ano de 2001, a exceção da etnia amarela no ano de 1998, quando os candidatos masculinos passaram de 11% para 15,6%. Isto decorre de que o quantitativo de candidatos inscritos cresce proporcionalmente muito mais rapidamente do que o de candidatos aprovados, pois este número está limitado pelo número de vagas.

Tabela 7: Percentuais de aprovados sobre o total de inscritos segundo o sexo e etnia.

UFBA, 1998 e 2001.

1998 2001

Etnia / Sexo feminino masculino feminino masculino

Branca 8,9% 12.8% 7,2% 10.4% Parda 7,2% 10.6% 5,9% 8.6% Negra 8,4% 10.1% 6,1% 7.4% Amarela 7,0% 15.6% 5,6% 11.0% 7,2% 8.6% 4,2% 4.6% Indígena

Fonte: Pesquisa do autor.

Nota: Cálculos a partir de Tabelas 5 e 6.

Uma outra característica pessoal observada é o estado civil. A grande maioria de candidatos é solteira. Na média dos dados de todos os anos disponíveis, de 1993 a 1998, os solteiros perfazem um percentual de cerca de 90%, havendo uma alteração significativa no ano de 2001, quando esse percentual se reduz para 77,2%. O segundo estado civil mais freqüente é o dos casados, com cerca de 7% das observações válidas, em todo o período.

Uma última característica pessoal para as quais há registros nas bases do vestibular dos anos de 1997 e 1998 é se o candidato apresenta alguma deficiência visual, física ou auditiva. Os dados relativos a essa característica revelam que quantidade é não superior a 0,5% do total de candidatos inscritos, no ano de 1997, e, inferior a isto, no ano seguinte.

4.2 ANÁLISE DOS CANDIDATOS INSCRITOS E APROVADOS QUANTO ÀS