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ANÁLISE DO DESEMPENHO DOS CANDIDATOS INSCRITOS E APROVADOS QUANTO ÀS CARACTERÍSTICAS ESCOLARES

4 ANÁLISE DESCRITIVA DO ACESSO AO ENSINO SUPERIOR: UM RETRATO A PARTIR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

4.3 ANÁLISE DO DESEMPENHO DOS CANDIDATOS INSCRITOS E APROVADOS QUANTO ÀS CARACTERÍSTICAS ESCOLARES

A experiência com o vestibular, medida pelo número de vezes que o candidato participa do certame, contribui para a sua aprovação. É o que evidenciam os dados: na média das observações das bases do vestibular utilizadas, entre os

experiência com o vestibular, já tendo anteriormente prestado um ou dois vestibulares anteriores, 29,6% dos candidatos aprovados nunca fez vestibular antes.

O Gráfico 9 estabelece um comparativo de freqüências (%) entre os candidatos inscritos e aprovados segundo a instituição de origem, se colegial, curso técnico, magistério e supletivo. Fica evidenciado que, enquanto o percentual de aprovados se leva (de 57,7% para 68,3%), ele se reduz entre todos os demais tipos de instituição, denotando que a realização do curso colegial favorece a aprovação no vestibular da UFBA.

Gráfico 4.4.1: Comparativo de frequências (%) entre inscritos e aprovados segundo a instituição de origem

0.0% 10.0% 20.0% 30.0% 40.0% 50.0% 60.0% 70.0% 80.0%

colegial técnico magistério supletivo

inscritos aprovados

Gráfico 9: Comparativo de freqüência (%) entre inscritos e aprovados segundo a instituição de origem.

Quando se considera que 88,4% dos candidatos aprovados que fizeram colegial o fizeram em escola particular ou na maior parte em escola particular, têm- se uma forte predominância de alunos aprovados originários de classes mais privilegiadas da sociedade. Dentre os que fizeram curso técnico, 74,7% o fizeram em escolas públicas (federal, estadual ou municipal) e 15,7% em escolas particulares. Os aprovados que fizeram magistério ou supletivo, na maior parte, fizeram em escolas públicas. Em resumo, aqueles que têm mais chances de ingressar na Universidade são provenientes de escolas particulares ou na maior

alunos que estudaram em escolas particulares e migraram para a escola pública, estudando nesta a maior parte do tempo, têm a sua aprovação prejudicada, pois, enquanto se situam nessa situação 6% do total de inscritos, são aprovados apenas 3,2%.

Um dado sobre a escolaridade e que já se mostrou importante na aprovação do candidato é o tempo que de conclusão do curso médio. Sabe-se que quanto maior esse tempo, menores as chances de sucesso no vestibular (isto, de certo modo, já foi detectado a partir da variável “idade” do candidato). As estatísticas sobre esse tempo decorrido desde a conclusão indicam que o mais freqüente de ocorrer, medido pela moda, é o tempo de um ano; além disso, metade dos candidatos tem até dois anos e, na média, se tem 4,2 anos. Quando se observa o efeito do tempo decorrido da conclusão sobre o escore mínimo médio constata-se que há uma redução acentuada deste escore mínimo a partir de um ano até os cinco anos de conclusão do ensino médio; a partir deste ponto, começa a haver uma elevação nesse escore, evidenciando que os candidatos com mais de 25 anos de formados nesse nível de ensino buscam cursos mais competitivos, provavelmente na expectativa de uma inserção no mercado de trabalho mais favorável do ponto de vista da remuneração, dada a correlação positiva que existe entre escore mínimo e renda vitalícia (AVENA, 2004b). Em outras palavras, a partir de um até cinco anos de conclusão do ensino médio, os candidatos preferem cursos menos concorridos, pois são mais fáceis de ingressar na universidade. Contudo, a despeito do desejo desses inscritos em serem bem sucedidos no vestibular, o gráfico da diferença entre o escore final e o escore mínimo médios aumenta com o tempo em que se está afastado dos estudos, mostrando claramente que quanto maior o tempo de formatura no ensino médio, menores as chances médias de aprovação; ocorre, entretanto, certa reversão nesta tendência, elevando-se as chances médias de aprovação do candidato a partir de, aproximadamente, os 28 anos de formatura no ensino médio. Os efeitos desse tempo de conclusão do ensino médio mostram certa concavidade da função de produção educacional com respeito a essa variável, sugerindo a adoção de um termo quadrático desta variável nas equações de regressão a serem estimadas em capítulo 5.

Outras características escolares interessantes, pois revelam sobre a distribuição desigual de oportunidades educacionais, trata da distribuição de bolsas

para o cursinho, ironicamente, 55,7% dos candidatos são provenientes do ensino médio (que têm a maior renda familiar média) e 31,2% do curso técnico (que têm a terceira renda familiar média mais elevada, ficando em segundo lugar, os que fizeram o curso supletivo).

Dentre os motivos que levaram os candidatos a escolher o curso pretendido, 75,3% dos candidatos declaram ser “a adequação do curso às aptidões”. Além disso, em outra pergunta do questionário, 55,8% dos candidatos declaram que nada ou ninguém os influenciou na escolha. Por outro lado, apenas 2,5% dos inscritos revelam que a escolha se deve a vantagens econômicas. Entretanto, como se poderá constatar no Capítulo 5, em que se realizam as estimações econométricas, é a razão econômica (a expectativa de renda que o curso proporciona) que prepondera, significativamente, sobre a decisão da escolha do curso. Ademais, as expectativas declaradas que formam sobre a profissão futura estão associadas à formação teórica ou profissional (52,2%), aumento de conhecimento (14,3%) e formação de consciência crítica (16,6%). Apenas 8,5% dos candidatos admitem que a expectativa que têm do curso está associada a “melhora da situação atual”. Em resumo, parece haver certo pudor por parte dos candidatos em revelar as razões financeiras como determinantes na escolha da futura profissão.

Em resumo, por meio deste capítulo se procurou evidenciar a importância dos aspectos sócio-econômicos na determinação do sucesso no vestibular da UFBA, por meio de variáveis como renda familiar, educação parental, tempo disponível para o estudo, se o estudante é proveniente de colegial ou não etc. A despeito desse capítulo evidenciar esses aspectos, pode-se dizer, de maneira clara, por uma questão de retidão intelectual e de respeito aos aspectos metodológicos, no próximo capitulo se utilizará de uma técnica mais sofisticada, porém, capaz de dar conta da participação simultânea de vários efeitos sobre as varáveis de resposta, qual seja, o escore final obtido no vestibular.

5 ANÁLISE MULTIVARIADA: ESTIMAÇÕES DE FUNÇÕES DE DEMANDA E DE