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Análise da perceção dos agentes municipais e da província do Cuando

No documento Amarildo Maurício Lopes Alexandre (páginas 130-175)

PARTE II ANÁLISE DOS RECURSOS TURÍSTICOS E DA PERCEÇÃO DOS AGENTES DA

Capítulo 6 Análise da perceção dos agentes municipais e da província do Cuando

No presente capítulo fazemos a análise das entrevistas que decorreram em 2019 realizadas aos agentes ligados diretamente ao setor do turismo, pese embora o nosso objetivo ser o de entrevistar todos os administradores municipais do Cuando Cubango. Infelizmente, tal não foi possível por indisponibilidade por parte dos elementos que foram contactados.

No primeiro momento fizemos uma breve abordagem relacionada com o que a literatura nos apresenta sobre a análise de conteúdo e num segundo momento fizemos a análise das entrevistas.

No sentido de não revelarmos a identidade dos entrevistados, seguindo as diretrizes da Universidade do Minho, codificamos os seus respetivos nomes com a expressão Represente e numerando de 1 a 7.

6.1- Perceção relativamente à atividade turística na província do Cuando Cubango

A análise de conteúdo surge de uma forma sistematizada e como um método de investigação sobretudo a partir do século XX. Em relação à sua utilização, princípios e conceitos fundamentais foi configurado com detalhe em 1977 por Laurence Bardin (Trivinos, 1987).

Desde os seus primórdios a análise de conteúdo foi apresentada como uma técnica de investigação que visa a compreensão e interpretação dos dados recolhidos numa pesquisa. A definição apresentada por Berelson (1957) tem sido apresentada como o ponto de partida para a análise de conteúdo sendo encarada como "uma técnica de investigação que através de uma descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações tem por finalidade a interpretação destas mesmas comunicações” (Bardin, 2011, p. 42).

Bardin (2011, p. 48) resume o conceito como "um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens”.

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Tendo por base estas definições começamos por apresentar a descrição do conteúdo de entrevistas semiestruturadas que tem como objetivo a sistematização das narrativas

recolhidas. Tal como já mencionámos foram realizadas sete entrevistas usando um guião de 12

perguntas e as mesmas foram realizadas entre os dias 06 de junho e 19 de setembro de 2019 (consultar guião no Anexo I).

Começando pela primeira questão (De formal global, que diagnóstico faz em relação à

atividade turística na província do Cuando Cubango? Porquê?) esta foi elaborada com o

intuito de se perceber de uma forma geral a atividade turística na província do Cuando Cubango.

Os entrevistados foram unânimes nas suas respostas. Foi possível perceber que a atividade turística na província do Cuando Cubango ainda não é uma realidade no sentido de contribuir para a diversificação económica e para debelar um dos principais problemas sociais como é a pobreza. Apesar de haver potencialidades que podem serem aproveitadas, foram apontadas diversas razões do seu desaproveitamento com destaque para as infraestruturas e a falta de investimento.

Passamos a reproduzir algumas narrativas.

“(…) do ponto de vista geral, o Cuando Cubango tem potencialidades. Em relação à atividade turística a província ainda não tem atividade turística” (Representante 4, 33 anos e Licenciatura e Pós-graduação em Turismo).

“(…) falta muito para desenvolver (…) as infraestruturas de apoio para o desenvolvimento turístico” (Representante 7, 34 anos e Licenciatura em Informática). Por seu turno, o Representante 3, realçou que a atividade turística ainda é deficitária, tendo apontado as vias de acesso como uma das principais causas para o não alavancar da atividade turística na província do Cuando Cubango.

Essas narrativas vão de encontro ao que encontrámos ao longo do trabalho de campo que realizámos. Ainda não existe uma atividade turística consistente que possa contribuir para o desenvolvimento local e para a diversificação económica e no combate à pobreza.

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6.2- Perceção em relação aos recursos turísticos na província do Cuando Cubango

Relativamente à segunda questão (Quais são os recursos turísticos (naturais ou criados

pelo ser humano) existentes na província do Cuando Cubando?] e as outras perguntas

subsequentes (Em que estado de conservação estão? Podem ser visitados pelos turistas? E

quais são os que podem ser transformados em atrações turísticas e em produtos turísticos?) do guião de entrevista, podemos concluir que as respostas foram

diversificadas. No que se refere à segunda questão os entrevistados afirmaram que existem recursos turísticos na província do Cuando Cubango, tanto naturais como criados pelo ser humano. Destacaram os recursos faunísticos, florísticos, hídricos e os histórico-culturais, tais como: festas, danças, artesanato, e ainda outros criados pelo ser humano como os monumentos, os lodges e os de natureza religiosa.

Neste sentido, o Representante 4, afirmou que:

“Os principais recursos que existem nesta região são os parques naturais de Manvinga e de Luyena. Nesses dois parques que se localizam nos municípios do Rivungo e do Dirico temos os principais recursos faunísticos e florísticos da província do Cuando Cubango” (33 anos e Licenciatura e Pós-graduação em Turismo).

O Representante 3 (35 e Licenciatura em Administração) foi mais específico, tendo apontado alguns recursos hídricos como: “os rios Cutato, Cuabe, Cuando e Cubango, parques naturais, reservas (sobretudo a reserva do Luyna-luengue e a do luengue- Mavinga) e outras paisagens de encher os olhos”.

Foram ainda citados outros recursos como o “Monumento da batalha do Cuito Cuanavale e a Cadeia do Missombo. Os recursos culturais, a língua, as festas e as danças tradicionais da região local, entre outros” (Representante 6, 31 anos e Licenciatura em Gestão Turística).

No que se refere ao estado de conservação dos mesmos, obtivemos diferentes respostas. Para alguns (n=2) a conservação dos recursos turísticos é regular e alguns recursos nunca foram explorados, enquanto para outros (n=3) ainda é precário o estado de conservação e necessitam de uma intervenção profunda, revelando uma esperança de que as coisas vão melhorar neste domínio.

Para o Representante 7, o estado de conservação é “regular”, com alguns dos recursos bem conservados e outros mal conservados. Já o Representante 1 afirmou que alguns

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recursos se encontram intactos, ou seja, nunca foram explorados. Apontou ainda alguns que podem ser conservados, como é o caso dos parques nacionais de Mavinga e Luyena. Ainda sobre o estado de conservação muitos recursos turísticos carecem de uma intervenção profunda. No entender do Representante 4, e no que diz respeito aos parques naturais “tem de haver um repovoamento natural, quer de animais, quer de espécies florísticas. Tal poderá dar a esses parques um processo de conservação natural”.

O Representante 3 (35 anos e Licenciatura em Administração) afirmou que “o Forte de Menongue precisa de uma reabilitação profunda, pois está degradado (…)”. Seguindo a mesma postura o Representante 7 (34 anos, Licenciatura em Informática), afirmou que “alguns recursos turísticos se encontram num estado de conservação crítico como é o caso da Cadeia do Missombo e da ilha do Iyapeka”.

No que concerne à acessibilidade aos recursos turísticos pelos turistas, obtivemos respostas semelhantes. Os entrevistados responderam que os recursos turísticos podem ser visitados pelos turistas. As respostas dos entrevistados cingem-se, no entanto, a apenas alguns recursos turísticos, como é o caso do Memorial e dos lodges e não com os recursos no âmbito geral. Deste modo, os entrevistados centraram-se apenas nos mais relevantes recursos.

O Representante 1 (54 anos, Mestrado em Direito Civil) afirmou que os recursos turísticos “podem ser visitados pelos turistas”. Referindo-se ao Monumento da Batalha do Cuito Cuanavale, na perspetiva do Representante 4 “apesar de estar a receber visitas, por falta de hotéis e outros serviços similares e restaurantes, o município do Cuito Cuanavale ainda não pode ser considerado um destino turístico”.

No que se refere ao último aspeto da segunda questão sobre os recursos turísticos que podem ser transformados em atrações turísticas e em produtos turísticos, os entrevistados apresentaram vários recursos, desde os naturais até aos criados pelo ser humano, com realce para o Monumento da Batalha do Cuito Cuanavale. Neste sentido o Representante 4, realçou que “todos os recursos turísticos podem ser transformados em atrações turísticas, mas para serem produtos turísticos necessitam de investimento privado e público”.

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O Representante 3 destacou essencialmente os recursos naturais que podem ser transformados em atrações turísticas, sobressaindo a reserva natural do Luengue e o parque nacional do Luyna, tendo ainda afirmado que “são áreas invejáveis em termos de beleza natural e que proporcionam um ambiente agradável a todos que as visitam”. Concluindo, tivemos diversas respostas relativamente à questão quanto aos recursos existentes, o seu estado de conservação, a acessibilidade proporcionada aos turistas e às suas transformações em atrações turísticas e em produtos turístico. Esperávamos respostas mais completas e detalhadas relativamente aos recursos existentes, o que pode significar que não identificaram recursos complementares aos recursos mais simbólicos.

6.3- Património material e imaterial existente na província do Cuando Cubango

As questões seguintes foram elaboradas com o objetivo de percebermos o património existente na província do Cuando Cubango e respondendo neste sentido a uma das questões de partida levantada aquando da estruturação da nossa investigação. Deste modo, as questões formuladas foram: No âmbito da procura e oferta turística na

província do Cuando Cubango, que património material (civil, militar, natural, artesanato) e imaterial (etnográfico e cultural, festas, romarias e eventos) existe? Qual é o património que está a ser utilizado como atração turística e qual é o que pode ser usado de forma sustentável em termos turísticos?

Os entrevistados reportaram a existência de património material e imaterial. No entanto, foi uma das questões em que apresentaram mais dificuldades em responder. Relativamente ao património material existente na província do Cuando Cubango, quase todos (n=6) apontaram o Monumento da Batalha do Cuito Cuanavale e no que se refere ao património imaterial, apresentaram algumas festas e danças tradicionais e a língua Nganguela.

Relativamente ao património material e imaterial existente, de acordo com o Representante 2 e fazendo referência ao município onde reside, destaca o Monumento da Batalha do Cuito Cuanavale, às máscaras tradicionais e o artesanato. Tendo ainda, referenciado as coreografias que pertencem aos grupos tradicionais do município.

No domínio do património material destaca-se “o Memorial da Batalha do Cuito Cuanavale” (Representante 1 – 54 anos, Mestre em Direito Civil).

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Temos “o Memorial da Batalha do Cuito Cuanavale (…), a Cadeia do Missombo (…), a Ilha do Lyapeka (…)”. Além destes destacam-se ainda as danças tradicionais e o vestuário local (Representante 7 – 34 anos de idade, Licenciado em Informática).

Da mesma forma, o Representante 3 fez referência ao Memorial da Batalha do Cuito Cuanavale, tendo ainda realçado “as festas de circuncisão que ocorrem no período de maio a agosto – onde os jovens deixam as suas residências vão para a mata onde são circuncidados, as festas da cidade de Menongue e a entronização dos reis igualmente fazem parte dos eventos desta região”.

Pese embora o entrevistado ter ressaltado as festas da circuncisão como um património imaterial, na realidade a festa denomina-se de “transição”. É uma festa que marca a passagem dos jovens para a fase adulta e a circuncisão é o ritual que faz parte dessa festa.

Já o Representante 6, a par do Memorial da Batalha do Cuito Cuanavale, fez ainda referência aos hotéis e lodges, às bacias hidrográficas dos rios Cuito e Cubango, aos recursos florestais e faunísticos ligados as áreas de proteção conservação natural e que fazem parte do projeto “transfronteiriço Okavango Zambeze” e, à língua Ngaguela que é falada na província do Cuando Cubango, como um património imaterial de grande relevância para o povo desta região. A sua relevância a nível nacional consubstancia-se no facto de ser uma das línguas nacionais de Angola, mas que na realidade só é falada na região Sudeste de Angola.

Para o Representante 4 o património com maior “destaque tem sido o Okavango”, ou seja, as áreas de proteção e conservação natural transfronteiriça Okavango Zambeze e no domínio do ecoturismo. Fez ainda referência aos principais sítios históricos, destacando o Memorial da Batalha do Cuito Cuanavale, o Forte Menongue ou Mwene Vunongue e as ruínas da Missão do Senje. Realçou, ainda, o artesanato, os produtos alimentares típicos da região, como o massango, a massambala, o mavombo, o Nkele e o Vindungo (hidromel).

Relativamente ao património que está a ser utilizado como atração turística e qual pode ser usado de forma sustentável em termos turísticos, foi destacado o “Monumento da Batalha do Cuito Cuanavale” (Representante 1; Representante 3; Representante 6 e o Representante 7). A par destes, o Representante 4 apontou “o Monumento da Batalha do Cuito Cuanavale como o património que está a ser utilizado como ponto turístico”.

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Referiu ainda que “para que haja um aproveitamento sustentável do Monumento da Batalha do Cuito Cuanavale, deve-se fazê-lo obedecendo a três eixos fundamentais: a economia, o ambiente e o elemento social”.

Esta resposta permitiu-nos deduzir que deve-se usufruir e preservar o património de modo a ajudar o crescimento económico do município e garantindo que os factos da história e o aparato físico do Memorial sejam recordados pela atual geração e futuras gerações para que a história não se repita. Os outros entrevistados não responderam a esta questão, talvez por dificuldade em identificar os recursos existentes.

De acordo com a nossa observação e análise os entrevistados responderam de forma muito sucinta às questões formuladas. Tal aconteceu também na questão que fez referência ao aproveitamento sustentável do património pelo turismo.

6.4- Perceção sobre as infraestruturas e equipamentos de apoio direto à atividade turística da província do Cuando Cubango

Relativamente a outras perguntas que foram formuladas, tendo em atenção as infraestruturas e os equipamentos que existem na província, com o objetivo de perceber o funcionamento da atividade turística, colocadas as seguintes: Como carateriza a

província em termos de infraestruturas (estradas, aeroportos, abastecimento de água eletricidade, entre outros) e de equipamentos, tais como, alojamentos, restaurantes, locais de diversão, transportes e a sua organização? Na sua opinião, de que modo são importantes para o funcionamento da atividade turística?

Os entrevistados foram unânimes em afirmar que muita coisa deve ser feita para melhorar o cenário crítico da falta de infraestruturas de apoio ao turismo na província do Cuando Cubango. Neste sentido, apontaram algumas infraestruturas que têm sido uma mais-valia principalmente no município sede da província (Menongue), mas trata- se de uma gota no oceano comparativamente com as outras sedes municipais para não falar das comunas e aldeias. Umas das principais dificuldades em termos de infraestruturas é a falta de vias de acesso, ou seja, estradas asfaltadas.

Na perspetiva do Representante 5, “a província do Cuando Cubango ainda não tem nada em termos de infraestruturas, mas tem muito património natural”.

Para o Representante 1, “há muita debilidade em termos de infraestruturas, tendo mesmo afirmado que no Cuando Cubango não podemos falar de infraestruturas se

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tivermos dificuldades de acesso principalmente em áreas com fortes potencialidades turísticas. De acordo com o Representante 3, a província carece de infraestruturas, pese embora, haver infraestruturas a renascerem. Mas a nível do interior da província são inexistentes”.

Já o Representante 4 afirmou que “não é possível fazer turismo quando não existem estradas”. Destacou ainda a grande importância da relação entre vias de acesso e os transportes rodoviários: “Quando não há estrada não há transportes”.

Por outro lado, há o problema do fornecimento de água e energia, que no entender de alguns os entrevistados (n=3), ainda não é suficiente, pese embora o fornecimento desses dois requisitos, principalmente no município sede (Menongue).

De acordo com o Representante 5, a província do Cuando Cubango com o potencial hídrico que detém podia “utilizar a água como fonte de energia”, tendo ainda apontado a água como um dos recursos fundamentais desta província.

Para o Representante 7, em relação ao fornecimento de água no município sede de Menongue “nem todos os munícipes têm água potável, mas o governo está a trabalhar no sentido de resolver esse problema. No que se refere à energia o entrevistado realçou que com os novos equipamentos de energia elétrica todos os munícipes de Menongue têm energia elétrica”. Tendo em conta as nossas observações, verificámos que houve uma melhoria, mas nem todos os munícipes de Menongue têm energia nas suas casas.

No que se refere a equipamentos tais como, alojamentos, restaurantes, locais de diversão, transportes e sua organização, de acordo com o Representante 2, os hotéis e restaurantes através da sua capacidade de prestação de serviços, ditam a presença de turistas. “São importantes porque (…) os hotéis e restaurantes estão associados ao turismo, eles é que ditam até os clientes em termos de presença de turistas”. A afirmação do Representante 2 é válida no contexto da atividade turística, partindo do pressuposto que a prestação de serviços por parte dos alojamentos e da restauração são diferenciados, podendo ditar a presença cada vez significativa de turistas ou de clientes. Para o Representante 3, “em termos de transporte e alojamento, entre outros, ainda há muito a fazer, tudo ainda está confinado na sede da província. Referenciou ainda que não temos transporte, restaurantes, resorts ou hospedarias que possam albergar um número significativo de turistas ou de quem quer visitar essas áreas”. Podemos perceber a

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resposta do Representante 3 referindo-se ao contexto do município do Rivungo e restantes municípios, mas não é extensivo ao município sede de Menongue.

Referindo-se aos transportes o Representante 7, “(…) ainda não se notam na província do Cuando Cubango (…) há autocarros públicos, mas por falta de manutenção deixaram de funcionar”. Na nossa perspetiva, em relação à descrição de existência de transportes públicos, pode-se considerar a sua existência mesmo tendo como realidade o município de Menongue. Não se pode aplicar o mesmo aos restantes municípios.

Na Perceção do Representante 4, “os alojamentos no Cuando Cubango ainda são precários, com preços muito altos nos poucos que existem. Os restaurantes precisam de trabalhar mais na melhoria dos seus serviços. Os locais de diversão vão surgindo, mas só em Menongue”. Tal como os outros argumentos, este não pode ser generalizado a todos os municípios do Cuando Cubango, tratando-se de uma realidade específica de Menongue, mas o quadro é ainda pior considerando que Menongue é o centro político e socioeconómico da província. Em relação aos preços praticados pode-se justificar tendo como recurso a lei económica da procura e da oferta.

Relativamente ao último ponto deste conjunto de questões sobre a importância tanto das infraestruturas, assim como dos equipamentos obtivemos em algumas das respostas (n=3) sinais positivos, pese embora, nem todos terem respondido a esta questão.

Para o Representante 1 “falar do turismo é falar de infraestruturas. Não consegues falar de infraestruturas em Mavinga onde está o Luyana, no Rivungo, onde está o Okavango Zambeze. Não consegues fazê-lo no Dirico porque não temos vias de acesso”. Na nossa opinião as infraestruturas e as vias de acesso são parte do processo da atividade turística, sendo o turismo muito mais do que infraestruturas.

Na perceção do Representante 2 sobre as infraestruturas e os equipamentos dentro do funcionamento da atividade turística “(…) quem ganha (…) são os comerciantes, são os privados, os agentes que exploram o turismo (…) como sempre (…) através de receitas ao Estado para materialização dos seus objetivos sociais”.

No mesmo diapasão o Representante 3 afirmou que “(…) o agente turístico, o dono do restaurante ou do hotel e o camponês saem a ganhar quando se trata da importância das infraestruturas em relação ao funcionamento da atividade turística. Os comerciantes, os

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agentes ligados diretamente ao turismo, inclusive os munícipes e o Estado, podem ganhar com o turismo se a oferta corresponder aos anseios dos turistas”.

6.5- Perceção em relação à preparação dos residentes para receberem turistas

No que se refere às últimas questões, foram formuladas no sentido de se perceber até que ponto os residentes da província do Cuando Cubango estão preparados para receber turistas. Neste sentido foi feita a seguinte questão: Considera que os residentes da

província do Cuando Cubango estão preparados para receberem turistas? Se sim, porquê? Se não, o que deve ser feito de modo a que haja uma boa recetividade e colaboração por parte dos residentes?

De forma geral (n=5) os entrevistados responderam que os residentes da província do Cuando Cubango estão preparados em receber turistas, pese embora, haja constrangimentos no domínio dos investimentos e das infraestruturas. Foram avançados adjetivos como a hospitalidade e o conhecimento que se tem em relação aos benefícios que os turistas trazem para os destinos turísticos.

Na perceção do Representante 2, “(…) o povo do Cuando Cubango está preparado para receber turistas,” pese embora, se assista “(…) à falta de infraestruturas.”

Existe “(…) hospitalidade neste povo do Cuando Cubango”. A título de exemplo, foram

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