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Amarildo Maurício Lopes Alexandre

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Academic year: 2021

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Universidade do Minho

Instituto de Ciências Sociais

Amarildo Maurício Lopes Alexandre

junho de 2020

A atividade turística como estratégia de

diversificação da economia e no combate

à pobreza na província do Cuando Cubango

(Angola)

Amarildo Maurício Lopes Ale

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víncia do Cuando Cubango (Angola)

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Amarildo Maurício Lopes Alexandre

junho de 2020

A atividade turística como estratégia de

diversificação da economia e no combate

à pobreza na província do Cuando Cubango

(Angola)

Trabalho efetuado sob a orientação da

Professora Doutora Paula Cristina Almeida

Cadima Remoaldo

Dissertação de Mestrado

Mestrado em Geografia

Especialização em Planeamento e Gestão do Território

Universidade do Minho

Instituto de Ciências Sociais

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DIREITOS DE AUTORES E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS

Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que respeitadas as regras e boas práticas internacionalmente aceites, no que concerne aos direitos de autor e direitos conexos.

Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença abaixo indicada.

Caso o utilizador necessite de permissão para poder fazer um uso do trabalho em condições não previstas no licenciamento indicado, deverá contactar o autor, através do RepositóriUM da Universidade do Minho.

Licença concedida aos utilizadores deste trabalho

Atribuição-NãoComercial-SemDerivações CC BY-NC-ND

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AGRADECIMENTOS

Mais uma etapa da vida se fecha. A realização desta dissertação não seria possível sem vida, saúde e proteção de Deus todo-poderoso. Neste sentido gradeço a Deus.

Agradeço também à minha orientadora, a Professora Doutora Paula Cristina Almeida Cadima Remoalho, pela sua disponibilidade, crítica e sugestões no decurso da investigação que realizei. Sem deixar de referenciar outros adjetivos que a carateriza, saliento a sua humildade, paciência, dedicação e grande espírito de humanismo.

Ao coletivo de professores do Departamento de Geografia do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho agradeço por terem transmitido todo o seu saber para que no final da formação estivesse munido das ferramentas necessárias para atuar no domínio do Planeamento e Gestão do Território.

Aos meus colegas de curso de Mestrado, agradeço pelo acompanhamento e paciência que tiveram comigo aquando da minha integração em Portugal e que direta e indiretamente contribuíram para a realização desta dissertação. De forma muito especial, ao Hélder Lopes pelo apoio e sugestões na elaboração dos mapas.

Agradeço a todos os intervenientes que nos concederam entrevistas, permitindo avaliar a perceção dos principais intervenientes em relação à atividade turística.

Agradeço à Escola Superior Pedagógica do Cuando Cubango, à Universidade Cuito Cuanavale, ao Ministério do Ensino Superior de Angola e ao Instituto Nacional de Bolsa de Estudo de Angola. O meu muito obrigado pelo apoio no decurso de todo o processo de investigação.

A todos os meus familiares e amigos, agradeço pelo apoio e palavras de apreço que sempre manifestaram ao longo da minha formação.

De forma muito especial, agradeço aos meus pais que sempre estiveram presentes ao longo da minha formação, o meu muito obrigado pelos conhecimentos transmitidos. Por último e não menos importante, de forma muito espacial, agradeço à minha esposa, pela compreensão, paciência, conselhos e apoio incondicional que sempre demonstrou. Muito obrigado a todos.

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DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo que não recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação de informações ou resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração. Mais declaro que conheço e que respeitei o Código de Conduta Ética da Universidade do Minho.

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A atividade turística como estratégia de diversificação da economia e no combate à pobreza na província do Cuando Cubango (Angola)

Resumo

O Turismo ou a atividade turística é um fenómeno transversal que abarca muitos setores da sociedade, tais como os transportes, as agências de viagens, os setores administrativos consulares, os alojamentos, a restauração e outros prestadores de serviços indiretos. Os seus impactes fazem-se sentir quer nos setores da economia, quer no âmbito sociocultural e ambiental.

Cada vez é mais notório o interesse por parte de países e lugares no setor do turismo como forma de dinamizar principalmente a atividade económica e promovendo as suas potencialidades ligadas aos seus recursos naturais, culturais e ambientais. No caso de Angola, um país que viveu muito tempo ligado à indústria petrolífera, tem havido por parte das entidades oficiais uma vontade em tentar diversificar a economia e apostando no setor do turismo.

No estudo realizado procurámos contribuir para o debate acerca da atividade turística como estratégia de diversificação económica e no combate à pobreza na província do Cuando Cubango. Foram traçadas quatro questões de partida que nortearam a investigação, cuja finalidade passou por caraterizar a situação socioeconómica e a atividade turística da província do Cuando Cuanbango, identificar o potencial turístico da província do Cuando Cubango e a sua evolução, assim como avaliar as perceções dos agentes provinciais ou municipais ligados à atividade turística.

Para tal optou-se pelo recurso a uma abordagem sobretudo qualitativa baseada em fontes primárias e secundárias, procedendo ao levantamento dos recursos patrimoniais da província do Cuando Cubango e usando a técnica de inquérito por entrevista a sete agentes municipais e provinciais.

Da análise realizada concluímos que o turismo ainda se encontra numa fase de incipiente desenvolvimento na província do Cuando Cubango. Importa ainda salientar que há um grande potencial turístico na província do Cuando Cubango e que necessita de investimentos para que o turismo possa contribuir significativamente para a diversificação económica e no combate à pobreza através de criação de empregos. Palavras-chave: Atividade turística; crescimento económico; Cuando Cubango; pobreza.

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Tourism as a strategy for diversifying the economy and combating poverty in the province of Cuando Cubango (Angola)

Abstract

Tourism activity is a cross-cutting phenomenon that encompasses many sectors of society, such as transport, travel agencies, consular administrative sectors, accommodation, restaurants and other indirect service providers. Its impacts are felt both in the economic sectors, as well as in the socio-cultural and environmental spheres. The interest on the part of countries and places in the tourism sector is increasingly evident as a way of boosting mainly economic activity and promoting its potential linked to its natural, cultural and environmental resources. In the case of Angola, a country that has lived for a long time linked to the oil industry, there has been a willingness on the part of official entities to try to diversify the economy and betting on the tourism sector. In the research done we sought to contribute to the debate about tourism as a strategy of economic diversification and in the fight against poverty in the province of Cuando Cubango. Four starting questions were outlined that guided the investigation, whose purpose was to characterize the socio-economic situation and the tourist activity of the province of Cuando Cubango, to identify the tourist potential of the province of Cuando Cubango and its evolution, as well as to evaluate the perceptions of agents provincial or municipal authorities linked to tourist activity.

To this end, we opted for the use of a mainly qualitative approach based on primary and secondary sources, proceeding with the survey of the heritage resources of the province of Cuando Cubango and using the survey technique by interviewing seven municipal and provincial agents.

From the analysis carried out, we conclude that tourism is still in a stage of incipient development in the province of Cuando Cubango. It is also important to note that there is great tourism potential in the province of Cuando Cubango and that it needs investments so that tourism can contribute significantly to economic diversification and in the fight against poverty through job creation.

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Índice

Introdução ... 1

PARTE I – DEFINIÇÃO DE CONCEITOS RELACIONADOS COM A ATIVIDADE TURÍSTICA E OS SEUS IMPACTES ... 5

Capítulo 1 – Alguns conceitos fundamentais em turismo e os seus impactes ... 6

1.1 - Evolução do conceito de turismo ... 6

1.2 – A evolução do conceito de turista ... 10

1.3 - A evolução da atividade turística e os seus impactes ... 12

1.3.1 – Alguns dados internacionais ... 12

1.3.2 – A evolução da atividade turística em Angola ... 17

1.4 – Os impactes da atividade turística ... 24

1.4.1 – O conceito e a natureza dos impactes da atividade turística ... 24

1.4.2 – Os impactes socioculturais da atividade turística ... 25

1.4.3 - Os impactes ambientais da atividade turística ... 28

1.4.4 - Os impactes económicos da atividade turística ... 30

1.5 - Notas conclusivas ... 33

Capítulo 2 – Importância económica e o papel do turismo nos países em desenvolvimento. ... 35

2.1 - A importância do turismo para o crescimento económico ... 35

2.1.1 – A importância do planeamento em turismo ... 37

2.2- Contribuição do turismo para o Produto Interno Bruto ... 38

2.3- O efeito multiplicador do turismo ... 40

2.4- O papel do turismo na recuperação das crises económica e financeira ... 41

2.5- Caraterização genérica dos países em desenvolvimento ... 42

2.6- Evolução do turismo nos países em desenvolvimento ... 44

2.7- Vantagens do turismo para os países em desenvolvimento ... 45

2.8- O conceito de pobreza... 46

2.8.1 - O turismo como meio de combate à pobreza ... 50

2.9- Notas conclusivas ... 53

PARTE II - ANÁLISE DOS RECURSOS TURÍSTICOS E DA PERCEÇÃO DOS AGENTES DA PROVÍNCIA DO CUANDO CUBANGO ... 55

Capítulo 3 – Procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa ... 56

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3.2- Breve caraterização das amostras recolhidas ... 62

3.3- Notas conclusivas ... 64

Capítulo 4 - Retrato territorial de Angola e da província do Cuando Cubango ... 65

4.2 - O retrato da economia de Angola e a sua influência na província do Cuando Cubango ... 66

4.3 - O retrato da pobreza em Angola e os seus impactes na província do Cuando Cubango ... 69

4.4 - O Retrato territorial do Cuando Cubango ... 73

4.4.1 - Localização e dinâmicas sociodemográficas ... 73

4.4.2 - Dinâmicas de Produção ... 78

4.4.3 - Atividade turística no âmbito do contexto angolano ... 84

4.4.3.1-Oferta turística ... 84

4.4.3.2 – A acessibilidade ... 86

4.4.3 – Caraterização dos Planos de Desenvolvimento do Cuando Cubango ... 88

4.5 - Notas conclusivas ... 92

Capítulo 5 - Análise do levantamento dos recursos na província do Cuando ... 94

5.1-Densidade dos recursos patrimoniais existentes na província do Cuando Cubango. 94 5.2 - Principais recursos patrimoniais existentes na província ... 100

5.3 - Notas conclusivas ... 115

Capítulo 6 - Análise da perceção dos agentes municipais e da província do Cuando Cubango relativamente à atividade turística ... 117

6.1- Perceção relativamente à atividade turística na província do Cuando Cubango ... 117

6.2- Perceção em relação aos recursos turísticos na província do Cuando Cubango ... 119

6.3- Património material e imaterial existente na província do Cuando Cubango ... 121

6.4- Perceção sobre as infraestruturas e equipamentos de apoio direto à atividade turística da província do Cuando Cubango ... 123

6.5- Perceção em relação à preparação dos residentes para receberem turistas ... 126

6.6- Os benefícios da atividade turística para a província do Cuando Cubango ... 127

6.7- Perceção em relação às medidas a serem adotadas para melhorar a atividade turística na província do Cuando Cubango... 128

6.8- A evolução nos últimos quinze anos do processo de diversificação económica e do combate à pobreza ... 129

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6.10- Planos existentes para o desenvolvimento do turismo na província do Cuando

Cubango ... 133

6.11- Medidas para a revitalização da atividade turística para a província do Cuando Cubango ... 135

6.12- Perceção dos entrevistados em relação aos meios de promoção turística e ao marketing ... 136

6.13- Notas conclusivas ... 137

7 - Considerações finais ... 140

7.1 - Aspetos gerais a reter ... 140

7.2 - Limitações e recomendações para futuros estudos ... 143

7.3 - Propostas a serem implementadas... 143

Bibliografia ... 148

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Índice de Figuras

Figura 1- Chegadas de turistas internacionais, 1950-1999 ... 13

Figura 2 - As setes maravilhas de Angola ... 22

Figura 3 - Lacunas identificadas no setor do turismo em Angola ... 24

Figura 4 - Divisão administrativa do Cuando Cubango ... 73

Figura 5 - Estrutura etária da população do Cuando Cubango em 2014 ... 75

Figura 6 - Taxa de alfabetismo em 2014 nos municípios da província do Cuando Cubango ... 77

Figura 7 - Taxa de atividade por município, 2014 ... 80

Figura 8 - População empregada por principais atividades, em 2014, na província do Cuando Cubango ... 81

Figura 9 - Taxa de mortalidade das empresas por províncias da região sul de Angola, ... 84

Figura 10 - Aeroporto de Menongue e do Cuito Cuanavale ... 87

Figura 11 - Objetivos gerais do Plano Diretor de Turismo para a província do Cuando Cubango ... 89

Figura 12 - Produtos turísticos a desenvolver para a província do Cuando Cubango ... 95

Figura 13 - Distribuição dos recursos patrimoniais por municípios ... 99

Figura 14 - Densidade dos principais patrimónios da província do Cuando Cubango ...100

Figura 15 – Memorial à vitória da Batalha do Cuito Cuanavale ...101

Figura 16 – Cadeia do Missombo e Forte Menogue ...103

Figura 17 – Igreja da Sé Catedral ...104

Figura 18 – O Artesanato na província do Cuando Cubango. ...105

Figura 19 – Trajeto que dá acesso à Ilha do Lyapeka e à Ilha do Lyapeka ...106

Figura 20 – O Rio Cuebe e a paisagem onde se enquadra ...107

Figura 21 – Quedas de água do Tchitchalala ...107

Figura 22 – Equipamentos ligados diretamente a atividade turística ...108

Figura 23 – Rio Cuebe lodge e Kambumbe Lodge no Cuando Cubango ...109

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Índice de Quadros

Quadro 1- Os dez principais destinos em 2009 em termos de chegadas internacionais . 15

Quadro 2 - Receitas do turismo internacional ... 16

Quadro 3 - Chegada de turistas e receitas entre 2005 e 2017 ... 18

Quadro 4 - Chegada de turistas às fronteiras de Angola por região, em 2013, 2014 e 2015 ... 19

Quadro 5 - Chegadas de hóspedes às unidades de alojamento em 2014 e 2015 ... 20

Quadro 6 - Oferta de alojamento, por tipologia nas 3 principais províncias em 2009... 23

Quadro 7- Impactes socioculturais do turismo ... 28

Quadro 8 - Impactes ambientais do turismo ... 29

Quadro 9- Os principais impactes económicos da atividade turística ... 32

Quadro 10 - Fontes primárias utilizadas na investigação ... 58

Quadro 11 – Grupo temático e número de questões do guião de entrevista ... 59

Quadro 12 - Fontes secundárias utilizadas na investigação ... 61

Quadro 13 - Caraterização dos entrevistados ... 62

Quadro 14 - Grelha usada para o levantamento dos recursos existentes na província do Cuando Cubango ... 63

Quadro 15 - População por grupo etário, segundo o sexo, em 2014 ... 75

Quadro 16 - Estimativas da população tendo em conta as províncias do Cuando Cubango, Luanda, Benguela, Huíla e Huambo, em 2019, 2020, 2025, 2030, 2035, 2040, 2045 e 2050 ... 76

Quadro 17 - População com 18 ou mais anos, segundo o nível de escolaridade concluído, 2014 ... 77

Quadro 18 - População com 5 ou mais anos de idade, segundo os meios de comunicação usados nos últimos 12 meses, 2014 ... 78

Quadro 19 - População com 15 anos ou mais por área de residência, segundo a situação perante a atividade económica, 2014 ... 79

Quadro 20 – População com 15 ou mais anos por províncias a nível da região sul de Angola, segundo a situação perante a atividade económica, 2014 ... 79

Quadro 21 - Taxa de atividade a nível da região sul de Angola, segundo o sexo, 2014 .... 80

Quadro 22 - População empregada por principais atividades na região sul de Angola ... 82

Quadro 23 - Empresas ativas, na região sul de Angola, de 2014 a 2017 ... 83

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Quadro 25 - Apostas das Estratégicas e Prioridades de Investimento 2018-2022 ... 91 Quadro 26 - Levantamento do património da província do Cuando Cubango, por

municípios, património existentes e números ... 96 Quadro 27 - Equipamentos diretamente ligados a restauração e hotelaria e serviços similares ... 98 Quadro 28 - Recursos levantados, segundo o tipo de património, tipo de património cultural, património classificado e outros serviços ligados à atividade turística ...111 Quadro 29 - Variáveis e critérios de avaliação dos recursos levantados...112 Quadro 30 - Avaliação dos recursos tendo em conta as variáveis e os critérios definidos ...112 Quadro 31 - Propostas a serem implementadas na província do Cuando Cubango ...145

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Introdução

A atividade turística é considerada uma atividade socioeconómica, transversal e dinâmica que tem contribuído significativamente para a diversificação económica e a redução da pobreza, sobretudo em países em vias de desenvolvimento. Tem sido, nos últimos anos e em termos económicos, uma das atividades que tem registado elevados índices de crescimento. Neste sentido, as viagens e o turismo contribuíram à escala mundial, em 2016, com US$ 2,3 milhares de milhão e, incluindo os impactes indiretos e induzidos, geraram US$ 7,6 milhares de milhão no PIB (10,2% - WTTC, 2018). Em termos de empregos diretos sustentaram, no mesmo ano, um total de 108,7 milhões de empregos em todo o mundo e um total de 292,2 milhões de empregos diretos, indiretos e induzidos globalmente (WTTC, 2018).

Estes dados revelam também um grande crescimento na chegada internacional de turistas. Segundo a Organização Mundial de Turismo (UNWTO, 2018), o setor tem revelado desde a década de 1960 um crescimento contínuo, tendo 2017 registado um recorde de chegadas internacionais de turistas com 1.323 milhões de turistas internacionais, crescendo deste modo, 84 milhões comparativamente com o ano de 2016.

O crescimento do turismo pode derivar de vários fatores, tais como, a globalização e o aumento da comunicação, o aumento do número de turistas fruto de políticas gizadas pelas agências transportadoras, o incremento de políticas públicas favoráveis ao investimento privado, fortes investimentos nas estruturas básicas ou de poio à atividade turística e o marketing (Firmino, 2007; Cunha & Abrantes, 2013). Matias (2007) refere que o sucesso no setor do turismo resulta, sobretudo, do adequado planeamento operacional das políticas públicas. Neste sentido, os países que granjeiam resultados positivos no setor do turismo e que contribuem para a diversificação das suas economias apostam sobretudo no planeamento turístico.

Em países menos desenvolvidos o turismo tem apresentado resultados assinaláveis de crescimento devido a muitos fatores, entre os quais, os investimentos expressivos orientados para o turismo, a promoção e o marketing (Fayes & Fletcher 2002, citados por Firmino, 2007). Assim, a atividade turística tem assumido um protagonismo no que diz respeito à diversificação da economia dos vários países, ainda que se continue a assistir a um período de crise económica e financeira um pouco por todo o mundo.

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Angola, sendo um país da região da África Austral e rico em recursos naturais e minerais, principalmente o petróleo e diamantes, viveu longos anos com uma economia centrada na indústria petrolífera. Neste sentido, não se verificou o processo de diversificação da sua economia, apesar de o país possuir um significativo potencial turístico e que está por explorar. Entretanto, com a crise económica e financeira que assola o País desde o ano de 2014, as políticas públicas têm-se direcionado para a diversificação da economia. Neste contexto, o turismo é um dos setores que pode contribuir com receitas proporcionando robustez financeira e económica, gerando postos de trabalho e diversificando a economia na província do Cuando Cubango (Angola). A província do Cuando Cubango conhecida no passado como “terras do fim do mundo” é atualmente designada como “terras do progresso” e é uma das 18 províncias de Angola, que apresenta um elevado potencial turístico.

Com base na argumentação apresentada, a nossa investigação procurou responder às seguintes seguintes questões:

• Como tem evoluído a atividade turística na província do Cuando Cubango?

• Quais são os impactes económicos e sociais do turismo percecionados pelos agentes municipais e da província do Cuando Cubango?

• Como se podem potenciar os principais recursos existentes na província do Cuando Cubango?

• De que modo o turismo pode contribuir para a diversificação da economia da província do Cuando Cubango, bem como, constituir uma estratégia de combate à pobreza?

Tendo em consideração as questões de partida, os principais objetivos da pesquisa foram os seguintes:

• Caracterizar a situação socioeconómica e a atividade turística da província do Cuando Cuanbango;

• Identificar o potencial turístico da província do Cuando Cubango e a evolução da atividade turística;

• Avaliar as percepções dos agentes provinciais ou municipais ligados à atividade turística, tendo como pressupostos o papel da atividade turística na diversificação da economia e na redução da pobreza;

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3

• Propor medidas para a revitalização da atividade turística na província do Cuando Cubango.

De modo a concretizar os objetivos propostos, a metodologia baseou-se numa abordagem sobretudo de cariz qualitativo e foram utilizadas fontes primárias e secundárias. Quanto às fontes secundárias foram utilizados artigos, livros, capítulos de livros, dissertações, assim como outro tipo de publicações e sítios na Internet, de modo a fundamentar a parte mais teórica, usando autores e instituições internacionais e nacionais. No que diz respeito às fontes primárias foi realizado o levantamento e diagnóstico dos recursos naturais e culturais existentes, assim como sete inquéritos por entrevista aos agentes municipais e provinciais, de modo a perceber qual é a opinião destes no que concerne aos impactes económicos, sociais e ambientais da atividade turística e o seu contributo no processo de diversificação da economia e na redução da pobreza na província do Cuando Cubango. Trata-se da segunda vez que este tipo de estudo é realizado sobre a província selecionada. O estudo anterior também é recente, datado de 2018 e foi realizado por José Ezequias e Manuel Alberto em 2018 intitulando-se “Turismo em Angola – Recursos turísticos da Província do Cuando Cubango – Identificação e potencial”. O objetivo principal cingiu-se ao levantamento de informação necessária para apoiar o desenho de estratégias para a promoção do turismo local. Trata-se de um estudo que se debruçou sobre quatro municípios dos nove que constituem a província do Cuando Cubango e que se preocupou com o potencial do turismo de natureza.

A presente dissertação encontra-se estruturada em duas partes. A primeira, intitulada “Definição de conceitos relacionados com a atividade turística e os seus impactes”, está dividida em dois capítulos. O primeiro capítulo, intitulado “Alguns conceitos fundamentais em turismo e os seus impactes” centra-se nas definições dos conceitos relacionados com o turismo e com o turista, assim como na evolução da atividade turística e os seus impactes. Ainda no primeiro capítulo descrevemos os impactes da atividade turística em termos socioculturais, ambientais e económicos. No segundo capítulo designado por “Importância económica e o papel do turismo nos países em desenvolvimento” analisamos a importância económica e o papel do turismo nos países em desenvolvimento, através de estudos realizados sobre os impactes do turismo na economia de países em desenvolvimento.

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A segunda parte da dissertação encontra-se divida em três capítulos e foi designada por “Análise dos recursos turísticos e da perceção dos agentes da província do Cuando Cubango”. No capítulo três designado por “Procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa” descrevemos a metodologia aplicada na investigação realizada e é feita uma breve caraterização da amostra recolhida relacionada com as entrevistas aplicadas. No capítulo quatro apelidado de “Retrato territorial de Angola e da província do Cuando Cubango” optou-se pela caraterização territorial do Cuando Cubango, destacando as dinâmicas sociodemográficas e de produção, os programas de combate à pobreza, as acessibilidades, assim como a atividade turística.

O levantamento dos recursos existentes na província do Cuando Cubango correspondeu ao capítulo cinco, tendo em vista a sua identificação, descrição e avaliação com o intuito de contribuírem para a diversificação económica, bem como para a possibilidade do combate à pobreza.

O capítulo seis centrou-se na “Análise de conteúdo das entrevistas aos agentes províncias e municipais do Cuando Cubango”, onde foi feita a análise das entrevistas realizadas aos agentes municipais e da província do Cuando Cubango, por forma a obter as suas perspetivas relativamente aos recursos e potencial turístico.

No último capítulo intitulado “Considerações finais, limitações e recomendações” destacam-se as principais ilações do presente estudo, assim como as suas limitações e recomendações para futuras pesquisas. Foram ainda apresentadas propostas para a revitalização da atividade turística na província do Cuando Cubango.

Somos de opinião que o presente estudo pode contribuir para a reflexão por parte da população do Cuando Cubango e em particular dos atores que têm o poder de decisão em termos turísticos e políticos, servindo como alicerce para o delinear de futuros planos estratégicos de desenvolvimento do turismo. O estudo realizado pode também contribuir para futuras pesquisas científicas relacionadas sobre o tema, para potenciais investidores que estejam interessados em desenvolver projetos na região e para turistas que desejem visitar a província do Cuando Cubango. Pretende-se divulgar o presente estudo na província do Cuando Cubango principalmente junto das instituições ligadas à atividade turística.

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PARTE I – DEFINIÇÃO DE CONCEITOS RELACIONADOS COM A

ATIVIDADE TURÍSTICA E OS SEUS IMPACTES

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Capítulo 1 – Alguns conceitos fundamentais em turismo e os seus

impactes

No sentido de compreendermos a influência da atividade turística na diversificação económica e no combate a pobreza na província do Cuando Cubango, torna-se fundamental percebermos algumas noções básicas da atividade turística. Dada a complexidade da atividade turística, o conceito de turismo continua em aberto, como resultado, de inúmeros contributos de um número substantivo de autores, que têm procurado definir o conceito de turismo no sentido de se chegar a um consenso.

Como qualquer outra atividade, a atividade turística tem passado por mudanças ao longo do tempo. Deste modo, quer as análises, quer os estudos e os seus impactes não são os mesmos na etapa embrionária do turismo, quando comparados com o tempo atual. Deste modo, a evolução da atividade turística nunca ocorreu à margem das mudanças significativas ocorridas no mundo, no domínio económico, político, sociocultural e ambiental. Por outro lado, os impactes do turismo têm merecido uma maior preocupação na atualidade. No presente capítulo abordaremos a evolução da definição de turismo, a evolução da atividade turística e dos seus impactes.

1.1 - Evolução do conceito de turismo

A literatura existente apresenta uma grande variedade de definições no que diz respeito ao turismo, que é decorrente da sua complexidade como atividade. Tem que se ter em consideração que definir implica delimitar ou estabelecer limites e aliado a este pressuposto, está o facto de o turismo ser uma atividade que envolve muitas áreas da sociedade e da natureza, tais como, os transportes, os hotéis, os restaurantes e a preservação da natureza. Neste sentido, torna-se complexo estabelecer uma definição de turismo.

As primeiras tentativas de definição do turismo, como uma nova atividade humana geradora de múltiplos efeitos, ocorreu no período de transição entre o século XIX e o século XX (Cunha, 2010). Deste modo, Cunha (2010) realça sob ponto de vista histórico e em termos comparativos, o facto de o conceito de turista ser esboçado primeiro e só mais tarde terem surgido as tentativas de se definir o conceito de turismo.

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Desta feita, foi em 1910 que surgiu a primeira definição de turismo descrita por Herman Von Schullern Zu Schattenhofen que realçou o turismo como um fenómeno que compreende todos os processos, especialmente económicos, que se manifestam na chegada, na permanência e na saída do turista de um determinado município, país ou Estado (Barreto, 2014). No entanto, as primeiras caraterísticas e manifestações de turismo surgiram em tempos remotos. "As várias formas de lazer em turismo remontam a tempos tão longínquos como os impérios da Babilónia ou o império Egípcio, (...) as atividades de lazer eram procuradas por classes mais elitistas desde as primeiras civilizações" (Ramos & Costa, 2017, p. 22).

Podemos distinguir duas fases ou etapas da evolução do turismo. A primeira em tempos longínquos, ou seja, a.C., em que se pode identificar as caraterísticas ou manifestações do turismo e a segunda concretamente no século XX em termos de definição do conceito. Para além da definição de Hermann Von Schullern zu Schattenhofen de 1910 surgiram outras a partir das escolas Berlinesa e Polonesa, destacando-se na primeira os seguintes autores: Schwink, Borman, Josef Stradner, Morgenroth & Benscheidt (citados por Barreto, 2006). Robert Glucksmann (1939, citado por Barretto, 2014) definiu o turismo como sendo a soma das relações entre as pessoas que se encontram num lugar, mas que não residem nesse lugar, e os naturais desse local. Neste sentido, na segunda definição, destaca-se a perspetiva de Lesczyck (1929, citado por Barretto, 2014), que destacou o turismo como sendo a atividade na qual participam os que durante um certo tempo residem num determinado lugar como estrangeiros sem carácter lucrativo, oficial (de serviço) ou militar.

A definição de Lesczyck, de 1929, apesar de realçar as pessoas que viajam por um período temporário e sem fins lucrativos, ainda assim, é muito vaga, e não explicita quais são estas atividades. Centra-se no turista internacional e não faz referência aos impactes nos locais visitados.

Destaca-se ainda a definição que mais se aproxima das definições atuais, dos professores suíços Hunziker e Krapf, de 1942, segundo a qual o turismo é a relação de todos os fenómenos que se concretizam durante a deslocação e permanência temporária das pessoas fora dos seus ambientes habituais, desde que não exerçam uma atividade remuneratória (Jayapalan, 2001).

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Além das definições dos autores destas duas escolas, surgiram outras definições, tais como, as de A. J. Norwal (Inglaterra, 1936), de Michele Troisi (Itália, 1942), de Luís Fernández Fúster (Espanha, 1973), de Donald Lundberg (Estados Unidos, 1974) e de J. I. Arrillaga (Espanha, 1976, citados por Barreto, 2006).

Mathieson & Wall (1982) apresentaram no início dos anos de 1980 uma definição bem estruturada quando comparada com a definição de Hunziker & Krapf (1942), pois consideram que "o turismo é o movimento temporário de pessoas para destinos fora dos seus locais normais de trabalho e residência, as atividades desenvolvidas durante a permanência nesses destinos e as facilidades criadas para satisfazer as suas necessidades” (Cunha & Abrantes, 2013, p. 16).

Para Cunha & Abrantes (2013), a definição de Mathieson & Wall, apesar de ser pertinente, ainda assim, apresenta algumas insuficiências tais como, o facto de não referirem a exclusão da remuneração, o facto de não ressaltarem as atividades que se estabelecem antes e durante a deslocação e o facto de salientarem os equipamentos criados sem especificar quais são e no sentido de satisfazer as necessidades dos turistas (Cunha & Abrantes, 2013).

Finalmente, a definição da Organização Mundial do Turismo (OMT), de 1994, refere que “o turismo compreende as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras” (citado por Cunha, 2013, p. 16). No entanto, tal definição foi alvo de críticas por parecer muito simplista e por não congregar todas as caraterísticas que englobam a atividade turística. De acordo com a mesma Organização (UNWTO, 1998), a definição adotada em 1994 distingue-se por apresentar pontos positivos, pese embora ser ampla e flexível, e descreve as caraterísticas mais importantes da atividade turística, destacando-se a:

• introdução de possíveis elementos motivadores da viagem, “lazer, negócios, outros";

• delimitação temporária do período por um ano, tratando-se de um período realmente amplo, especialmente quando comparado com a extensão normal dos vistos de viagem para turismo pelos governos - três meses - ou com a provisão fornecida por algumas legislações para a delimitação do que é considerado residência habitual - seis meses;

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• delimitação da atividade desenvolvida antes e durante o período da estadia; • localização da atividade turística como a atividade realizada "Fora do seu

ambiente habitual."

Pese embora o conceito definido pela OMT apresentar aspetos positivos, ainda assim é vago, por revelar somente uma parte de todo o processo (o turista), ou seja, não descreve todos os fenómenos que englobam a atividade turística, dando privilégio à procura e não destacando a oferta (Cunha & Abrantes, 2013).

A definição de turismo, na perspetiva de Elliott (2002), depende da perspetiva de estudo adotada pelas diferentes ciências. Assim sendo o turismo pode ser definido sob vários campos ou âmbitos como: Geografia, Sociologia, Psicologia ou Economia. Por exemplo, pode ser definido como uma indústria ou uma série de setores industriais, como hotéis, restaurantes e transportes, agrupados para fornecer serviços aos turistas. Também pode ser definido como uma experiência do ponto de vista do turista, experiência de relaxamento e prazer. Para as comunidades anfitriãs, o visitante pode ser visto como positivo e lucrativo, ou de forma menos positiva (Elliott, 2002). Deste modo, a definição de Elliott reforça o discurso da complexidade da definição do conceito de turismo e o encontrar de uma definição que seja universalmente aceite.

A título de exemplo destaca-se a definição de Wall & Mathieson (2006), que liga o turismo às atividades de pessoas que viajam e permanecem em lugares fora do seu ambiente habitual, não mais do que um ano consecutivo, seja para lazer, negócios e outros fins não relacionados com o exercício de uma atividade remunerada no lugar visitado.

Na atualidade é possível encontrar dois tipos de definição: uma do ponto de vista concetual e outra do ponto de vista técnico. Do ponto de vista concetual, há definições que enfatizam as características fundamentais da atividade turística, destacando-se a definição de Wall e Mathieson e sob ponto de vista técnico aquelas que fornecem informações para fins estatísticos, destacando-se a definição da OMT (Cunha & Abrantes, 2013).

Portanto, a definição do conceito de turismo continua em aberto, ou seja, não há um conceito universalmente aceite, dado que, o seu campo de ação é complexo e multissetorial. Apesar de vários contributos para a construção da definição, na atualidade, ainda não há uma definição universalmente aceite.

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Deste modo, para o presente estudo adotámos a definição proposta por Cunha (2010), por nos parecer ser a mais completa segundo a qual o “turismo é o conjunto das atividades lícitas desenvolvidas por visitantes em razão das suas deslocações, as atrações e os meios que as originam, as facilidades criadas para satisfazer as suas necessidades e os fenómenos e relações resultantes de umas e de outras” (Cunha, 2010, p. 19).

1.2 – A evolução do conceito de turista

A necessidade de se deslocar de um lugar para outro, sempre foi um facto na vida do ser humano, desde tempos mais remotos até aos nossos dias. Por diversos motivos os indivíduos sentiram a necessidade de se deslocar de um local para outro (Cunha & Abrantes, 2013), seja para procura de melhores condições de vida ou para fins de lazer. Pese embora, há muitos séculos atrás, o ser humano ter deixado de ser nómada e passar a ser sedentário, mesmo assim não deixou de se descolocar por vários motivos (Rodrigues, 2014). Nestas circunstâncias, passou a chamar-se hóspede, forasteiro, viandante ou viajante (Cunha & Abrantes, 2013).

Entretanto, Pina (1991) referenciado por Cunha (2010) descreve que foi em Inglaterra que o movimento de jovens, aristocratas e curiosos, se organizou. Estes passaram a partir para uma excursão pelo continente Europeu, passando por França, Itália, Suíça e Alemanha, sendo uma viagem longa. Tal acontecimento passou a designar-se por Grand

Tour e Touristes para identificar os integrantes deste grupo de aristocratas. Assim, tendo

por base a instrução, o conhecimento e o prazer, começou-se a utilizar a expressão turista por ser o viajante Inglês e mais tarde o viajante de outras origens.

Numa fase embrionária a expressão «turista» era empregue somente para as pessoas que viajavam por motivos de melhoraria dos seus conhecimentos ou para fins lúdicos (Rodrigues, 2014).

Na realidade esta situação manteve-se até ao ano de 1936 quando surgiu a primeira definição de turista. Sharpley (2018) refere que a Comissão Económica da Liga das Nações definiu pela primeira vez a palavra turista como a pessoa que viaja por 24 horas ou por mais tempo fora do seu país de residência normal. De igual modo, foi definido o

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termo “excursionista” como o indivíduo que permanece num destino por menos de 24 horas.

No entanto, em 1963, na conferência das Nações Unidas sobre o Turismo e as Viagens Internacionais, ficou estabelecido que o visitante é o indivíduo que viaja para um país, diferente daquele onde tem a sua residência habitual, desde que aí não exerça uma profissão remunerada. Por outro lado, definiu-se o turista como o visitante que permanece pelo menos 24 horas no país visitado e cujos motivos da viagem podem ser agrupados em lazer, razões familiares, negócios e missões. O excursionista corresponde ao visitante temporário que permanece menos de 24 horas no país visitado (Cunha, 2010).

Na realidade, estas definições focam-se no turista internacional e não no nacional, tornando claro as limitações destas definições. Neste sentido, em 1983, a Organização Mundial do Turismo (OMT) elaborou uma definição mais centrada no turismo nacional, tendo definido visitante como toda a pessoa, qualquer quer seja a sua nacionalidade, que reside num país e que se desloca para um lugar situado nesse país e cujo motivo principal da visita é diferente do de exercer aí uma atividade com fins remuneratórios. Nesta ordem de ideias foi definido como turista nacional o visitante com uma permanência no local visitado, pelo menos de 24 horas, mas não superior a um ano, e cujos motivos de viagem podem ser agrupados em prazer, férias, desportos ou negócios, visita a parentes e amigos, missão, reunião, conferência, saúde, estudos e religião. Os turistas nacionais que são visitantes que permanecem no local visitado menos de 24 horas são considerados excursionistas. Estas definições também revelam ser incompletas (Cunha, 2010).

Por outro lado, as recomendações da OMT (1994), relativamente às definições de visitante, turista e excursionista são no sentido de ser considerado como visitante a pessoa que se desloca temporariamente para fora da sua residência habitual, quer seja no seu próprio país ou no estrangeiro, por uma razão que não seja a de aí exercer uma atividade remunerada. Já para o conceito de turista subscreve que é todo o visitante temporário que permanece no local visitado mais de 24 horas. Por seu turno excursionista é todo o visitante temporário que permanece fora da sua residência habitual por um período de menos de 24 horas (Cunha, 2010).

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Neste diapasão fica completa a definição de visitante, turista e de excursionista, sendo fundamental destacar para melhor se entender a atividade turística. O que fica claro nesta discussão é que nem todo o visitante é turista, mas todo o turista é um visitante e todo o excursionista também é um visitante, mas nem todo o visitante é um excursionista.

1.3 - A evolução da atividade turística e os seus impactes

1.3.1 – Alguns dados internacionais

A evolução da atividade turística sempre acompanhou a evolução da Humanidade, ou seja, sempre esteve presente nas atividades que foram empreendidas ao longo da história, conforme recordámos. No entanto, a sua evolução tornou-se mais evidente nas últimas décadas.

Desta feita, far-se-á uma abordagem do processo da atividade turística tendo por base os relatórios do turismo da UNWTO referentes aos anos de 2000, de 2010 e de 2018.

O turismo mundial tem sido tradicionalmente medido em termos de chegadas de turistas internacionais e das receitas internacionais de turismo (UNWTO, 2000). De acordo com o relatório de turismo de 1999 e publicado em 2000, o último meio século do turismo, entre 1950 e 1999, ficou registado como o período de grande evolução em termos de número de chegadas internacionais. Em 1950 foram registadas 25 milhões de chegadas internacionais e em 1999, 664 milhões de chegadas internacionais, o que em termos percentuais representa uma taxa de crescimento de 7% por ano (UNWTO, 2000 – Figura 1).

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Figura 1- Chegadas de turistas internacionais, 1950-1999

Fonte: Adaptado de UNWTO, 2000.

Tal como foi sublinhado, em 1999, a chegada de turistas internacionais ficou marcada pela deslocação de 664 milhões indivíduos, tendo chegado a 681 milhões de chegadas internacionais em 2000.

Nove anos depois, ou seja, no ano de 2009, as chegadas internacionais totalizaram 880 milhões, correspondendo a um declínio mundial de 4,2%. O crescimento foi retomado no último trimestre de 2009, após 14 meses de resultados negativos, como resultado da crise económica internacional. O aumento de 2% registado no último trimestre de 2009 contrastou com os declínios de 10%, 7% e 2% sentidos, respetivamente, nos três primeiros trimestres (UNWTO, 2010).

Desta forma, o relatório de turismo publicado em 2018, onde se expressam as tendências da atividade turística em termos globais, destaca que, em 2017, o número de chegadas internacionais atingiu 1.326 milhões, correspondendo a um aumento de 7,0%. O mesmo relatório refere um maior crescimento em chegadas de turistas internacionais em sete anos desde 2010 (UNWTO, 2018).

Sendo assim, constata-se que a chegada de turistas internacionais aumentou de forma muito significativa entre 1950 e 2017. Relativamente às receitas do turismo a nível global, verificou-se igualmente um crescimento significativo.

As receitas internacionais são um dos critérios que tradicionalmente tem servido de barómetro para medir seja o crescimento, o impacte ou o processo de evolução da atividade turística. Em termos de receitas do turismo internacional, verificou-se um

0 100 200 300 400 500 600 700 1950 1960 1970 1990 1990 Sul da Ásia Oriente Médio África

Ásia Oriental / Pacífico Américas

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crescimento estimado em US$ 455 milhares de milhões em 1999, que se traduziu em receitas por chegada de US$ 685 (UNWTO, 2000).

Para o ano de 2009, as receitas do turismo internacional atingiram US$ 852 milhares de milhões (611 milhares de milhões de Euros) correspondendo a uma redução em termos reais de 5,7% em relação a 2000 (UNWTO, 2000).

O decréscimo nas chegadas internacionais de turistas em 2009 face ao ano de 2008 sucedeu igualmente, com as receitas do turismo internacional, constatando-se que um fator influencia o outro, ou seja, a chegada internacional de turistas influencia as receitas do turismo internacional.

Os dados relativos ao ano de 2017 atestam que a receita do turismo internacional tem sido cotada como a terceira maior categoria de exportação do mundo, tendo atingido os US$ 1,340 milhar de milhão, aumentando, deste modo, 4,9% em termos reais (ajustado pelas flutuações da taxa de câmbio e inflação) (UNWTO, 2018).

Ainda de acordo com o mesmo relatório, esta procura justifica-se tendo como pressupostos a massiva saída de turistas dos mercados tradicionais e emergentes influenciando o aumento das receitas globais. O mesmo ocorreu positivamente nas chegadas de turistas internacionais (UNWTO, 2018). Isto significa que o aumento das saídas e de chegadas de turistas de mercados tradicionais e emergentes influenciaram nas receitas do turismo internacional. Deste modo, podemos verificar uma evolução significativa em termos de receitas do turismo internacional, tal como se constatou na chegada de internacional de turistas.

A par desses dois critérios que são utilizados tradicionalmente, os principais destinos turísticos do mundo têm merecido uma maior atenção no que diz respeito à evolução da atividade turística.

Os principais destinos do mundo ficaram marcados no último meio século por uma grande expansão no que diz respeito à procura turística.

Em termos comparativos e no que se refere à chegada de turistas internacionais entre 1950 e 1999, verificamos que 25 milhões representam apenas 15 países, ou seja, 100% dos turistas concentraram-se em apenas 15 países. No ano de 1999 este número aumentou para 70 países incluindo territórios que receberam um milhão de turistas internacionais (UNWTO, 2000).

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A UNWTO (2000) refere que a nível regional, em 1999, a Europa representava 59% e as Américas, 19% do total de turistas. O leste da Ásia e o Pacífico é a região que mais beneficiou dessa transformação do mercado. De acordo com dados publicados a região leste da Ásia e o Pacífico obtiveram uma taxa de crescimento de 15%.

Por outro lado, em 2009, não se registaram grandes alterações entre os países e considerando os dois principais indicadores do turismo (chegadas de turistas internacionais e receitas de turismo internacional) a nível dos dez principais destinos (Quadro 1). Oito países permanecem em ambas as listas (UNWTO, 2010).

Quadro 1- Os dez principais destinos em 2009 em termos de chegadas internacionais

Chegadas internacionais de turistas

Em milhões Variação (%) Classificação 2008 2009 08/07 09/08 França 79.2 74.2 -2.0 -6.3 Estados Unidos 57.9 54.9 3.5 -5.3 Espanha 57.2 52.2 -2.5 -8.7 China 53.0 50.9 -3.1 -4.1 Itália 42.7 43.2 -2.1 1.2 Reino Unido 30.1 28.0 -2.4 -7.0 Turquia 25.0 25.5 12.3 2.0 Alemanha 24.9 24.2 1.9 -2.7 Malásia 22.1 23.6 5.1 7.2 México 22.6 21.5 5.9 -5.2

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Quadro 2 - Receitas do turismo internacional

Receitas do Turismo Internacional

US$ Moedas locais

Em milhares de milhões Variação (%) Variação (%) Classificação 2008 2009 08/07 09/08 08/07 09/08 Estados Unidos 110.0 93.9 13.5 -14.6 13.5 -14.6 Espanha 61.6 53.2 6.9 -13.7 -0.4 -9.0 França 56.6 49.4 4.2 -12.7 -2.9 -7.9 Itália 45.7 40.2 7.2 -12.0 -0.1 -7.2 China 40.8 39.7 9.7 -2.9 9.7 -2.9 ($) Alemanha 40.0 34.7 11.1 -13.3 3.5 -8.5 Reino Unido 36.0 30.0 -6.7 -16.6 1.6 -1.6 Austrália 24.8 25.6 11.0 3.4 10.7 11.2 Turquia 22.0 21.3 18.7 -3.2 18.7 -3.2 ($) Áustria 21.6 19.4 15.5 -10.1 7.6 -5.2

Fonte: Adaptado de UNTWO, 2010.

Assim, podemos verificar que em termos de chegadas e receitas entre os principais países ocorreu uma diminuição comparativamente com o ano de 2008, devido à crise económica que ocorreu neste período, principalmente nos países da Europa.

Em termos regionais, em 2009, a Europa continuou a liderar, apesar de ser a região que foi mais atingida pela receção de turistas. A região respondeu por 52% de chegadas e 48% de receitas. As chegadas de turistas internacionais na Ásia e no Pacífico correspondeu a 21% do total mundial e em termos de receitas a 24%. As Américas, em termos de chegadas, corresponderam a 16% do total mundial e em receitas a 19% do total mundial. No que diz respeito a África, este continente contrariou esta tendência, correspondendo em termos de chegadas apenas a 5% do total mundial e em receitas a apenas 3% do total mundial. No Médio Oriente os valores também foram baixos (5% em chegadas e 6% em receitas do total mundial) (UNWTO, 2010).

No caso em particular de Angola a UNWTO (2010) destaca um crescimento de 24% em chegadas de turistas internacionais entre 2008 e 2009.

Em 2017 a UNWTO (2018) referenciou que sete dos dez principais destinos comparativamente com os anos anteriores encontravam-se nos lugares cimeiros em termos de receitas e chegadas.

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A nível regional destacou-se no ano de 2017 o crescimento notável da Europa sendo o oitavo ano consecutivo, em particular a região sul do mediterrâneo, que lidera em termos de chegadas. Na Europa, as chegadas cresceram 8% comparativamente com o ano de 2016 com 52 milhões de chegadas e tendo um crescimento igualmente de 8% em receitas. Já na Ásia e Pacífico, registou-se, em 2017, um crescimento contínuo no que diz respeito a chegadas de turistas a nível regional. As Américas destacaram-se com resultados positivos na maioria das suas sub-regiões. Em África os resultados foram impulsionados por uma forte recuperação no norte da região face ao ano transato e o Médio Oriente vem recuperando desde 2016, com um aumento de 13%, em 2017, nos rendimentos gerados pelo turismo internacional (UNWTO, 2018).

Portanto, tal como podemos constatar e tendo em conta os principais indicadores do turismo (chegadas de turistas internacionais e as receitas de turismo internacional), desde o ano de 1950 até ao ano de 2018 verificou-se uma grande evolução no que ao turismo diz respeito. Apesar de algumas crises o turismo resistiu e desencadeou igualmente impactes.

Ao classificar as principais chegadas internacionais do mundo de destinos turísticos, é importante considerar tanto as chegadas de turistas internacionais como as receitas do turismo internacional. Sete dos dez principais destinos aparecem em ambas as listas, apesar de mostrarem diferenças marcantes em termos do tipo de turista que atraem, bem como a duração média de estadia e gastos por viagem. Em 2017, quatro destinos subiram no top dez do ranking em termos de receitas internacionais de turismo e três subiram no top dez do ranking em termos de chegadas internacionais. Espanha subiu do 3º para o 2º lugar nas chegadas e manteve a 2 ª posição em receitas e passou a assumir-se como o segundo maior destino do mundo em termos de chegadas e receitas de turistas internacionais. O Japão entrou no top dez de receitas internacionais após seis anos consecutivos de crescimento. As mudanças no ranking de receitas são em parte o resultado da queda da China do 5º para o 12º, devido a uma revisão na metodologia utilizada.

1.3.2 – A evolução da atividade turística em Angola

A bordagem da atividade turística é feita normalmente em termos gerais pelos principais organismos internacionais como a UNWTO (Organização Mundial do

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Turismo), a WTTC (Conselho Mundial de Viagens e Turismo) e o World Bank (Banco

Mundial), tendo em conta a procura turística, ou seja, os indicadores de chegada e de receita. No presente item faremos uma abordagem tendo em atenção a procura e a oferta. Para tal, recorreu-se aos dados publicados nos anuários estatísticos do Ministério da Hotelaria e Turismo de Angola (Minhotur) e aos relatórios anuais de 2005 a 2018 da UNWTO.

No que diz respeito a evolução do turismo em Angola, tendo como referência o período de 2005 a 2017, este período foi marcado por altos e baixos (Quadro 3).

Quadro 3 - Chegada de turistas e receitas entre 2005 e 2017 Anos Chegadas de turistas

(mil) Receitas do turismo (milhões USD)

2005 210 88 2006 121 75 2007 195 225 2008 294 285 2009 366 534 2010 425 719 2011 481 647 2012 528 706 2013 650 1,234 2014 595 1,589 2015 592 1,163 2016 397 623 2017 260 35,2

Fonte: elaboração própria tendo como base os dados da UNWTO (2006; 2007; 2008; 2009; 2010; 2011; 2012; 2013; 2014; 2015; 2016; 2017; 2018) e Minhotur (2015).

A procura turística ou as chegadas de turistas em Angola, tal como já nos referimos, ficou marcada por períodos de muita e pouca procura. De acordo com o Quadro 3 percebemos que os anos de 2006 e de 2007 foram os que revelaram uma menor entrada de turistas e mais recentemente destacam-se os anos de 2014 e 2015 como os de maior número de visitantes. No que se refere às receitas o ano de 2017 foi o que registou menos receitas e os anos de 2013, 2014 e 2015 foram os anos que tiveram mais receitas respeitando o maior número de turistas.

Vários foram os motivos que estiveram na base deste comportamento. Tendo como referência os anos de 2014 e 2015 o principal motivo para a deslocação foi o turismo de negócios. Com a crise petrolífera (descida do preço do petróleo) e com a crise económica

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e financeira ocorreu uma redução do número de turista provenientes da Europa (Minhotur, 2015; 2016).

Quadro 4 - Chegada de turistas às fronteiras de Angola por região, em 2013, 2014 e 2015

Fonte: Elaboração própria tendo por base os dados do Minhotur, 2015.

Pode-se verificar que houve, em 2014, um decréscimo de turistas vindos da Austrália, de África, da Ásia e do Médio Oriente, e um aumento do número de turistas vindos da Europa e da América no mesmo ano. Em termos gerais verificou-se um decréscimo entre 2013 e 2014 na ordem dos 8 mil turistas. Um dos fatores prende-se sobretudo com a crise económica e financeira de 2014 e o aumento de turistas vindos das regiões da Europa e América está relacionado com as viagens de negócios.

Relativamente ao turismo interno, a recolha de dados é, muitas vezes, feita sobre as chegadas e dormidas por nacionais nas unidades de alojamento. Neste sentido, tendo em conta os anuários estatísticos de 2015 e 2016, em 2014, em termos de chegadas de turistas por unidades de alojamento, Angola atingiu 574 mil turistas e 1.809 mil dormidas. Por outro lado, em 2015, Angola registou 725 mil turistas e 1.970 mil dormidas por unidades de alojamento (Minhotur, 2015; 2016 – Quadro 5).

Regiões Anos 2013 2014 2015 África 222.830 107.269 176.022 América 74.216 83.605 105.106 Ásia 113.465 72.294 108.139 Austrália 2.064 950 978 Europa 231.266 325.970 199.127 Médio Oriente 6.192 4.910 3.123 Total 650.033 594.998 592 495

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Quadro 5 - Chegadas de hóspedes às unidades de alojamento em 2014 e 2015

Tipo de unidades

2014 2015

Chegadas Dormidas Chegadas Dormidas Turistas internos Turistas

internos Turistas internos

Turistas internos Hotéis 369.024 992.196 263.731 869.635 Meios complementares de alojamento 205.097 817.600 462.116 1.101.120 Total 574.121 1.809.796 725.847 1.970.755 Fonte: adaptado de Minhotour, 2015; 2016.

Estes dados demonstram que, em 2014, a chegada de hóspedes associados ao turismo interno às unidades de alojamentos foi inferior comparativamente com o ano de 2015. Em 2015 o número de dormidas foi superior comparativamente com o ano de 2014. No que se refere ao tipo de alojamento, podemos verificar que em 2015, as dormidas em hotéis foram inferiores em relação aos meios complementares de alojamento.

Os motivos e fatores que estiveram na base destes dados prendem-se com o facto de haver em 2015 uma maior disponibilidade financeira por parte dos turistas, face ao ano de 2014.

Analisando as chegadas de turistas a Angola e a procura turística interna nestes dois períodos em referência verificamos que houve mais procura interna do que externa, merecendo o turista doméstico uma atenção especial por parte dos organismos ligados ao turismo.

No âmbito da oferta, pode-se afirmar que Angola está abaixo das potencialidades que possui e comparativamente com outros países, tais como a Zâmbia, a Namíbia, o Botswana e a África do Sul que se encontram mais avançados (UNWTO, 2018). Neste sentido, é de notar que só quando existe um clima de estabilidade económica e social (paz) é possível atrair investimentos nacionais e estrangeiros para dinamizar o turismo e deste modo diversificar a economia (Ernesto, 2016).

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O potencial turístico do país vai desde a sua cultura, ao sol e mar, até à natureza (Minhotur, 2011). Angola possui um espaço geográfico com um património que pode tornar-se num destino turístico de excelência. As praias, a sua extensa rede hidrográfica, a sua flora e fauna muito diversificada, e ainda diversas paisagens de montanhas e planície, têm potencial para se tornarem em produtos turísticos de sucesso (Ernesto, 2016).

De salientar que relativamente ao potencial turístico de Angola, destacam-se várias províncias. A província do Namibe apresenta uma conjugação entre mar, deserto e savana, onde se destaca o deserto do Namibe e o Parque Nacional do Iona. Na de Malanje sobressai a beleza natural, desde as quedas de água de Kalandula até às Pedras Negras de Pungo Adongo, destacando-se pelo seu valor histórico-cultural. Em Luanda destaca-se a sua baía entre outros pontos turísticos, tais como, a Ilha do Mussulo, o Miradouro da Lua, o Parque da Kissama, o Memorial Agostinho Neto, a Fortaleza de São Miguel e o Museu da Escravatura (Manuel, 2016).

De forma geral o potencial de Angola vai desde o património natural até ao património cultural destacando-se as 7 maravilhas de Angola. As 7 maravilhas foram definidas tendo por base um concurso realizado em 2014, pelo Executivo angolano e a

New7Wonders intitulado “Amo Angola” com o objetivo de divulgação e promoção dos

pontos turísticos de Angola e a sua preservação e qualidade ambiental (Fernandes, 2014). Neste sentido, destaca-se a Fenda Tundavala na província da Huíla, a Floresta do Maiombe na província de Cabinda, as Grutas do Nzenzo na província do Uíge, a Lagoa Karumbo na província da Lunda Norte, o Moro do Môco na província do Huambo, as Quedas de água de Chiumbe na província da Lunda Sul e as Quedas de água de Kalandualas na província de Malanje (Sanches, 2014). Deste modo, as potencialidades naturais são as mais destacadas.

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Figura 2 - As setes maravilhas de Angola

Fonte: adaptado de Sapoviajar, http://viajar.sapo.ao/fotos/as-sete-maravilhas-naturais-de-angola. Pese embora serem estes os recursos selecionados, existem outros recursos que podem ser considerados como maravilhas de Angola, tais como as Cachoeiras do Binga, o Deserto do Namibe, o Parque da Quiçama, as Cataratas do Ruacaná, a ilha do Mussulo, as Praias da Caotinha e Baia Azul, o Miradouro da Lua e a Serra da Leba. Ainda sobre a oferta turística, ou seja, os bens e serviços que podem ser consumidos pelos turistas, o património classificado é dotado de um valor inestimável e pode-se assumir como um importante recurso (Remoaldo & Cadima Ribeiro., 2017). No caso de Angola, este país possui 255 elementos classificados, dos quais 31 foram classificados antes da independência (Cohen, 2018). De realçar o centro histórico de Mbanza Congo localizado na província do Zaire, que faz parte do Património Mundial da UNESCO desde 2017 (Matos, 2017).

Em termos de alojamentos (hotéis, pensões e albergues), em 2009, Angola detinha 801 alojamentos sendo, hotéis, aldeamentos turísticos, aparthotéis, pensões, albergarias,

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1- Quedas do rio Chiume 2- Quedas de Calandula 3- Morro do Moco 4- Lagoa do Carumbo 5- Grutas do Nzenzo 6- Floresta do Maiombe 7- Fendas da Tundavala

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hospedarias e estalagens (Quadro 6). Luanda e outras províncias do litoral detinham o maior número de alojamentos. Em termos de receitas de alojamento, Luanda representava, no mesmo ano, 84% e no que se refere à restauração Luanda representava 36% comparativamente com as outras províncias (Minhotur, 2011).

Quadro 6 - Oferta de alojamento, por tipologia nas 3 principais províncias em 2009

Tipologia Luanda Benguela Huíla

Hotéis, aldeamento turísticos e aparthotéis 69 9 17

Pensões 90 42 15

Albergarias, hospedarias e estalagens 126 44 53

Total 285 95 85

Fonte: Minhotur, 2011.

Em 2009 estas províncias destacavam-se, no que se refere às tipologias referenciadas, sendo Luanda a província com quase o triplo de Benguela e de Huíla.

A oferta em termos de alojamento continuou a crescer a tal ponto que, em 2014 o país contava com 6.277 unidades hoteleiras, meios complementares de alojamento, restaurantes e agências de viagens e turismo. Em 2015 esse número passou para 6.378. Luanda, Benguela e Huíla, contavam em 2014 com, respetivamente, 2.203, 1.553 e 820 unidades hoteleiras, meios complementares de alojamento, restaurantes e agências de viagens e turismo. Em 2015, as 3 províncias destacaram-se com, respetivamente, 2.291, 1479 e 830 unidades hoteleiras, meios complementares de alojamento, restaurantes e agências de viagens e turismo (Minhotur, 2011; 2015; 2016).

No entanto, foram assumidas com o Plano Diretor do Turismo de Angola 2011-2020, algumas lacunas no setor (Figura 3).

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Figura 3 - Lacunas identificadas no setor do turismo em Angola 1 Fraco desenvolvimento de Infraestruturas.

• Gestão e recuperação de património;

• Condições de acesso a locais de interesse turístico; • Custos de transporte internacional.

2 Reduzido nível dos Serviços de Apoio. • Informação disponível ao turista; • Qualificação de recursos humanos;

• Serviços complementares para segurança e bem-estar. 3 Fraca imagem enquanto destino turístico.

• Desenvolvimento do turismo doméstico;

• Turismo internacional baseado na motivação associada aos negócios;

• Oferta de atividades turísticas complementares. Fonte: Minhotur, 2011.

Muitas das lacunas não serão ultrapassadas em 2020, ano em que termina o plano. Portanto, a evolução do turismo em Angola, tem sido marcada pela débil oferta turística quando comparada com a dos países vizinhos. Devia-se fazer muito mais do que foi feito no âmbito da criação de infraestruturas, formação de quadros e promoção das potencialidades turística, tendo em atenção que todos esses fatores podem contribuir para o aumento da procura turística.

1.4 – Os impactes da atividade turística

1.4.1 – O conceito e a natureza dos impactes da atividade turística

Como a nossa linha de pesquisa está relacionada com os aspetos económicos e sociais da atividade turística na diversificação e na redução da pobreza, vamos centrar-nos nas páginas seguintes nos impactes do turismo de forma geral, mas com maior destaque para os impactes económicos e sociais.

Os impactes da atividade turística referem-se a um conjunto de modificações ou sequências de acontecimentos ocasionados pelo processo de desenvolvimento do turismo num determinado lugar (Ruschmann, 1997).

A natureza dos impactes da atividade turística consiste em todos os efeitos positivos ou negativos que surgem como resultado do turismo. Assim, torna-se fundamental maximizar os efeitos positivos do turismo e conhecer com maior abrangência os efeitos negativos, para os mesmos sejam evitados ou ultrapassados (Netto, 2017). No

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que diz respeito aos impactes socioculturais, importa referir que parte dos estudos internacionais destacam os impactes positivos, não se fazendo separação entre os efeitos positivos e os efeitos negativos (Remoaldo & Cadima Ribeiro, 2017).

Remoaldo & Cadima Ribeiro (2017) referem que os impactes da atividade turística podem ser positivos e negativos e dividem-nos em impactes económicos, socioculturais e ambientais. Trata-se de uma tipologia que é usada por muitos autores.

Assim sendo, no contexto dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento, os impactes da atividade turística não apresentam os mesmos resultados. Deste modo, Cooper et al. (2000) realçam um pormenor fundamental de diferenciação entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. Nos países em desenvolvimento o setor de serviços relacionado com a atividade turística é responsável por cerca de 40% do PIB, enquanto nos países desenvolvidos representa mais de 65% do PIB. Deste modo, com o aumento do PIB como resultado do turismo, a atividade turística pode contribuir para a materialização de planos estratégicos sociais, tais como o combate à fome e à pobreza e sem descurar os impactes ambientais negativos.

Para que tal facto ocorra, torna-se fundamental procurar experiência em outras latitudes, onde ocorrem pesquisas ligadas ao sector, de modo a contribuir para um desenvolvimento sustentável e que passa por uma avaliação de impactes do turismo. Neste sentido, e com a finalidade de aumentar os benefícios para determinadas áreas de destino e evitando os potenciais impactes negativos nos ecossistemas locais, paisagens ou valores culturais, no contexto da concorrência entre destinos turísticos, torna-se indispensável obter estimativas precisas e quantitativas dos impactes do turismo (Matias et al., 2016).

1.4.2 – Os impactes socioculturais da atividade turística

Os impactes socioculturais da atividade turística são normalmente definidos como as formas pelas quais o turismo está contribuindo para mudanças nos sistemas de valores, comportamento individual, relações familiares, estilos de vida coletivos, conduta moral, expressões criativas, cerimónias tradicionais e organização comunitária (Pizam & Milman, 1984, citados por Haralambopoulos, & Pizam, 1996).

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