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5.1 PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE

5.1.2 Análise da sustentabilidade organizacional

Após analisar os três pilares da sustentabilidade, constatou-se um destaque ao social; contudo, o entrevistado E15 explicou que na organização pesquisada há uma visão integrada dos três pilares, e que algum pode ter mais destaque dependendo do projeto, mas que sempre andam juntos, conforme explicou:

são dissociadas. A gente não fala de desenvolvimento econômico ou desenvolvimento social, a gente fala de desenvolvimento como um todo. […] Por exemplo, a gente pode olhar a questão das tecnologias que são desenvolvidas aqui, elas não são só um desenvolvimento tecnológico, porque elas tem uma aplicação na sociedade. Muitas delas são voltadas para o biogás, elas tem uma solução ambiental que melhora a qualidade de vida e ao mesmo tempo elas geram receita dos produtores, então não tem como a gente olhar isso de forma dissociada (E15).

Embora o objetivo aqui não seja o de avaliar o quanto desenvolvidos estão estes pilares, pode-se afirmar, considerando as práticas de sustentabilidade mapeadas, que os três pilares estão desenvolvidos, ainda que de forma diferenciada.

Até o momento foram identificadas as práticas de sustentabilidade na FPTI- BR e as respectivas ações foram relacionadas aos três pilares da sustentabilidade. Constatou-se a existência de práticas que contribuem para o desenvolvimento dos três pilares da sustentabilidade, contudo, em diferentes níveis, não sendo possível afirmar que há equilíbrio no desenvolvimento dos três pilares, como Munck (2013) sugere ser necessário para o completo desenvolvimento da sustentabilidade. Isto converge com os documentos da empresa que sempre destacam o desenvolvimento do pilar social.

A categoria social dos indicadores do GRI envolvem os aspectos: emprego, relações trabalhistas, saúde e segurança no trabalho, treinamento e educação, diversidade e igualdade de oportunidades, igualdade de remuneração entre mulheres e homens, avaliação de fornecedores em práticas trabalhistas, mecanismos de práticas trabalhistas, queixas e reclamações relacionadas, investimentos, não discriminação, liberdade de associação e negociação coletiva, trabalho infantil, trabalho forçado ou análogo ao escravo, práticas de segurança, direitos dos povos indígenas e tradicionais, avaliação de fornecedores em direitos humanos, mecanismos de queixas e reclamações relacionadas a direitos humanos, comunidades locais, combate à corrupção, políticas públicas, concorrência desleal, conformidade, avaliação de fornecedores em impactos na sociedade, mecanismos de queixas e reclamações relacionadas, impactos na sociedade, saúde e segurança do cliente, rotulagem de produtos e serviços, comunicações de marketing, privacidade do cliente e conformidade.

Em relação ao descrito no parágrafo anterior, é possível identificar a presença de alguns destes itens nas práticas do PTI-BR. A organização desenvolve práticas relativas ao ensino superior, que capacitam pessoas para uma vida profissional, assim como por meio dos projetos Trilha Jovem e Vira Vida. Indiretamente outros programas que envolvem capacitação contribuem para esta prática. Inerente a estas práticas também estão contempladas as classes Treinamento e Educação, Diversidade e Igualdade de Oportunidades. Quanto a saúde há o Grupo de Trabalho para Integração das Ações de Saúde na Área de Influência da Itaipu (GT Itaipu-Saúde).

Ao término da identificação das práticas de sustentabilidade é perceptível que tais práticas na FPTI-BR estão presentes em amplo alcance e disseminadas na organização, orientando continuamente os processos organizacionais (ANTONELLO, 2011). As práticas, na FPTI-BR, não estão isoladas e restritas a alguns grupos, sendo possível apontá-las como um fenômeno integrado.

Nicolini (2013) tratou da solidez das práticas nas organizações, que as tornam resistentes e difíceis de serem mudadas, e isso foi observado na FPTI-BR. A FPTI-BR apresenta características que foram percebidas nas entrevistas, como:

 As práticas da FPTI-BR são suportadas por um trabalho conjunto e contínuo, criando um caminho sólido para a sustentabilidade.

 O modelo de gestão adotado faz com que os indivíduos envolvidos tendam a alinhar suas ações aos conceitos da sustentabilidade, onde trabalham voltados para esta causa.

 Os indivíduos entrevistados parecem reconhecer a sua própria importância no processo da sustentabilidade, em todas as áreas, inclusive nas áreas funcionais, por exemplo, como também sugere Souza-Silva (2009).

 O discurso da sustentabilidade está presente nas ações e projetos, sejam estes internos ou externos.

 O foco no âmbito social é significativo, tanto é que consta inclusive na missão da organização. Em relação ao pilar ambiental também há forte presença, alterando o foco inicial de ações compensatórias para ações que realmente geram valores e ações concretas. O pilar econômico está presente, embora

com menor intensidade do que os demais.

Ao tratar de mudanças, foi possível identificar que todas as práticas surgiram com recursos próprios tangíveis e intangíveis: físicos, de pessoal e financeiros. Assim, embora as práticas tenham se desenvolvido e tenham sido ampliadas ao longo do tempo, elas já nasceram com esta orientação. As mudanças mais visíveis nas práticas são a ampliação das ações, oferecendo mais serviços à comunidade e criando novos centros. Os projetos Trilha Jovem, Integrar, Vira Vida e os projetos com os artesãos ampliam a cada ano o número de vagas. Em relação aos centros, E11 exemplificou este fato com a citação da criação do Centro de Biogás, que nasceu a partir do Centro Internacional de Hidroinformática, visando a ampliação da pesquisa e dos serviços.

Em suma, a análise da trajetória da organização revelou muito mais a ocorrência contínua de mudanças incrementais, conforme os conceitos apresentados (FIOL; LYLES, 1985; BARR; STIMPERT; HUFF, 1992; ARGYRIS; SCHON, 1978), do que uma mudança radical.

As mudanças nas práticas aqui relatadas e sua relação com a