Capítulo 3 – METODOLOGIA
3.5. Análise dos dados
De modo a averiguar o contributo das atividades desenvolvidas para a mobilização de conhecimentos científicos e matemáticos e de capacidades de Pensamento Crítico, analisaram-se todos os dados recolhidos através dos instrumentos descritos no ponto anterior (1.4.) recorrendo à análise de conteúdo.
Segundo Bardin (2000, p. 38), a análise de conteúdo consiste num “conjunto de técnicas de análise das comunicações”. Sendo as comunicações um campo vago, o mesmo autor apresenta os domínios possíveis da aplicação da análise de conteúdo, classificando as comunicações segundo dois critérios: i) número de pessoas implicadas na comunicação; ii) natureza do código e suporte de mensagem.
Tendo em conta a classificação apresentada por Bardin (2000), a análise de conteúdo, no presente estudo, recaiu sobre três tipos de comunicações: i) as respostas dadas pelos alunos, através de palavras, a questões do Guião do aluno; ii) as respostas dadas pelos alunos, através do desenho, a questões do Guião do Aluno; iii) a transcrição das respostas dadas pelos alunos, oralmente, às questões formuladas pela investigadora/professora formanda durante as sessões de implementação das atividades.
O quadro seguinte apresenta uma classificação para os tipos de mensagens em análise no presente estudo, tendo em conta a proposta de Bardin (2000).
Metodologia
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Quadro 11 – Classificação das respostas dos alunos quanto ao número de pessoas implicadas na
comunicação e ao código e suporte da mensagem.
Número de pessoas implicadas na comunicação Comunicação dual Grupo restrito
Có d ig o e s u p o rt e d a m e n s a g e m Li ngu ís ti c o Es c ri
to Respostas dos alunos a questões do
Guião do Aluno.
Or
a
l
Respostas dos alunos às questões formuladas oralmente pela investigadora/professora formanda.
Ic
ó
n
ic
o Respostas dos alunos a questões do
Guião do Aluno.
Através da análise de conteúdo das comunicações apresentadas no quadro anterior, pretendeu-se inferir os conhecimentos matemáticos e científicos, assim como as capacidades de Pensamento Crítico mobilizados pelos alunos no âmbito das atividades desenvolvidas no presente estudo. Tal como refere Bardin (2000, p. 42), a análise de conteúdo tem como finalidade “obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens”.
Nesse sentido, a análise de conteúdo das mensagens realizou-se através da codificação que, tal como refere Sampieri (2006), citado por Pardal & Soares (2011, p. 99), consiste num processo pelo qual “as características relevantes do conteúdo de uma mensagem se transformam em unidades que permitem a sua descrição e análise precisas”.
As unidades de análise, isto é, as palavras e os signos, foram organizados em categorias definidas previamente à análise, uma vez que esta está associada a um quadro teórico que a sustém (Ghiglione & Matalon, 19997, citados por Coutinho, 2011). Assim, as produções dos alunos foram analisadas relativamente a cada um dos indicadores definidos para cada dimensão de análise de cada categoria estabelecida, tendo em consideração o instrumento de análise das produções dos alunos, em conformidade com os quadros de referência apresentados no ponto 1.3.1., relativamente às capacidades de Pensamento Crítico e aos conhecimentos em Matemática e em Ciências (Físicas e Naturais).
Na análise das respostas e a fim de inferir acerca da mobilização de capacidades de PC e de conhecimentos de Matemática e de Ciências usou-se a codificação apresentada no quadro seguinte.
Capítulo 3
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Quadro 12 – Codificação das opções de resposta dos alunos aos itens do Guião do Aluno.
Aceitável Não aceitável Nula
Codificação
As produções escritas dos alunos, isto é, as respostas às questões do Guião do Aluno seguiram as seguintes classificações: a) aceitável; b) não aceitável, c) nula. Considerou-se que o aluno mobilizava uma capacidade de Pensamento Crítico e/ou conhecimentos em Ciências e Matemática, quando a sua resposta apresentava evidências dessa mobilização, ainda que não fosse totalmente eficaz. Estas respostas foram classificadas como “aceitáveis”. Por oposição, classificaram-se as respostas como “não aceitáveis”, quando não apresentavam evidências de mobilização de capacidades de pensamento crítco/conhecimentos científicos/conhecimentos matemáticos. Por fim, classificaram-se as respostas como “nulas”, quando estas não eram ilegíveis ou para situações em que os alunos não tenham apresentado qualquer resposta.
A partir da análise das produções escritas e orais dos alunos, tendo por base o instrumento de análise construído para o efeito, registou-se o total de alunos que evidenciaram, nas suas respostas, ter mobilizado capacidades de Pensamento Crítico e conhecimentos em Matemática e em Ciências, apelados em cada item escrito do Guião do Aluno, em quadros apresentados no capítulo seguinte. Para cada item (escrito) das atividades que apelavam, explicitamente, a capacidades de Pensamento Crítico, a conhecimentos em Ciências e a conhecimentos em Matemática, determinou-se ainda a frequência relativa de mobilização de capacidades de PC, de conhecimentos em Ciências e de conhecimentos em Matemática, respetivamente. Por exemplo, numa questão que apelava a uma capacidade de PC, se 21 respostas forem classificadas como “aceitáveis”, 2 “não aceitáveis” e uma “nula”, considerou-se que 95% dos alunos mobilizou a capacidade de Pensamento Crítico. É de notar que não foram consideradas as respostas “nulas”, uma vez que não é possível observar a presença ou ausência do indicador. Os quadros em que se registou a informação decorrente da análise das produções dos alunos, apresentados no capítulo seguinte, incluem ainda as questões orais.
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