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Capítulo 3 – METODOLOGIA

3.4. Recolha de Dados

No presente estudo, pretende-se averiguar quais os contributos das atividades desenvolvidas na (re)construção/mobilização de conhecimentos científicos em Ciências e Matemática e na mobilização de capacidades de Pensamento Crítico dos alunos. Nesse sentido, usaram-se instrumentos de recolha de dados, no âmbito de técnicas, considerados mais adequados para dar resposta às questões de investigação formuladas e explicitadas no primeiro capítulo.

No quadro seguinte, são apresentadas as técnicas e instrumentos de recolha de dados utilizados nesta investigação, tendo como referencial teórico a terminologia seguida por Tenbrink (1984), assim como o momento em que cada instrumento foi aplicado.

Quadro 10 – Técnicas e instrumentos de recolha de dados e respetivo momento de aplicação.

Técnica Instrumento Momento de aplicação Data de aplicação

Análise Documental

Instrumento de análise das produções escritas dos alunos (respostas às

questões do Guião do Aluno) Durante e após a

implementação das sessões

De abril a julho de 2013 Instrumento de análise das produções

orais dos alunos (transcrições das gravações áudio das sessões)

Inquérito Entrevista Após a implementação de todas as sessões 7 e 12 de junho de 2013

De seguida, descreve-se cada um dos instrumentos de recolha de dados utilizados.

3.4.1. Instrumento de Análise das Produções dos Alunos

Os documentos analisados foram os guiões de cada atividade, preenchidos pelos alunos, assim como as transcrições das gravações áudio das sessões de implementação de cada atividade. Mais especificamente, foram consideradas as respostas dadas pelos alunos às questões contempladas no Guião do Aluno (produções escritas), assim como às questões formuladas, oralmente, pela investigadora/professora formanda (produções orais).

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Cada uma das sessões de implementação foi gravada, em suporte áudio, tendo sido, posteriormente, transcrita integralmente. De acordo com Esteves (2008), a transcrição, enquanto “transformação   de   um   discurso   recolhido   no  modo   oral   para   um   texto   redigido   no  modo   escrito”   implica omissões de marcas discursivas, tais como a gestualidade ou a entoação. No entanto, para o presente estudo, importa sobretudo analisar as respostas dos alunos às questões formuladas, oralmente, ao longo das sessões de implementação das atividades. Importa ainda referir que se preservaram os discursos proferidos pela Professora Orientadora Cooperante e pela colega de Prática Pedagógica Supervisionada. Além disso, não se efetuou qualquer alteração à linguagem utlizada pelos alunos, tendo sido adotadas na transcrição das gravações áudio convenções com base nas propostas por Martins (1989) e Vieira (2003), apresentadas no apêndice D.

De seguida, descreve-se o instrumento de análise das produções orais e escritas dos alunos, o qual é apresentado no apêndice E.

Em função do quadro de referência adotado neste estudo e da revisão de literatura efetuada, destacam-se duas categorias: i) Capacidades de Pensamento Crítico; ii) Conhecimentos em Matemática e em Estudo do Meio. A primeira está relacionada com as capacidades de Pensamento Crítico. A segunda refere-se aos conhecimentos que se pretendia que os alunos (re)construíssem/mobilizassem durante a implementação de cada atividade.

No âmbito da primeira categoria foram consideradas diferentes dimensões de análise, correspondendo cada uma delas a uma área de capacidades de Pensamento Crítico conforme referencial usado no presente estudo (taxonomia de Ennis), concretamente: Clarificação Elementar, Suporte Básico, Inferência e Estratégias e Táticas. Em cada dimensão foram considerados indicadores correspondendo cada um deles a uma capacidade de Pensamento Crítico integrada na respetiva área de PC.

No âmbito da segunda categoria foram igualmente consideradas diferentes dimensões de análise, correspondendo cada uma delas a um bloco/(sub)domínio conforme os documentos Organização Curricular e Programas Ensino Básico – 1º Ciclo (ME, 2004), para os conhecimentos científicos, e Programa de Matemática do Ensino Básico (Ponte et al., 2007), para os conhecimentos matemáticos. Em cada dimensão foram considerados indicadores correspondendo cada um deles a um conhecimento científico ou conhecimento matemático integrados no respetivo bloco de conteúdo/(subdomínio).

Metodologia

47 3.4.2. Entrevista

Segundo  Esteves  (2008),  a  entrevista  “é  utilizada  quando  se  pretende  conhecer  o  ponto  de   vista   do   outro”   (p.93).   Este   instrumento   de   recolha   de   dados   foi   utilizado   em   associação   com   o   instrumento de análise das produções (escritas e orais) dos alunos, de modo a dar respostas às questões de investigação formuladas. Pretendia-se com este instrumento complementar os dados recolhidos através do instrumento de análise das produções dos alunos, descrito no subponto anterior (3.4.1.).

No que diz respeito ao seu grau de estruturação, as entrevistas variam. Alguns autores distinguem as entrevistas em dois tipos: estruturado e não estruturado (Bogdan & Biklen, 1994). No primeiro caso, o investigador controla o conteúdo de uma forma rígida. Este tipo de entrevista é utilizado, de uma forma global, quando se pretende obter dados comparáveis entre os sujeitos. No segundo caso, trata-se de uma entrevista mais livre e exploratória, em que os entrevistados desempenham um papel importante na seleção do conteúdo. Com este tipo de entrevista, tem-se como objetivo geral uma compreensão genérica das perspetivas dos sujeitos sobre tópicos de interesse.

Entre este contínuo estruturado/não estruturado, situa-se a entrevista semiestruturada (Bogdan & Biklen, 1994; Coutinho, 2011; Esteves, 2008), pela qual se optou, tendo em conta o propósito da utilização do inquérito por entrevista, no presente estudo. Neste sentido, as entrevistas realizadas neste estudo seguiram características das entrevistas deste tipo referidas por alguns autores: tiveram como ponto de partida um guião de entrevista previamente elaborado; a ordem pela qual as questões formuladas foram organizadas foi flexível.

Além disso, dada a especificidade dos sujeitos do estudo, considerou-se que a entrevista semiestruturada seria o instrumento mais adequado, pois tal como refere Oliveira-Formosinho (2007), citado por Esteves (2008),   esta   “reúne   um   conjunto   de   atributos   que   permitem   utilizá-la como instrumento metodológico mais adequado para dar expressão à voz das crianças, um requisito indispensável para que esta se torne participante ativa na (re)construção do conhecimento científico sobre si própria”  (pp.98-99).

De modo a motivar os alunos para a entrevista, foram utilizados alguns registos dos alunos, isto é, os guiões dos alunos, preenchidos pelos mesmos, durante a realização das atividades. Na verdade, a utilização de registos feitos pelas próprias crianças afigura-se como uma forma efetiva de iniciar um diálogo em entrevista com crianças (Brooker, 2001, citado por Formosinho e Araújo (2007)).

Com esta entrevista pretendeu-se clarificar algumas das respostas dadas pelos alunos às questões formuladas no Guião do Aluno. Pretendeu-se, deste modo, uma triangulação de dados capaz de permitir uma visão mais completa, mais precisa e compreensiva sobre a mobilização de conhecimentos e de capacidades de Pensamento Crítico em foco nas diferentes atividades implementadas.

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Para tal, recorreu-se a uma guião de entrevista em que estão contempladas as questões a formular aos sujeitos. O guião da entrevista foi baseado nas respostas dadas pelos alunos a questões contempladas nos guiões do aluno, as quais se afiguraram como carecendo de clarificação. Assim, e tendo em atenção o aluno, foram organizados guiões de entrevista por aluno, cada um dos quais inclui uma transcrição de cada questão e respetiva resposta a clarificar, assim como possíveis questões a formular ao aluno com tal propósito.

As entrevistas semiestruturadas e individuais aos alunos foram realizadas duas semanas após a ultima sessão de implementação das atividades desenvolvidas, em dois dias distintos. As entrevistas decorreram num espaço contíguo ao da sala de aula. A duração média destas entrevistas foi de 10 minutos. Estas entrevistas foram gravadas, em suporte áudio e, posteriormente, transcritas, cuja transcrição pode ser consultada no anexo 3.

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