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4.2 Segundo Artigo: Práticas maternas na implementação dos dez passos para

4.2.8 Análise dos Dados

O banco de dados foi digitado com dupla entrada no programa Epi Info versão 3.5.4 para Windows. Após a validação da digitação, o banco foi exportado para o programa IBM

Statistical Package for the Social Scienses (SPSS Inc., Chicago, Estados Unidos) versão 18.0

para análise estatística.

Inicialmente foi realizada análise descritiva para caracterização das variáveis independentes socioeconômicas, habitacionais, de saneamento, maternas, alimentação, assistência, orientação e estratégias educativas por meio de mínimo, máximo, média, desvio padrão e mediana das variáveis contínuas e das frequências relativas das variáveis categóricas. Para avaliar a prática alimentar adequada das crianças de 12 a 23 meses e 29 dias foi construído um escore a partir das respostas dos 10 passos, considerando o ponto principal de cada passo. Nas recomendações que se repetem em mais de um passo, foram registradas em apenas uma delas. Assim, a descrição de cada passo foi realizada considerando sua principal recomendação:

Passo 1 – Dar somente leite materno até os seis meses.

Passo 2 – Introduzir alimentos complementares a partir do 6º mês.

Passo 3 – Dar alimentos complementares 3 vezes ao dia se a criança receber leite materno e 5 vezes se estiver desmamada.

Passo 4 – Oferecer alimentação complementar de acordo com os horários das refeições da família.

Passo 5 – Oferecer alimentação complementar de consistência pastosa desde o início da alimentação aumentando gradativamente a consistência até a alimentação da família.

Passo 6 – Oferecer alimentação variada.

Passo 7 – Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições. Passo 8 – Evitar o consumo de açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas.

Passo 9 – Cuidar da higiene e conservação dos alimentos.

Passo 10 – Oferecer à criança doente alimentos habituais e preferidos.

Para avaliação da diversidade alimentar, definida no Passo 6, foi construído um recordatório de 24 horas, contendo questões referentes a quantidade e conteúdo das refeições oferecidas à criança no dia anterior a entrevista. Como o instrumento de pesquisa foi direcionado a alimentação infantil ao longo do primeiro ano de vida e a faixa etária estudada

foi de 12 a 23 meses e 29 dias, as mães/cuidadores poderiam não informar uma descrição fidedigna acerca da qualidade das refeições. Para reduzir o viés de recordação 157 e considerando o padrão alimentar da criança no segundo ano de vida semelhante e contínuo ao do primeiro ano, optou-se por investigar a diversidade alimentar com recordatório de 24 horas.

Os passos foram analisados por meio da criação de um escore de prática alimentar adequada, construído com base na principal recomendação de cada um dos dez passos. O valor do escore foi baseado no somatório de cada passo, cuja pontuação constituiu dez pontos, atribuindo-se 100 pontos para aquelas mães ou cuidadores que realizassem corretamente os Dez Passos para alimentação saudável em menores de dois anos preconizados pelo MS 62.

A normalidade das variáveis foi testada por meio do teste Kolmogorov-Smirnov, utilizando-se significância de 5%. Como ficou comprovada a distribuição não normal das variáveis, optou-se por analisar os dados pela mediana dos escores da prática alimentar adequada, construída com base no cumprimento dos Dez Passos. Posteriormente a prática alimentar foi categorizada em dois grupos, igual ou acima da mediana (adequada) ou menor que a mediana (inadequada) dos escores de cumprimento dos dez passos, sendo considerada como variável dependente.

Para investigar a associação entre o escore de cumprimento dos Dez Passos e as variáveis independentes foi utilizado o teste qui-quadrado ou teste exato de Fisher quando os valores esperados não satisfaziam pressupostos da utilização do qui-quadrado, ambos considerando significância estatística de 0,05%. As variáveis com p<0,20 na análise bivariada foram selecionadas para análise múltipla 168-169.

Na análise múltipla as variáveis foram agrupadas de acordo com um modelo conceitual hierárquico adaptado do proposto por Schincaglia e colaboradores130, organizado em quatro níveis para investigar a magnitude de associação das variáveis com o desfecho (Figura 3). O primeiro nível correspondeu as variáveis sociodemográficas, compostas por sexo da criança, renda familiar, índice demográfico e índice ambiental. O segundo foi representado pelas variáveis relacionadas à mãe, como idade, escolaridade, trabalho remunerado fora do lar, presença do companheiro, número de consultas pré-natal e amamentação do último filho. O terceiro nível relacionou-se as variáveis referentes à criança, como peso ao nascer, amamentação na primeira hora de vida, responsável pela criança quando a mãe está no trabalho e número de consultas de puericultura. No quarto nível encontravam-se as variáveis relativas à educação em saúde como orientação sobre aleitamento no pré-natal,

investigação sobre conhecimentos prévios em alimentação complementar, adesão as orientações sobre alimentação realizadas na consulta de puericultura, estratégia utilizada na orientação alimentar, esclarecimento de dúvidas sobre alimentação complementar e ferramenta educativa utilizada na orientação.

Figura 3 – Modelo hierárquico causal da prática inadequada da alimentação infantil. Recife, PE, Brasil, 2016.

O modelo de Regressão de Poisson com variância robusta foi utilizado para investigar a influência das variáveis independentes na determinação da Prática Alimentar Inadequada, definida pelos menores escores de cumprimento dos Dez Passos para uma Alimentação Saudável. Foi utilizado o método backward. Nenhuma variável do primeiro nível foi incluída no modelo. Inicialmente foram acrescidas ao modelo as variáveis do segundo nível, sendo progressivamente excluídas aquelas com maior valor de p, até que todas as variáveis que apresentassem p < 0,20 permanecessem no modelo. Em seguida foram incluídas as variáveis do terceiro nível e posteriormente do quarto nível, procedendo-se a exclusão das variáveis segundo o mesmo critério. As variáveis com p < 0,05 em cada nível foram consideradas significantes. A significância estatística foi determinada pelo teste de Wald, estimando-se as razões de prevalência ajustadas e respectivos intervalos de 95% de confiança.