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A família, primeira instituição social do indivíduo, exerce impacto e influência significativos no comportamento humano, especialmente nos primeiros anos de vida 112. No público infantil, para que as primeiras relações interpessoais ocorram de maneira bem sucedida, é necessária uma boa adaptação dos pais ao processo de formação da parentalidade, com consequente criação de um espaço no seu sistema conjugal para seus filhos 22.

A criança, quando vem ao mundo, é introduzida em um contexto familiar repleto de expectativas, crenças, valores e metas, que exercerão influência na sua formação 113. A efetividade de boas práticas parentais nesse período além de configurar a dinâmica familiar, interfere no processo de desenvolvimento na primeira infância, pois, em termos gerais, o pai e a mãe são os primeiros agentes prestadores de cuidado, modeladores de comportamento e responsáveis pela socialização de seus descendentes 112, 114.

Para o cumprimento de suas funções relativas ao desenvolvimento da criança, a família precisa desenvolver uma estrutura mínima de relações, na qual os papéis parentais estejam bem estabelecidos 112. Porém o núcleo familiar não consegue responder sozinho às demandas das crianças nessa fase, razão pela qual há a necessidade do recrutamento de outras organizações sociais para construção de uma rede de suporte de cuidados à criança, com o objetivo de atender essas necessidades 115.

A dinâmica familiar ultrapassa as relações sanguíneas, sendo constituída e fortalecida pelos vínculos afetivos estabelecidos entre seus membros, os quais constituem a principal rede social de apoio à família 116. Apoio social é toda e qualquer informação, falada, ou não, ou auxílio material oferecido por grupos ou pessoas que mantêm relação sistemática entre si e que resultam em efeitos emocionais ou comportamentais positivos 117. Essas relações se estabelecem entre os entes nucleares e ampliados da criança e influenciam no seu estado de

saúde devido ao seu papel no apoio, auxílio e superação das dificuldades de seus membros relacionadas ao estresse e resolução de conflitos 22, 118.

As redes sociais podem ser classificadas em duas categorias: redes primárias, da qual fazem parte os membros mais próximos à mulher e secundária, composta por pessoas que auxiliam em momentos de necessidade 119.

A rede primária é constituída por laços de parentesco, vizinhança e amizade, construídos a partir da proximidade ou preferência 119. Em relação ao apoio na alimentação da criança, os membros da rede primária influenciam mais nas práticas maternas por sua maior proximidade com a realidade vivenciada pela mulher 120.

A rede secundária é constituída por laços fortalecidos entre instituições, sendo classificadas em informais, quando relacionadas ao sistema de bem-estar da população (serviços de saúde) 119. Os profissionais de saúde, dentre eles o enfermeiro, estão incluídos na rede secundária da mãe/cuidador da criança. No que se refere ao apoio na alimentação infantil, essa rede auxilia na promoção e na resolução de dificuldades relacionadas ao processo desde o pré-natal até a consulta de puericultura 121.

A presença de uma rede social de apoio bem estruturada auxilia a mãe nos cuidados consigo e com a alimentação da criança 105, 122. Durante o ciclo gravídico puerperal a mulher desenvolve uma sensibilidade que a faz compreender as necessidades do seu filho 123. Após o nascimento, a amamentação é a forma mais segura de estabelecer a comunicação entre mãe e bebê, uma vez que permite o fortalecimento dos laços afetivos, oportuniza intimidade, apego, segurança, autoconfiança e realização materna 14.

A manutenção do aleitamento materno é consequência do apoio por meio de orientações adequadas e/ou dialogadas dos membros da rede social informal, que são reforçadas pelos profissionais da saúde 124. O apoio fornecido pela rede social tem maior influência na mudança de comportamento materno em relação à amamentação e na não introdução de cereais no leite artificial do que na introdução de sólidos na dieta da criança 125.

A formação dos hábitos alimentares da criança ocorre ao longo do primeiro ano de vida 14. Alimentar não é apenas um ato biológico, mas também uma prática socialmente elaborada que está relacionada à cultura e às relações familiares 58. O sucesso da alimentação infantil depende de paciência, afeto e suporte por parte da mãe e dos cuidadores da criança, devendo toda família apoiar positivamente a mãe durante esse processo 14.

A alimentação infantil, desde a amamentação até a alimentação da família, é um processo complexo, no qual as mães vivenciam vários sentimentos que refletem seus

conhecimentos e os valores culturais e simbólicos que envolvem o alimento e o ato de alimentar seu filho 126. A correta introdução dos alimentos na dieta da criança depende tanto das orientações adequadas à realidade, quanto do acompanhamento de um profissional da saúde capacitado e inserido do contexto social da família para auxiliar e fortalecer essa prática 39.

O enfermeiro, nesse contexto, deve identificar e compreender o processo de alimentação infantil no cenário sociocultural e familiar, cuidando tanto da mãe e filho quanto da família 14. A motivação da mulher exerce papel fundamental sobre a execução bem sucedida do aleitamento materno exclusivo 62. Quanto maior a rede de apoio da mãe que amamenta, menor o risco de introdução precoce de alimentos na dieta infantil 122.

Em países em desenvolvimento, uma rede social ampliada e fortalecida, com maior número de cuidadores, influencia positivamente na introdução oportuna dos alimentos complementares 127. A maior participação do pai, avós, irmãos e demais membros da rede social, possibilita não só a criança aprender a comer, como também toda família aprender a cuidar, minimizando riscos de transtornos nutricionais no futuro 18. A presença do profissional da saúde como apoiador na efetivação de práticas alimentares saudáveis prolonga o tempo em amamentação, principalmente se este acompanhar a mãe desde a gestação até o oferecimento de alimentos à criança 128.

A construção de redes sociais formais e informais de apoio às mães possibilita maior segurança e tranquilidade no enfrentamento de situações difíceis 129. A alimentação infantil é um processo complexo e que sofre influência direta do comportamento dos pais 14. Nesse contexto, a rede social de apoio auxilia a mulher no atendimento de suas necessidades e consequentemente na manutenção do AME até o sexto mês de vida e introdução da AC de forma adequada 122.