• Nenhum resultado encontrado

5.4 AVALIAÇÃO DO MODELO CONCEITUAL

5.4.2 Análise das contribuições feita por Gestores

Nesta seção serão analisadas as respostas das fichas de avaliação aplicadas aos Gestores de Recursos Hídricos e Municipais, levando em consideração os critérios estabelecidos no item 4.3.1, para a identificação dos atores estratégicos.

Buscou-se trabalhar de forma similar à fase anterior, com destaque para a relevância quanto à representatividade dos gestores que avaliaram este estudo, por seu envolvimento e atuação nos sistemas de gestão das águas e urbana, bem como para a representação das organizações.

Adverte-se que a “Ficha de Avaliação do Procedimento Metodológico” foi respondida por conjuntos de gestores que exercem papéis nos órgãos ligados à gestão de recursos hídricos e à gestão urbana.

Os avaliadores de cada órgão abrangiam grupo multidisciplinar, com visão e atuação em diferentes áreas e secretarias municipais. Porém a resposta foi única por organização, caracterizando-se um processo construtivista, cujo resultado foi uma resposta consensualizada entre os gestores. Promovendo-se, assim a apropriação desses atores ao estudo e o exercício da tomada de decisão compartilhada entre eles.

A resposta das entidades de gestão ao questionário teve o objetivo de aferir o grau de concordância dos respondentes em relação ao procedimento metodológico, com o intuito de avaliar o potencial do modelo conceitual desenvolvido em auxiliar a integração das políticas.

Através da escala de Likert foi possível mostrar qual o grau de concordância e/ou discordância dos gestores pesquisados, que representavam três organizações, em relação ao item do questionário, modelo teórico-conceitual e à sua construção.

Ressalta-se que, também nesta fase, acompanhava o questionário uma síntese com conteúdo informativo sobre o desenvolvimento do modelo conceitual e explanação sobre as formas de utilizá-lo para subsidiar os gestores na avaliação.

Dos questionários entregues nas oficinas e reuniões realizadas com os gestores de cada organização (duas prefeituras municipais, uma organização estadual gestora de recursos hídricos e um comitê de bacia), nem todos foram devolvidos, sendo contadas apenas as opiniões de gestores de três órgãos.

Acredita-se que a elaboração da ficha de avaliação, como ferramenta quantitativa que favorece a interação com os gestores de recursos hídricos e urbano, proporciona um processo mais eficaz, contribuindo para a consolidação do modelo conceitual desenvolvido.

A “Ficha de Avaliação de Procedimento Metodológico” foi aplicada por organização, sendo que o respondente informou a área de atuação da instituição, conforme Figura 14.

Em relação à área de atuação das organizações pesquisadas, nota-se que estão representados todos os gestores, foco de interesse do estudo, nomeadamente a gestão de recursos hídricos, a urbana e ainda um órgão gestor com atuação em ambas.

A Figura 15 mostra a situação profissional e o nível de formação de cada gestor por organização.

Verificou-se que dos gestores que responderam a ficha de avaliação todos exercem atividades como Funcionários Públicos. Quanto ao Nível de Formação foram os seguintes os dados: 1/3 possui graduação completa; com cursos de especialização em Políticas Públicas e outros e 1/3 tem o título de mestre, não foi registrada outra titulação. 0% 10% 20% 30% 40% Gestão de  Recursos Hídricos      Gestão Urbana     Gestão de  Recursos Hídricos  e Urbana      Área de Atuação dos Órgão Gestores Prefeitura Municipal Comitê de Bacia Hidrográfica Instituto Estadual  de Meio Ambiente  0% 20% 40% Graduação completa Mestrado Doutorado Outros Especialização Nível de Formação Prefeitura Municipal Comitê de Bacia  Hidrográfica Instituto Estadual  de Meio  Ambiente  0% 20% 40% Profissional liberal    Funcionário público   Funcionário privado   Situação do Profissional Instituto Estadual  de Meio  Ambiente  Comitê de Bacia  Hidrográfica Prefeitura Municipal

Figura 14 - Área de atuação dos órgãos gestores

Os resultados obtidos das respostas do questionário aplicados aos grupos de gestores embasaram análises estatísticas, referente às seis questões fechadas da ficha de avaliação, cujos quantitativos gerais são apresentados na Tabela 4, com o grau de concordância e/ou discordância em relação às afirmativas propostas.

Observa-se a total aceitação dos gestores, tanto na utilidade das informações que constituem o modelo teórico-conceitual para a aproximação entre a gestão das águas e a gestão das cidades, quanto na facilidade em se apropriar do conhecimento dos instrumentos de gestão das duas políticas.

Na avaliação geral, o percentual total de opiniões favoráveis reflete um escore de anuência ao modelo teórico conceitual. Atingiu 83% referentes à afirmação: “o modelo possibilita apreender a complexidade de integrar” e “as inter-relações entre os instrumentos de gestão representadas nos diagramas oferecem subsídios para iniciar a operacionalização da integração”; e 67% relativos à afirmação: “o modelo propicia análise sistêmica do potencial de integração” e “os diagramas desenvolvidos são relevantes para auxiliar o entendimento da inter-relação entre grupos de instrumentos de gestão hídrica e urbana”. Não houve rejeição a nenhuma das questões.

Tabela 4 - Resultado da Avaliação dos Gestores do Modelo Teórico-Conceitual

ITEM: MODELO TEÓRICO–CONCEITUAL DESFAVORÁVEL

SEM

OPINIÃO FAVORÁVEL DT DP ND/NC CP CT

As informações que constituem o modelo teórico- conceitual são úteis a aproximação entre a gestão das

águas e a gestão das cidades. 3/3

O modelo possibilita apreender a complexidade de integrar a gestão de recursos hídricos com a gestão urbana.

1/3 2/3

O modelo propicia análise sistêmica do potencial de integração da gestão hídrica com a urbana, via mecanismos e correspondentes instrumentos.

2/3 1/3

Os diagramas desenvolvidos são relevantes para auxiliar o entendimento da inter-relação entre grupos de instrumentos de gestão hídrica e urbana.

2/3 1/3

As inter-relações entre os instrumentos de gestão representadas nos diagramas oferecem subsídios para iniciar a operacionalização da integração dos instrumentos.

1/3 2/3

O mapeamento dos instrumentos de gestão facilita a apropriação de conhecimento pelos gestores, sobre

Com relação às questões abertas do questionário, destacam-se algumas que revelam a opinião dos gestores, quanto ao estudo desenvolvido.

As considerações resultantes do questionamento que aborda a existência de outros elementos para auxiliar o aperfeiçoamento do procedimento metodológico foram: • “penso que poderia escolher alguns dos instrumentos da gestão urbana e das

águas, e aprofundar a metodologia dando exemplos factíveis” (Prefeitura Municipal);

• “acredito que o procedimento foi adequado” (Comitê de Bacia).

As opiniões expressas pelos gestores sobre o modelo teórico-conceitual desenvolvido nesta pesquisa valem ser transcritas a seguir:

• “achei importante, pois agrupa os instrumentos nas diversas fases do planejamento, desenvolvimento, controle e avaliação de um projeto/ação, possibilitando a integração das políticas” (Prefeitura Municipal);

• “considero o modelo teórico-conceitual como sendo adequado para a sua finalidade” (Comitê de Bacia);

• “como modelo teórico é abrangente e integrador, cabe uma simulação com situações reais” (Secretaria Estadual de Meio Ambiente).

Para a indagação referente à maneira de se aprimorar o modelo teórico-conceitual, tendo em vista sua aplicação na integração entre a gestão das águas e das cidades, obteve-se como resposta da Prefeitura municipal:

Creio que seja importante aprofundar o modelo, detalhando casos, instrumentos específicos, analisando sua aplicabilidade, exemplos de onde e como acontece a integração. Também é importante apontamentos das superposições dos instrumentos. Penso que deve ser aprofundado o modelo para verificar sua aplicabilidade, indicando quais instrumentos possibilitam esta integração. O alinhamento de projetos é sempre possível, ele pode ser feito no nível teórico, mas é no campo das práticas que vemos acontecer. Depende dos atores, dos processos, dos tempos específicos de cada ação (Prefeitura Municipal).

Nesta perspectiva, para os gestores da Secretaria Estadual de Meio Ambiente o aprimoramento dar-se-á com a execução de aplicações práticas.

É importante ressaltar as principais sugestões feitas pelos avaliadores, como contribuição ao estudo desenvolvido:

• “acredito que é importante, no futuro, contemplar a Política Nacional de Saneamento, pois, na minha visão, ela é fundamental para a boa qualidade dos recursos hídricos nas áreas urbanas” (Comitê de Bacia);

• “não sei se cabe no escopo do trabalho, mas seria excelente observar o funcionamento real do modelo” (Secretaria Estadual de Meio Ambiente).

Como se esperava, a avaliação desenvolvida com base na opinião de um grupo de profissionais contribuiu para o aprimoramento do estudo, agregando experiência dos avaliadores envolvidos com a gestão e que almejam a integração de ações, tornando sua atuação mais eficiente e eficaz.

Assim, nota-se que, para os gestores, a aplicação prática do modelo conceitual pode ser viável, buscando-se combinações de instrumentos que possibilitem aprofundar as fragilidades e empecilhos de ordem jurídico-institucional.

Percebe-se que o anseio de se implementar uma gestão mais efetiva e integrada entre as águas e o solo é comum entre os gestores de recursos hídricos e urbano, envolvidos na pesquisa.

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES