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4. Contexto dos projetos

4.3. Análise das entrevistas

A aplicação de entrevistas semiestruturadas visam contribuir para a adição de valor relativamente ao trabalho em si, permitindo compreender, junto dos investigadores, o âmbito das suas investigações, as suas preocupações face à gestão de dados de investigação e, em particular, os dados pessoais que estão envolvidos nas suas investigações, bem como, as incongruências neste sentido.

Relativamente ao P1 foi possível a compreensão do tema, qual o seu propósito e finalidade diretamente relacionada com o objetivo central do projeto que se foca no efeito de duas vertentes e métodos diferentes de treinos de cães, bem como qual a necessidade do tratamento de dados pessoais, disponível no Anexo D. Este projeto lida com dados recolhidos em diferentes contextos, a ver:

- Treinos dos cães: através de filmagens e áudios,

- Dados fisiológicos: através de recolhas de amostras de salivas para analisar os níveis de cortisol dos cães,

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Quer isto dizer que esta investigação trabalha com dados quantitativos (os dados terminam todos em números independentemente de resultarem de filmagens) e qualitativos (por intermédio dos questionários). Por conseguinte, as categorias de dados de investigação inserem-se nos dados observacionais sem intervenção experimental. Contudo, os dados das amostras salivares contêm as análises de cortisol realizadas em contexto laboratorial, pertencendo, por isso, aos dados experimentais. Relativamente aos dados pessoais, estes pertencem às escolas, aos treinadores e aos tutores dos cães. No primeiro caso, trata-se da identificação das escolas nas filmagens e de pessoas externas que podem ser identificadas no decurso dos treinos, através das assinaturas quando assinam o consentimento informado de participação no estudo e através dos contactos. No segundo caso, o nome do treinador está mencionado na recolha de dados, o e-mail e a fotografia (se associada à sua conta). No terceiro caso, os dados referentes aos tutores destes animais advêm das assinaturas dos consentimentos informados (consentimento de participação no teste do comportamento de stress e no teste de vinculação), o seu nome, e-mail e fotografia (se associada à sua conta), sem esquecer que o nome do cão permite alcançar o nome do dono. Assim, torna-se percetível a existência de dois consentimentos informados. Consentimento informado que engloba o teste de comportamentos de stress e, por acréscimo, o teste cognitivo que termina com a resposta a um questionário, assinado pela escola e pelos tutores dos animais. Ainda, o consentimento que diz respeito ao teste de vinculação somente assinado pelos tutores dos animais.

Neste contexto, também, por intermédio da entrevista, foi percetível o modo de seleção dos participantes, como decorre o processamento dos dados, como eles atravessam a fase de tratamento e de análises, como são armazenados e como se prevê a partilha e reutilização dos mesmos.

No que toca ao P2, foi igualmente compreendido o tema do projeto e o seu propósito, através da entrevista que está disponível no Anexo E, que permitiu um esclarecimento mais elucidativo tendo em conta a temática e a área. Idem, foi cognoscível a compreensão de que este projeto era parcialmente diferente face ao tipo de dados envolvidos, uma vez que se tratam de dados recolhidos e processados no âmbito de outras investigações, contribuindo, neste caso em específico, para o objetivo de estudar quais os efeitos ou fatores de risco associados à perda de ninhadas de murganhos, aspirando o alcance de estratégias preventivas para melhorar a sobrevivência destes seres.

Contudo, os dados resultantes da investigação atual que decorre nos laboratórios do i3S são comparados com os dados históricos do i3S e das instituições que colaboram no estudo. Assim, estes dados são recolhidos, transcritos e armazenados para,

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posteriormente, fazerem parte do momento em que se realiza a análise entre o conjunto de dados reunidos (dados históricos de duas instituições do Reino Unido, dados históricos do i3S e dados que saem diariamente dos laboratórios relativos ao presente estudo). Por isso mesmo, estes dados inserem-se nas categorias de dados observacionais e experimentais, por se tratarem de observações diretas com registos e porque são realizados em contexto laboratorial através das medições do ambiente e dos registos nos sensores face, por exemplo, à temperatura e à luz. Relativamente aos dados pessoais que estão aqui em questão, estes dizem respeito aos dados transferidos pelas instituições que facultam o acesso a dados pessoais dos técnicos das instituições que lidam com o controlo de murganhos assim como, o nome das instituições, o nome dos investigadores, nome dos tratadores, e-mail e o acesso a um IP que permite aceder ao sistema de armazenamento de determinada instituição. No caso dos dados pessoais do i3S estão aqui envolvidas as assinaturas da investigadora principal, o nome dos investigadores e o nome da sala que permite alcançar o nome do tratador responsável. Neste projeto, os termos de colaboração não estão claros para todos os envolvidos, particularmente para as duas instituições colaboradoras que pertencem ao Reino Unido e que foram anonimizadas ao longo da dissertação, sendo designadas por Instituição X e Instituição Y. Contudo, foi assinado, pela Instituição X, um consentimento informado.

No caso do P3 foi compreendida a finalidade da investigação e do tratamento de dados intimamente ligados ao objetivo de melhorar a eficiência da edição de genoma, disponível para visualizar a entrevista com mais detalhe no Anexo F. Os dados aqui abordados são recolhidos no decorrer de entrevistas efetuadas a profissionais da área, inserindo-se na categoria de dados observacionais, uma vez que são formuladas as entrevistas e os dados são obtidos através de observação direta detendo de uma certa importância crítica sobre o tema. Posteriormente, os dados serão publicados e espera-se que reutilizados.

Neste sentido, a seleção de participantes era constituída pelos investigadores que pertencem à rede do consórcio a que pertence o estudo ou através de recomendações das pessoas entrevistadas ou da rede de contactos para sugerirem potenciais futuros entrevistados, ou seja, através do método que se denomina snowballing. A recolha de dados é efetuada através de gravação, posterior transcrição e armazenamento, podendo depois dar início à análise dos dados. Os dados pessoais inerentes ao desenvolvimento deste projeto advêm das entrevistas realizadas pelo Skype ou pelo Zoom. Os dados dos participantes que são recolhidos dizem respeito às assinaturas quando assinam um consentimento informado associado à própria investigação, nome do utilizador através da ferramenta usada para a entrevista, e-mail, fotografia (se disponível na plataforma colaborativa), histórico de atividade da plataforma da entrevista (dia, hora e duração),

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pontos de vista e argumentos em relação às potencialidades e limitações associadas à edição de genoma, através de dados que se podem inserir na tipologia de convicções filosóficas e crenças associadas ao tema.

Questões relacionadas com a segurança da informação também foram discutidas durante a realização das entrevistas. Acima de tudo, era necessário identificar o ciclo de vida dos dados e quais as fases percorridas, uma vez que podiam ser díspares de projeto para projeto. Ainda, descriminar os tipos de dados recolhidos em cada um dos projetos tendo em consideração os dados pessoais incluídos.

Por fim, todos os investigadores mencionaram valorizarem as questões relacionados com as políticas de open science, no que toca à necessidade da transparência na ciência e no acesso aos dados, considerando fundamental, tendo em conta que é possível ocorrerem manipulações de dados e, consequentemente, do próprio estudo. Foi referida a importância dos metadados neste âmbito.