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do i3S

8.1.

Contextualização

A Gestão de Dados de Investigação designada internacionalmente por Research

Data Management tem vindo a ser alvo de atenção como imprescindível nos projetos de

investigação.

Atualmente, é sabido no mundo da investigação a importância da gestão dos dados de investigação, crescendo a consciência do seu valor, reunindo as preocupações não só dos investigadores, mas também por parte das agências de financiamento e dos responsáveis por políticas de ciência.

A gestão dos dados fornece uma certa visibilidade, especialmente no campo das citações, aquando da associação de dados aos artigos, atraindo a hipótese de maior quantidade de colaborações.

Este processo fornece mais-valias no que toca à organização, descrição e depósito dos dados uma vez que os dados de investigação são criados e usados nos mais diversos contextos, como é o caso dos projetos alvo de estudo. Mais especificamente, no caso do P1 os dados da investigação advêm dos vários testes realizados. São exemplo disso os testes de vinculação, os testes cognitivos e os estudos do bem-estar animal. No P2, os dados advêm de registos históricos de investigações antecedentes e de sensores que captam dados dos biotérios. No caso do P3, os dados advêm de entrevistas para efetuar análises no domínio da investigação.

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O maior objetivo da gestão dos dados de investigação é tornar os dados visíveis, descritos de forma satisfatória, depositados e pesquisáveis através da publicação de dados em contextos de investigação. Por conseguinte, os metadados desempenham um papel fundamental para que os dados possam ser recuperados, acedidos e interpretados, uma vez que estes têm a capacidade de acompanhar o ciclo de vida dos dados, assegurando não só o acesso, mas também a preservação a longo termo. Também uma prática bem assente de disseminação que agrupe várias fontes que possibilitam a partilha dos dados - sejam elas revistas, editoras ou repositórios - reflete-se na visibilidade das instituições e na possibilidade de referências cruzadas (Ribeiro et al. 2016).

Posto isto, a gestão dos dados aliada à partilha de dados de investigação traduz-se em benefícios imensuráveis, pois o acesso aos dados de investigação aumenta os retornos face ao investimento público, fortificam a ciência aberta, estimulam a pluralidade e heterogeneidade de estudos, de novas áreas de trabalho e de novos tópicos e matérias (OECD 2007).

8.2.

Desenvolvimento dos Planos de Gestão de Dados

Um Plano de Gestão de Dados (PGD), de forma prática, é um documento que agrega os objetivos dos investigadores no decorrer das suas investigações. Este aborda os demais pontos chaves da gestão de dados e deve referir quais e como os dados serão criados. Menciona os planos de partilha e preservação sem descurar das restrições, se necessárias. É de salientar que este documento descreve as várias ações em torno dos dados, não só durante, mas também depois de concluído o projeto de investigação.

8.2.1. Identificação das necessidades inerentes aos dados dos projetos de investigação

No caso de estudo em questão, o desenvolvimento dos PGD não ocorreu no início dos projetos, muito embora seja esse o pressuposto nesta matéria. Porém, os projetos encontravam-se todos em fases de período de tempo diferentes e como se verificava a ausência dos mesmos foi predefinida a realização do documento para os três projetos, como é visível no fluxograma das tarefas, apresentado na Figura 10, previamente elaborado e de acordo com as inquietações dos investigadores. Não obstante, e por acréscimo, este fator continuava a representar uma certa importância para os projetos, dado que o plano permite a compreensão dos dados como um todo, impede a duplicação, fortalece a continuidade do projeto cooperando para o aumento da visibilidade da investigação e, além disso, para a reutilização e citação dos dados.

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Ao longo dos contactos com os investigadores foram percetíveis as suas preocupações associadas a este assunto. Retratando a realização das tarefas de modos automatizados assim como o próprio fluxo das investigações onde vários aspetos relacionados com os dados ainda não haviam sido objeto de muita atenção. Porém, os investigadores detêm de um papel principal enquanto criadores e utilizadores, dado que geram ou recolhem dados ou conjuntos de dados e, no fim, espera-se que prossigam para a fase de publicação de dados em repositórios. Todavia, a organização e descrição dos dados, para ser realmente eficiente, tem de ser facultada pelos investigadores, possibilitando que outros indivíduos os reutilizem.

Como mencionado, o PGD desencadeia vantagens não só, mas também a nível competitivo, dado que fortalece a gestão de dados a um nível de acompanhamento do ciclo de vida dos dados, contribuindo para investigações com êxito.

8.2.2. Desenvolvimento dos PGD

Anteriormente mencionadas duas das ferramentas que possibilitam a elaboração dos PGD - DMPtool e DMPonline - optou-se pela plataforma DMPonline criada pelo Digital

Curation Centre.

Esta ferramenta web permite a criação e partilha dos PGD, servindo o propósito aqui em questão. No DMPonline é possível gerir e armazenar os vários documentos, com a oportunidade de fazer edições conforme necessário ao longo da realização dos mesmos. Além de intuitiva, a ferramenta dispõe de vários campos de preenchimento com uma estrutura predefinida de que fazem parte seis elementos.

Ao longo do acesso aos elementos estão disponíveis perguntas sobre a temática dos componentes com indicadores contextuais referentes ao teor da questão propriamente dita. Neste caso, optou-se por seguir apenas as questões com indicação do DCC que é um autêntico defensor das boas práticas no domínio da Gestão de Dados de Investigação, alinhado com políticas de dados.

Os PGD desenvolvidos para o P1, P2 e P3, disponíveis para análise mais pormenorizada nos Anexos Q, R e S, seguem os seis elementos anteriormente mencionados que abordam os seguintes pontos, especificamente:

1. Resumo dos dados: aborda o propósito da recolha de dados, quais os objetivos do projeto, os tipos de formatos dos dados, se ocorre reutilização de dados, a origem dos dados e a sua utilidade.

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2. Dados FAIR (Findable, Accessible, Interoperable e Reusable): aborda o acesso aos dados preocupando-se com a questão dos metadados, as especificidades relativas ao acesso aberto bem como, com a reutilização dos dados.

3. Alocação de recursos: destaca os tópicos relacionados com os custos para tornar os dados FAIR.

4. Segurança dos dados: refere-se à recuperação, ao armazenamento seguro e transferência de dados de teor confidencial.

5. Aspetos éticos: preocupa-se com questões de ética e legais.

6. Outros: serve para acrescentar, se houver, informação relativa aos procedimentos, ao fundador, ao setor ou ao departamento.

Por último, os PGD foram elaborados com todos os pormenores que já haviam sido pensados e detalhados, deixando em aberto os pontos que ainda não foram, formalmente, fixados e anexados nos projetos e prevendo a realização de outros.

Relativamente ao Anexo Q, que corresponde ao P1, é possível visualizar a versão original diretamente transferida do DMPonline. Enquanto, que no Anexo R e S correspondente ao P2 e P3, respetivamente, é possível observar um documento modificado e uniformizado quanto à língua e à própria organização.