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2. Revisão da Literatura

2.2. Dados de Investigação

2.2.4. Planos de Gestão de Dados

Os Planos de Gestão de Dados (PGD) são documentos que se baseiam nos objetivos dos investigadores, ou seja, os planos contêm tudo o que se pretende recolher, armazenar e partilhar. Estes documentos devem ser criados no início de qualquer projeto, pois o seu propósito assenta nas principais considerações a ter em conta num determinado projeto, uma vez que este ato permite facilitar a identificação dos pontos-chave que atendem a determinados requisitos10.

O European Research Council (2017) impulsiona o desenvolvimento de PGD após o início dos projetos e que devem definir quais os dados que são geridos ou processados, se e como serão disponibilizados, como se processará a curadoria de dados, o armazenamento e a sua preservação. Destaca que estes planos visam salvaguardar e proteger dados sensíveis e por isso é que é importante conceder estas informações que se transformam em medidas estratégicas para cuidar dos mesmos.

Para o DCC11 (2018) um PGD indica quais os dados que serão criados e como serão

criados, da mesma maneira que define os planos de partilha e de preservação, observando o que é apropriado dada a natureza dos dados e as restrições que venham a ser aplicadas. O desenvolvimento de um plano gera benefícios de gestão e partilha de dados, visto que torna o processo mais simples, tendo em conta que o seu planeamento auxilia na tomada de decisões, no contexto e nas consequências, vejamos:

10 Library Curtin University. 2018. “Research Data Management: Data management plan”. Acedido a 19 de

dezembro de 2018. http://libguides.library.curtin.edu.au/c.php?g=202401&p=1333108.;

11 Digital Curation Centre. 2019. “Data Management Plans”. Acedido a 20 de dezembro de 2018. http://www.dcc.ac.uk/resources/data-management-plans.;

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- Possibilita encontrar e compreender os dados quando for necessário usá- los,

- Garante continuidade se da equipa do projeto saírem ou entrarem novos investigadores,

- Evita duplicações,

- Permite manter os dados das publicações subjacentes, validando os resultados,

- A partilha de dados conduz a um aumento da colaboração e da pesquisa avançada,

- A pesquisa é mais visível e tem maior impacto,

- Possibilita que os outros investigadores citem os seus dados, ganhando maior visibilidade12.

Destarte, são diferentes as perspetivas sobre um PGD e a visão da Harvard Library13

é breve e clara, defendendo que se trata de um documento formal que descreve o que fazer com os dados durante e após um projeto de investigação. Muitos dos problemas que advêm da gestão de dados podem ser facilmente colmatados e evitados através do planeamento antecipado, pois com os processos e estruturas adequados é possível alcançar a preservação a longo prazo.

O artigo da Directorate for Engineering (ENG) (2018), defende que o Plano de Gestão de Dados deve articular como os investigadores pretendem gerir e disseminar dados quer físicos, quer digitais que são procriados num projeto. Enuncia que cada PGD deve identificar “dados, metadados, amostras, softwares, algoritmos, currículos, documentação, publicações e outros materiais gerados no decorrer da investigação proposta”. Além disso, a descrição de como se procederá a disseminação, o acesso e a preservação dos materiais também é crucial, sem esquecer a inclusão das melhores práticas de investigação.

Assim, um PGD auxilia na descrição de como os dados serão criados, geridos, partilhados e preservados. O Digital Curation Centre permite demonstrar consciência de boas práticas, garantindo, ao mesmo tempo, que se está alinhado com a política de dados.

12 Digital Curation Centre. 2011. “How to Develop a Data Management and Sharing Plan”. Acedido a 18 de

dezembro de 2018. http://www.dcc.ac.uk/resources/how-guides/develop-data-plan.;

13 Harvard Library. 2017. “Data Management Plans”. Acedido a 19 de dezembro de 2018. https://guides.library.harvard.edu/dmp#s-lg-box-9958003.;

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b) Funções e ferramentas de um PGD

Desenvolvidos com a aspiração de unir a gestão com os diferentes tipos de dados, a maior função de um Plano de Gestão de Dados é zelar pela planificação dos recursos e competências indispensáveis para seu benefício. Posteriormente, facilitar a compreensão e, no futuro, garantir a reutilização dos dados. A seu encargo está ainda, a identificação de riscos unidos à gestão de dados, a identificação de intervenções como consequência da identificação dos riscos e as responsabilidades agregadas. Portanto, um PGD visa a gestão de dados, a resposta a determinados requisitos e ajudar na partilha e uso de dados.

Segundo a Harvard Library (2018) a um PGD compete a descrição de vários aspetos do trabalho com dados, incluindo: 1) tipos de dados; 2) detalhes contextuais (metadados); 3) armazenamento, backups e políticas de segurança; 4) políticas de proteção e privacidade; 5) políticas de reutilização; 6) políticas de acesso e partilha; 7) políticas para arquivar e providenciar acesso.

De acordo com o Institute for Social Research ICPSR (2018)14 um PGD deve conter

e incluir: 1) descrição dos dados; 2) investigador principal responsável; 3) determinação do arquivo (para garantir acesso a longo prazo); 4) garantias de acesso e partilha; 5) garantias de seleção e retenção; 6) produção e registo de metadados; 7) direito de propriedade intelectual; 8) ética e privacidade; 9) formatos de submissão; 10) arquivo e preservação; 11) garantias de armazenamento e backup; 12) descrição da audiência; 13) garantias de qualidade; 14) despesas associadas; 15) requerimentos legais. O ICPSR envolve-se, em primeira mão, com a garantia do cumprimento e conformidade dos passos anteriores sendo o elo mais forte no depósito de dados.

O Digital Curation Centre disponibiliza o DMPonline, criado e desenvolvido em 2011 no Reino Unido, com o apoio do Joint Information Systems Committee JISC. Trata- se de uma ferramenta web que tem como finalidade ajudar os investigadores na criação e partilha de Planos de Gestão de Dados. O DMPonline segue uma estrutura pré-definida, baseada numa checklist do DCC da qual fazem parte seis elementos, nomeadamente:

1. Tipos de dados, formatos, padrões e métodos de captura, 2. Ética e Propriedade Intelectual,

3. Acesso, partilha de dados e reutilização,

4. Armazenamento a Curto Prazo e Gestão de Dados,

14 ICPSR Data Management & Curation. 2019. “Sample Data Management Plan for Depositing Data with

ICPSR”. Acedido a 18 de dezembro de 2018.

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5. Depósito e Preservação a Longo Prazo, 6. Recursos.

Por conseguinte, o DCC disponibiliza versões e exemplos diferentes da checklist em causa. Os PGD incluem ainda a descrição do projeto, bem como os autores.

O DMPTool15 desenvolvido, em 2011, pela University of California’s (California

Digital Library - CDL) é, igualmente, uma ferramenta web desenhada para auxiliar na

construção de um PGD usando templates que correspondem a determinados requisitos tendo ao seu dispor um guia de passos para a criação de um PGD. Esta ferramenta ajuda em recursos que conduzem ao cumprimento de boas práticas relacionadas com a gestão de dados.

Atualmente, os pioneiros do DMPOnline e do DMPTool formaram parceria para trabalharem mutuamente no desenvolvimento de uma plataforma única de código aberto. Intitula-se DMPRoadmap e o seu propósito é fornecer uma infraestrutura para PGD, contribuindo para um verdadeiro ecossistema da “open science” e “open data”, prevalecendo as boas práticas.

Deste modo, as principais funções de um Plano de Gestão de Dados é assegurar que os dados associados a um projeto se encarreguem de certificar integridade, qualidade e acesso. A sua maior benesse é que os PGD não são “um tamanho serve para todos”16.