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4.2 O Campo e seus Instrumentos

4.2.4 Análise das Informações (Análise de Conteúdo)

Para a análise dos dados, Guba e Lincoln (2011) recomendam o Método Comparativo Constante, uma vez que a metodologia de avaliação utilizada neste estudo exige que a análise das informações ocorresse concomitantemente à coleta de dados pelas entrevistas, conforme previsto na aplicação dos círculos hermenêuticos-dialéticos descrito anteriormente, um processo direcionando o outro. Contudo, para a análise do material empírico coletado em nosso estudo, optamos pela Análise de Conteúdo proposta por Bardin (2010) e citada por Minayo (2006), uma vez que o pesquisador-avaliador apresenta maior familiaridade e segurança com o referido método, cuja proposta foi igualmente desenvolver o método hermenêutico-dialético.

Segundo Minayo (2006), esse tipo de análise é frequentemente utilizado para representar o tratamento dos dados de uma pesquisa qualitativa, buscando sua lógica na interpretação do material de caráter qualitativo. Esse método de análise foi escolhido por ser o mais adequado à investigação de materiais sobre saúde. A técnica consiste em descobrir os núcleos de sentido (Núcleos Temáticos) que representam as Unidades de Significação (US), as quais definem o caráter do discurso e que em nosso estudo expressam as RPQ dos Grupos de Interesse. Para a aplicação da técnica são previstas três Etapas Básicas: a Pré-análise, a Exploração do Material e o Tratamento dos Resultados, Inferência e Interpretação:

1° Etapa: Pré-Análise – inicia-se com uma leitura flutuante do material, um contato exaustivo que permite a impregnação do conteúdo, assim, à medida que as hipóteses emergem a leitura torna-se mais sugestiva. Segue com a fase de constituição do corpus, identificação das US, momento que surgem normas para a validação do conteúdo como a representatividade, homogeneidade e pertinência.

O que é tomado como uma US deve ter duas características. Em primeiro lugar, essa unidade deve ser heurística, isto é, deve apontar para algum entendimento ou ação necessários ao pesquisador. Se não for heurística não será útil, mesmo que intrinsecamente interessante. Segundo, deve ser a menor parte de informação sobre alguma coisa que se mantém por si mesma, isto é, deve ser passível de interpretação sem o acréscimo de outra informação, a não ser uma compreensão do contexto no qual a pesquisa está sendo realizada. Tal unidade pode ser uma simples sentença ou pode ser bem mais do que um parágrafo.

Nessa etapa, trabalhamos com as US que serviram como base para a definição das Categorias Temáticas a partir das RPQ dos Grupos de Interesse. Essas US foram encontradas no material empírico coletado a partir da leitura horizontal das transcrições das entrevistas. Sendo localizada uma US, teve-se o cuidado de registrar a informação de forma compreensível, acrescentando-se outras informações de contexto que possam torná-la mais clara. Durante essa fase, chegou-se a um número bastante elevado de RPQ. Foi possível observar nessa etapa, ser mais fácil rejeitar, posteriormente, o que parecia ser material irrelevante do que recapturar informações posteriormente percebidas relevantes, mas descartadas anteriormente.

Essas US serviram de base para a identificação das RPQ que, no decorrer dos círculos, foram apresentadas para os entrevistados seguintes quando não eram, de modo espontâneo, apontadas na entrevista, para que manifestassem a sua opinião sobre elas. A releitura de cada uma delas e interlocução com os entrevistados permitiu que cada uma fosse reconstruída e aprimorada no decorrer do processo. Também eram acrescentadas as novas RPQ que iam surgindo de modo que, ao final, tinha-se a totalidade das RPQ dos grupos de interesse que formavam os círculos.

2° Etapa: Exploração do Material – consiste basicamente na operação de Categorização, com base nos recortes do texto que representavam as US. São estabelecidas as regras de classificação e a forma de agregação das US.

Como medida de precaução para que o volume e a dispersão das informações não impossibilitassem a análise pelo excesso de dados, essa etapa partiu a princípio de Categorias Analíticas previamente estabelecidas com base nos objetivos do estudo: a Concepção de Integralidade no Contexto da APS, as Contribuições do Programa NASF quanto ao Princípio da Integralidade, os Aspectos Restritivos da Atuação do NASF quanto ao Princípio da Integralidade e as Expectativas dos Stakeholders para a Atuação do NASF quanto a Integralidade.

Consistiu no reagrupamento provisório de todas as RPQ aparentemente relacionadas com o mesmo conteúdo, de modo que um conjunto de RPQ com temas afins originaram determinadas Categorias Temáticas mais amplas. Por diversas vezes foi necessário o retorno ao dado bruto que originou a RPQ procurando um aprofundamento de seu significado.

Durante essa etapa, foram identificadas em relação a cada RPQ, as divergências e convergências, quando se procedeu a uma análise horizontal, comparando-se os dados de diferentes entrevistas. Nesse processo, esse reagrupamento foi refeito diversas vezes, de modo que cada Categoria Temática fosse delimitada conceitualmente de maneira mais clara.

3° Etapa: Tratamento dos Resultados, Inferência e Interpretação – a partir dos resultados expressos e categorizados, o avaliador analista propõe inferências e realizar interpretações previstas no seu quadro teórico em torno das dimensões teóricas sugeridas pela leitura do material.

Ao final dessa Etapa, prosseguiu-se com a organização e discussão dos resultados em forma de texto, explorando-se as Categorias Temáticas, com a devida codificação das US: designação da sequência dos Respondente (R1, R2...) e de sua fonte geradora (Grupo de Interesse: GESTÂO, NASF, ESF ou USU), precedida com o trecho da entrevista que a originou. Posteriormente, procedemos ao confronto de tais resultados com a literatura especializada sobre a temática em estudo.