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CAPÍTULO V DOS RECURSOS

REGULARIDADE FISCAL

G) ANÁLISE DAS PROPOSTAS

Posteriormente à fase de habilitação segue-se a fase de análise das propostas dos licitantes habilitados, na qual estas serão julgadas e classificadas em conformidade com os critérios e o tipo de licitação definidos no instrumento convocatório.

Na síntese de Carvalho Filho (2003), nesta fase, são verificados dois aspectos: “a razoabilidade dos preços” e “a compatibilidade das propostas com a exigências do edital”. Segundo Meirelles (2001), a conformidade das propostas com as exigências do edital deve ser quanto à forma e quanto ao conteúdo. O mesmo autor enumera algumas possibilidades de critérios para o julgamento das propostas – desde que a licitação não seja do tipo menor preço: qualidade, rendimento, preço, condições de pagamento e prazos.

Menor Preço

É o tipo de licitação mais utilizado. O critério de seleção da melhor proposta é tão-somente o econômico: a proposta mais vantajosa é a de valor mais baixo. O julgamento das propostas as categoriza em propostas classificadas ou desclassificadas.

Os motivos para desclassificação de uma proposta, conforme o art. 48 da Lei nº 8.666/1993, são:

- elaboração dissonante das exigências contidas no instrumento convocatório; - preços superiores ao limite estabelecido; e

- preços inexeqüíveis26.

Outro motivo é ainda elencado pelo art. 44, §3º, da mesma lei, que determina não seja admitida proposta com preços, globais ou unitários, “simbólicos, irrisórios ou de valor zero, incompatíveis com os preços dos insumos e salários de mercado, acrescidos dos respectivos encargos, ainda que o ato convocatório da licitação não tenha estabelecido limites mínimos, exceto quando se referirem a materiais e instalações de propriedade do próprio licitante, para os quais ele renuncie a parcela ou à totalidade da remuneração”.

Caso todas as propostas sejam desclassificadas, é permitido à Administração conceder aos licitantes habilitados prazo de oito dias úteis (para concorrência e tomada de preços; três dias úteis para convite) para reformulação de suas propostas e saneamento dos vícios apontados.

Melhor Técnica

O julgamento das propostas na licitação do tipo melhor técnica é realizado em duas etapas:

- na primeira, as propostas dos licitantes são valoradas em função dos critérios estabelecidos no instrumento convocatório; aquelas que não obtiverem uma pontuação mínima são desclassificadas.

- na segunda, denominada por Carvalho Filho (2003) de fase negociação, ao candidato que obteve a maior pontuação pelo critério técnico é oferecida a contratação pelo valor mais baixo dentre as propostas dos licitantes que atingiram a

26

A Lei nº 8.666/1993 define o termo “inexeqüibilidade”, no art. 48, inciso II, como “aqueles que não venham a ter demonstrada sua viabilidade através de documentação que comprove que os custos dos insumos são coerentes com os de mercado e que os coeficientes de produtividade são compatíveis com a execução do objeto do contrato, condições estas necessariamente especificadas no ato convocatório da licitação”. Em se tratando de obras ou serviços de engenharia, aplicam-se os parâmetros contidos no §1º do mesmo artigo: “Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo consideram-se manifestamente inexeqüíveis, no caso de licitações de menor preço para obras e serviços de engenharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores: a) média aritmética dos valores das propostas superiores a 50% (cinqüenta por cento) do valor orçado pela administração, ou b) valor orçado pela administração.

pontuação mínima. Se ele aceita reduzir seu preço até este valor, encerra-se a licitação; caso não haja acordo, chama-se o licitante com a segunda maior pontuação no critério técnico.

Carvalho Filho (2003, p.229) critica a disciplina legal deste critério de julgamento, assim como o tipo técnica e preço:

“Os tipos de melhor técnica e de técnica e preço foram tratados com rara infelicidade na lei, para não dizer com injustificável complexidade e insondáveis mistérios. [...] Ora, é evidente a incoerência desse tipo de processo, porque dificilmente o candidato de melhor técnica vai submeter- se a um preço oferecido por candidato de técnica inferior ...”

Técnica e Preço

A proposta vencedora é aquela que obtiver maior pontuação em uma média ponderada entre a valoração sob critério técnico e a valoração sob critério do preço, obtidas conforme os pesos estabelecidos no instrumento convocatório. Este tipo de licitação, todavia, é restrita a serviços de natureza predominantemente intelectual (tais como os enumerado exemplificativamente pelo texto da lei: projetos, cálculos, fiscalização, gerenciamento, etc.), sendo admitida, excepcionalmente, para fornecimento de bens, execução de obras ou prestação de serviços de grande vulto, dependentes de tecnologia sofisticada.

H) HOMOLOGAÇÃO

Segundo Carvalho Filho (2003), após a classificação das propostas pela comissão de licitação, o processo é encaminhado à autoridade superior – o ordenador de despesa ou seu delegado – para apreciação, sendo-lhe possíveis quatro posturas, as quais reproduzimos a seguir:

- determinar o retorno dos autos para a correção das irregularidades, se estas forem supríveis;

- invalidar o procedimento, total ou parcialmente, se eivado de vício insanável; - revogar a licitação por razões de ordem administrativa, com a observância do art. 49 da Lei nº 8.666/1993; ou

- homologar o ato da Comissão com o resultado final, assim atestando, tacitamente, a legalidade de todo o procedimento. Eis, nesta opção, a finalidade desta fase.

I) ADJUDICAÇÃO

Para Carvalho Filho (2003), é uma conseqüência jurídica da homologação. Em sua definição, a adjudicação é o “ato pelo qual a Administração, através de autoridade competente, atribui ao vencedor do certame a atividade (obra, serviço ou compra) que constitui o objeto da futura contratação”. Esclarece o autor, que tal concepção substitui a doutrina clássica segundo a qual a adjudicação seria o ato de resultado final da Comissão de Licitação e, assim, antecedente à homologação, exegese que não se coaduna com o texto da lei geral das licitações ante o disposto em seu art. 6º, inciso XVI e art. 43, inciso VI.

Ressalva-se, porém, que a posição de Carvalho Filho acerca da adjudicação como conseqüência da homologação decorre do seu entendimento de que, homologado o resultado final da licitação, exsurge para o licitante vencedor o direito líquido e certo à contratação. Argumenta: “Se toda a licitação e o resultado final foram homologados, a Administração está vinculada à prática da adjudicação e à celebração do negócio contratual”, pois “uma vez homologados o resultado e a própria licitação, presume-se que a Administração tem interesse na atividade a ser contratada”. Contradiz-se, entretanto, o autor, uma vez que assume que a homologação tem por objetivo atestar a licitude do procedimento, omitindo-se de comprovar a existência de qualquer juízo de valor quanto à conveniência e

oportunidade da contratação que pudesse estar implícito naquele ato, bem como de justificar sua classificação, da adjudicação, como procedimento vinculado. Para Meirelles (2001), a licitação é apenas um procedimento administrativo para selecionar uma proposta para futura contratação, não conferindo ao seu vencedor o direito à contratação, mas uma mera expectativa de direito. Ressalva, porém, corretamente, que “não fica a Administração obrigada a celebrar o contrato, mas, se o fizer, há de ser com o proponente vencedor”.

4.5.2 Concorrência

Art. 22 [...]

§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.

A concorrência é a modalidade de licitação obrigatória para a realização das aquisições e contratações de maior valor e, assim, aquela de publicidade mais ampla e maior formalidade. Neste mesmo sentido, permite a participação de quaisquer interessados que comprove possuir os requisitos fixados no edital, independentemente de inscrição prévia em registro cadastral. Eis a opinião consonante de Carvalho Filho (2003): “Duas são as características mais marcantes da concorrência. A primeira delas é o formalismo mais acentuado [...]. A segunda é a publicidade mais ampla”.

(Continua)

Figura 22 – Estrutura procedimental – Concorrência Menor Preço Fonte: Lei nº 8.666/1993

Abertura de Processo Administrativo

Autuação

Protocolo

Numeração

Designação da Comissão de Licitação

Elaboração do Edital . Art. 40

Edital original. Art. 40, §1º Projeto Básico. Art. 40, §2º, I

Projeto Executivo. Art. 40, §2º, I Orçamento em Planilhas. Art. 40, 2º, II

Elaboração do Contrato

Impugnação (até 5 dias antes da data de abertura da homologação). Art. 41, §1º Julgamento (até 3 dias após o

recurso). Art. 41, §1º Resposta ao recorrente (até 3 dias após o recurso). Art. 41, §1º

Qualquer cidadão

Impugnação (até 2 dias antes da data de abertura da homologação). Art. 41, §2º

Julgamento Resposta ao recorrente (até 3 dias após o recurso). Art. 41, §1º

Qualquer concorrente

Publicação. Art. 21, caput

Concorrência (empreitada integral, melhor técnica ou técnica e preço). Art.

21, §2º, I

Concorrência ou Tomada de Preços (melhor técnica ou técnica e preço). Art.

21, §2º, II

Modificação do Edital Republicação. Art. 21, §4º

A modificação não afeta a formulação das propostas. Art. 21, §4º

Art. 21, §3º

AUDIÊNCIA PÚBLICA