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Análise de regressão linear entre número de pontos e fundamentos

No documento Universidade Estadual de Londrina (páginas 61-68)

5 DISCUSSÃO

5.3.1 Análise de regressão linear entre número de pontos e fundamentos

O estudo 3 teve com objetivo identificar quais os fundamentos técnicos e ações do jogo predizem os pontos marcados. Para tanto foi utilizada uma análise de regressão linear múltipla considerando alguns dos fundamentos técnicos e ações do jogo sem as variáveis de arremesso (número de tentativas e porcentual de eficácia), apenas com as variáveis técnicas de arremesso e com todos os fundamentos e ações técnicas juntamente. Os fundamentos técnicos e ações do jogo, desconsiderando as variáveis relacionadas ao arremesso, foram capazes de predizer o número de pontos no jogo. Deste modo, estes indicadores técnicos e das ações do jogo também possuem grande importância para que maior pontuação possa ser realizada durante os jogos. Fizeram parte do modelo de predição da pontuação, no presente estudo, as seguintes variáveis: assistências, bolas perdidas, rebotes defensivos e faltas recebidas.

A assistência foi a primeira variável a entrar no modelo, demonstrando maior contribuição na predição dos pontos realizados pelas equipes. Este resultado já era esperado, pois esta variável está relacionada ao sucesso no jogo (LEITE 2003; GÓMEZ etal 2008; IBAÑEZ etal2008; SAMPAIO etal 2010) e só existe assistência quando ocorre um arremesso convertido, seja ele de quadra ou lances-livre. Por

tanto, equipes que tenha um grande número de assistências apresentam uma ótima condição para marcar pontos. Por este motivo é fundamental o treinamento de atletas tanto no desempenho dos fundamentos básicos (drible, passe e arremesso) quanto nos aspectos perceptivos de tomada de decisão tática no jogo. Desta forma, permitindo a realização de maior número de assistências para aumentar a chance de vitória no jogo.

As bolas perdidas apresentaram uma relação inversa com o número de pontos marcados. Curiosamente, esta variável contribuiu mais para o modelo de regressão linear múltipla do que os rebotes defensivos. Deste modo, ainda que as equipes tenham a posse de bola, deve-se tomar o cuidado para que a bola não seja perdida. Como uma perda de bola resulta na impossibilidade de uma equipe marcar pontos e, ao mesmo tempo, possibilita a equipe adversária esta possibilidade, a perda de bola foi uma variável que também contribuiu para a predição do número de pontos das equipes. Por conseguinte, é fundamental que técnicos procurem formar jogadores eficientes nos fundamentos técnicos e nas ações do jogo para que seja minimizada a ocorrência de número dos erros nos jogos.

Diversos autores têm atribuída grande importância aos rebotes defensivos no jogo (SAMPAIO, 1998; LEITE 2003; GÓMEZ et al., 2008; SAMPAIO et al., 2010; NAVARRO et al., 2009). Este fundamento garante mais posses de bola para uma equipe criar ainda mais situações para marcar pontos. Ademais, cada rebote defensivo adquirido, resulta em uma possibilidade a menos para a equipe adversária tentar marcar pontos. Portanto é de fundamental importância o treinamento adequado para aquisição dos rebotes. Os atletas devem ser capazes de desempenhar os fundamentos essenciais para o domínio desta técnica, como por exemplo o posicionamento apropriado do corpo para realizar o bloqueio de adversário e o tempo de bola para fazer a aquisição da bola.

As faltas recebidas também foram apontadas pelo modelo de regressão linear múltipla como fator que influencia nos pontos realizados. As faltas podem ser fator determinante no jogo, uma vez que possuem grande relação com o número de arremessos de lance livre que elas podem resultar. Ou seja, faltas cometidas durante a realização do arremesso, ou a partir da quinta falta de uma equipe, fornece o direito da equipe que sofreu a falta de desempenhar os arremessos de lance livre. Portanto, quanto mais faltas a equipe recebe mais oportunidade de arremesso ela terá. Por este motivo, seria importante que as equipes buscassem

realizar mais as infiltrações e que fossem mais agressivas nos ataques durante o jogo, fatores que podem permitir maior acesso aos lances-livre, o que proporcionaria mais oportunidade de marcar pontos.

5.3.2 Análise de regressão linear entre número de pontos e variáveis técnicas de arremessos

Para a análisa com somente as variáveis de arremesso o modelo foi composto pelas seguintes variáveis: percentual de arremessos de 2 pontos, percentual de arremesso de 3 pontos, arremessos de 2 pontos tentados, arremessos de 3 pontos tentados, lances-livres tentados e percentual de arremessos de lances- livres.

A primeira variável a compor o modelo foi o percentual dos arremessos de dois pontos. Este resultado era esperado, pois esta variável esta diretamente relacionada ao sucesso no basquetebol (SAMPAIO, 2006; 1998; GOMEZ etal, 2008). Como o arremesso de dois pontos é o arremesso mais realizado durante as partidas (OKAZAKI et al., 2004), ter maior percentual neste arremesso proporciona maior possibilidade de marcar pontos.

O percentual dos arremessos de 3 pontos apresentou menor contribuição no modelo de regressão linear múltipla quando comparados aos arremessos de 2 pontos. Isto pode ser explicado pela menor eficácia neste tipo de arremesso, além do fato deste arremesso também ser menos desempenhado durante a partida (OKAZAKI et al., 2004), mesmo tendo o beneficio fornecer um ponto extra por quando o arremesso é bem sucedido (SAMPAIO, 1998).

O percentual dos arremessos de lances-livres apresentou a menor contribuição para o modelo estatístico. Este tipo de arremesso, apesar de apresentar os maiores índices de eficácia, são pouco realizados durante as partidas quando comparado aos arremessos de 2 pontos, por exemplo (OKAZAKI et al., 2004). O que mais chamou a atenção foi o fato dos lances-livres tentados apresentarem maior peso quando comparado ao percentual de lances-livres. Isto foi explicado pelo fato da eficácia deste tipo de arremesso ser muito parecida nos jogos, independentemente da equipe que o realiza, fazendo com que o número de vezes que a equipe realiza os lances-livre contribua mais para a predição do número de pontos no jogo do que sua própria eficiência.

Para as variáveis relacionadas as tentativas de arremessos, observamos que os arremessos de 2 pontos tem maior contribuição no modelo estatístico quando comparados aos arremessos de 3 pontos ou de lances-livre. Alguns estudos de Ibañez etal (2009; 2008; 2007), sugerem que arremesso de 2 pontos são os mais realizado, passando 50% dos arremessos realizados durante uma partida, já os arremessos de 3 pontos são responsáveis por 15 a 20% dos arremessos em uma partida, enquanto os arremessos de lances-livre apresentam uma media superior aos 20% dos arremessos na partida. Portanto, as tentativas de arremesso de 2 pontos por serem os mais utilizado e o que fornece maior eficácia para marcar pontos. As tentativas de arremessos de 3 pontos, mesmo sendo a variável com menor participação em quantidade durante a partida, recebe maior importância pela quantidade de pontos que fornece à uma equipe quando o ponto é convertido. Lances-livres mesmo apresentando boa contribuição em relação aos arremessos totais realizados durante a partida não têm tanta contribuição no modelo estatístico pois a pontuação gerada pela conversão deste tipo de arremesso é mais baixa (apenas 1 ponto).

5.3.3 Análise de regressão linear entre número de pontos e fundamentos técnicos e ações do jogo

A análise de regressão linear múltipla, considerando um modelo em que todos os fundamentos técnicos e as ações do jogo foram incluídas, apresentou as seguintes variáveis com contribuição significativa para a predição do número de pontos: percentual de arremessos de 2 pontos, percentual dos arremessos de 3 pontos, rebotes ofensivos, bolas perdidas, percentual de arremessos de lances- livres, violação e arremessos de 3 pontos tentados. Por conseguinte, quando consideradas todas as variáveis analisadas, foi possível observar a entrada de mais fundamentos técnicos e ações do jogo não fizeram parte dos modelos anteriormente analisados.

A eficácia dos arremessos continuou sendo o fator determinante para a obtenção da pontuação. Em especial, a eficácia do arremesso de dois pontos continuou sendo ainda mais importante na predição do número de pontos (SAMPAIO, 2006; 1998; GOMEZ etal, 2008) do que a eficácia do arremesso de três pontos. Tal fator corrobora com as explicações fornecidas anteriormente nas quais afirmamos que os arremessos de 2 pontos são mais utilizados e mais eficientes que

os de 3 pontos. E a eficácia no arremesso de 3 pontos garante um ponto extra em cada posse de bola em que é convertida.

Um resultado interessante foi verificado quando o rebote ofensivo demonstrou maior contribuição no modelo do que o rebote defensivo verificado na primeira análise de regressão linear múltipla realizada. Possivelmente, quando analisadas todas as variáveis do estudo, o rebote ofensivo tenha apresentado maior dependência com a eficácia de arremesso do que o rebote defensivo. Pois, quando o rebote ofensivo é adquirido, a equipe já possui a chance de realizar novamente outro arremesso. Em algumas situações, por exemplo, o rebote já acontece próximo à cesta, de tal forma que, o jogador já possui um bom posicionamento para realizar um arremesso com maior probabilidade de acerto. Ao passo que, quando um rebote defensivo é adquirido, uma nova ação ofensiva deve ser estruturada, não garantindo assim, necessariamente, uma maior probabilidade de eficácia para o arremesso.

As bolas perdidas também fizeram parte deste modelo, igualmente ao modelo anterior ela contribui de maneira negativa. Para este modelo a variável violação faz parte do modelo, e por se caracterizar por uma situação em que a equipe perde a oportunidade de tentar uma arremesso ela também contribui de maneira negativa. Por conseguinte, além da equipe que perde a bola não ter a oportunidade de marcar seus pontos no ataque, ainda permite ao adversário esta oportunidade. Esta variável provavelmente não apareceu nas análises estatísticas anteriores por ser uma variável com pequena frequência absoluta nos jogos. Todavia, quando analisada no contexto geral do jogo, contemplando todas as variáveis de análise propostas no estudo, o modelo estatístico apresentou a contribuição desta variável para a pontuação da equipe.

O percentual de arremessos de lances-livre também fez parte do modelo estatístico quando foram analisadas somente as variáveis relacionadas ao arremesso. No presente modelo, a maior contribuição desta variável foi explicada pelo fato de que a melhor eficácia neste tipo de arremesso também permite melhor pontuação no jogo. Portanto, por representar aproximadamente 20 a 30 por cento dos arremessos do jogo (IBAÑES etal, 2009; 2008; 2007), garantir um ótimo aproveitamento neste tipo de arremesso será fundamental para obtenção de mais pontos durante o jogo.

Dentre as variáveis de arremessos tentados, a única variável que apareceu foi o arremesso de 3 pontos. Esta variável entrou no modelo apresentando contribuição

negativa. Por conseguinte, aparentemente, o grande número de arremessos realizados para de 3 pontos por uma equipe pode comprometer sua possibilidade de obter mais pontos. Isto pode ser explicado pela menor eficácia nos arremessos de 3 pontos em comparação aos arremessos de 2 pontos e de lance-livre (OKAZAKI et al., 2004). O arremesso de 3 pontos exige um alto nível de precisão, o que dificulta a sua conversão em cesta. Desta forma, as equipes devem buscar situações que privilegiem os arremessos mais próximos à cesta, deixando os arremessos de 3 pontos para os jogadores especialistas neste fundamento e para situações especificas no jogo.

5.3.4 Análise de regressão linear entre número de pontos e fundamentos técnicos e ações do jogo em função das dinâmicas do jogo.

Quando analisadas a predição da pontuação em função da classificação dos jogos foram verificados os seguintes modelos estatísticos: (a) jogos Desequilibrados: percentual dos arremessos de 2 pontos, percentual dos arremessos de 3 pontos, bolas perdidas, rebotes ofensivos, percentual dos arremessos de lances-livre, violações, rebotes defensivos e lances-livres tentados; (b) jogos Equilibrados: percentual os arremessos de 2 pontos, percentual dos arremessos de 3 pontos, rebotes ofensivos, bolas perdidas e violações; (c) jogos Muito Equilibrados: percentual dos arremessos de 2 pontos, percentual dos arremessos de 3 pontos e rebotes ofensivos.

Na categoria jogos Desequilibrados foi observado que o aproveitamento nos arremessos de quadra (arremessos de 2 e de 3 pontos) são as variáveis com maior contribuição para o modelo estatístico. O número de bolas perdidas também contribuiu para o modelo. Deste modo, um dos fatores que parece distinguir os jogos desequilibrados é o fato de uma das equipes cometer ações durante o jogo que resultem na perda das bolas (bolas perdidas e violações) para as equipes adversárias. Deste modo, gerando a possibilidade da equipe que adquire novamente D EROD UHDOL]D R µURXER GH EROD¶  WHQKD D RSRUWXQLGDGH GH DXPHQWDU DLQGD PDLV D diferença de pontos entre as equipes. A falha das equipes mais fracas em realizar corretamente a técnica de rebote defensivo, parece favorecer as equipes mais fortes em adquirir mais rebotes ofensivos. Como a aquisição de mais rebotes ofensivos permite novas realizações de arremessos, isto levaria à maior possibilidade de pontuação. Possivelmente, as equipes mais fracas também realizam menor número

de arremessos de lances-livre que as equipes mais fortes. Isto ocorre porque as equipes mais fracas cometem mais faltas, em função de um preparo técnico-tático inferior à equipe adversária, resultando em maior número de arremessos de lances- livre.

Nos jogos Muito Equilibrados, a maioria das variáveis analisadas de fundamentos técnicos e ações do jogo não fazerem parte do modelo estatístico. Isto reforça a idéia de que, nesta categoria de jogos, são apenas os pequenos detalhes que definem o resultado da partida. Em especial, a eficácia nos arremessos (2 e 3 pontos) e a possibilidade de evitar o adversário de marcar pontos e, ao mesmo tempo, ter nova oportunidade de arremessar com os rebotes defensivos, seriam os principais fatores para a predição dos pontos das equipes. Deste modo, todas as demais variáveis analisadas possuiriam um comportamento muito próximo entre as equipes.

Em resumo, a predição do número de pontos para os jogos Desequilibrados deve levar em consideração mais variáveis dos fundamentos técnicos e das ações do jogo, pois nesta categoria de jogos parece haver grande distinção entre as equipes em quase todas as variáveis analisadas no jogo. Por outro lado, nos jogos Equilibrados, esta distinção entre as equipes ocorre apenas em poucos indicadores do jogo. Ao passo que, nos jogos Muito Equilibrados, a eficácia nos arremessos de 2 e de 3 pontos, associada ao maior número de rebotes defensivos seriam os principais fatores relacionados ao maior número de pontos obtidos nos jogos.

6 Conclusão

No documento Universidade Estadual de Londrina (páginas 61-68)

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