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5. BASE DE DADOS

5.1 Análise Descritiva das Variáveis

Inicialmente as informações dos Censos Demográficos foram agrupadas em AMC, seguindo a metodologia sugerida por Reis et. all (2011). Assim, os municípios do Nordeste foram agrupados em 1452 AMC. Já antevendo os problemas para a estimação com a matriz de vizinhança, a AMC de Fernando de Noronha foi excluída da análise, pois se constitui em uma ilha sem vizinhos contíguos.

Tabela 2 - Áreas Mínimas Comparáveis por estado.

Estado MA PI CE RN PB

AMC 74 84 95 118 152

Estado PE AL SE BA Total

AMC 167 168 178 415 1451

Realizada a análise descritiva das variáveis, percebe-se que a taxa média de crescimento da produtividade20, da região nordestina, foi de 2,11, no período de 1991 a 2010. Esta taxa foi menor no período de 1991 a 2000, de 1,3, enquanto no período de 2000 a 2010 o crescimento médio da produtividade foi de 1,67. Apesar disto, os pontos de máximo demonstram que alguns municípios atingiram elevadas taxas de crescimento nos períodos analisados.

Tabela 3 - Estatística Descritiva das taxas de crescimento da produtividade.

Período Mínimo Média Mediana Máximo DP 1991-2000 0,1844 1,3 1,252 4,107 0,396

2000-2010 0,3148 1,67 1,635 4,642 0,412

1991-2010 0,2639 2,113 2,033 5,65 0,656

DP: Desvio Padrão

Fonte: Elaborado pelo autor com base nas informações dos Censos de 1991,2000 e 2010.

Sabendo-se da heterogeneidade na composição dos municípios e mesorregiões nordestinas, a Tabela 4 traz os valores médios do crescimento da produtividade por estados.

Tabela 4 - Taxa de crescimento por estado.

Período MA PI CE RN PB PE AL SE BA 1991-2000 1,261 1,223 1,362 1,413 1,49 1,236 1,357 1,247 1,202

2000-2010 1,782 1,765 1,714 1,674 1,679 1,62 1,659 1,698 1,609

1991-2010 2,203 2,112 2,294 2,269 2,46 1,949 2,155 2,086 1,871

Fonte: Elaborado pelo autor com base nas informações dos Censos de 1991,2000 e 2010.

Nesta tabela, foi inserida uma escala de cor para destacar, em tom mais escuro, as maiores taxas médias de crescimento por período. Fica claro que, nos três períodos o estado da Bahia apresentou as menores taxas médias de crescimento da produtividade. Na outra ponta, há um destaque do estado da Paraíba nos períodos entre 1991 e 2000, e de 1991 a 2010. No período de 2000 a 2010 o estado paraibano fica em uma posição intermediária de crescimento médio por município. Neste período as maiores taxas de crescimento médio foram as dos estados do Maranhão e do Piauí.

Entretanto a taxa de crescimento por Estados não é suficiente para cobrir toda a heterogeneidade de crescimento encontrada entre os municípios da região. Uma melhor demonstração desta heterogeneidade pode ser vista na Figura 4 a seguir.

20 As taxas de crescimento estão representadas na forma de razão entre a produtividade final em relação a inicial:

Figura 4 - Taxa de crescimento por AMC

Fonte: elaborado pelo autor.

Apesar do destaque dado aos Estados anteriormente, as taxas de crescimento variam entre os municípios. De fato os tons mais claros que correspondem as menores taxas de crescimento, se concentram na parte sul da região Nordeste. A metade sul da região Nordeste é a localização do estado da Bahia, citado anteriormente como o de menor taxa de crescimento nos períodos selecionados. Observando os tons mais escuros para as maiores taxas de crescimento, na primeira década estes se concentraram na região centro-nordeste. Na segunda década há uma maior distribuição destas regiões, inclusive deslocando-se para o oeste da região. Para o período como um todo o que se tem é uma combinação das duas dinâmicas anteriores.

A variável que indicará a convergência, ou não, da produtividade, será dada pela produtividade inicial21 destes períodos. A Tabela 5 traz estas produtividades médias por período. Estes valores estão em termos por hora. Assim, percebe-se que a produtividade média dos municípios pouco mudou entre 1991 e 2000, enquanto ela dá um salto em 2010 de quase o dobro do que era em 1991.

21 Esta sendo considerada produtividade, a remuneração dividida pelas horas trabalhadas/mês na ocupação

Tabela 5 - Produtividade média inicial.

Ano Mínimo Média Mediana Máximo DP 1991 3,54 12,45 11,63 89,76 4,921

2000 7,098 15,11 14,4 53,03 3,938

2010 12,73 24,45 23,15 70,92 6,188

Fonte: Elaborado pelo autor com base nas informações dos Censos de 1991,2000 e 2010.

Mais uma vez, em função da heterogeneidade das regiões e diferenças institucionais entre os estados, a Tabela 6 traz as produtividades iniciais por Estado em cada um dos períodos. As informações da Tabela 6, quando analisada em conjunto da Tabela 4, ajuda a dar uma intuição do comportamento de convergência no que diz respeito a taxa de produtividade.

Tabela 6 - Produtividade média inicial por UF.

Período MA PI CE RN PB PE AL SE BA 1991 12,739 11,95 10,161 11,093 10,228 13,487 12,452 12,762 14,378

2000 15,263 13,58 13,224 14,895 14,091 16,187 16,045 15,447 15,96

2010 26,697 23,085 22,246 24,083 22,986 25,26 25,663 25,668 24,949

Fonte: Elaborado pelo autor com base nas informações dos Censos de 1991,2000 e 2010.

Dentre os que apresentaram maiores valores, estão os estados da Bahia, Pernambuco, Sergipe, Alagoas e Maranhão. Enquanto os de menores produtividades foram Ceará e Paraíba. Não por acaso, estes dois últimos estavam entre os de maior taxa média de crescimento da produtividade, insinuando um comportamento convergente. A intuição é que regiões com menor produtividade inicial cresceriam mais rapidamente do que as de maior produtividade, pois estariam mais distantes de seu estado estacionário.

Outra forma de visualizar este fato está exposta na Figura 5, que apresenta as produtividades iniciais, já logaritimizadas e em AMC. Os tons mais próximos do vermelho representam os níveis mais altos de produtividade, enquanto os tons azulados representam menores níveis de produtividade.

Figura 5 - Produtividade média inicial por AMC.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados dos Censos Demográficos.

A primeira impressão dos cartogramas é a de que os valores médios da produtividade por Estado não são tão perceptíveis a respeito do efeito espacial quanto ao o nível da AMC. As informações da Tabela 6 indicavam os estados do Ceará e da Paraíba com menores níveis de produtividade ao longo dos anos. A representação da Figura 5 reafirma esta característica indicada pela Tabela 6, com uma concentração dos níveis mais baixos de produtividade em municípios do centro-norte, onde se localizam Ceará e Paraíba. Entretanto, apesar de certa resiliência das áreas com menor e maior produtividade, os diferentes níveis de produtividade se distribuem por toda a região Nordeste.

Analisando os fatores que devem condicionar os diferentes níveis de estado estacionário, a Tabela 7 traz os valores médios das variáveis utilizadas para controlar os efeitos do capital humano. De forma geral, a baixa qualificação da mão-de-obra disponível na região fica evidenciada pela proporção da população economicamente ativa com ensino médio e a taxa de analfabetismo que são inversamente proporcionais.

Tabela 7 - Variáveis de qualificação do Capital Humano.

Variável Mínimo Média Mediana Máximo DP EMedio1991 0 0,113 0,109 0,343 0,049

EMedio2000 0,023 0,153 0,151 0,333 0,047

Analf1991 0,0949 0,483 0,4927 0,79578 0,0994

Analf2000 0,0592 0,3451 0,3499 0,5536 0,0807

DP: Desvio Padrão

Fonte: Elaborado pelo autor com base nas informações dos Censos de 1991,2000 e 2010.

Conforme demonstrado na Tabela 7, em 1991 chegou a haver municípios onde não havia população economicamente ativa com o ensino médio completo. Em 2000, apesar de haver um incremento na taxa média desta população, de 11% para 15%, as taxas máximas permaneceram muito próximas, apresentando inclusive uma diminuição de 34% para 33%. Ao que tudo indica houve uma melhora na qualificação básica da população economicamente ativa, informação que pode ser verificada pela diminuição na proporção de analfabetos. Atingindo uma taxa média de 34% em 2000, ante uma taxa de 48% em 1991. Cabe destaque também a melhora das taxas extremas, onde a máxima de analfabetos caiu de 79% em 1991 para 55%, e mesmo a taxa mínima de 2000 ficou mais próxima de um nível de erradicação do analfabetismo.

Estes controles para o capital humano têm importância, pois como citado no modelo expandido de Mankiw, Romer e Weil (1992), as variações no nível de qualificação da mão- de-obra terão implicações em sua produtividade futura. Assim, o baixo nível de qualificação apresentada nos anos de 1991 e em 2000, deve limitar o nível estacionário a ser atingido por cada uma das economias formadas pelas AMC.

Observando a distribuição da proporção da população economicamente ativa com ensino médio e de analfabetos, verifica-se dois comportamentos. O primeiro é que em 1991 os municípios com maior proporção da PEA com ensino médio se concentrava mais ao interior da região. Em termos de analfabetismo as maiores proporções se encontravam em municípios próximos do litoral, embora não pareça ser uma característica fortemente regionalizada.

Figura 6 - Proporção da PEA com Ensino Médio Completo anos de 1991 e 2000.

Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 7 - Proporção de Analfabetos da PEA para os anos de 1991 e 2000.

Outro fator que pode atuar como um limitador ou um impulsionador do crescimento são as características do município que aqui estão resumidas na taxa de urbanização e no tamanho da população. O controle destas informações busca extrair os ganhos de aglomeração e do tamanho do mercado potencial. Na região Nordeste se encontravam municípios com uma população urbana de apenas 2% em 1991 e de 6% em 2000, e nos mesmos períodos seria possível encontrar municípios totalmente urbanizados. O mesmo comportamento é perceptível no tamanho da população que oscila de algo em torno de mil habitantes a dois milhões.

Tabela 8 - Variáveis sobre a estrutura do município.

Variável Mínimo Média Mediana Máximo DP Urb1991 0,0223 0,4291 0,3962 1 0,199

Urb2000 0,0669 0,5169 0,4996 1 0,196

LnPop1991 7,134 9,659 9,603 14,546 0,9139

LnPop2000 7,176 9,73 9,675 14,709 0,9412

DP: Desvio Padrão

Fonte: Elaborado pelo autor com base nas informações dos Censos de 1991,2000 e 2010.

Na Tabela 8 estão expostas as informações médias da amostra no que diz respeito à estrutura do município. Em 1991, a média de urbanização dos municípios era de 42%, em 2000 esta taxa cresce para 51%, seguindo o comportamento comum de urbanização da sociedade. Em relação à população média dos municípios, ela apresentou um crescimento de 7% entre 1991 e 2000. A população média dos municípios, que na Tabela 8 esta representada em termos de logaritmo natural, foi de 15 mil habitantes em 1991 e de 16 mil em 2000.

Por fim, são expostos os dados da estrutura produtiva dos municípios, a proporção de trabalhadores no setor industrial, no setor de serviços e do coeficiente de Gini da ocupação principal. Estas informações estão resumidas na Tabela 9 a seguir e mostram que a participação média de trabalhadores no setor industrial, diminuiu entre 1991 e 2000. Além disto, o setor de serviços é dominante no contingente de trabalhadores e teve um aumento da proporção destes trabalhadores em 2000. No grau de concentração dos rendimentos da ocupação principal, medido pelo coeficiente de Gini, mostrou elevada concentração.

Tabela 9 – Variáveis da estrutura produtiva do município.

Variável Mínimo Média Mediana Máximo DP Indus1991 0,0368 0,2728 0,2637 0,9469 0,094 Indus2000 0,008 0,1562 0,1486 0,5204 0,055 Serv1991 0,1025 0,4066 0,4101 0,7112 0,0734 Serv2000 0,2539 0,6409 0,6497 0,9618 0,0848 Gini1991 0,7895 0,856 0,855 0,9745 0,0245 Gini2000 0,7879 0,8852 0,8871 0,9637 0,0277 DP: Desvio Padrão

Fonte: Elaborado pelo autor com base nas informações dos Censos de 1991,2000 e 2010.

A taxa média de trabalhadores no setor industrial em 1991 alcançava 27% e caiu para 15% em 2000. Este movimento está atrelado com a abertura econômica e o processo de estabilização da economia brasileira. Durante este processo houve a desindustrialização da economia nordestina (VERGOLINO et. al., 2008). A proporção de trabalhadores no setor de serviços acompanhou o movimento ocorrido ao longo de todo o país a partir dos anos 2000 e apresentou um significativo aumento. O número de trabalhadores no setor de serviços da região era em média de 40% em 1991 e chegou a 64% da população economicamente ativa em 2000. Em relação ao coeficiente de Gini, da ocupação principal a média de 1991 foi em média de 0,85, o que já é considerado uma renda concentrada. Apesar disto, em 2000 chegou a um nível médio ainda mais elevado, atingindo 0,88. Em grande parte, o aumento da concentração da renda da ocupação principal pode ser creditado ao período de estabilização na década de 1990.

Este comportamento pode ser verificado pela Figura 8, onde em tons mais escuros estão os municípios com maior participação de trabalhadores no setor industrial. O primeiro mapa traz os dados para o ano de 1991, estes tons mais escuros estão concentrados nas regiões litorâneas e interior da Bahia. Em 2000, percebe-se uma interiorização destes tons mais escuros.

Figura 8 - Proporção de trabalhadores no setor industrial para os anos de 1991 e 2000.

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