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5 ESTUDOS DE CASO

5.2 Cooperativa ALFA

5.2.3 Análise dinâmica do capital de giro

O crescimento das cooperativas agropecuárias, sobretudo pelo aumento da escala de suas operações, tem exigido a busca constante de recursos para financiar essa expansão.

Isso implica tomar continuamente decisões sobre financiamento, e essas decisões afetam diretamente a saúde financeira dessas organizações, à medida que produzem um risco financeiro maior.

Portanto é relevante investigar como a Cooperativa ALFA financiou suas necessidades líquidas de capital de giro, e, nesse caso, optou-se pelo modelo dinâmico de análise financeira.

O Quadro 4 apresenta os valores das principais variáveis que fazem parte do modelo dinâmico de análise financeira para a Cooperativa ALFA:

QUADRO 4 – Análise dinâmica do capital de giro da Cooperativa ALFA

(Valores em R$ mil)

Fonte: Elaborado pelo autor

A NLCDG – Necessidade Líquida de Capital de Giro é o elemento fundamental para se avaliar a situação financeira das cooperativas. O seu valor revela o montante necessário de recursos para manter o giro dos negócios.

No caso da Cooperativa ALFA, em todos os anos do período analisado, a necessidade líquida de capital de giro apresentou valor positivo e crescente. Em relação a 1999, essa demanda por capital de giro aumentou 113,56%, em grande parte, devido ao aumento das receitas da cooperativa que cresceram nesse mesmo período 94,80%.

A conta estoque representava 13% dos ativos circulantes em 1999, passando a representar 22,54% desse grupo em 2002, portanto houve um aumento de participação de 73,38%. O mesmo ocorreu com a conta valores a receber, em 1999 sua participação no capital de giro que era de 8,24%, aumenta para 17,93% no ano 2002, ou seja, uma expansão de 117,60%.

Por outro lado, os fornecedores espontâneos de capital, nesse caso representado principalmente pelos fornecedores, detinham uma participação de 2,30% em 1999 e, em 2002, essa participação caiu para 2,22%.

VARIÁVEIS FÓRMULA UN. 1999 2000 2001 2002 Necessidade líquida - NLCDG ACO-P CO $ 413.788 413.175 580.123 883.684 Tesouraria ACF-PCF $ -193.043 -199.596 -240.975 -392.846 Longo prazo ELP-RLP $ -32.728 6.027 27.987 82.005 Capital de giro próprio PL-AP $ 253.473 207.552 311.161 408.833 Termômetro – TSF T/NLCDG % -47 -48 -42 -44

O aumento expressivo da necessidade líquida de capital de giro da Cooperativa ALFA, no período 1999 – 2002, exigiu a busca de recursos de terceiros de curto prazo para financiar o ciclo financeiro. Essa situação é demonstrada pelos valores da variável T – Tesouraria.

Essa variável identifica o grau de utilização de recursos de terceiros de curto prazo para financiar as necessidades líquidas de capital de giro da cooperativa. Se o saldo for positivo, significará que a cooperativa possui uma folga financeira, ou seja, possui recursos financeiros aplicados em curto prazo, caso contrário, sendo o saldo negativo, significará que recursos financeiros de curto prazo estão financiando as atividades operacionais da cooperativa.

No caso da Cooperativa ALFA, os valores apurados para o período analisado foram sempre negativos, apresentando, em 2002, uma expansão de 103,50% em relação a 1999.

A cooperativa ALFA também utilizou recursos de terceiros de longo prazo para financiar suas necessidades líquidas de capital de giro, especificamente nos três últimos anos do período analisado. Esse financiamento é mensurado pela variável LP – Longo Prazo.

A variável LP relaciona a conta exigível a longo prazo cuja presença na estrutura financeira da empresa revela a existência de fontes de recursos de terceiros de longo prazo e a conta realizável a longo prazo que representa os investimentos cuja recuperação ocorre também em longo prazo.

A variável CDGP – Capital de Giro Próprio, determina o volume de recursos próprios gerados e disponíveis para financiar as aplicações da cooperativa. O capital de giro próprio depende do comportamento das contas do patrimônio líquido e do ativo permanente.

Dentre as atividades que reduzem o capital de giro próprio podem-se citar as perdas, as aquisições de ativos, os investimentos em outros negócios, os gastos pré-operacionais e a distribuição de lucros.

As atividades que aumentam o capital de giro próprio são as sobras, as vendas de bens do ativo permanente, a capitalização de recursos por parte dos cooperados e as contas retificativas de depreciação, amortização e exaustão.

Quando essa conta apresenta um saldo positivo, significa que a cooperativa financiou a totalidade do seu ativo permanente com recursos próprios e ainda dispõe de uma parcela desses recursos para financiar as necessidades líquidas de capital de giro, em caso contrário, quando o saldo é negativo, significa que o processo de imobilização da organização consumiu totalmente os recursos próprios e que ela ainda necessitou de recursos de terceiros para completar o seu financiamento.

A cooperativa ALFA, em todos os anos do período analisado, foi capaz de gerar recursos próprios suficientes (autofinanciamento) para viabilizar seu processo de imobilização (verticalização), mas não conseguiu fazer o mesmo com o financiamento das suas necessidades líquidas de capital de giro.

A forma como a cooperativa ALFA financiou suas necessidades líquidas de capital de giro pode ser identificada pelo cálculo do TSF (Termômetro da Situação Financeira). Esse índice revela a participação dos recursos financeiros de curto prazo (tesouraria) no financiamento das necessidades líquidas de capital de giro da cooperativa.

Deve-se analisar a magnitude da tesouraria negativa em relação às necessidades de capital de giro e principalmente sua tendência ao longo do tempo, uma vez que a persistência desse tipo de financiamento pode conduzir a uma situação de completo desequilíbrio financeiro.

No caso da Cooperativa ALFA, o valor do TSF é negativo, ou seja, demonstra a utilização de recursos de terceiros de curto prazo, mas, ao mesmo tempo, é decrescente ao longo dos anos, não implicando em maiores riscos financeiros para a cooperativa.