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ANÁLISE E DISCUSSÃO GERAL DOS RESULTADOS

Neste capítulo, serão retomados os resultados dos dados para análise geral, a fim de comparar os dados dos dois grupos, fase inicial e final do curso de Letras: os perfis psicossociolinguísticos dos universitários; as dificuldades quanto à leitura e escrita acadêmicas; a frequência diária que conseguem se dedicar aos estudos e, por último, ressaltar quais as disciplinas (licenciatura e bacharelado) tem como objeto de ensino a leitura e a escrita.

Com base no objetivo geral da pesquisa que era investigar o letramento na esfera acadêmica, a partir das práticas de leitura e produção textual das disciplinas ofertadas pela grade curricular, procurou-se compreender a leitura e a escrita na esfera acadêmica. Para isso, foram controladas as variáveis curso e turno para aplicação do questionário.

A maioria dos estudantes tem idade média de 18 a 25 no curso da 1ª fase (Secretariado Executivo), já nas últimas fases (Letras Língua Portuguesa e Literaturas), os estudantes têm em média de 25 a 40 anos. Quanto ao perfil socioeconômico, os dados mostraram que metade dos estudantes de primeira fase tem renda familiar de até três salários mínimos (50%), e que a outra metade (50%) possui renda acima de três salários mínimos. Os estudantes das últimas fases igualmente mostraram a mesma porcentagem (50%) com renda familiar até três salários mínimos e os demais com renda familiar acima de até três salários mínimos. Além disso, 67% dos universitários do curso da 1ª fase trabalhavam e 33% não trabalhava, já nas últimas fases, 71% dos estudantes trabalhavam e 29% não. Conforme a distribuição do Quadro 11.

Quadro 11: Distribuição comparativa do número de alunos que trabalham 1ª fase Secretariado Últimas fases Letras-Português Total $ Trabalha e estuda 4 6 10 71% Só trabalha 2 2 4 29% 100 Fonte: Elaborado pela autora

Os dados mostram que o tempo para dedicação aos estudos foi pouco, para a maioria, pois muitos estudantes trabalham, porém foi relevante saber quais eram os hábitos de leitura dos estudantes em relação à leitura de lazer, pois estas práticas poderiam auxiliar nas leituras

acadêmicas. Observou-se que a leitura de lazer se distanciava dos gêneros do tipo textual argumentativo/dissertativo, considerado pela maioria dos estudantes como gêneros de difícil compreensão; fora do contexto universitário, a maioria dos estudantes gostava do tipo narrativo.

Conforme os Quadros (12) e (13), seguem relatos dos dois grupos de estudantes quanto às preferências por determinados gêneros textuais na leitura de lazer.

Quadro 12: Distribuição da preferência dos gêneros textuais e a frequência de leitura de lazer dos estudantes de 1ª fase.

Secretariado Executivo (Noturno) Alunos Gosta de

ler?

Gêneros textuais Frequência de leitura

semanal

Interesse pelo gênero

Part. 1 Sim Ficção científica, distopia, investigação policial, história e direito.

Todos os dias

X

Part. 2 Não X Nenhuma X

Part. 3 Sim Livros de aventuras e ultimamente muitos artigos.

2 a 3 vezes por semana

Porque prende a minha atenção e me envolvo na história. Artigo por causa da faculdade.

Part. 4 Sim Ficção científica, drama e HQ's 2 a 3 vezes por semana

Gosto de me perder dentro dos enredos Part. 5 Sim Romance, aventura, ficção,

história, clássicos, autobiografias.

1 a 2 vezes por semana.

Não vou pelo gênero, e sim pela crítica acerca da obra.

Part. 6 Não X Nenhuma X

Fonte: Elaborado pela autora

Foi possível destacar, no Quadro 12, que os alunos da primeira fase optaram por narrativas de variados gêneros. O participante 3 (P3) afirmou que, ultimamente , vinha lendo o gênero artigo devido às demandas acadêmicas; o participante 5 (P5) gostava de ler autobiografias, gênero que também é ofertado na grade curricular, muito frequente, nas disciplinas relacionadas aos estudos literários. Ainda, o P6, mesmo afirmando que não gostava de ler, respondeu que lia textos religiosos: “Artigos em jornais católicos, sites, textos bíblicos”. A partir disso, não foi possível afirmar se é leitura de lazer ou leitura obrigatória no caso deste participante.

O Quadro 13, a seguir, apresenta a leitura de lazer dos estudantes de últimas fases. Foi possível perceber que , mesmo ao longo do curso, os alunos leem gêneros textuais acadêmicos em seus momentos de lazer devido a necessidade de acompanhar as demandas das disciplinas. À medida que pode experienciar com mais frequência a leitura destes textos, houve um aumento no repertório destas vivências. O efeito pode ser percebido nas práticas de fluência da leitura e na produção escrita.

Quadro 13: Distribuição da preferência dos gêneros textuais e a frequência de leitura de lazer dos estudantes de últimas fases.

Letras língua Portuguesa e Literaturas (noturno)

Alunos

Gêneros textuais Frequência de leitura semanal

Interesse pelo gênero Part. 1 Ficção científica, poesia e romance,

porque são mais tranquilos, leitura por prazer.

Geralmente são mais tranquilos, leitura por prazer.

Part. 2

Romance, Conto, Novela, Noveleta,

Resenhas e Artigo. Todos os dias

Esses gêneros literários porque permitem trabalhar a linguagem em formatos diferentes. Artigos acadêmicos para adquirir conhecimentos mais refinados sobre determinados assuntos

Part. 3

Suspense e policial. Obs.: devido a graduação minha frequência de leitura diminui muito, quando tenho

tempo leio diariamente.

2 a 3 vezes por semana

Gosto de mistérios e de suspense, de tentar descobrir o final, desvendar os enigmas. Não gosto de respostas prontas e finais óbvios, por isso esses gêneros me interessam, pois não acontecem dessa forma.

Part. 4 Literatura, geralmente romances. Às vezes contos e crônicas, e poesia é o

que leio com menos frequência. Também leio ensaios teóricos.

Todos os dias

A literatura por prazer, pelo entretenimento e pela amplitude do conhecimento de mundo. Os textos teóricos para estudo da faculdade. Part. 5

Suspense, thriller, drama, investigação policial.

3 a 4vezes por semana

Por criar um ambiente fantástico (ver conceito de Dostoievski) e por instigar a relação de ideias e detalhes através do enigma

Part. 6 Poema, Romance, Conto, Artigo,

sobre História. Todos os dias

Literários, em função do curso. Temas históricos, porque amo História.

Part. 7

Romance, crônicas e poesias. 1 a 2 vezes por semana.

Não creio que haja algum motivo específico, as coisas só foram acontecendo assim.

Part. 8

Textos informativos, artigos científicos, contos., romances,

crônica...

Todos os dias

Leio de tudo, porque me instruo e me divirto. Além disso, que espécie de professora de literatura eu seria se não gostasse de ler! Adoro ler e quero transmitir essa paixão a meus futuros alunos

Nas últimas fases, os alunos já estão mais habituados às leituras de gêneros mais complexos. Os dados apresentados no Quadro 13 mostraram que esses alunos são mais receptivos quanto a esse tipo de leitura do que os alunos da 1ª fase, pois os gêneros mais complexos foram novidade. De acordo com os gêneros textuais citados como de difícil complexidade pelos estudantes (artigo, resenha, ensaio e poema), os estudantes das fases finais relataram ler esses gêneros como leitura por prazer.

Embora esses gêneros tenham se tornado práticas de leitura destes estudantes, ainda houve dificuldade quanto a compreensão da produção escrita destes gêneros. À medida que o aluno avança em suas leituras de textos mais complexos, o processamento em leitura pode atingir níveis de maior complexidade: interpretar, relacionar ou inferir a partir dos elementos textuais. Considerando esta questão o participante 8 afirmou: “que espécie de professora de literatura eu seria se não gostasse de ler! Adoro ler e quero transmitir essa paixão a meus futuros alunos”. Acrescentou também que era responsabilidade dela a formação técnica, pois se desejasse dar aulas de literatura seria necessário buscar não só conhecimento, mas ensinar a gostar de ler.

A questão abordada não se referiu somente ao hábito de ler, mas de compreender a importância da leitura no processo de formação pessoal e profissional viabilizando caminhos e bagagens de leituras que enriqueçam e viabilizem a intertextualidade e diferentes eventos de letramento nos quais os estudantes estão inseridos. Em relação ao desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita destes estudantes, a análise que se segue buscou mostrar quais as dificuldades e facilidades em relação à leitura dos gêneros textuais da esfera acadêmica e qual a frequência de leituras que eles se dedicam fora da sala de aula conforme quadro 14 a seguir.

Foi possível perceber que mesmo depois de anos em contato com os gêneros de maior complexidade, ainda são perceptíveis as dificuldades relacionadas à construção de criticidade.

Quadro 14: Comparativo entre as duas turmas em relação à dificuldade e facilidade de compreensão dos gêneros acadêmicos.

Gêneros

Gêneros de difícil compreensão Gêneros de Fácil compreensão 1ª fase Últimas fases Total de alunos % 1ª fase Últimas fases Total de alunos % Artigo 4 4 8 40 2 4 6 13 Resenha crítica 2 0 2 10 2 6 8 17 Ensaio 1 3 4 20 0 5 5 10 Resumo 0 0 0 0 3 2 5 10 Relatório 0 0 0 0 2 3 5 10 Projetos 0 0 0 0 2 1 3 6 Seminário 0 2 2 10 3 5 8 17 Fichamento 0 0 0 0 3 3 6 13 Poema 2 2 4 20 0 2 2 4 Total 100 100

Fonte: Elaborado pela autora

Este quadro distribuiu os gêneros textuais por demonstrativo de dificuldade e facilidade de compreensão dos alunos. Percebeu-se que tanto para a 1ª fase quanto para as últimas fases o gênero artigo, ensaio e poema foram os que alcançam maior dificuldade de compreensão. A primeira fase concentra a dificuldade maior no gênero artigo, da mesma maneira os alunos das fases finais, evidenciando assim que o artigo foi relatado como o mais difícil de ser compreendido ao longo dos semestres devido a linguagem de cunho científico, aos referenciais teóricos de apoio ou bases empíricas para argumentação e a intertextualidade. Os gêneros ensaio e poema foram considerados difíceis.

É relevante destacar que para o universitário de primeira fase é um mundo novo; uma nova esfera do conhecimento, um novo lugar social. Por isso, é esperado que esses gêneros textuais sejam complexos para os calouros, que antes tinham experiências com gêneros textuais não acadêmicos, isto é, textos pequenos em tamanho e de pouca complexidade em relação aos temas e a densidade da tessitura textual.

O artigo científico é um gênero que traz como características temas, elementos composicionais e estilo que lhe são próprios. As referências a outros teóricos, as evidências empíricas, o tratamento aos dados e a análise destes dados é resultado de pesquisa. Oportunizar ao aluno a produção deste gênero de cunho científico não é tarefa fácil (BALTAR, CERUTTI-RIZZATTI, ZANDOMENEGO, 2011, p. 97). O ensaio é um gênero

que defende um ponto de vista, uma crítica sobre determinada questão de ordem científica e, posteriormente, disserta sobre o assunto. Nesse momento, o autor “ensaia” um discurso, trazendo suas leituras referentes ao tema e, de modo formal e bem articulado, expõe suas reflexões e, por fim, finaliza com uma avaliação do que foi apresentado. Por fim, o poema, forma de expressão estética da poesia, estruturada por versos, estrofes ou prosas se mostrou , segundo os dados, como gênero complexo. O texto poético é arte, promove metáforas e demanda um contexto para ser interpretado. Demanda, por isso, também um acionamento de conhecimento prévio ou eventuais pesquisas sobre o contexto do poema. A experiência escolar de leitura de poesia, centralizada na produção de sentidos do texto, não encontra um lugar de reflexão sobre o autor, formas de dizer, sobre as relações que extrapolam o próprio texto em uma perspectiva lúdica, política, etc. É essa maturidade de compreensão leitora que a formação acadêmica visa desenvolver.

O artigo e o ensaio foram, destacadamente, os gêneros textuais mais difíceis de ler e de produzir, de acordo com os estudantes das últimas fases. Por este motivo, foi possível inferir que, para a compreensão e produção desses gêneros, frequentes na esfera acadêmica, tempo, dedicação e aprofundamento nos estudos se fez necessário. O quadro abaixo (15) compara o tempo dedicado à leitura e a escrita acadêmica dos estudantes nas fases inicial e final.

Quadro 15: Comparativo das horas dedicadas à leitura e à escrita acadêmica.

Horas diárias

Horas dedicadas à leitura Horas dedicadas à escrita 1ª fase Últimas

fases

Total % 1ª fase Últimas fases

Total %

Menos de uma hora por dia

2 2 4

29 1 0 0 0

Mais de uma hora por dia

1 3 4

29 1 3 4 31

3 horas por dia 1 0 1 7 0 0 0 0

Mais de 3 horas por dia

0 1 1 7 1 1 2 15 Quando tenho tempo 2 1 3 21 2 3 5 39 Não dá tempo 0 1 1 7 0 0 0 0 Só final de semana 0 0 0 0 1 1 2 15 100 100

Foi possível identificar nos dados do quadro (15) que os estudantes se dedicaram à leitura muito mais do que à escrita. O tempo máximo dedicado às leituras, pela maioria, foi de mais de uma hora por dia durante a semana. Quanto à dedicação à escrita, os dados mostraram que a maioria (39%) dos estudantes de 1ª e últimas fases só escrevem quando tem tempo. Provavelmente, no caso das fases finais, a dedicação maior a escrita é devido às atividades de final de curso.

O tempo dedicado aos estudos determinou os efeitos correlacionados da compreensão leitora e os efeitos sobre a produção dos gêneros acadêmicos; a variável tempo e frequência dedicados aos estudos demonstrou ser preditora de melhor desempenho em leitura e em produção textual acadêmica.

O quadro (16) abaixo faz um comparativo da primeira fase com as últimas quanto às fontes acessadas para estudos.

Quadro 16: Comparativo das fontes de pesquisa dos grupos de experimento. Fontes de pesquisa pelo aluno. 1ª fase Últimas

fases

Total de alunos

Pergunta ao professor 1 2 3

Pesquisa na biblioteca 0 4 4

Pesquisa na internet 6 8 14

Conversa com o colega de sala 0 3 3

Pede ajuda a conhecidos que sabem do assunto 2 4 6

Outro 0 1 1

Fonte: Elaborado pela autora

Os dados, no quadro acima, mostraram que uma minoria tira dúvidas com o professor, menos frequentemente , ainda, na primeira fase. Já os estudantes de últimas fases, além de realizarem a pesquisa na internet também perguntaram a conhecidos que sabem do assunto, como segunda opção; somente uma minoria pergunta ao professor. Não houve indicações nas respostas sobre o porquê de o professor não ser fonte primária de pesquisa, porém foi bastante elevado o número de alunos que preferem pesquisar na internet em ambas as fases. Além disso, os estudantes demonstram saber utilizar o meio digital para fontes de pesquisa, tanto na primeira fase como nas últimas fases. Com base em experiência de navegação na internet,

observou-se que a maioria não encontrou dificuldade de acessar os sistemas utilizados nos centros acadêmicos: o CAGR e o Moodle, as duas plataformas mais acessadas da universidade.

Analisando a seção relacionada ao letramento acadêmico e digital, os dados mostraram uma preferência pelo meio físico para a leitura. Foi preciso considerar que há um caminho e um tempo que os estudantes levam até se ambientar nesse “mundo de letramento”. Em consideração a inserção do estudante no meio digital, é importante perceber o processo de funcionamento dos sistemas relacionados à matrícula, escolha de disciplinas, acesso à biblioteca, plataforma Moodle etc. que são novas práticas, novos eventos, novos gêneros textuais/discursivos como aponta Baltar et al. (2011).

À medida que esse estudante se insere nesse novo contexto de aprendizado, consegue acompanhar as demandas da universidade. O quadro 17 demonstra a preferência pela leitura em meio físico já mencionado nas fases pesquisadas.

Quadro 17: Comparativo da preferência do suporte de leitura dos universitários. Suporte de leitura de preferência 1ª fase Últimas

fases Total de alunos % Meio Físico 5 5 10 71 Meio Digital 0 0 0 0 Outro 1 3 4 29 100 Fonte: Elaborado pela autora

Os dados mostram resistência dos estudantes quanto à leitura em meio digital: (71%) dos participantes demonstraram preferência pelo meio físico, (29%) optou por utilizar ambos os meios.

As práticas de letramentos estão ligadas ao contexto social destes alunos: não são práticas somente técnica; as práticas de letramentos são construídas no social, segundo Street (2003, apud FICHER, 2007, p. 29). A leitura em meio digital, ainda que bastante presente no cotidiano destes estudantes, encontrou resistência quanto à preferência. Neste sentido, Gee (1999, apud Ficher, 2007) valida a importância de ver o letramentos como práticas no plural: “envolve formas de ser, falar, ouvir, escrever, ler, agir, interagir, acreditar, valorizar, sentir,

usar recursos, ferramentas, tecnologias capazes de ativar identidades relevantes num dado contexto” (FICHER, 2007, p. 46).

Retomando Kleiman (2008), as pessoas estão inseridas em práticas e eventos de letramento, não só fisicamente, mas por meio da cibercultura nas variadas redes sociais. A webconferência, por exemplo, que é um evento de letramento, bem como as videoaulas em cursos de extensões, estão muito presentes nas atividades acadêmicas. Portanto, os estudantes estão inseridos em eventos de letramentos, tanto em meio físico quanto em digital. Entre os sistemas analógico e digital, o analógico ainda é muito forte quanto à preferência dos universitários. As pesquisas por meio da internet ainda são uma mera busca, provavelmente, facilitada pelo acesso rápido.

Nesse sentido, é importante ressaltar que o estilo de aprendizagem da maioria dos estudantes foi predominantemente visual (50% na 1ª fase; 67% nas últimas fases), isso quer dizer que aumentaria mais as possibilidades de aprendizagem se os mesmos buscassem aprimorar suas habilidades visuais com esses recursos multissemióticos e tivessem aulas a partir desses recursos, utilizando a plataforma Moodle, que é de apoio aos cursos.

Os participantes desta pesquisa (25a a 39a) tiveram mais contato com a cultura escrita em papel do que com a cultura cibernética e, talvez, este seja o motivo da resistência aos meios digitais ao longo da formação acadêmica: são estudantes que leem e pesquisam na internet, porém produzem poucos textos multissemióticos.

Para finalizar, é importante ressaltar que a grade curricular do curso de Letras não engloba disciplinas suficientes que ofereçam como objeto de ensino a leitura e a escrita, com foco em letramento digital conforme se depreendeu após análise desta grade. Esse conhecimento advém das práticas e eventos sociais em que o estudante está inserido, ou seja, ele traz para dentro da universidade o que já sabe sobre tecnologia e não o contrário. Neste sentido, o conhecimento de navegadores, plataformas, editores de texto, de gráficos, de editar, produzir textos que incluam palavras, imagens, sons, por exemplo, são práticas que alguns estudantes, especialmente os mais jovens, já conhecem.

O objetivo de cada uma das questões do questionário foi identificar o perfil dos estudantes de Letras (licenciatura e bacharelado) quanto às suas habilidades de leitura e escrita; verificou-se que, mesmo resistentes à leitura e produção textual em meios digitais, os estudantes diversificam sua atenção (visual, auditiva e sinestésica) por estarem inseridos no

meio digital, a partir dos seus gostos pessoais e por lazer, como ouvir música, ver filmes e séries, ver TV e ler textos e postagens nas variadas redes sociais.

Foi possível depreender também que, os gêneros textuais da esfera acadêmica tendem a exigir mais tempo e dedicação, várias leituras a afim de atingir a compreensão e a interpretação necessárias; o tempo e a dedicação aos estudos não foram suficientes para uma melhor compreensão dos temas, dos elementos composicionais e do estilo dos gêneros textuais na primeira fase. Evidentemente, a complexidade dessas leituras e produções parece que seria resolvida com mais horas de dedicação aos estudos com vistas a desenvolver fluência na leitura e na escrita.

Com base no exposto, ao longo da formação acadêmica, buscando construir autonomia em relação ao seu próprio conhecimento, os estudantes devem procurar aprender a ser e demonstrar domínio e uso dos recursos da língua e dos gêneros textuais em diferentes meios e suportes para participar, ainda enquanto universitários, para posteriormente, em sala de aula ou nos campos de atuação do secretario (a) executivo (a), inserirem-se social e criticamente nos/dos eventos de letramento a que forem convidados a participar.

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