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2.3) Análise da diversidade intra-regional: uma comparação entre as sub regiões do Vale do Ribeira paulista

O Vale do Ribeira paulista é conhecido como uma região, cujo território é coberto pela vegetação da Mata Atlântica e protegido por parques e reservas, com baixas densidades populacionais, baixo grau de urbanização e condições sócio-econômicas bastante precárias no contexto do estado de São Paulo.

Ainda que este quadro possa ser válido para a região tomada no seu conjunto (como vimos no item 2.2), ele não se aplica a todos os municípios do Vale do Ribeira. Na realidade, o Vale não é homogêneo e existe uma grande diversidade geográfica, demográfica, sócio-econômica e ambiental no interior da região.

Tendo em vista esta diversidade intra-regional, estamos propondo uma sub- regionalização21 para o Vale do Ribeira, levando em conta os limites dos municípios e tendo como critérios os seguintes elementos:

- A macrocompartimentação geomorfológica da região.

- As principais sub-bacias da porção paulista da Bacia Hidrográfica do Ribeira de Iguape. - As características demográficas, sócio-econômicas e geográfico-ambientais dos

municípios do Vale do Ribeira.

20 A única exceção é a UGRHI do Alto Paranapanema, que apresenta níveis de renda e educação próximos ao Vale do Ribeira. Já em termos de infra-estrutura sanitária, o Vale está em condições bem piores do que todas as regiões de entorno, inclusive o Alto Paranapanema.

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Cabe ressaltar que esta sub-regionalização, que estamos propondo, também foi inspirada numa divisão da região em unidades sócio-ambientais homogêneas, feita pela Secretaria do Meio Ambiente, para dar subsídios à proposta de Macrozoneamento do Vale do Ribeira. Na nossa sub-regionalização, agregamos algumas das

Assim, com base nestes três elementos, propomos a divisão do Vale do Ribeira em cinco sub-regiões, que são:

- Planalto (ou Alto Ribeira), com 5 municípios (Apiaí, Barra do Chapéu, Itaóca, Itapirapuã Paulista e Ribeira).

- Serra (ou Médio Ribeira), com 4 municípios (Barra do Turvo, Iporanga, Eldorado e Sete Barras).

- Baixo Ribeira, com 4 municípios (Cajati, Jacupiranga, Registro e Pariquera-Açu).

- Sub-bacia do Juquiá, com 6 municípios (Juquiá, Miracatu, Pedro de Toledo, Itariri, Juquitiba e Tapiraí).

- Litoral / Estuário, com 3 municípios (Cananéia, Iguape e Ilha Comprida).

O mapa 2.5 (p. 94) mostra a divisão do Vale do Ribeira paulista nas cinco sub- regiões, das quais faremos uma rápida caracterização a seguir:

Planalto (ou Alto Ribeira). Abrange 5 municípios (Apiaí, Barra do Chapéu, Itaóca, Itapirapuã Paulista e Ribeira). Até 1991, era formada por apenas 2 municípios (Apiaí e Ribeira), que foram desmembrados, formando os 5 atuais. Estes estão entre os mais pobres do Vale do Ribeira (e do estado de São Paulo), com o município de Itapirapuã Paulista apresentando o IDH mais baixo do estado em 2000. Nesta sub-região, a vegetação natural já está bastante alterada, restando poucos remanescentes de Mata Atlântica. Os municípios desta sub-região pertencem à Região de Governo de Itapeva (juntamente com o município de Iporanga). Em termos de topografia, grande parte do território desta sub-região localiza- se já no Planalto Paulista e, portanto, fora da chamada Província Geomorfológica Costeira.

unidades homogêneas propostas pela SMA, resultando na divisão em 5 sub-regiões. A SMA dividia a região em 10 unidades e excluía os municípios do Litoral e Juquitiba.

Serra (ou Médio Ribeira). Abrange 4 municípios (Barra do Turvo, Iporanga, Eldorado e Sete Barras), que não sofreram desmembramentos nas últimas décadas. Com cerca de 4.874 km2, corresponde a 28,9% da área do Vale do Ribeira paulista. Concentra a maioria das unidades de conservação de uso indireto do Vale (Parques Estaduais de Carlos Botelho, Intervales, PETAR e Jacupiranga), além da APA da Serra do Mar. Estas unidades de conservação abrangem 83%da área desta sub-região, que é também a menos urbanizada e com menores volume e densidade populacionais, concentrando apenas 11,7% da população total do Vale do Ribeira em 2000.

Baixo Ribeira. Abrange 4 municípios (Cajati, Jacupiranga, Registro e Pariquera-Açu), sendo que Cajati foi desmembrado de Jacupiranga em 1992. Esta sub-região é a mais desenvolvida e populosa do Vale do Ribeira, com destaque para Registro, que é o município com maior população e sede regional. Os municípios desta sub-região abrangem o baixo curso do rio Ribeira de Iguape e a sub-bacia do rio Jacupiranga, com suas várzeas e colinas, sendo a área mais propícia para agricultura comercial na região. Além disso, seus municípios são atravessados pela BR-116, o que propicia uma importante dinâmica econômica e comercial na região, que deverá se intensificar com o término da duplicação desta rodovia, já em fase final.

Sub-bacia do Juquiá. Abrange 6 municípios (Juquiá, Miracatu, Pedro de Toledo, Itariri, Juquitiba e Tapiraí), que também não foram desmembrados nos últimos anos. Esta sub- região corresponde aos municípios da sub-bacia do rio Juquiá, principal afluente do rio Ribeira de Iguape. Os dois rios confluem-se um pouco antes da cidade de Registro. Com cerca de 4.043 km2, corresponde a 24% da área do Vale do Ribeira paulista. As unidades de conservação presentes nesta sub-região são o Parque Estadual da Serra do Mar (Núcleo Pedro de Toledo), parte da Estação Ecológica Juréia-Itatins e a APA da Serra do Mar. Como veremos adiante, esta sub-região tem apresentado um crescimento demográfico bastante expressivo nos últimos anos. Seus municípios sofrem influência da RMSP e da RMe da Baixada Santista, com as quais fazem limite, respectivamente, a nordeste e a sudeste.

Litoral / Estuário. Abrange 3 municípios (Cananéia, Iguape e Ilha Comprida). O município de Ilha Comprida foi fundado em 1992, com desmembramentos das partes dos territórios de Cananéia e Iguape, referentes à ilha. A sub-região do Litoral (principalmente o município de Iguape) perdeu a condição de região mais importante do Vale do Ribeira após a década de 1960, com a construção da BR-116. Mesmo assim, Iguape ainda é a segunda maior cidade da região. Apesar de ter enfrentado uma certa estagnação econômica nas décadas de 1970 e 1980, a região litorânea tem apresentado um significativo crescimento econômico e demográfico na década de 1990, provavelmente em função do turismo. Além disso, esta sub-região tem uma enorme importância ambiental por abranger o Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape e Cananéia, considerado um dos cinco estuários prioritários para conservação ambiental no planeta (ISA, 1998).

2.3.1) Características demográficas das sub-regiões do Vale do Ribeira