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2.3.2) Condições sócio-econômicas [da população] das sub-regiões do Vale do Ribeira paulista

Renda e Escolaridade

Vimos, no item 2.2, que o Vale do Ribeira é uma das regiões mais pobres e menos desenvolvidas do estado de São Paulo. Ao nível intra-regional, podemos ver que os níveis de pobreza são mais altos em algumas sub-regiões do que em outras.

As sub-regiões do Planalto e da Serra apresentam as maiores porcentagens de chefes de domicílios “pobres”22, respectivamente 50,7% e 45,7% no ano 200023. Estes percentuais

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Da mesma maneira que no item 2.2, organizamos os dados de renda do Censo de 2000, obtidos originalmente em faixas de salário mínimo, em dois grandes grupos: pobres e não-pobres. Os pobres são os chefes de domicílio que recebem até 1 salário mínimo, somados com os chefes sem rendimento. Os demais foram classificados como não-pobres. A soma das porcentagens de chefes pobres e não-pobres é 100%. Além disso, destacamos também os chefes sem rendimentos e os que ganham acima de 5 salários mínimos, cerca de 750 reais no ano 2000. O salário mínimo de referência do Censo 2000 é de 151 reais.

são bastante elevados, o que revela a extrema pobreza destas duas sub-regiões, onde estão localizados alguns dos municípios mais pobres do estado de São Paulo.

Nas demais sub-regiões, os percentuais de chefes “pobres” estão num patamar consideravelmente inferior, ficando um pouco acima de 30%, o que ainda é bastante elevado para o estado de São Paulo e está próximo do patamar do Brasil, que é de 33,5%.

Em particular, a porcentagem de chefes sem renda é expressiva no Planalto e na Serra, com respectivamente 15,5% e 14,4%. Nas demais sub-regiões, esta porcentagem varia de 10,3%, no Baixo Ribeira, a 12,1% no Litoral. No outro extremo das faixas de renda, o percentual de chefes de domicílios, ganhando acima de 5 salários mínimos, é de apenas 12% no Planalto e na Serra, 16% no Juquiá, 17,3% no Litoral e 20,5% no Baixo Ribeira (ver tabela 2.16).

Nas áreas rurais do Vale do Ribeira, o grau de pobreza da população, medido pela porcentagem de chefes pobres, é muito elevado, principalmente nas sub-regiões do Planalto (com 66,3%), Serra (55,1%) e Litoral (53,7%). O mais surpreendente são os percentuais de chefes sem renda nas áreas rurais destas três sub-regiões, de respectivamente 19,3%, 16,5% e 19,9%. Já nas áreas rurais das sub-regiões do Juquiá e Baixo Ribeira, os percentuais de chefes pobres são, significativamente, mais baixos, de respectivamente 36,8% e 45,3%. Estes dados mostram que os níveis de pobreza são altos nas áreas rurais de todas as sub- regiões do Vale, mas alcançam patamares extremamente elevados nas sub-regiões do Planalto, Serra e Litoral.

Nas áreas urbanas, os níveis de renda são significativamente mais altos do que nas áreas rurais, além de haver uma menor diversidade entre as sub-regiões. Os percentuais de chefes “não-pobres” são de 61,7% nas áreas urbanas do Planalto, 67,3% na Serra, 67,8% no Litoral, 70,3% no Juquiá e 73,9% nas áreas urbanas do Baixo Ribeira.

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Tabela 2.16. Distribuição dos chefes de domicílio por grupos selecionados de renda nominal mensal.

Sub-regiões do Vale do Ribeira Paulista (ano 2000) (valores em porcentagem) Sub-regiões Sem Renda Pobres (1) Não pobres (2) Mais de 5 sal. min.

Total (urbano + rural)

Planalto 15,50 50,75 49,25 12,28 Serra 14,37 45,75 54,25 12,24 Juquiá 10,79 32,56 67,44 16,00 Baixo Ribeira 10,25 31,04 68,96 20,53 Litoral 12,13 35,48 64,52 17,26 Vale do Ribeira 11,76 36,13 63,87 16,82 Situação Urbana Planalto 12,44 38,28 61,72 19,52 Serra 11,41 32,74 67,26 21,59 Juquiá 11,09 29,69 70,31 20,27 Baixo Ribeira 9,40 26,15 73,85 25,42 Litoral 10,72 32,17 67,83 19,52 Vale do Ribeira 10,54 29,87 70,13 22,12 Situação Rural Planalto 19,32 66,31 33,69 3,23 Serra 16,49 55,08 44,92 5,54 Juquiá 10,33 36,84 63,16 9,64 Baixo Ribeira 12,75 45,30 54,70 6,29 Litoral 19,90 53,67 46,33 4,82 Vale do Ribeira 14,09 48,05 51,95 6,73

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2000

(1) Pobres: chefes de domicílio com renda nominal mensal até 1 salário mínimo e chefes sem renda (2) Não pobres: chefes de domicílio com renda nominal mensal superior a 1 salário mínimo

À semelhança da renda, os níveis de escolaridade do Vale do Ribeira estão entre os mais baixos do estado. Dividindo os chefes de domicílio em duas grandes categorias (baixa escolaridade versus média-alta escolaridade), observamos que a porcentagem de chefes com baixa escolaridade é bastante elevada no Vale (38,6%), superior à porcentagem do conjunto do Brasil (34,7%) no ano 2000.

Na escala das sub-regiões, observa-se que os níveis de escolaridade são muito baixos no Planalto e na Serra, onde as porcentagens de chefes com baixa escolaridade são, respectivamente, 48,7% e 46,5%. Já nas sub-regiões do Baixo Ribeira e Litoral, este percentual é significativamente menor, estando em torno de 33%. A sub-região do Juquiá está numa situação intermediária, com 40,4% (ver tabela 2.17).

Os baixos níveis de escolaridade dos chefes de domicílio do Vale ficam ainda mais evidentes quando se analisa os dois extremos das faixas de escolaridade: os chefes sem instrução e os com mais de 15 anos de estudo (proxy de curso superior). Nas sub-regiões da Serra, Juquiá e Planalto, as porcentagens de chefes sem instrução chegam a 21,4%, 18,1% e 18% respectivamente. Já nas sub-regiões do Baixo Ribeira e Litoral, este percentual é bem menor, sendo ligeiramente superior a 13%.

Os chefes com curso superior (15 ou mais anos de estudo) são apenas 3,1% no Vale como um todo, sendo que, nas sub-regiões do Planalto e Juquiá, este percentual é de cerca de 2,3%, e de apenas 1,8% na Serra. No Baixo Ribeira e Litoral, este percentual é um pouco mais elevado, em torno de 4%.

Também à semelhança da renda, nas áreas rurais os níveis de escolaridade são muito baixos em todas as sub-regiões. Mas novamente as do Planalto e Serra apresentam as piores condições, com altas porcentagens de chefes sem instrução e com baixa escolaridade (ver tabela 2.17).

Os níveis de escolaridade nas áreas urbanas são significativamente mais altos do que nas áreas rurais, sendo que a porcentagem de chefes com mais de três anos de estudo varia de 63,2%, nas áreas urbanas do Planalto, a 72,3% no Baixo Ribeira.

Tabela 2.17. Distribuição dos chefes de domicílio por grupos selecionados de escolaridade. Sub-regiões do Vale do Ribeira Paulista (ano 2000) (valores em porcentagem)

Sub-regiões Sem instrução e menos de 1 ano Baixa escolaridade (1) Média-alta escolaridade (2) 15 ou mais anos

Total (urbano + rural)

Planalto 17,97 48,73 51,12 2,36 Serra 21,42 46,51 53,32 1,82 Juquiá 18,12 40,43 59,41 2,34 Baixo Ribeira 13,17 33,04 66,75 4,17 Litoral 13,51 32,79 67,06 3,91 Vale do Ribeira 16,18 38,60 61,23 3,11 Situação Urbana Planalto 13,04 36,65 63,16 4,01 Serra 12,41 31,85 67,91 3,59 Juquiá 15,13 34,89 64,96 3,18 Baixo Ribeira 9,86 27,42 72,34 5,34 Litoral 11,31 29,32 70,52 4,50 Vale do Ribeira 12,04 31,03 68,78 4,35

Continuação tabela 2.17 Situação Rural Planalto 24,13 63,81 36,09 0,29 Serra 27,88 57,02 42,86 0,55 Juquiá 22,57 48,71 51,12 1,08 Baixo Ribeira 22,81 49,40 50,47 0,75 Litoral 25,58 51,85 47,99 0,64 Vale do Ribeira 24,07 53,02 46,84 0,75

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2000

(1) Baixa escolaridade: chefes de domicílio com menos de 3 anos de estudo e chefes sem instrução (2) Média-alta escolaridade: chefes de domicílio com 4 ou mais anos de estudo