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Análise do macroambiente sobre a comunidade idosa

Iremos realizar a análise do macroambiente através do estudo aprofundados das seis forças externas à organização. Estas forças são, como comentadas por Kotler e Armstrong (1993), a força demográfica, a força econômica, a força da natureza física, a força tecnológica, a força cultural e a força política.

Para um melhor entendimento vamos aprofundar cada uma das forças separadamente, abaixo.

4.1.1 Força Demográfica

A força demográfica é representada, segundo Kotler e Armstrong (1993), pela taxa de crescimento da população e as características de determinada população, assim como o modo que elas podem mudanças no ambiente social. A Pesquisa de Projeção da População do IBGE (2018), aponta que em 2031, o número de habitantes acima dos 60 anos, irá praticamente igualar o número de pessoas com idade entre 0 e 14 anos, em que a população idosa irá representar 43,29 milhões de pessoas e os de faixa etária entre 0 e 14, serão 42,32 milhões.

A projeção para 2060 é ainda maior, onde a população vivendo a 3ª idade será de 73,46 milhões de pessoas, e os entre 0 e 14 será de 33,59 milhões. Com uma projeção total da população em 2060 de 228,28 milhões de pessoas, a massa idosa irá representar 32,18% do total dessa população, enquanto os jovens (0 a 14 anos), serão apenas 14,72%. Em 2010 essa realidade era muito diferente, uma vez que a população total era de 194,89 milhões de pessoas, onde os idosos eram apenas 10,71% da população (20,87 milhões de idosos), contra 24,69% de habitantes entre 0 e 14 anos (48,12 milhões).

É notório o fato de que a população está envelhecendo, de acordo com o IBGE (2018), a projeção para a mediana de idade do brasileiro em 2060, no caso, a idade mais presente entre os cidadãos , será de 45,52 anos. A tabela 1 resume esse avanço a cada 10 anos, partindo do ano de 2010.

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Tabela 1: Idade mediana da população x ano

Ano Idade Mediana

2010 29,2 2020 33,40 2030 37,36 2040 41,14 2050 43,92 2060 45,62

Média de aumento da mediana a cada 10 anos

3,28

Fonte: Adaptado de IBGE (2018)

Em 2018 essa realidade encontra-se com uma mediana de 32,58 anos e no ano de 2010, em que o censo demográfico foi realizado, essa mediana compreendia 29,2 anos. Nota-se que o maior salto fica entre 2010 e 2020 e a média de aumento da idade mediana a cada 10 anos, representa um valor de 3,28 anos.

Com isso, ainda de acordo com IBGE (2018), a esperança de vida ao nascer, que em 2010 era de 73,86 anos (70,21 anos para os homens e 77,60 para as mulheres), terá um salto em 2020, chegando a 76,74 anos (73,26 anos para os homens e 80,25 anos para as mulheres). A tabela abaixo ilustra a evolução da expectativa de vida da população brasileira.

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Tabela 2: Projeção da população do Brasil e Unidades da Federação por sexo e idade para o período 2010-2060

Ano Esperança de vida

ao nascer (Ambos) Esperança de vida ao nascer (Homens) Esperança de vida ao nascer (Mulheres) 2010 73,86 70,21 77,60 2020 76,74 73,26 80,25 2030 78,63 75,28 82,00 2040 79,82 76,55 83,11 2050 80,57 77,36 83,80 2060 81,03 77,8 84,23 Fonte: IBGE (2018)

A tabela 2 demonstra de maneira mais precisa como ocorreu essa progressão na expectativa de vida do brasileiro ao nascer. De 2010 a 2020, houve uma progressão de 2,88 anos, de 2020 a 2030, 1,90, de 2030 a 2040, a evolução é de 1,19 anos, já entre 2040 e 2050, fica em 0,75 anos e por fim, de 2050 a 2060, uma progressão de 0,46 anos, resultando em uma alavancagem total de 7,18 anos entre 2010 e 2060. A tabela 3, resumidamente, apresenta esses dados.

Tabela 3: Aumento da expectativa de vida da população brasileira a cada 10 anos

Período Aumento da expectativa de vida

(em anos) 2010 - 2020 2,88 2020 - 2030 1,90 2030 - 2040 1,19 2040 - 2050 0,75 2050 - 2060 0,46 2010 - 2060 7,18

Média de crescimento a cada 10 anos 1,44

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Separando esse aumento da expectativa de vida por sexo, temos um aumento maior na expectativa de vida do homem em relação à mulher. A tabela 4 explica esse dado.

Tabela 4: Aumento da expectativa de vida da população masculina e feminina brasileira a cada 10 anos.

Período Aumento da expectativa de

vida para o homem (em anos)

Aumento da expectativa de vida para a mulher (em

anos) 2010 - 2020 3,05 2,65 2020 - 2030 2,02 1,75 2030 - 2040 1,27 1,11 2040 - 2050 0,82 0,69 2050 - 2060 0,53 0,42 2010 - 2060 7,69 6,62

Média de crescimento a cada 10 anos

1,54 1,32

Fonte: Adaptada do IBGE (2018)

Podemos ver que a expectativa de vida da população masculina tem uma aumento total (2010 - 2060) de pouco mais de um ano (1,02 anos), porém a média a cada dez anos apresenta um valor muito próximo. Tanto a tabela 2, 3 e 4 mostram como o maior salto de todos os anos, fica alocado entre 2010 e 2020, onde o aumento da expectativa de vida dos homens tem um avanço de 70,21 anos para 73,26 anos (aumento de 3,05 anos) e das mulheres de 77,60 anos para 80,25 anos (aumento de 2,65 anos), apresentando uma evolução média de 73,86 anos, para 76,74 anos (aumento de 2,88 anos).

Uma maneira de ilustrar bem esse fato é a pirâmide etária, que ilustra a distribuição da população por sexo e idade. Porém, de acordo com as mesmas projeções, sabe-se que o Brasil irá passar por uma situação de inversão na pirâmide demográfica. A estrutura atual (base mais larga e topo mais estreito) passará por alterações até chegar num modelo invertido, ou seja, com a base menos representativa e o topo mais volumoso, com uma maioria populacional já na faixa da terceira idade. Isso acontece não apenas devido ao aumento da expectativa de vida, porém também é decorrente da diminuição da taxa de natalidade. A figura 13 representa a pirâmide etária do Brasil no ano de 1980.

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Figura 13: Pirâmide etária do Brasil em 1980

Fonte: IBGE (2008)

Com relação a figura 13, pode-se notar uma base vasta, com uma população em sua maioria na faixa dos 0 aos 18 anos e com uma parcela de pessoas acima dos 60 anos muito pequena. Porém já é perceptível perceber, na projeção de 2020, um início de mudança nesse cenário, como mostra a figura 14.

Figura 14: Pirâmide etária do Brasil em 2020

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Fica claro uma predominância da população jovem e adulta, com uma grande concentração na faixa dos 18 aos 42 anos, existindo uma diminuição considerável da parcela 0 a 14 anos e uma discreta expansão da parcela acima dos 60 anos. Porém é na projeção para 2050 que existe o grande salto. Como comentado anteriormente, em 2060 a população idosa (acima de 60 anos) será praticamente a mesma que o número de pessoas de 0 a 14 anos. A figura 15 representa esse fenômeno.

Figura 15: Pirâmide etária do Brasil em 2050

Fonte: IBGE (2008)

Com base na ilustração, vemos o Brasil rumando para um cenário de país idoso e segundo Germano Hansen Jr. (2019) (2013) a inversão da pirâmide irá de fato acontecer em 2039, quando a taxa de mortalidade irá superar a taxa de natalidade. O quadro 5 demonstra esse fenômeno, relacionando outros pontos marcantes comparando as taxas de natalidade e mortalidade.

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Quadro 5: Relação Natalidade X Mortalidade X Média geométrica de crescimento para o Brasil de 1980 - 2050 Ano População Total Taxa média geométrica crescimento anual (%) Taxa bruta de natalidade p/1.000 hab (%) Taxa bruta de mortalidade p/1.000 hab (%) Ponto marcante p/ o autor 1980 118.562.549 2,350 32,13 8,57 Natalidade 3,7 vezes acima da mortalidade 2000 171.279.882 1,486 21,13 6,34 Nat. 3,3 vezes acima da mortalidade 2010 193.252.604 0,921 15,20 6,27 Último ano da menor taxa de mortalid. do País 2011 194.932.685 0,866 14,68 6,29 Inicio da taxa mortalid. ascendente 2020 207.143.243 0,568 12,29 6,71 2030 216.410.030 0,308 10,59 7,68 2039 219.124.700 0,007 9,02 9,10 1ª vez taxa mortalid. supera taxa natalidade 2040 219.075.130 (-0,023) 8,91 9,28 1ª vez taxa média geométrica de crescimento negativa 2050 215.287.463 (-0,291) 8,10 11,13 Extinção da população?

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A indagação final se estamos rumando para a “extinção da população” é pertinente, visto que a projeção para a taxa geométrica de crescimento, é negativa. A partir dessa conclusão, Pena (2019), afirma que o país está em um processo avançado de envelhecimento populacional e normalmente estão passíveis de enfrentar uma difícil perspectiva econômica e previdenciária para o futuro.

Dentro disso, um dos grandes desafios demográficos enfrentados pelos países desenvolvidos, onde normalmente encontra-se esse perfil de país idoso, é o envelhecimento demográfico, tendo em vista que o aumento de idosos diante da diminuição proporcional de jovens contribui para a redução da População Economicamente Ativa. Iremos abordar melhor esse ponto na força econômica.

Um outro ponto que a pirâmide etária traz é a “feminização do envelhecimento”. Em 2019 a população feminina no Brasil, pelo IBGE (2018), é de mais de 107,4 milhões de mulheres, enquanto a população masculina é por volta de 102,8 milhões. Essa tendência acompanha também a população idosa, onde projeta-se, segundo a ONU (2016), uma diferença de 6,2 milhões de mulheres idosas (um total de 30,19 milhões de idosas) a mais que homens idosos (um total de 23,99 milhões de idosos) em 2040, sendo assim, a razão de sexo é de 79 homens para cada 100 mulheres que ocupam a faixa da terceira idade. Essa mesma estatística para o ano de 1980 era muito menor, com uma razão de sexo de 91 homens para cada 100 mulheres. A figura 16 traz a projeção da população idosa, por sexo.

Figura 16: Projeção da população idosa por sexo, no Brasil (2000-2060)

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Segundo Alves (2016), desse contingente majoritário, existe uma alta proporção de mulheres idosas que moram sozinhas nos domicílios particulares unipessoais ou moram em domicílios com outros parentes ou agregados, mas sem a presença de um companheiro. Esse fato foi denominado no passado de “pirâmide da solidão”, indicando a existência de um crescente número de mulheres idosas sem cônjuges. De mesmo modo, Alves (2016) sinaliza que “um dos desafios do processo de feminização do envelhecimento é possibilitar a criação de um espaço de convivência com o objetivo de motivar a participação das mulheres idosas no convívio social, evitando o isolamento e fortalecendo a autoestima”.

Resgatando então os grandes responsáveis pela inversão da pirâmide etária, temos o aumento da expectativa de vida e a diminuição da taxa de fecundidade, como grandes refletores desse cenário. Até 2030, segundo Reis, Barbosa e Pimentel (2017), estima-se que a parcela da população acima de 85 anos irá crescer mais rápido que a proporção da faixa dos 0 aos 60 anos. Outro dado relevante ainda por Reis, Barbosa e Pimentel (2017) é a respeito da grande parcela das mortes serem em idades avançadas, sendo que, por volta de 2030, 78% das mortes no Brasil ocorrerão com pessoas acima de sessenta anos. A figura 17 compara o crescimento das parcelas populacionais dos 0 aos 60 anos, mais de 60 anos e da fatia com mais de 85 anos, equiparando essa relação do Brasil com a média mundial.

Figura 17: Taxa de crescimento populacional por faixa etária – mundo e Brasil, 2015-2030

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Com base na figura 17, percebemos que o Brasil terá um crescimento da parcela de 0 a 60 anos quase nula e muito inferior ao restante do mundo. Em compensação, nas faixas de mais de 60 anos e de mais de 85 anos, o progresso é gritante e se comparado com o resto do mundo, acima dos 85 anos tem um aumento 52% maior que a média mundial para a mesma faixa.

Esse seria um ótimo indicador, porém alguns temas devem ser levados em consideração, será que o país está preparado financeiramente para suportar essa expansão da camada idosa? Será que essa fatia da população irá envelhecer de maneira saudável e sustentável? Além disso, esse envelhecimento ocorrerá de maneira inclusiva, mantendo a qualidade de vida e com suas necessidades atendidas? Iremos nos aprofundar melhor nesses assuntos nos próximos tópicos.

4.1.2 Força Econômica

Segundo Montana e Charnov (1999), a força econômica é representada pela economia em si (PIB, taxa de juros, inflação e desemprego), pelos concorrentes, pelos clientes e pelos fornecedores. Num panorama geral do país em 2018, Gala (2019) afirma que estamos rumando para um momento de recuperação econômica. Diz-se recuperação, pelo fato de 2014 ter sido o ano do início de um longo período de crise.

Ainda em 2018 encontram-se vestígios da forte baixa que assolou o país nos anos anteriores. Escândalos como a “Lava Jato” e demais “esquemas de corrupção” colocaram o Brasil em uma situação extremamente delicada, resultando em demissões em massa, uma queda notável do PIB e aumento da inflação e do preço do dólar. As consequências dessa crise envolvendo a presidente da época, apenas corroboraram para um déficit nacional.

No total em 2018, segundo o IBGE (2018), a população ocupada (formal e informalmente) é de 90,7 milhões de brasileiros, enquanto a camada idosa ocupada chega a 6,48 milhões de pessoas, sendo 46% desses, ocupados por conta própria, 8,8% como empregadores e apenas 15,7% dos idosos ocupados, possuem carteira assinada. Um fato curioso é que, de acordo com o SPC Brasil (2014), 66% dos idosos afirmam que levam uma situação financeira melhor atualmente do que há alguns anos, onde 72% comentam que possuem uma boa estabilidade financeira. Ainda pela pesquisa, 73% dos entrevistados recebem auxílio da aposentadoria do INSS ou o pagamento de pensão, 7% contam com os rendimentos da previdência privada, 5% recebem ajuda dos filhos e somente 4% não possuem qualquer renda.

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Uma comprovação dessa situação é que segundo o IBGE (2016), mais de 17 milhões de famílias tem um idoso como provedor, significa dizer que 24,89% dos lares, ou quase um quarto, têm como responsável pelo sustento uma pessoa com mais de 60 anos. Ainda assim, os trabalhadores mais idosos correspondem ao grupo com menor participação no total da ocupação no país, mas esse percentual vem crescendo ao longo do tempo, passando de 6,3% em 2012, quando começa a série da Pnad Contínua, para 7,8% em 2018.

De acordo com Caged (2017, apud Craide, 2017), entre 2016 e 2017, mais de 2 milhões de pessoas de 50 a 64 anos e 99,2 mil com mais de 65 anos perderam o emprego. No mesmo período, houve 931,4 mil contratações de pessoas nas duas faixas etárias. Logo, nota-se uma aceitação maior, seja por necessidade ou por opção de ocupação, do mercado de trabalho pela população idosa.

Porém esse fator não é uma novidade, visto que não só a reforma da previdência e a crise econômica são motivadores para a continuidade e o maior ingresso da população idosa no mercado. O aumento na expectativa de vida e a mudança nos costumes dessa população já mostravam reflexo desse aumento, onde segundo o Ministério do Trabalho, (2010), 361,4 mil trabalhadores com 65 anos ou mais, ocupavam vagas formais de trabalho, cinco anos depois, esse grupo cresceu para 574,1 mil, um aumento de 58,8%.

Sobretudo, existe uma grande preocupação em relação ao crescimento da razão de dependência da população (população acima de 65 anos dividido pela população com 15 a 64 anos), ou seja, aumento do número de pessoas em situação dependência (física, financeira, etc..), como mostra a figura 18.

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Figura 18 : Razão de dependência - Idosos (2000 - 2060)

Fonte: IBGE (2013)

Porém, mesmo frente a essa situação, Vanzella, Lima Neto e Silva (2010) apontam que a expectativa para 2020 é de, pelo menos, 13% da PEA (população economicamente ativa) seja formada por pessoas que estão na terceira idade. Esse mesmo número, se comparado à 1977, segundo Sato et al. (2017), era de apenas 4,9% da PEA total, e para 1988, tínhamos uma representatividade de 9% da PEA total sendo representado pelos idosos.

Independente disso, o aumento da longevidade resultou em uma vida produtiva mais longa, o que permitiu mais experiências no currículo e cargos mais altos. O salário médio dos idosos, por exemplo, é de R$ 1.981,61, cerca de 33% maior do que a média salarial no país. Mas isso não diminui o fato da tendência de que sua capacidade cognitiva e a produtividade, diminuem, onde muitas vezes, as empresas realizam o desligamento desse indivíduo, para a inserção de um contribuinte mais novo e que trará mais resultado.

Mas como contraponto, um reflexo desse aumento de longevidade, somado com uma forte legislação que beneficia a empresa numa contratação de estágio, é o aumento do número de estagiários com mais de 40 anos no Brasil. Segundo o CIEE (2019), houve um acréscimo de 5% no número de estagiários de 40 e 50 anos entre 2017 e 2018. Com isso, vemos uma aceitação maior por parte da camada acima dos 40 anos, em retornar ou iniciar um curso na faculdade. Os cursos mais procurados por essas pessoas, ainda pelo CIEE (2019), são: pedagogia (57%), direito (11%) e serviço social (4%).

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Pode-se notar então uma participação maior do idoso no mercado de trabalho, seja no regresso ao mesmo, por necessidade de uma renda fixa ou extra, ou na continuação, não optando pela aposentadoria ao fim do seu tempo de contribuição. Uma alternativa muito bem aceita é a atuação na área de serviços, onde, ainda pelo Ministério do Trabalho (2015), ocupa cerca de 200,4 mil trabalhadores com 65 anos ou mais, comprovado assim a evolução para um status de país idoso vivenciado no nosso país.

Porém, um cenário de país idoso é característico de países desenvolvidos, que não é o caso do Brasil, configurado, segundo Pena (2019) , como nação emergente. A diferença da situação de inversão de pirâmide etária do Brasil pros outros países é na ordem em que estes fatores ocorreram. Os países desenvolvidos, primeiro enriquecem e constroem uma estrutura sólida e só então envelhecem, já o Brasil, está envelhecendo sem antes ter enriquecido. A figura 19 compara o tempo que cada nação levou para ter um salto de crescimento da população idosa.

Figura 19: Velocidade do envelhecimento da população (tempo para a população de idosos passar de 10% para 20% da população)

Fonte: Reis, Barbosa e Pimentel (2017)

Um outro gráfico também retrata a velocidade desse crescimento, desta vez em quanto tempo o Brasil levou para dobrar a sua população idosa de 7% para 14%, em relação aos outros países desenvolvidos, subdesenvolvidos e emergentes.

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Figura 20: Velocidade de envelhecimento da população

(Anos para que a população acima de 65 anos aumente de 7% para 14% do total)

Fonte: Adaptado de Global Health And Aging (2011)

Um crescimento seis vezes mais rápido que os outros países representa uma situação preocupante para o Brasil, porém mesmo com um avanço lento e gradual, como o caso de França e Suécia, não foram o suficiente para que esse fenômeno não trouxesse reflexos negativos. Estratégias como incentivos para que o casal tenha mais de um filho e benefícios fiscais, segundo Rodolfo F. Alves (2019), foram introduzidos no Japão e em diversos países europeus, com o intuito de administrar a situação da diminuição da população jovem, maior parte dos contribuintes do PEA.

A grande moral é que o Brasil, segundo Reis, Barbosa e Pimentel (2017), teve a sua parcela idosa crescendo em um ritmo muito mais acelerado do que o previsto pelas projeções passadas. As consequência disso são imensas, onde, segundo o Portal do Envelhecimento (2014), existem grandes chances da maior parte da parcela idosa (85% do total) viver em situações de pobreza caso medidas não sejam tomadas. Por ainda não ter uma previdência sólida, que garanta a sustentabilidade econômica do idoso e da nação, esse avanço acelerado da fatia da terceira idade representa sim uma série de ameaças.

Além disso, o cenário que encontramos hoje no Brasil não proporciona ao idoso sobreviver em boas condições apenas com a aposentadoria, mesmo que sobreviver da

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previdência seja a atitude tomada pela grande maioria dessa população. Somados com a falta de educação financeira do brasileiro e a instabilidade econômica (desemprego, inflação alta e crise), resulta em uma situação extremamente delicada. Não por acaso que, segundo o SPC (2014), 57% dos idosos não possui nenhum tipo de reserva financeira ou investimento para imprevistos. Por mais que 72% dessa população afirme que tem uma situação financeira estável, fica claro que não é uma situação planejada e que garanta segurança para essa população. O SPC (2014) ainda afirma que esse cenário de despreparo com imprevistos é mais comum com idosos com baixa escolaridade (68% dos que disseram não ter nenhum tipo de reserva) e dos pertencentes às classes D e E (77% desta amostra).

Como a previdência não assegura um envelhecimento sustentável, 51% dos idosos costumam fazer empréstimos, recorrer ao crédito ou ao cheque especial para poder pagar suas contas em dia. Isso reforça outro ponto, que é a diminuição da qualidade de vida do idoso. Mesmo que depender do crédito e de empréstimos seja algo arriscado, acaba sendo uma das únicas saídas para que essa população consiga quitar suas dívidas.

Segundo o CNDL e SPC (2018), 39% dos idosos até conseguem sanar suas contas no prazo, porém fecham o mês sem recursos excedentes, outros 14% nem sempre conseguem pagar em dia, e precisam se esforçar para administrar o dinheiro que recebem. Uma parcela de 4% nunca ou quase nunca consegue honrar com os compromissos no prazo. Em contrapartida, 42% consegue pagar suas contas no prazo e dispor de dinheiro extra. Olhando para o planejamento financeiro a longo prazo, ainda pelo CNDL e SPC (2018), apenas 39% dos idosos pode contar com uma reserva financeira para esse tipo de ocasião, enquanto o restante (61%) não dispõe desse recurso e é obrigado a recorrer a empréstimos.

Mas mesmo com essa instabilidade, a grande maioria demonstra total autonomia sobre seu patrimônio, onde 81% dos idosos, pelo SPC (2014), afirma não depender de ninguém para gerir suas contas. Porém o índice de inadimplência aumentou e, de acordo com o SPC (2015), hoje é de mais de 4,3 milhões de idosos, representando 27% da população acima de 60 anos sendo que três em cada dez (32%), segundo o SPC (2014), já tiveram o nome incluído em serviços de proteção ao crédito somente no ano de 2013.

Chegou-se ao ponto de endividamento em que dois em cada dez (21%) idosos que tiveram o nome sujo não puderam pagar suas contas, já que fizeram empréstimo pessoal ou consignado para uso de terceiros (filhos, cônjuge, outros familiares), sendo as principais finalidades o pagamento de dívidas (39%) e a compra de carro/moto (15%), uma parcela ainda realiza o empréstimo sem ao menos saber qual o destino do dinheiro. Isso demonstra uma grande autoridade sobre o patrimônio, porém uma falta de instrução de como usar esse dinheiro.

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O SPC (2015) confirma que o setor de Água e Luz é quem lidera o avanço da inadimplência entre os idosos, com variação de 17,08% no número de dívidas, na comparação com agosto do ano passado. As dívidas com Bancos apresentaram a segunda maior variação,

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