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Baseado nos objetivos, no tipo de pesquisa e nas técnicas de coletas de dados, fez-se necessária a utilização de um conjunto de técnicas de análise que permitissem a inferência de conhecimentos sobre os dados coletados. Desta forma, optou-se pela técnica de análise de

conteúdo tratada por Bardin (1977) que se utiliza de procedimentos sistemáticos e objetivos de

descrição do conteúdo das mensagens para obter os indicadores que permitam realizar inferências. A análise realizada buscou verificar o modo como os entrevistados vivenciam e entendem suas interações com as TICs utilizadas no dia-a-dia, o que possibilitou identificar a forma como os entrevistados percebem as facilidades e dificuldades relacionadas ao uso dessas TICs no suporte à GC. Assim sendo, a análise das transcrições das entrevistas seguiu uma sequência cronológica que foi aplicada igualmente em cada caso, permitindo que o tratamento dos resultados, as inferências e as interpretações dos casos fossem passíveis de comparação.

Seguindo as instruções de Bardin (1977), a análise realizada ocorreu da seguinte forma: (1) pré-análise, fase em que foi organizado o conteúdo das transcrições; (2) exploração do material; e (3) tratamento dos resultados obtidos e sua interpretação. Considerou-se como ponto crucial da fase de pré-análise o estabelecimento de condições e regras para que a exploração dos conteúdos

das transcrições fosse feita dentro de parâmetros que fortaleçam a validade e confiabilidade almejadas. Desta forma, fez-se necessária a leitura flutuante das transcrições para que a familiaridade com os textos possibilitassem a identificação de categorias para a realização da análise temática e a codificação para registro dos dados. Seguindo as recomendações de Bardin (1977), foram elaboradas planilhas para que as percepções dos entrevistados quanto às facilidades e dificuldades na utilização de cada TIC fossem categorizadas de acordo com a forma como podem impactar nas fases do processo de GC (vide Apêndices D e E). No que se refere aos registros dos dados, a codificação surge então como “uma ferramenta útil para redução das anotações de campo, devendo o esquema de codificação ser definido de modo a permitir a replicação” (OLIVEIRA; MAÇADA; GOLDONI, 2006, p. 7).

Após essa fase de formulação de regras e criação de mecanismos para a análise, iniciou-se a

exploração do conteúdo dos textos, os quais foram desmembrados e alocados em categorias

através da descoberta dos núcleos de sentido. Realizadas as análises temáticas das transcrições das entrevistas, foi feito o tratamento dos resultados. A transformação dos dados brutos em informações significativas e válidas permitiu o agrupamento das informações fornecidas pela análise, assim como possibilitou a proposição de inferências e interpretações das proposições teóricas e de outras que surgiram durante a exploração (BARDIN, 1977).

Analisados e interpretados os resultados dos casos estudados, as informações obtidas foram expostas, demonstrando o encadeamento lógico das evidências, procedimento essencial para que a apresentação final atingisse o objetivo proposto, alcançasse o mérito desejado e sua respectiva validade (YIN, 2005).

Nos próximos capítulos (4 e 5) são apresentadas as análises dos dados coletados nas empresas “A” e “B”, as quais são comparadas no capítulo 6 que antecede às considerações finais.

4 FACILIDADES E DIFICULDADES NO USO DE TIC NO SUPORTE À GC DA “EMPRESA A”

Este capítulo apresenta a análise dos dados coletados nas entrevistas realizadas com os entrevistados 1, 2, 3 e 4 da “Empresa A”, sendo estruturado em duas grandes seções. Na primeira seção (4.1) são analisadas as percepções dos entrevistados com relação aos conceitos de “conhecimento” e “gestão do conhecimento” (GC), bem como a visão dos entrevistados quanto à forma como a GC está estruturada na “Empresa A” com ênfase no papel da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Já na segunda seção (4.2) são analisadas as facilidades e dificuldades das TICs no suporte à GC da “Empresa A”. Porém, antes de ingressar nas análises é importante destacar algumas características adicionais da “Empresa A”.

Conforme mencionado no capítulo do método, a “Empresa A” é uma empresa privada de desenvolvimento de software, localizada no Estado do Rio Grande do Sul, que faz parte de uma organização multinacional que está presente em mais de 150 países comercializando computadores, servidores e softwares para grandes empresas. Embora algumas características e funcionalidades dos softwares desenvolvidos pela “Empresa A” acabem sendo incorporados aos softwares comercializados pela organização mundial, é importante salientar que os softwares produzidos pela “Empresa A” são destinados ao consumo interno de diversas unidades da organização a que pertence. Portanto, os consumidores dos softwares desenvolvidos pela “Empresa A” são considerados “clientes internos”, sendo as funcionalidades inovadoras acopladas aos softwares desenvolvidos por outras unidades para comercialização no mercado internacional de software. Quanto ao conteúdo dos softwares desenvolvidos internamente e para comercialização, a grande maioria é destinada às práticas de Inteligência Empresarial (Business Intelligence), Otimização de Tecnologias de Negócios, Soluções para Comunicação e Mídias, Integração de Sistemas Operacionais, dentre outros programas voltados ao gerenciamento de informações e ao uso de servidores e repositórios.

Segundo o Entrevistado 2, a “Empresa A” estimula o desenvolvimento de softwares não somente para atender às necessidades das demais unidades, mas também para criar inovações que possam alavancar os negócios da organização a que pertencem, o que é estimulado por uma cultura colaborativa voltada à inovação. Alocados em equipes de desenvolvimento, seus

programadores são alocados em projetos de acordo com suas especializações e aptidões, ocorrendo mudança na formação das equipes no final dos projetos e em função das ambições de cada desenvolvedor comunicadas em planos de carreira individualizados.

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