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Análise dos dados: Filiação teórica e percurso metodológico

3 Análise do corpus: as produções científicas em Psicologia sobre

3.2 Análise dos dados: Filiação teórica e percurso metodológico

Neste capítulo, o objetivo é compreender a produção científica por meio das justificativas apresentadas pelos autores, a partir dos argumentos constantes nessas justificativas. Serão abordadas, ainda, as seguintes questões: a natureza da pesquisa no que diz respeito ao seu caráter teórico ou se há ou não trabalho de campo; a sinalização de propostas de intervenção, a abordagem teórica adotada, quando explicitada pelo autor. No caso em que há trabalho de campo, serão sinalizadas características dos sujeitos participantes.

Para apresentação dos dados recorremos à construção de quadros nos quais serão colocadas as identificações dos trabalhos e as principais características que descrevem o percurso teórico metodológico de cada trabalho. Ao final do quadro serão feitas as considerações e análises dos dados.

Quadro 1: Abordagem (qualitativa ou quantitativa) da Pesquisa e tipo de pesquisa (teórica ou com trabalho de campo):

Trabalho Método/Procedimento Sujeitos

Artigo 01 Pesquisa Qualitativa**

Estudo teórico e de campo mas não apresenta dados da pesquisa de campo

Não há sujeitos

Artigo 02 Pesquisa Qualitativa**

Pesquisa Bibliográfica Não explicita procedimentos

Não há sujeitos

Artigo 03 Pesquisa Qualitativa**

Relato de Intervenção Terapia do grupo familiar

Não especifica os sujeitos, indica apenas famílias nas

quais ocorreu violência sexual intrafamiliar contra

Trabalho Método/Procedimento Sujeitos

Artigo 04 Pesquisa Quantitativa**

Estudo de corte transversal Pesquisa documental descritiva e inferencial em 400 formulários de registro de dados dos arquivos do SOS criança de

Curitiba.

Não há sujeitos

Artigo 05 Pesquisa Qualitativa**

Revisão bibliográfica Não apresenta Procedimentos

Não há sujeitos

Artigo 06 RETIRADO RETIRADO

Artigo 07 Pesquisa Qualitativa**

Relato de experiência constam depoimentos de familiares e vítimas, mas

não há descrição de procedimentos.

Não especifica os sujeitos

Artigo 08 Pesquisa Quantitativa

Pesquisa documental analisou os processos de casos denunciados de

violência sexual ajuizados pelas Promotorias Especializadas na Infância e

Juventude de Porto Alegre (94 vítimas)

Não há sujeitos

Artigo 09 Pesquisa Qualitativa**

Estudo de Caso (as autoras não apresentam o método, tampouco os critérios para inclusão dos sujeitos ou a

idade dos mesmos, apenas citam que pretendem apresentar quatro casos

clínicos).

Uma mulher (vítima de violência sexual intrafamiliar na infância)

Duas adolescentes (vítimas de violência sexual extrafamiliar) Uma criança ((vítima de

violência sexual intrafamiliar).

Artigo 10 Pesquisa Qualitativa**

Pesquisa Ação

Procedimento: Grupo multifamiliar

25 famílias 60 adultos 100 crianças 60 adolescentes Artigo 11* Pesquisa Qualitativa**

Teste Sociométrico 02 famílias

Artigo 12 Pesquisa Qualitativa**

Estudo de Caso

01 Sujeito autor de violência sexual Artigo 13* Pesquisa Qualitativa**

Relato de Intervenção – Grupoterapia Cognitivo comportamental

10 meninas com idade entre nove e treze anos vítimas de violência sexual

intrafamiliar Artigo 14* Pesquisa Qualitativa**

Estudo de caso violência na infância e vida 01 mulher vítima de adulta e cujas filhas foram

Trabalho Método/Procedimento Sujeitos

Artigo 15* Pesquisa Qualitativa** Estudo de caso Entrevistas 01 caso 03 operadores do direito (juiz, promotor e advogado)

Artigo 16 Pesquisa Quantitativa**

Entrevistas Escalas e testes

10 meninas com idade entre nove e treze anos vítimas de violência sexual

intrafamiliar

Artigo 17 Quantitativa**

Retrospectiva Documental

Análise de prontuários a partir de um roteiro estruturado

Não há sujeitos

Artigo 18* Pesquisa Qualitativa** Revisão de literatura Não apresenta procedimentos

Não há sujeitos

Artigo 19 Pesquisa Qualitativa**

Revisão de literatura Não apresenta procedimentos

Não há sujeitos

Artigo 20 Pesquisa Qualitativa**

Terapia Familiar Psicanalítica O trabalho traz um relato de caso, contudo não menciona método ou procedimento de

pesquisa.

01 mulher vítima de violência sexual intrafamiliar dos 07 aos 12

anos

Artigo 21 Qualitativa**

Entrevista semi-dirigida Teste Rorscharch

Três homens presos pelo estupro das filhas

Artigo 22 Qualitativa**

Revisão de literatura Não explicita procedimentos

Não há sujeitos

Artigo 23 Quantitativa**

Entrevista semi-estruturada Escalas e testes

10 meninas com idade entre nove e treze anos vítimas de violência sexual

intrafamiliar

Artigo 24 Quantitativa

Pesquisa documental analisou 2522 protocolos de usuários do Projeto Viver de

Salvador – Bahia

Não há sujeitos

Artigo 25 Pesquisa Qualitativa

Entrevistas semi-estruturadas foram vítimas de violência 10 mães de meninas que sexual intrafamiliar

Artigo 26 RETIRADO RETIRADO

Artigo 27 Pesquisa Qualitativa

Pesquisa ação – avaliação de um modelo de intervenção

Entrevistas

Oito famílias

Artigo 28 Pesquisa Qualitativa**

Revisão de literatura Não apresenta procedimentos

Não há sujeitos

Trabalho Método/Procedimento Sujeitos

Artigo 30* Pesquisa Qualitativa

Observação participante Entrevista

01 adolescente vítima de violência sexual intrafamiliar dos 09 aos 11

anos

Artigo 31* Pesquisa Quantitativa

Entrevista semi-estruturada Entrevista estruturada

Escalas e testes

Estudo 1: 40 meninas entre 09 e 16 anos vítimas

de violência sexual intrafamiliar Estudo II: 15 meninas entre 07 e 13 anos vítimas

de violência sexual intrafamiliar ou

extrafamiliar Artigo 32* Pesquisa Qualitativa**

Revisão de literatura Não especifica procedimentos

Não há sujeitos

Artigo 33 Pesquisa Qualitativa**

Revisão de literatura Não especifica procedimentos

Não há sujeitos

Artigo 34 Pesquisa Qualitativa**

Entrevista Semiestruturada

13 mães de meninas vítimas de violência sexual

intrafamiliar

Artigo 35* Pesquisa Quantitativa

Entrevista semiestruturada entre nove e dezesseis 40 meninas com idade anos vítimas de violência

sexual intra ou extrafamiliar

Artigo 36* Pesquisa Qualitativa**

Revisão de literatura Não especifica procedimentos

Não há sujeitos

Artigo 37 Pesquisa Qualitativa**

Revisão Teórica

Não especifica os procedimentos

Não há sujeitos

Artigo 38* Pesquisa Qualitativa**

Estudo de Caso Observação Participante

Uma adolescente de quinze anos vítima de

incesto

Artigo 39* Pesquisa Qualitativa**

Pesquisa Exploratória Pesquisa documental em 47 pastas

Especiais da 1ª VIJ

Entrevista com responsáveis pelas instituições

Não especifica o número de sujeitos

Artigo 40* Pesquisa Qualitativa

Estudo de casos múltiplos Técnicas Projetivas

Duas meninas vítimas de violência sexual

intrafamiliar

Artigo 41 Pesquisa Qualitativa**

Revisão de Teórica Não especifica procedimentos

Trabalho Método/Procedimento Sujeitos

Artigo 42 Pesquisa Qualitativa**

Revisão de literatura Obras de Ferenczi

Não há sujeitos

Artigo 43 Pesquisa Qualitativa

Entrevista semiestruturada entre 25 e 50 anos mães 13 mulheres com idade de vítimas de violência

sexual intrafamiliar

Artigo 44 Pesquisa Qualitativa

Pesquisa documental: análise de jurisprudência acerca da utilização de

depoimentos de crianças vítimas de violência sexual intrafamiliar em processos

judiciais

Não há sujeitos

Artigo 45 Pesquisa Qualitativa**

Pesquisa Bibliográfica Não consta procedimentos

Não há sujeitos

Artigo 46 Pesquisa Qualitativa**

Estudo de caso Observação Participante; Pesquisa Documental em 51 processos

judiciais associados à violência sexual contra crianças e adolescentes Observação de situações cotidianas no

contexto judiciário

Não especifica os sujeitos

Artigo 47 RETIRADO RETIRADO

Artigo 48 Pesquisa Quantitativa**

Delineamento Transversal Questionários

7316 jovens com idade entre 14 e 24 anos, oriundos de escolas públicas e de contexto socioeconômico baixo

Artigo 49 Pesquisa Quantitativa**

Estudo Transversal Questionário autoaplicado

236 adolescentes escolhidos a partir de uma

pesquisa maior (2282 adolescentes) por indicarem histórico de

violência sexual

* Esta sinalização indica que os autores declaram que o artigo foi desenvolvido a partir de um trabalho de tese ou dissertação.

**Não declarado pelo autor, identificado a partir das informações constantes nos artigos.

A partir dos dados expostos no quadro 1 podemos analisar características importantes presentes nas pesquisas em psicologia que se dedicam à temática da violência sexual intrafamiliar contra crianças e adolescentes.

O primeiro aspecto a ser analisado refere-se à abordagem nas pesquisas, que, conforme demonstra o referido quadro, há predominância de pesquisas

qualitativas, uma vez que dos 45 artigos que compõem o corpus dessa investigação, 36 são construídos a partir de uma abordagem qualitativa de pesquisa, ao passo que os artigos de abordagem quantitativa são 09. Cabe salientar que a grande maioria dos trabalhos não traz claramente definida sua opção metodológica no concernente à abordagem qualitativa, quantitativa ou qualiquantitativa, sendo necessário um olhar cuidadoso através das informações constantes no texto, incluindo os procedimentos de construção e análise dos dados para identificar a abordagem.

Os trabalhos analisados, em sua maioria, não declaram sua perspectiva de pesquisa. Apenas os artigos 25, 27, 30, 40, 43 e 44 deixam clara a abordagem qualitativa. Deste modo, somente com a leitura atenta de todo o material, na íntegra, foi-nos possível identificar a abordagem teórica à qual o(s) autor(res) tem apoio.

A opção metodológica pela abordagem qualitativa presente na maioria dos trabalhos possivelmente está associada a algumas particularidades da temática da violência sexual intrafamiliar contra crianças e adolescentes, como a dificuldade em encontrar sujeitos em quantidade suficiente para caracterizar uma pesquisa quantitativa, dispostos a falar sobre suas vivências, uma vez que o tema ainda é considerado um tabu para a sociedade, bem como o acesso às famílias em cujo contexto ocorre esta modalidade de violência, uma vez que, conforme visto anteriormente, a tendência dessas famílias é o isolamento e a recusa em falar sobre o ocorrido.

Essas dificuldades geralmente conduzem à um número de sujeitos reduzido, o que vai de encontro com os pressupostos da pesquisa quantitativa,

para a qual o tamanho da amostra é de grande relevância, sendo necessário um número elevado de sujeitos para a sua composição.

Outro aspecto que justifica a grande concentração de trabalhos de abordagem qualitativa refere-se à dificuldade em encontrar padrões de comportamento ou regras gerais que possam ser aplicadas nos casos de violência sexual intrafamiliar contra crianças e adolescentes, uma vez que esta modalidade de violência ocorre de forma variada, não havendo padrões de comportamento para vítimas, agressores ou familiares. A forma como a violência se manifesta e como a vítima reage a ela ou a vivencia é bastante particular, variando muito em cada caso. Desse modo, a generalização e a busca por padrões são dificultados, comprometendo assim a construção de pesquisas quantitativas.

Salientamos ainda que algumas das pesquisas de abordagem quantitativa recuperadas em nossas buscas estavam inscritas em um contexto maior de discussão, como, por exemplo, o artigo 6, que estudou a “relação da resiliência com eventos de vida desfavoráveis e fatores de proteção”. Nesse estudo participaram 997 adolescentes e a violência sexual intrafamiliar apareceu como fator de risco, ou evento desfavorável; contudo, apenas uma parte da amostra havia sofrido violência sexual.

O artigo 17 faz uma retrospectiva documental em uma amostra de 90 prontuários, com o objetivo de mapear os indicadores clínicos em psicoterapia com mulheres vítimas de abuso sexual na infância.

O artigo 48 é um recorte de um estudo maior cujo objetivo era mapear os fatores de risco e proteção em adolescentes e jovens brasileiros. A partir dessa pesquisa, na qual participaram 7316 jovens, os autores fizeram um recorte e

analisaram os fatores de risco e proteção associados à violência sexual, já que 404 adolescentes se declararam vítimas de violência sexual intrafamiliar (6,6% da amostra da pesquisa inicial). O artigo 49 também é um recorte de uma pesquisa realizada com 2282 adolescentes, dos quais 236 declararam ter sofrido violência sexual. Desse total, 82 casos de violência sexual intrafamiliar, sobre os quais os autores desenvolvem o estudo que versa sobre os tipos e consequências da violência sexual sofrida por estudantes na infância ou adolescência.

Quadro 02: Estratégias Metodológicas e Propostas de Intervenção:

Trabalho Trabalho de Campo Proposta de Intervenção

Artigo 01 Não há pesquisa de campo, embora seja descrita como pesquisa de campo, não são

apresentados os dados ou o método

Não há proposta de intervenção

Artigo 02 Não há pesquisa de campo Não há proposta de

intervenção Artigo 03 Relato de experiência de supervisão e

atendimento de famílias encaminhadas para atendimento psicológico após a

denúncia de abuso sexual infantil

Não há proposta de intervenção

Artigo 04 Não há trabalho de campo Não há proposta de

intervenção

Artigo 05 Não há pesquisa de campo Não há proposta de

intervenção

Artigo 06 RETIRADO RETIRADO

Artigo 07 Não explicita o trabalho de campo... Não há proposta de intervenção

Artigo 08 Não há trabalho de campo Não há proposta de

intervenção Artigo 09 Apresentação de caso clínico Relato de intervenção,

atendimento psicanalítico. Artigo 10 Trata-se de uma pesquisa ação que resulta

na formação de grupo multifamiliar para atendimento de famílias em situação de

violência sexual

Apresenta o grupo multifamiliar como proposta de intervenção

que, no momento da publicação, já está sendo

desenvolvido. Artigo 11 O trabalho de campo compreendeu a

aplicação de um teste sociométrico em duas famílias

Não há proposta de intervenção

Artigo 13 O trabalho é a descrição de um modelo de intervenção, traz como proposta 20

sessões psicoterápicas em grupo.

Descrição de uma intervenção, mas não traz

Trabalho Trabalho de Campo Proposta de Intervenção

Artigo 14 Pesquisa de campo desenvolvida por meio de entrevistas semiestruturadas com uma

mulher vítima de violência sexual intrafamiliar na infância e cujas filhas foram vítimas da mesma modalidade de violência

Não há proposta de intervenção

Artigo 15 Pesquisa de campo desenvolvida em uma vara criminal, por meio de entrevistas com

os profissionais.

Não há proposta de intervenção Artigo 16 Pesquisa de campo desenvolvida com 10

meninas vítimas de violência sexual intrafamiliar;

Avaliação de intervenção

Artigo 17 Não há trabalho de campo

Pesquisa Documental Não há proposta de intervenção

Artigo 18 Não há pesquisa de campo Não há proposta de

intervenção

Artigo 19 Não há pesquisa de campo Não há proposta de

intervenção Artigo 20 Estudo de caso, terapia familiar

psicanalítica Relato de intervenção (?)

Artigo 21 A pesquisa de campo foi realizada em uma instituição penal, com três indivíduos

presos pelo estupro das filhas.

Não há proposta de intervenção

Artigo 22 Não há pesquisa de campo Não há proposta de

intervenção Artigo 23 O trabalho de campo foi realizado por meio

de entrevistas semiestruturadas, aplicação de testes e escalas em 10 meninas com

idade entre 10 e 13 anos vítimas de violência sexual intrafamiliar

Não há proposta de intervenção

Artigo 24 Não há trabalho de campo Não há proposta de

intervenção Artigo 25 Trabalho de campo envolveu entrevistas

semiestruturadas com 10 mães de meninas que foram vítimas de violência sexual

intrafamiliar

Não há proposta de intervenção

Artigo 26 RETIRADO RETIRADO

Artigo 27 Entrevistas com oito famílias que participaram dos grupos multifamiliares para a escuta de famílias em situação de

violência sexual

O trabalho é uma avaliação da intervenção

Artigo 28 Não há trabalho de campo Não há proposta de

intervenção

Artigo 29 RETIRADO RETIRADO

Artigo 30 Pesquisa de campo realizada por meio de entrevista em uma ONG, a autora situa a pesquisa com estudo de caso e observação

participante

Não há proposta de intervenção

Artigo 31 O trabalho de campo foi realizado por meio de entrevistas realizadas com 55 meninas

vítimas de violência sexual.

Não há proposta de intervenção

Trabalho Trabalho de Campo Proposta de Intervenção

Artigo 32 Não há trabalho de campo Não há proposta de

intervenção

Artigo 33 Não há trabalho de campo Não há proposta de

intervenção Artigo 34 O trabalho de campo foi realizado no

Programa Sentinela, com 13 mães cujas filhas haviam sido vítimas de violência

sexual intrafamiliar. Foram realizadas entrevistas.

Não há proposta de intervenção

Artigo 35 Pesquisa realizada no contexto do Programa Sentinela, por meio de entrevista

semi estruturada com 40 meninas com idade entre 09 e16 anos vítimas de

violência sexual.

Não há proposta de intervenção

Artigo 36 Não há trabalho de campo Não há proposta de

intervenção

Artigo 37 Não há trabalho de campo Não há proposta de

intervenção Artigo 38 Trabalho de campo realizado em um

Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CRAS). Observação

participante no contexto dos grupos multifamiliares realizados no CRAS. Foi

observada uma adolescente vítima de violência sexual intrafamiliar, que teve como consequência a gravidez e o

nascimento de uma criança

Não há proposta de intervenção

Artigo 39 Não há trabalho de campo Não há proposta de

intervenção Artigo 40 Avaliação psicológica através de

instrumentos projetivos (Rorschach e HTP) aplicados em duas meninas de 10 e 12 anos de idade vítimas de violência sexual

intrafamiliar

Não há proposta de intervenção

Artigo 41 Não há trabalho de campo Não há proposta de

intervenção

Artigo 42 Não há trabalho de campo Não há proposta de

intervenção Artigo 43 Trabalho de campo realizado por meio de

visitas domiciliares com 13 mães de meninas vítimas de violência sexual intrafamiliar, atendidas por um programa

municipal.

Não há proposta de intervenção

Artigo 44 Não há trabalho de campo Não há proposta de

intervenção

Artigo 45 Não há trabalho de campo Não há proposta de

intervenção Artigo 46 Observação de situações cotidianas no

Trabalho Trabalho de Campo Proposta de Intervenção

Artigo 47 RETIRADO RETIRADO

Artigo 48 Questionário aplicado em 7316 jovens Não há proposta de intervenção Artigo 49 Questionário aplicado em 2282

adolescentes do ensino médio Não há proposta de intervenção

A análise do quadro 02 nos mostra que a maioria dos trabalhos - 25 dentre os 45 que compõem nosso corpus -, apresenta trabalho de campo. Os trabalhos teóricos, frutos de uma pesquisa bibliográfica ou documental, perfazem um total de 20 trabalhos. Com a ressalva para o artigo 01 que, embora coloque no resumo que trata-se de um trabalho de campo, apresenta apenas reflexões teóricas.

Os artigos 09,10,12,13,20 e 27 apresentam trabalho de campo e proposta de intervenção, sendo que o artigo 09 relata um estudo de caso, realizado a partir da intervenção com duas meninas, uma criança e uma adolescente vítimas de violência sexual intrafamiliar, que foram atendidas numa instituição para vítimas de violência. O atendimento foi realizado a partir do referencial psicanalítico. Os autores não deixam claro se o trabalho estava sendo realizado no momento da construção do artigo, ou se já havia sido finalizado.

O trabalho 10 é uma proposta de intervenção psicossocial com famílias nas quais houve violência sexual contra crianças e adolescentes. O trabalho, além da proposta de intervenção, traz alguns resultados alcançados em três anos de realização dos grupos com vítimas e familiares, e os autores construíram o artigo a partir destes resultados, uma vez que a pesquisa objetivou fazer desses resultados subsídios para discutir e aprimorar esta modalidade de atendimento.

O trabalho 12 foi realizado através das ações do Programa Repropondo – programa de atendimento a Autores de Violência Sexual, vinculado ao Projeto Invertendo a Rota, vinculado à Universidade Católica de Goiás. O trabalho de

pesquisa foi desenvolvido a partir do atendimento a um homem agressor sexual que, na ocasião, cumpria pena em regime fechado pelo abuso sexual de dois adolescentes e foi escrito após a finalização dos atendimentos (vinte e nove sessões) realizados a partir da abordagem fenomenológico existencial.

O trabalho 13 teve como proposta a realização de intervenção denominada pelos autores como “grupoterapia cognitivo-comportamental” para meninas vítimas de abuso sexual. A intervenção foi realizada com dez meninas, todas vítimas de violência sexual intrafamiliar. Após avaliação clínica individual as meninas foram convidadas a participar da intervenção em grupo que teve periodicidade semanal e duração de vinte sessões com duração de uma hora e trinta minutos e nas quais foram desenvolvidas atividades semiestruturadas. Os autores não sinalizaram a continuidade do trabalho.

O artigo 20 abordou a terapia familiar em face de uma situação de violência sexual pratica pelo pai. A proposta inicial era de um processo terapêutico do qual pudessem fazer parte todos os membros da família, mas não menciona se o agressor deveria estar presente. No entanto, houve resistência por parte dos familiares (mãe e irmãs) de maneira que o processo se deu apenas com a vítima que, na época do atendimento, contava 41 anos e que fora vítima de incesto dos sete aos doze anos de idade. Não consta durante quanto tempo a vítima foi atendida, ou se ainda permanecia em atendimento no momento da construção do artigo.

O trabalho 27, na verdade uma continuação do trabalho 10, faz uma avaliação do grupo multifamiliar com oito famílias que haviam participado da intervenção. Cabe salientar que das vinte e oito famílias que participaram do processo apenas oito participaram da avaliação.

Conforme verificado, há certo equilíbrio entre as produções teóricas e aquelas que contemplam a pesquisa de campo. Contudo, as propostas de intervenção psicológica nos casos envolvendo violência sexual intrafamiliar contra crianças e adolescentes são bastante escassas e não foram recuperados trabalhos que trouxessem propostas de intervenção nos últimos quatro anos, visto que o último artigo que contempla a intervenção data de 2009 (artigo 28). A escassez de trabalhos dessa natureza pode apontar tanto para a ausência de iniciativas nessa direção, quanto para a falta de publicação de práticas que estejam sendo pensadas ou realizadas. Nesse contexto, as duas situações merecem atenção, uma vez que a temática da violência sexual intrafamiliar contra crianças e adolescentes é um problema grave e carente de intervenções, com necessidade de uma discussão, que além de conceitual, possa abarcar as propostas de cunho prático.

Quadro 3: Abordagens Teóricas e Justificativas das pesquisas

Trabalho Abordagens teóricas/Autores de

base Justificativa para a pesquisa

Artigo 01 Psicanálise Maior compreensão sobre a

temática para posterior elaboração de meios para prevenir o abuso sexual

Artigo 02 Os autores não declaram sua afiliação teórica, no entanto por meio das citações no texto pudemos identificar a

Teoria Ecológica do Desenvolvimento

Não há

Artigo 03 Os autores não declaram sua afiliação teórica

Não há Artigo 04 Os autores não declaram sua afiliação

teórica. Os autores citam: maior esclarecimento acerca do “Possibilitar fenômeno e uma discussão acerca das formas de maus tratos contra crianças e adolescentes” (Weber, Viezzer, Brandenburg & Zocche, 2002 p.164)

Trabalho Abordagens teóricas/Autores de

base Justificativa para a pesquisa

Artigo 05 Os autores não declaram sua afiliação teórica. Contudo citam a literatura psicanalítica através de Freud (1980) e

Winnicott (1988)

Não há

Artigo 06 RETIRADO RETIRADO

Artigo 07 Os autores não declaram sua afiliação

teórica. Não há

Artigo 08 Os autores não declaram sua afiliação

teórica. Os resultados da pesquisa podem: “subsidiar ações preventivas e terapêuticas para

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