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II. ANÁLISE DA EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA NO AMAZONAS

2.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1.3 Análise dos dados

No primeiro momento, utilizando a pesquisa documental, foi feito o levantamento dos dados do desempenho educacional da Escola Estadual Indígena Gildo Sampaio publicados no sitio oficial da Secretaria de Educação do Estado do Amazonas, assim como os dados publicados na Revista do Sistema de Avaliação Educacional do Amazonas – SADEAM em parceria com o CAED. Para Gil (2002) “ na pesquisa documental, as fontes são muito mais diversificadas e dispersas” (GIL, 2002, p.46).

A priori buscou-se mostrar os resultados oficiais do desempenho educacional entre os anos de 2011 a 2014. A análise dos dados nos levou a uma investigação dos inúmeros percalços que permeiam a escola indígena no Amazonas e são refletidos na gestão da Escola Indígena Gildo Sampaio e os detalhamentos dos problemas obtidos através da pesquisa de campo. Segundo Gil (2002) o objetivo de

toda pesquisa científica é “descobrir respostas para problemas, mediante o emprego de procedimentos científicos” (GIL, 2002, p.42).

Os dados coletados serviram de parâmetro para a análise dos fenômenos descobertos que levam a um resultado insatisfatório na atual proposta pedagógica adotada pela Escola Gildo Sampaio diante do que a Secretaria de Educação do Amazonas traçou como meta educacional de bom desempenho das escolas da rede estadual. Observou-se um distanciamento entre o que é pretendido e a realidade apresentada pela unidade escolar.

Encontrados os fatos, passou-se a descrição detalhada que serviu de suporte para a elaboração da proposta de intervenção. Neste ponto, elenca Andrade (1993) “os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados pelo pesquisados” (ANDRADE, 1993, p. 98). Assim, optou-se por um estudo de caso a fim de que as investigações fossem delimitadas num único foco, que aqui é representado pela Escola Indígena Gildo Sampaio. Isso facilita identificar e estudar um fenômeno de modo profícuo delimitado non determinado contexto. Segundo Vergara (1997), o estudo de caso facilita o detalhamento de uma ou poucas unidades podendo ou não utilizar o trabalho de campo.

Neste direcionamento metodológico, utilizou-se a entrevista e a observação. Isso possibilitou a verificação do cotidiano da escola de forma natural e espontânea sem que houvesse interferência ou paralisação das atividades escolares. Assim, foi possível observar o comportamento dos atores envolvidos no processo educacional dentro e fora da escola e a identificação dos fenômenos que surgiram e que fazem parte do dia-a-dia da unidade escolar e de todos os outros fenômenos que, de forma direta ou indireta, influenciam no bom funcionamento e na oferta de um melhor serviço prestado e que muitas vezes extrapolam as limitações de gestão da unidade escolar.

O segundo momento da abordagem de entrevistas aconteceu em abril de 2015. Foram entrevistados os professores indígenas, a Gestora, a pedagoga e o secretário escolar. Algumas questões foram direcionadas diretamente para o desempenho doas alunos nas avaliações externas e nas dificuldades dos professores em conduzir as suas aulas diante de uma proposta curricular apresentada pela SEDUC-AM que servirá de referência para o enquadramento do PPP das escolas indígenas do Amazonas.

As perguntas foram direcionadas para as questões pedagógicas e administrativas. Uma pergunta comum aos entrevistados foi: Qual a importância da construção do PPP da escola? Diante dessa pergunta foram percebidos os anseios dos envolvidos no processo educacional da Escola Indígena Gildo Sampaio na definição de uma “identidade” escolar.

Por sua natureza “comunitária”, a escola indígena pressupõe ações democráticas e participativas de membros da comunidade. A Gestão democrática se constitui nesse cenário e exige o envolvimento direto dos interessados, começando com a mudança de mentalidade de que a escola pertence ao Estado e tudo deve ser “regido” pelo estado. O termo “pública” agregado à escola deve ser redefinido e passar a ser entendido como parte integrante de uma comunidade que define seus interesses e comanda suas metas na construção de sua proposta pedagógica.

Para Veiga (2001) é o PPP da escola que define suas metas, uma direção, um rumo das ações da escola, tanto no caráter administrativo como no pedagógico. A definição das propostas de formação do cidadão está interligada à construção do PPP e a partir de aí construir as estratégias necessárias para alcançar esses objetivos definidos na proposta diante do contexto que envolve o ambiente escolar.

Foi percebido um nítido descontentamento da Gestora da escola no que se refere ao apoio pedagógico e administrativo ofertados à Escola Gildo Sampaio por parte da SEDUC-AM. Nesta ótica, comenta a gestora:

Acho que a SEDUC tem que participar e conhecer a realidade das escolas indígenas, tendo mais apoio no setor administrativo abrindo caminhos, espaços para a comunidade porque nós temos bastante necessidade nos cargos de secretários, no apoio do secretario, apoio pedagógico na parte da contratação dos professores realmente cumprir com o dever com realidade com a necessidade de cada escola e principalmente da escola Gildo Sampaio, Nós estamos com essa necessidade de apoio com a contratação dos servidores, dos serviços gerais, dos professores e ter mais apoio á escola pra que ela possa ter uma boa estrutura e um bom trabalho dentro da escola com os alunos com todos os professores (Gestora da Escola).

Segundo o coordenador distrital, a contratação de pessoal responsável pela limpeza e conservação das escolas estaduais é de responsabilidade de uma empresa terceirizada contratada pela SEDUC/AM após licitação. Esta empresa geralmente tem dificuldades em contratar e enviar pessoal para atendimento às escolas da zona rural o que acarreta a demora no atendimento dos pedidos de demanda dos gestores.

No que se refere à contratação de professores indígenas, a gerente de educação escolar indígena da SEDUC/AM afirma que por não existir uma proposta curricular definida para as escolas indígenas não foi possível lançar edital para contratação e efetivação de professores indígenas, o que leva a recontratação dos professores indígenas que atendem nas comunidades.

Todos os dados obtidos pela observação de campo e pelas entrevistas tinham como objetivo apresentar a real situação da Escola Indígena Gildo Sampaio; os anseios dos atores envolvidos no processo educacional da escola; as ações da macro e da micro gestão escolar diante do atual quadro e que ações podem ser apresentadas a partir dessa análise. Para conclusão da análise dos dados foi utilizado o Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas – RCNEI que serve como elemento norteador para as ações pedagógicas das escolas indígenas do Brasil. A partir dessa análise, as propostas apresentadas visam uma ação conjunta da Gestão da Escola e da Gerência de Educação Escolar Indígena da Rede de Ensino que representa a SEDUC-AM.

Os dados levantados através das entrevistas com a equipe gestora e professores da escola Gildo Sampaio revelam os principais entreves que circulam a escola indígena como a definição de uma proposta pedagógica definida e a questão do bilinguismo como elemento prejudicial no acesso às informações registradas em Língua Portuguesa. Na próxima seção trataremos da questão do bilinguismo e como esta questão interfere na aprendizagem dos alunos da escola Gildo Sampaio.

2.2 O bilinguismo na Escola Indígena Gildo Sampaio Megatanücü como entrave