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2 REVISÃO DE LITERATURA

4.6 Análise dos dados

4.6.1 Análise de Conteúdo

Os dados qualitativos, obtidos através dos grupos focais e entrevistas, foram analisados pelo uso da técnica de análise de conteúdo. A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise de comunicações, visando obter, por meio de medidas objetivas e descrição sistemática do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitem a inferência de conhecimentos em relação às condições de produção/recepção destas mensagens(130, 152).

A definição trazida por Bardin emerge como uma crítica ao entendimento inicial trazida por Barelson, na década de 40, que apresenta um entendimento com fortes traços da tradição cartesiana de investigação, negando o conteúdo não expresso da comunicação para defender a objetividade científica(153).

A análise de conteúdo, em termos gerais, relaciona estruturas semânticas (significantes) com estruturas sociológicas (significados) dos enunciados. Articula a superfície dos textos descritos e analisados com os fatores que determinam suas características: variáveis psicossociais, contexto cultural, contexto e do processo de produção de mensagem(147).

A técnica chama a atenção para as mensagens expressas, gestos e também pelo que não foi dito, em que a necessidade do pesquisador “começa pelo nível inicialmente enigmático de simbolismo, que pertence ao conteúdo latente (implícito)"(153), sendo útil na análise do conteúdo obtido nas falas de estudantes e professores, na vivência de ações na perspectiva da educação interprofissional e do trabalho colaborativo.

A realização da técnica de análise respeitou as fases de pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados. A primeira fase teve como objetivo a organização do material, permitindo escolher o material a ser analisado, formulação das hipóteses e objetivos e elaboração de indicadores que foram importantes na elaboração da interpretação dos dados, preparando-os para a exploração destes. As etapas dessa fase, embora apresentem um cronograma, se constituem como um processo aberto, se opondo à tendência sistematizada de exploração do conteúdo.

Como etapa inicial da pré-análise, foi realizada a leitura flutuante que permitiu o contato inicial com os documentos, o conteúdo obtido, a partir das falas dos grupos focais e entrevistas. O objetivo desse momento foi conhecer o texto, adquirindo maior precisão em função das hipóteses que emergem, permitindo projetar teorias sobre o material(152, 154). Assim, as transcrições de cada grupo focal e entrevista foram lidas para obter uma imersão no discurso, tendo uma primeira aproximação das mensagens, argumentações e justificativas que têm contribuído para uma maior clareza das hipóteses, superando o que se chama de "caos inicial"(130).

Em seguida, procedeu-se à "constituição do corpus”. O corpus é definido como um conjunto de documentos que serão submetidos à analise, respeitando os procedimentos estabelecidos pela proposta que a embasa. Porém, essa constituição não pode acontecer de qualquer forma. Pelo contrário, deve seguir algumas regras, a fim de agregar validade e consistência aos dados.

Nesse sentido, foi observada a regra de exaustividade e foram organizados os dados para responder a padrões de validade, contemplado todos os aspectos levantados na discussão, sem omissão de nenhum aspecto; representatividade que assegurou que os dados (mensagens, falas, expressões) fossem representativos da totalidade; homogeneidade que obedeceu a critérios precisos de escolha, assegurando que os dados se referissem ao mesmo tema, coletados através de técnicas iguais em indivíduos semelhantes e pertinência que possibilitou reconhecer que o corpus foi adequado aos objetivos do trabalho(152).

Na terceira etapa, foi realizada a “formulação de hipóteses e objetivos" que assegurou realizar algumas afirmações provisórias, a partir das fases anteriores. A formulação dos objetivos foi feita a partir da seleção das unidades de análise,

através do processo de categorização, a posteriori ou empírico, em que as categorias que emergiram foram descritas e discutidas a partir do referencial teórico existente(130, 152).

Na diferenciação dos índices e elaboração de indicadores foi possível identificar, em função das hipóteses, índices que ganharam sentido, a partir da análise. A organização desses índices, quando organizados de forma sistemática, permite a construção de indicadores. O índice é a mensagem explícita, a partir de um tema. A esse índice foi atribuído importância pelas vezes que foi repetido, podendo ser entendido como ponto forte e significativo para os participantes. O indicador, por sua vez foi a frequência que esse índice apareceu, que pode ser representado de forma relativa ou absoluta. Essa fase, de recorte dos textos, permite a categorização para a análise temática.

E a última etapa foi a preparação do material, antes da análise propriamente dita. Nesse momento, foi feita a numeração dos elementos do corpus, e também a identificação das unidades de análise que, para esse estudo foi destacado com cores diferenciadas.

As etapas de exploração do material, tratamento e interpretação dos resultados, foram facilitadas pela etapa, e suas fases, que as precederam. As unidades de análises foram codificadas, decompostas e enumeradas, facilitando a interpretação desses resultados a partir dos objetivos propostos pela pesquisa.

Diante das orientações anteriores, a análise de conteúdo foi escolhida como a abordagem metodológica adequada para analisar as categorias que emergiram nos grupos focais e entrevistas. A análise de conteúdo permitiu a reflexão de mensagens que surgiram na comunicação, como uma forma de encontrar elementos para compreender as relações do processo de formação, nas realidades investigadas(155).

4.6.2 Análise Estatística Descritiva

Para a abordagem quantitativa, os dados produzidos precisam ser organizados de forma a evitar um aglomerado de números, o que dificulta a sua compreensão e análise, resultando no enfraquecimento do estudo(136).

Assim, a análise estatística descritiva foi utilizada como uma técnica adequada para a análise de dados quantitativos obtidos pelo questionário adotado. A análise estatística descritiva permite a organização, sumarização, compreensão e análise de dados numéricos, obtidos pelo pesquisador(144).

Nessa perspectiva, fez-se a distribuição dos dados coletados, que foram analisados e organizados na forma de médias, medianas, moda e porcentagens, uma vez que o instrumento permite a identificação de variáveis discretas e ordinais. Considerando os objetivos da pesquisa e do instrumento utilizado, a média é apresentada como importante por avaliar a tendência central dos entrevistados, na medida em que há menos flutuações ou variações do que a moda e mediana. Para a utilização da média, para fins de comparação dentro do próprio grupo, foram levados em consideração os escores estabelecidos para a construção do questionário(144).

No entanto, outras medidas foram possíveis, uma vez que a média é afetada por valores discrepantes e representa o valor de tendência central em relação ao conjunto de todos os dados, porém pode não representar o que de fato acontece com o conjunto de dados. Diante disso, alguns pontos do questionário foram analisados, a partir da frequência, em termos de valores relativos e porcentagens e também por se tratar de um conjunto grande de dados, a mediana pode ser mais representativa do que a média.

Pela natureza da pesquisa e dos objetivos propostos a ideia não é comparar, no entanto, a comparação em alguns momentos permite a visualização de elementos relevantes para ampliar o debate e a reflexão sobre o objeto da pesquisa.