Foram analisados os resultados do questionário, Gráficos de 3 a 5, em conjunto com o Quadro 3, que mostra a relação das perguntas com os respectivos fatores, identificando, con- forme fatores do Quadro 2, as características da organização ao alinhamento do MDD. Utili- zando o Quadro 3 para identificar o principal fator correspondente a cada questão e a média aritmética (CRESPO, 2002) para calcular a pontuação alcançada em cada fator, foram obtidos os resultados dos Gráficos de 8 a 9 quanto a distribuição dos fatores de acordo com a organi- zação, observando que a escala utilizada nos gráficos é variável para cada organização, sendo o seu valor calculado com a pontuação total a ser alcançada de acordo com o número de res- pondentes do questionário em cada organização.
A proximidade dos pontos nas extremidades indica, de acordo com o aspecto contex- tualizado no fator, um maior alinhamento com a abordagem de desenvolvimento orientada a modelos. Na empresa A, por exemplo, os fatores 3 e 4 devem ser mais trabalhados, pois nes- ses aspectos a empresa se encontra um pouco distante das extremidades, para esses fatores o gráfico está mais próximo do centro, assim seria interessante observar melhor os aspectos ligados a abstrações de modelos e a forma como os modelos são manipulados. Na empresa B, os fatores de 1 a 4 necessitam mais de atenção por estar mais próximo do centro do gráfico, é importante observar melhor os aspectos ligados a manter modelos. Para a empresa C o fator 4 se encontra mais distante da extremidade, devendo ter maior atenção no que diz respeito à forma como são manipulados os modelos gerados em um projeto.
Gráfico 8. Distribuição dos fatores na empresa A
Fonte: O Autor
Gráfico 9. Distribuição dos fatores na empresa B
Gráfico 10. Distribuição dos fatores na empresa C
Fonte: O Autor
É possível observar, por exemplo, que na distribuição dos fatores de cada empresa que o fator 1 é um item pouco trabalhado nas organizações, assim caso se queira utilizar o MDD em seus projetos de desenvolvimento de software é recomendável que se aprimore o aspecto da produção de modelos antes de iniciar um projeto, evitando onerar suas atividades.
Visto os diversos questionamentos em que são referenciados o fator 1, Quadro 3, faz- se necessária uma visão mais detalhada dos aspectos que podem influenciar neste fator, mes- mo que fator não seja citado como o principal para o respectivo questionamento. Sendo assim, é possível analisar quais aspectos que tem relação com o fator estão fracos ou fortes, trans- formando em uma informação adicional para análise da organização, como por exemplo, o fator 1 na média pode ser considerado bom, mas em um determinado aspecto pode ser consi- derado um aspecto a ser trabalhado, gerando uma oportunidade para melhoria para a organi- zação. A partir dos Gráficos 11 a 13 é possível visualizar a distribuição em cada organização dos questionamentos que estão relacionados com o fator 1 como fator secundário.
Baseando-se nos dados encontrados, é possível sugerir o que poderia ser considerado como valores de referência para balizar as organizações em sua tomada de decisão sobre a pertinência em se investir no MDD em seus projetos de software. Para isso, foram utilizados os valores mais próximos das extremidades em cada empresa, conforme mostrados nos Gráfi- cos de 8 a 10. Os fatores com as maiores pontuações correspondem a aproximadamente 70% do valor total, sendo possível observar esta ocorrência nos fatores 5 e 6 da empresa A, no fa-
tor 6 da empresa B e nos fatores 1 e 5 da empresa C. Assim, a referência sugerida tem como base o percentual encontrado nos melhores resultados, de aproximadamente 70%, para todos os fatores, deixando todos os aspectos balanceados. Os Gráficos 14 e 15 representam a rela- ção dos dados coletados para cada fator com seus respectivos valores de referência.
Gráfico 11. Distribuição das questões relacionadas com Fator 1 da empresa A
Fonte: O Autor
Gráfico 12. Distribuição das questões relacionadas com Fator 1 da empresa B
Gráfico 13. Distribuição das questões relacionadas com Fator 1 da empresa C
Fonte: O Autor
Gráfico 14. Relação entre a sugestão de referência e as empresas A e B
Gráfico 15. Relação entre a sugestão de referência e a empresa C
Fonte: O Autor
Além dos resultados para as organizações, é interessante considerar também os resul- tados relativos ao retorno crítico do questionário, Gráficos 4 e 5, avaliação do principal ins- trumento da pesquisa. No Gráfico 4 é importante ressaltar que as questões com maior índice de negatividade, com problemas relacionados à clareza em sua redação, foram as questões 1, 2, 5 e 11, com 22%, 13%, 17% e 13% de respostas “não” respectivamente. As questões res- tantes estão abaixo dos 10% de negatividade. E a Questão 14 foi considerada totalmente clara pelos respondentes. Já no Gráfico 5 é possível observar que as questões com maior índice de negatividade, com problemas relacionados à objetividade, foram as questões 1 e 11, com 17% e 13% de respostas “não” respectivamente. As questões restantes estão abaixo dos 10% de negatividade. E a Questão 14 foi considerada totalmente objetiva pelos respondentes.
Assim, baseando-se no parágrafo anterior, exceto a Questão 14, todas as questões ne- cessitam de ajustes, seja em sua clareza ou em sua objetividade. As questões que podem ser consideradas críticas, necessitando alteração para alcançar melhor clareza e objetividade, e por consequência melhor avaliação do fator correspondente, são as Questões 1 e 11.
O principal produto criado na pesquisa foi o questionário de avaliação se uma deter- minada organização desenvolvedora de software tem características que sugerem seu alinha- mento ao MDD. Porém, não se pode afirmar que o questionário, em sua versão atual, é ple- namente eficaz para medir o alinhamento das organizações à MDD, mas pode-se afirmar que
o mesmo foi concebido de forma a considerar diversos aspectos identificados na pesquisa bibliográfica e no uso prático do desenvolvimento por modelos. Os testes do questionário quanto a sua clareza e objetividade também ampliam a confiança em que o instrumento esteja medindo o que se pretende. Quanto à sua aplicabilidade e utilidade, há ainda espaços de me- lhorias. Por exemplo, de acordo com os respondentes, a Questão 1 ainda apresenta problemas quanto a clareza e objetividade, podendo assim, gerar resultados não confiáveis ou inconclu- sivos para o seu respectivo fator.
Mesmo necessitando dessas melhorias, o questionário conseguiu medir o grau de ali- nhamento das organizações com o MDD, visto que evidenciou as diferentes características das organizações participantes do trabalho de pesquisa. Porém, para ser utilizado em larga escala em outras organizações, é importante que se façam os devidos ajustes no sentido de melhor captar a realidade da organização em relação ao desenvolvimento de software.
Um indicador que o instrumento está realmente medindo o alinhamento das organiza- ções ao MDD é a diferenciação dos resultados de acordo com a organização, como se pode constatar nos Gráficos de 3 a 5, onde se evidenciam as características da organização. Outro indicador de que o instrumento é adequado é o fato das maiores críticas em relação a clareza e objetividade da Questão 1, por exemplo (Gráficos 6 e 7), refletirem-se na análise dos dados obtidos para o fator 1 nas empresas A e B (Gráficos 3 e 4).
Outro indicador de que o instrumento, apesar de passível de melhoria, já gera resulta- dos interessantes, diz respeito à Questão 13. Analisando os resultados desta questão, conclui- se que todas as organizações avaliadas estão em situação semelhante, isto é, próximas ao cen- tro do gráfico, mostrando que o fator 4 (automatização) merece maior atenção por parte des- sas organizações. De fato, o indicador de semelhança de característica evidencia a proximida- de dos fatores 3, 4 e 5 da empresa A e B. Ainda pode-se considerar que os fatores 4 e 5 estão fazendo uma boa medição das questões concernentes, haja vista a baixa incidência de proble- mas de clareza e objetividade.
Os fatores sugeridos indicam a realidade dos projetos de desenvolvimento de software da organização, ou seja, a importância que cada aspecto tem para a respectiva organização. Sendo assim, os fatores também podem apontar em quais aspectos a utilização do MDD seria benéfica para a organização, por exemplo, os fatores 5 e 6, que indicam portabilidade e inte- roperabilidade. Conforme mostrado nos Gráficos 8 a 10, para a empresa A, esses dois fatores são importantes para os projetos de software da organização, no entanto, para as empresas B e C, apenas o fator 6 é relevante para seus projetos. Portanto, a decisão da organização para a utilização do MDD em seus projetos deve se basear no investimento dos fatores 1 a 4 e na
relevância dos fatores 5 e 6 em seus projetos de software.
Sendo assim, além dos passos metodológicos utilizados para criar o questionário, essas análises mostram que esse instrumento de pesquisa, em seu estado atual, é aplicável e pode mostrar, nos aspectos considerados, o alinhamento de uma organização a abordagem orienta- da por modelos de software.
5 CONCLUSÃO E TRABALHOS FUTUROS
Neste capítulo, será tratado o fechamento do trabalho, a saber: (i) resultados da pes- quisa, (ii) limitações da pesquisa, (iii) conclusão e (iv) oportunidades de pesquisas futuras identificadas.