Análise dos resultados

O objectivo desta investigação era o de aprofundar conhecimentos na área dos EP, numa tentativa de perceber de que modo os desejos e receios para o futuro influenciam a situação actual dos indivíduos, nomeadamente o seu sentido de auto- eficácia e quais as repercussões deste sobre o rendimento académico. Com este estudo pretendíamos reforçar a importância de desenvolver programas de intervenção junto dos estudantes universitários no sentido de os ajudar a desenvolver EP, tal como estratégias adequadas para os alcançar ou evitar.

Apresentamos agora um resumo dos resultados obtidos neste estudo, de modo a ter uma ideia mais clara sobre os mesmos.

Verificou-se que os estudantes que participaram no estudo mencionam um maior número de representações positivas de si próprios no futuro do que representações negativas, o que vai de encontro aos resultados encontrados por Lopes da Silva e Sá (1999). Também, no mesmo sentido do que foi encontrado por Lopes da Silva e Sá (1999), alguns participantes do estudo não indicaram qualquer representação negativa, quando questionados.

Os EP desejados mais frequentemente mencionados referem-se a aspectos relacionados com a Profissão e Vida Familiar enquanto que os EP receados referidos mais frequentemente pelos participantes dizem respeito à Vida Profissional, Saúde Física e Situação Material. Estes resultados são um pouco diferentes dos obtidos por Lopes da Silva e Sá (1999), uma vez que no presente estudo não surgem com tanta frequência preocupações relacionadas com Características Pessoais. Também nos EP

desejados mais importantes, os estudantes do presente estudo não mencionam com tanta frequência estas mesmas características.

No que diz respeito às estratégias utilizadas pelos estudantes para alcançar os EP desejados, estas estão maioritariamente relacionadas com a Educação, Características Pessoais e Profissionais, o que significa que para alcançar os seus objectivos a nível profissional, os estudantes recorrem a estratégias que passam por estudar e trabalhar mais, enquanto que para alcançar uma vida familiar estável as estratégias se centram mais nas suas próprias características pessoais.

Para evitar os EP receados, as estratégias mais utilizadas pelos estudantes relacionam-se Saúde Física, Educação e Factores Pessoais. Assim, para evitar problemas de Saúde, os estudantes desenvolvem hábitos de vida saudável, enquanto que para evitar problemas relacionados com a sua vida profissional e situação material, envolvem-se mais no estudo e tentam desenvolver características pessoais que lhes permitam alcançar o sucesso profissional futuro. Verifica-se, desta forma, uma coerência entre os Eus Possíveis indicados pelos estudantes e as estratégias referidas para atingir ou evitar esses mesmos Eus Possíveis.

Relativamente à auto-eficácia que os estudantes sentem para atingir os EP desejados e evitar os receados, verificámos que estes se sentem mais capazes de alcançar os EP desejados do que evitar os EP receados, tal como já tinha sido observado na investigação conduzida por Lopes da Silva e Sá (1999), o que nos leva a concluir que os estudantes percebem os EP receados como estando mais fora do seu controlo, apesar de referirem estratégias que desenvolvem para os evitar.

No sentido de testar a nossa primeira hipótese em estudo, segundo a qual os indivíduos que apresentavam um maior número de EP apresentavam igualmente um melhor rendimento académico, analisámos a relação entre o número de EP e o

Rendimento Académico. Foi encontrada uma relação negativa entre o total de EP desejados e o número de Cadeiras Concluídas, o que vai no sentido contrário ao esperado. No entanto, uma explicação possível para estes resultados seria que se o estudante está mais concentrado em atingir um número reduzido de objectivos, isso irá contribuir para aumentar o seu empenho nas actividades escolares, dispersando menos a sua atenção.

Relativamente à segunda hipótese em estudo que afirmava que os estudantes com EP equilibrados apresentam um melhor rendimento académico, os resultados indicaram não existirem diferenças significativas entre os grupos. A única diferença significativa encontrada, diz respeito à auto-eficácia sentida pelos estudantes para alcançar os EP desejados B, o que nos poderá indicar que quanto mais equilibrados forem os EP, mais capazes se sentirão os estudantes de alcançar os EP desejados.

No que diz respeito à terceira hipótese em estudo não foram encontrados resultados que nos indiquem uma relação significativa entre as estratégias utilizadas pelos estudantes e o rendimento académico.

Quanto à relação entre auto-eficácia e rendimento académico, os resultados indicam a existência de uma relação significativa entre a auto-eficácia para alcançar os EP desejados (A) e a Média do 1º ano, o que aponta para uma associação positiva entre os resultados académicos e o sentido de auto-eficácia dos estudantes para alcançar os seus objectivos futuros, o que vai ao encontro da quarta hipótese do presente estudo. No mesmo sentido, quanto maior é a auto-eficácia para alcançar os EP desejados (B), maior é também a auto-eficácia para evitar os EP receados (A).

Verificou-se igualmente uma correlação positiva entre a auto-eficácia para alcançar os EP desejados (B) e a auto-eficácia para evitar os EP receados (A) e (B), tal como entre a auto-eficácia para evitar os EP receados (A) e a auto-eficácia para evitar

os EP receados (B). Estes resultados parecem indicar que quanto maior a percepção de auto-eficácia por parte dos estudantes, em alcançar os EP desejados, maior é o sentimento de poderem também vir a evitar os EP receados.