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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.2 Implicações e Limitações do estudo

Com fundamentação em investigações como a de Oyserman et al., (2006) em que foi desenvolvido um programa que visava o desenvolvimento de EP em estudantes, como forma de melhorar o seu rendimento escolar, o presente estudo vem confirmar a importância da existência de EP e de um forte sentido de auto-eficácia para alcançar os objectivos futuros tal como evitar EP receados.

Os resultados obtidos salientam a importância da auto-eficácia e da existência de EP equilibrados no rendimento académico. Sugerimos, deste modo, a criação de programas de intervenção que visem trabalhar junto dos estudantes universitários estas mesmas variáveis, no sentido de melhorar a sua motivação e auto-regulação comportamental e consequentemente, o seu rendimento académico.

De acordo com diversos estudos como o de Oyserman et al., (2004), quando os jovens possuem EP focados mais especificamente no domínio académico, tal como estratégias para os atingir, os seus resultados académicos melhoram significativamente. Desta forma, seria interessante verificar até que ponto as estratégias desenvolvidas pelos estudantes seriam plausíveis e adequadas à sua realidade, no sentido de os ajudar a construir EP académicos equilibrados, tal como estratégias que lhes permitissem atingir os seus objectivos ou evitar aquilo que mais receiam.

As hipóteses 1, 2 e 3 do nosso estudo não foram corroboradas, o que se poderá dever ao facto da dimensão da amostra não ser a suficiente para confirmar os dados anteriormente obtidos em outros estudos. Do mesmo modo, trata-se de uma amostra

bastante homogénea, com a maioria dos estudantes a pertencer ao sexo feminino e com sucesso académico situado na média, pertencentes todos ao mesmo curso. Por este motivo sugerimos a realização de outros estudos com uma amostra mais heterogénea e com maior número de participantes.

Particularmente, seria importante poder comparar os EP desejados e receados, tal como a auto-eficácia e estratégias utilizadas de estudantes com insucesso e sucesso académico, o que não foi possível de concretizar no presente estudo, face à homogeneidade da amostra neste domínio.

O facto de alguns estudantes não referirem quaisquer representações negativas ou EP receados para si no futuro, leva-nos também a sugerir posteriores investigações neste âmbito, no sentido de analisar os seus motivos para o fazer. Uma das explicações fornecidas por alguns dos estudantes no decurso da nossa investigação, seria o facto de serem pessoas “positivas” e não pensarem em situações negativas para a sua vida. De qualquer forma, esta recusa em pensar ou referir receios para o seu futuro, poderá ser vista como um modo de evitar estes pensamentos, não os auxiliando a desenvolver consequentes estratégias para lidar com os EP receados.

Seria igualmente importante poder analisar diferenças entre os géneros, já que estudos anteriores (Lopes da Silva & Sá, 1999) sugerem que as mulheres indicam um maior número de EP quer positivos, quer negativos. Também ao nível das categorias se verificam diferenças entre o género, com as mulheres a referirem mais frequentemente representações positivas relacionadas com a Educação e Lazer e representações negativas ligadas à Saúde Física, Educação, Família e Profissão (Lopes da Silva & Sá, 1999). Ainda dentro das diferenças entre géneros, o mesmo estudo indica que os homens, de um modo geral, se sentem mais capazes de evitar os Eus receados do que as mulheres. Desta forma, seria importante desenvolver investigações que analisassem

estas diferenças, no sentido de tentar compreender se estas diferenças são globais e verificam-se em diferentes contextos.

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ANEXOS

ANEXO A

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