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ANÁLISE ECONOMÉTRICA PARA O MARCADOR 2D:4D E VALOR DO INVESTIMENTO

No documento Razão 2D:4D e as decisões de investimento (páginas 54-59)

4 CAPÍTULO 2 – EXPERIMENTO “IMAGEM”

4.5 ANÁLISE ECONOMÉTRICA PARA O MARCADOR 2D:4D E VALOR DO INVESTIMENTO

Nesta seção deseja-se realizar a análise econométrica para comprovar os resultados da pesquisa. Para a confirmação da relevância entre a razão 2D:4D e o valor investido foi estimado um modelo econométrico (1). Realizou-se também regressões para as outras variáveis apresentadas pelos voluntários, como sexo, variação do experimento, idade, peso, raça, altura e lateralidade (se o indivíduo é destro ou canhoto). Para a realização da avaliação foi estimada a seguinte equação via Mínimos Quadrados Ordinários (MQO):

Vlr = α0+ β1X1+ β2X2 + β3X3+ β4X4+ β5X5+ β6X6 + β7X7+ β8X8 + μi (1) onde:

Vlr representa o valor investido pelo indivíduo; X1 = razão 2D:4D mão direita 1; X2 = tratamento da pesquisa (foto 1 ou foto 2); X3 = variável dummy para sexo, sendo 1 para os homens e 0 para as mulheres; X4 = idade; X5 = peso; X6 = raça, sendo 1 para brancos e 0 demais (não brancos); X7 = variável dummy para lateralidade, sendo 1 para destro e 0 para canhoto; X8= altura e μi, o termo de erro.

As variáveis ‘você é filho único?’, quantos irmãos e ordem de nascimento que também estavam contidas no questionário da pesquisa não foram inseridas na regressão, pois faltaram muitas informações, inviabilizando sua análise.

A tabela 9 resume os principais resultados da regressão do tipo MQO. Entretanto, conforme literatura abrangente, as regressões foram realizadas com o logaritmo das variáveis quantitativas. Dessa forma, transformações logarítmicas foram feitas nas seguintes variáveis: valor investido, razão 2D:4D mão direita, idade, peso e altura. Como na variável valor investido existiam valores de 0,00 U.M, acrescentou-se uma constante de 1,00 U.M em todos os valores de investimentos. O procedimento de realizar a transformação logarítmica facilita a interpretação, pois desta forma pode-se considerar os dados como elasticidade.

Tabela 9 – Estimativas MQO. Variável dependente: Log do Valor investido

( A ) ( B ) Constante 5.567466 *** 5.856012 *** (0.188291) (1.641913) Ln_2D:4D Dir -5.068199 *** -5.217447 ** (1.948204) (2.201367) TRATAMENTO 1 ou 2 0.567047 *** (0.149502) Dummy - SEXO -0.066439 (0.192395) Ln_IDADE -0.48829 (0.420407) Ln_PESO 0.642241 (0.429023) Dummy - RACA -0.359434 (0.256074) Dummy - Destro/Canhoto 0.112645 (0.219303) Ln_ALTURA -3.260601 (2.506251) N 219 219 L -370.8487 -362.3675

1 Desvio Padrão entre parênteses 2 ** Significância estatística a 5% 3 *** Significância estatística a 1%

Fonte: Elaborado pelo autor

A coluna A resume as inferências obtidas entre o log da razão 2D:4D e o log do valor investido. Como esperado, o sinal do parâmetro 2D:4D dir foi negativo (t

statistic = -2.60147, p = 0.0099), da mesma forma que nos trabalhos de Coates et al. (2009) e Garbarino (2011). Assim inferimos que quanto menor a razão 2D:4D maior será o valor investido. Dessa maneira, foi possível analisar que a cada 1% de decréscimo na razão 2D:4D, o valor investido pelos voluntários aumenta em 5,06%.

Na coluna B é apresentada a correlação entre o do valor investido e as outras variáveis estimadas no modelo. As variáveis sexo, tratamento, raça e lateralidade foram incluídas como dummies. Somente as variáveis 2D:4Ddir e tratamento foram significativas. Para a variável tratamento (t statistic = 3.7929, p = 0.0002) o resultado foi positivo e significativo a 1%, mostrando que realmente o valor investido está correlacionado com a fotografia apresentada do analista. Novamente o sinal do parâmetro 2D:4D dir foi negativo (t statistic = -2.37009, p = 0.0187), porém agora cada decréscimo de 1% na razão 2D:4D, o valor investido pelos voluntários aumenta em 5,21%.

Esses resultados confirmam a robustez da razão 2D:4D e sugere uma relação inversa entre a exposição ao hormônio testosterona e o valor investido pelos participantes da pesquisa. Isto é, quanto menor a razão 2D:4D, indicando maior exposição ao hormônio testosterona, maior o valor investido pelos indivíduos. Isto é, quanto menor a razão 2D:4D, indicando maior exposição ao hormônio testosterona, e menor aversão ao risco, maior foi o valor investido pelos indivíduos. (APICELLA, 2008).

4.6 CONCLUSÕES

As pessoas, independentemente do sexo, levaram em conta a aparência física do analista, para decidir suas aplicações. O valor médio investido pelo total de entrevistados para o tratamento 1 (analista de camiseta e short) foi de 456,42 U.M. e de 577,17 U.M. e para o tratamento 2 (analista de terno e gravata) mostrando uma diferença significativa (teste t, T = -3.38765, p = 0.0008) e sugerindo que a imagem vista em cada tratamento do experimento foi determinante para os valores investidos

pelos voluntários. Logo, foi constatado que a imagem de uma pessoa que transmite mais confiança leva a uma maior credibilidade dos indivíduos, da mesma forma como afirma Rosenberg (1986;1991).

A contribuição do presente artigo está em inserir a relação da testosterona com os resultados. Os voluntários com razão 2D:4D menor que 1, isto é, mais expostos à testosterona, que participaram do tratamento 2 investiram em média 23,5% a mais do que os participantes do tratamento 1. Para o público geral, isto é, onde a exposição à testosterona não foi levada em consideração, esse acréscimo havia sido de 20%. Houve então um acréscimo médio de 17,5% a partir do momento que a exposição à testosterona foi considerada. Este resultado sugere que uma maior exposição pré-natal ao hormônio testosterona leva os indivíduos a um comportamento de risco mais acentuado. (APICELLA ET AL.,2008).

No entanto, os homens mais expostos à testosterona investiram 40% a mais que mulheres menos expostas no tratamento 2. Neste caso, o efeito da maior exposição à testosterona parece ter elevado a diferença no comportamento de risco dos homens. Dessa forma, confirmamos os resultados de Apicella et al. (2008), Coates e Rustichini (2009), Sapienza e Maestripieri (2009) Garbarino e Sydnor (2011) no qual os homens têm um comportamento de risco mais acentuado que as mulheres.

Os voluntários que apresentaram a razão 2D:4D maior que 1, isto é, menos expostos à testosterona, não mudam muito de opinião, independente da imagem do analista, continuando com suas convicções de aversão ao risco. O valor médio de seus investimentos não revelou diferença significativa nos dois tratamentos, sendo de 445,00 U.M. no tratamento 1 e 494,44 U.M. no 2 (teste t, T = 0.381471, p = 0.7073), indicando que a aversão ao risco prevalece independentemente da imagem do analista.

Conforme estes resultados, podemos observar que na média a imagem importa para todos os indivíduos que foram mais expostos a testosterona.

Dessa forma, podemos inferir que, para as pessoas com menor exposição à testosterona, a imagem não é interpretada da mesma forma do que para os que

foram mais expostos a este hormônio e não interfere em suas decisões financeiras de risco.

Apesar das limitações da pesquisa, com esses resultados, pode-se inferir que a exposição ao hormônio testosterona medida pela razão 2D:4D é um fator importante no comportamento de risco das pessoas. Portanto, a conclusão a que se chega é que a exposição ao hormônio testosterona, medido pela razão 2D:4D, é um preditor importante no comportamento de risco dos investidores financeiros.

No documento Razão 2D:4D e as decisões de investimento (páginas 54-59)