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Razão 2D:4D e testosterona no comportamento de risco

No documento Razão 2D:4D e as decisões de investimento (páginas 43-54)

4 CAPÍTULO 2 – EXPERIMENTO “IMAGEM”

4.2 LITERATURA RELACIONADA

4.2.2 Razão 2D:4D e testosterona no comportamento de risco

Estudos demonstram que a exposição a andrógenos pré-natais, especialmente a testosterona, causa diferenciação sexual. Dixson (1998) e Wingfield et al. (1990) afirmaram que a testosterona é um hormônio que influência não só a masculidade, mas também desempenha um papel importante na explicação de certos comportamentos masculinos.

A testosterona tem sido associada a traços de personalidade, tais como: aumento da agressividade (ARCHER, 2006), neuroticismo, extroversão, conscienciosidade e afabilidade (FINK ET AL., 2004), e a outros comportamentos como: maior fertilidade (MANNING ET AL., 1998), boa saúde (MANNING ET AL., 2002), maior habilidade esportiva e para a música (MANNING ET AL. 2001/2002), infrações de trânsito (SCHWERDTFEGER ET AL., 2010), depressão (SMEDLEY ET AL., 2014), competitividade (CROSSON & GNEEZY, 2009) e outros.

[BROWN ET AL. (2002A, 2002B), LUTCHMAYA ET AL. (2004), ÖKTEN ET AL. (2002), APICELLA ET AL. (2008), COATES &RUSTICHINI (2009), SAPIENZA & MAESTRIPIERI (2009) GARBARINO & SYDNOR (2011)] e outros, relacionaram a exposição ao hormônio testosterona, ao comportamento das pessoas.

Para medir a exposição ao hormônio testosterona, a literatura aponta diversos marcadores biológicos. Foram utilizados, por exemplo, o líquido amniótico (JUDD ET AL.,1976), o sangue do cordão umbilical ( MACCOBY ET AL., 1979), o sangue da mulher grávida (DOKRAS ET AL., 2003) entre outros.

Outro marcador de testosterona pré-natal intensamente estudado atualmente é a razão 2D:4D, isto é, a razão entre os comprimentos do dedo indicador (2D) e o dedo anelar (4D). A razão 2D:4D é sexualmente diferenciada, de modo que os homens tendem a ter menor razão 2D:4D do que as mulheres. Essa diferença sutil na anatomia da mão humana já era conhecida final do século 19. (PETERS ET AL., 2002) e (VORACEK ET AL., 2008).

Manning et al. (1998) aplicaram o método 2D:4D para medir a exposição do feto ao hormônio testosterona. Os autores deduziram que a testosterona é um fator

importante no controle dos órgãos do corpo humano assegurando um bom funcionamento destes sistemas. Manning et al. (1998) e Manning (2002) confirmaram a existência de um padrão de dimorfismo sexual entre os sexos, indicando que os homens têm uma razão menor 2D:4D que as mulheres.

No presente trabalho foi aplicado este mesmo método por se tratar de uma maneira menos invasiva e mais acessível de obter o grau de exposição à testosterona que as pessoas foram expostas. Além disso, vários pesquisadores têm utlizado este método em suas pesquisas. Por exemplo, os estudos de Brown et al. (2002a, 2002b), Lutchmaya et al. (2004), Ökten et al. (2002) encontraram evidências para a hipótese de que a razão 2D:4D esteja relacionada com andrógenos pré- natais. Estes estudos mostram que uma menor razão 2D:4D está associada a maior exposição à testosterona pré-natal. Sapienza & Maestripieri (2009), Garbarino & Sydnor (2011) concluíram que um indivíduo que recebera uma maior exposição à testosterona tem maior propensão ao risco, mostrando que, por isso, os homens têm maior propensão ao risco que as mulheres.

Coates et al. (2009) realizaram um estudo confrontando a exposição à testosterona e a taxa de retorno de uma carteira de investimentos. Chegaram a conclusão que os traders, que foram expostos a um maior nível de testosterona pré- natal, ganharam maiores retornos a longo prazo e permanecem mais tempo no negócio.

Destacamos aqui dois estudos que também estão relacionados com investimentos financeiros. O trabalho de Apicella et al. (2008) foi adaptado do jogo proposto por Gneezy e Potters (1997) no qual cada participante recebeu um saldo de US $ 250 e foi solicitado a escolher um valor X entre 0 e 250 que desejava atribuir a um investimento de risco. Caso tivesse sucesso, teria seu investimento multiplicado por 2,5. O valor não investido ficaria de posse do voluntário que teria uma chance de ganhá-lo, caso fosse sorteado no final do experimento. Os homens com níveis de testosterona mais altos investiram quase 12% a mais que os homens com níveis médios de testosterona.

O outro trabalho mais recente é o de Teixeira (2013) que investigou a relação entre exposição ao hormônio testosterona e o processo de tomada de decisão.

Realizou três experimentos relacionados com a Myopic Loss Aversion (MLA), replicando o experimento de Gneezy e Potters (1997), house-money e effect (HME), e na aversão à ambiguidade. No experimento Myopic Loss Aversion (MLA), os voluntários de ambos os sexos com maior exposição ao hormônio testosterona investiram mais após ganhos e perdas. Já as mulheres que foram menos expostas foram avessas à ambiguidade. O autor conclui que a maior exposição à testosterona deve ser tratada com parcimônia.

No presente experimento também chamamos a atenção para o possível papel da testosterona no comportamento econômico e financeiro das pessoas. Para tanto, foi proposta uma experiência de tomada de decisão financeira que estabelece uma conexão entre a razão 2D:4D com a imagem pessoal.

Um dos resultados importantes deste experimento é que os voluntários com a razão 2D:4D maior que 1, isto é, com menor exposição à testosterona quase não mudam de opinião, independente da imagem do analista, continuando com suas convicções avessas ao risco.

4.3 METODOLOGIA

Para a realização do experimento foram recrutados alunos de graduação de duas faculdades na cidade de Brasília, Distrito Federal: UNIPLAN (Centro Universitário Planalto do Distrito Federal) e IESB (Instituto de Ensino Superior de Brasília). A pesquisa contou com elevado grau de heterogeneidade. Os voluntários eram de cursos de várias áreas de conhecimento: engenharias civil e elétrica (exatas), gestão em recursos humanos (humanas), gestão empresarial (negócios) e gestão hospitalar (Saúde).

A participação foi voluntária e os alunos foram estimulados a participar da pesquisa mediante uma recompensa, receber 10 pontos - em 100 possíveis no semestre - em uma disciplina que estavam cursando no momento (show up fees).

Este estímulo se justifica para um maior comprometimento dos voluntários, conforme o artigo Pay - But do not pay too much: An experimental study on de Impact off incentives (POKORNY, K. 2008). Foram realizadas várias sessões em dias e locais diferentes, caracterizando a não influência de um grupo de participantes em outros. Foram excluídas da amostra as observações com valores ausentes de qualquer das variáveis utilizadas neste trabalho. A amostra é composta por 219 voluntários, sendo 92 homens e 127 mulheres (Idade M = 27,5 e DP = 7,6).

Com o propósito de alcançar a obtenção do melhor conjunto de dados sem viesar as inferências, buscou-se o controle do experimento de acordo com o estudo de Davis & Holt (1993), no qual são definidas regras básicas para a realização de procedimentos experimentais. Assim, minimizamos os impactos das variáveis perturbadoras realizando as pesquisas em horário normal de aula dos alunos, na mesma sala de aula em que estão acostumados a frequentar, assegurando sua assiduidade e costume com o horário.

Os participantes eram conduzidos aos seus assentos e orientados a desligar todos os aparelhos eletrônicos, tais como aparelhos celulares, computadores, tablets etc. Desta forma, pudemos evitar algum tipo de ruído externo que comprometesse as respostas dadas (DAVIS & HOLT 1993).

Os voluntários receberam as informações relativas ao experimento impressas e verbalmente. Todos os voluntários assinaram o termo de consentimento esclarecido.

Inspirado no trabalho de Rosenberg (1986), no presente experimento, foi exibida uma fotografia aos pesquisados, de um voluntário apresentado como um analista. Este analista apresentava informações financeiras de uma empresa fictícia, recomendando por meio de um texto que os participantes aplicassem seu dinheiro na empresa fictícia, pois, de acordo com as suas perspectivas, as ações dessa empresa renderiam mais que a média do mercado.

Os participantes tinham uma dotação inicial de 1.000 unidades monetárias (U.M) e deveriam decidir o quanto dessa dotação investiriam na empresa recomendada pelo analista. Os pesquisados foram orientados a escolher uma fração dessa dotação financeira, ou seja, poderiam escolher um valor de 0,00 até 1.000

unidades monetárias para efetuar seu investimento. Os participantes foram divididos em duas turmas, conduzidas a salas diferentes, e o experimento foi dividido em três fases. Na primeira fase foram apresentadas as informações dadas pelo analista financeiro e uma fotografia foi projetada em uma tela, informando que a pessoa apresentada era o analista. Naquele momento, cada participante deveria decidir o quanto de sua dotação financeira inicial estaria disposto a investir. Na segunda fase, os entrevistados responderam a um questionário sobre alguns traços biológicos e sociais. Finalmente, na terceira fase, todos os participantes foram convidados a tirar a fotocópia das mãos direita e esquerda.

O experimento foi conduzido com duas formas de tratamento. No tratamento 1 foi apresentada a fotografia do voluntário com roupas simples (short e camiseta) e no tratamento 2 foi apresentada a fotografia do mesmo voluntário trajando terno e gravata. A duração média de cada sessão foi de 60 minutos.

Para a retirada das cópias de ambas as mãos dos voluntários, foi utilizado um scanner da marca HP Scanjet G4050, com resolução de digitalização de até 4800 x 9600 dpi. Para evitar distorções foi solicitado a cada voluntário que retirasse quaisquer objetos e/ou adornos dos dedos antes de colocar a mão no scanner.

O procedimento de fotocopiar as mãos dos voluntários é amplamente utilizado na literatura e não apresenta riscos à saúde. Para a aferição das medidas dos dedos utilizamos uma técnica à luz do software desenvolvido por DeBruine (2004) que fornece maior precisão nos resultados.

4.4 RESULTADOS

A figura 1 reporta a estimativa do histograma e a densidade de kernel da razão 2D:4D da amostra. Os resultados são apresentados tanto para a mão direita quanto para a mão esquerda, separarando homens (n = 92) e mulheres (n = 127).

Figura 1 - Distribuição razão 2D:4D e Densidade de Kernel.

Fonte: Elaborado pelo autor

O histograma, conjuntamente com a Densidade de Kernel, mostra que a distribuição das medidas das mãos das mulheres e dos homens é bastante similar para ambas às mãos. Densidade de Kernel é um método estatístico não paramétrico de estimação de curvas de densidade, também podendo ser utilizado como uma medida de similaridade entre amostras.

Neste método, cada uma das observações é ponderada pela distância em relação a um valor central, o núcleo. É geralmente utilizado na suavização de um histograma. A partir dos trabalhos de Rosenblatt (1956) e Parzen (1962), o estimador Kernel tem sido bastante estudado.

Entretanto, a fim de se obter significância estatística, realizamos também o teste de Mann-Whitney (U) para as mãos direita e esquerda de todos os voluntários, não sendo possível rejeitar a hipótese de que elas são estatisticamente iguais. Como não houve diferença significativa, apesar de ter sido realizado testes para ambas às mãos, neste trabalho, apresentam-se os resultados apenas da mão direita.

Tabela 1 – Teste de Mann-Whitney (U) para mãos direita e esquerda.

Variable Count Median Median Mean Rank Mean Score

D2D4DIR 219 0.94 99 209.8128 -0.086381

D2D4ESQ 219 0.944 113 229.1872 0.087253

p = 0.1093

Fonte: Elaborado pelo autor

As estatísticas descritivas da razão 2D:4D são apresentadas na tabela 2. Os resultados são apresentados separadamente para homens e mulheres e para as mãos direita e esquerda.

Tabela 2 – Estatística descritiva da razão 2D:4D de ambas as mãos.

Direita Esquerda Direita Esquerda

Mean 0.9301 0.9477 0.9455 0.9491 Median 0.9305 0.9475 0.9400 0.9400 Maximum 1.0500 1.0300 1.0600 1.100 Minimum 0.8100 0.8800 0.8500 0.8600 Std. Dev. 0.0459 0.0308 0.0354 0.0377 Skewness -0.1669 0.4616 0.4820 0.7730 Kurtosis 3.2531 3.4106 3.4446 4.2225 Jarque-Bera 0.6731 3.9141 5.9647 20.5587 Probability 0.7142 0.1412 0.0506 0.00003 Homens Mulheres

Fonte: Elaborado pelo autor

Os resultados obtidos estão de acordo com Manning et al. (1998) e McIntyre (2006), uma vez que as mulheres apresentaram uma razão 2D:4D maior que dos homens. A média para as mulheres foi de 0.945, enquanto, para os homens, a

média foi de 0.930, ambas as razões foram obtidas pela mão direita. Não houve mudança significativa no resultado para a mão esquerda, visto que, para as mulheres a média foi de 0,949 e para os homens, 0,947.

Para testar se a diferença entre as medidas dos homens e das mulheres foram estatísicamente sigificantes, realizou-se o teste de Mann-Whitney (U) e o resultado mostrou uma diferença significativa, com p-valor de 0,0251, conforme tabela 3.

Tabela 3 – Resultado do teste de Mann-Whitney (U) 2D:4D mão direita homens e mulheres.

Variable Count Median Median Mean Rank Mean Score D2D4DIR_HOMEM 92 0.9305 35 98.72283 -0.195567 D2D4DIR_MULHER 127 0.94 58 118.1693 0.14167

p = 0.0251

Fonte: Elaborado pelo autor

Foi realizado também o teste t (tabela 4), e o resultado mostrou uma diferença significativa, com p-valor de 0,0055.

Tabela 4 – Resultado do teste t 2D:4D mão direita homens e mulheres.

Variable Count Mean Std. Dev. of Mean

D2D4DIR_HOMEM 92 0.93014 0.045962 0.004792

D2D4DIR_MULHER 127 0.94559 0.035471 0.003148

p = 0.0055

Fonte: Elaborado pelo autor

Assim, comprovou-se estatisticamente que a razão 2D:4D dos homens é menor do que a das mulheres, confirmando os resultados da literatura, [MANNING ET AL. (1998); MANNING (2002)].

A tabela 5 apresenta os resultados dos investimentos separadamente para cada grupo de voluntários e o resultado do teste t realizado.

Tabela 5 – Valores médios investidos por variável com resultado do teste t. Tratamento 1 (SD) Tratamento 2 (SD) t p Homem/ Mulher 456.41 (286.31) 577.16 (286.31) -3.387646 0.0008 *** Homem 464.89 (305.04) 603.77 (241.12) -2.415739 0.0177 *** Mulher 449.66 (272.94) 559.55 (240.06) -2.414268 0.0172 *** Razão 2D:4D Menor 1 452.88 (285.24) 591.37 (234.91) -3.746209 0.0002 *** Razão 2D:4D Maior 1 445.00 (312.69) 494.44 (262.15) 0.381471 0.7073 Homem 2D:4D Menor 1 453.48 (303.26) 608.60 (236.83) -2.643461 0.0098 *** Homem 2D:4D Maior 1 470.20 (395.93) 495.00 (417.19) -0.074053 0.9438 Mulher 2D:4D Menor 1 452.40 (272.93) 578.81 (234.74) -2.645675 0.0093 *** Mulher 2D:4D Maior1 420.00 (303.31) 433.33 (250.00) -0.088882 0.9306 Nota: SD = Desvio padrão

*** p < 0.05

Valor médio dos investimentos

Fonte: Elaborado pelo autor

O valor médio investido pelo total de entrevistados no tratamento 1 foi de 456,41 unidades monetárias (U.M.) e de 577,16 U.M. no tratamento 2 (teste t, T = - 3.38765, p = 0.0008). Os voluntários que participaram do tratamento 2 investiram em média 20% a mais do que os que participaram do tratamento 1. Tanto para homens (teste t, T = -2.415739 p = 0.0177) como para mulheres (teste t, T = -2.414268 p = 0.0172), o resultado foi o mesmo. A imagem do analista do tratamento 2 aumentou o valor investido pelos voluntários, corroborando com os resultados de Rosenberg et al. (1986, 1991).

De acordo com a literatura, infere-se que os voluntários com razão 2D:4D maior que 1 são avessos ao risco e que os voluntários com razão 2D:4D menor que 1 são menos avessos ao risco [APICELLA ET AL. (2008), COATES & RUSTICHINI (2009), SAPIENZA & MAESTRIPIERI (2009) GARBARINO & SYDNOR (2011)]. Dessa forma, observa-se que 100% voluntários com aversão ao risco, isto é, com razão 2D:4D maior que 1 investiram menos de 50% de sua dotação inicial, independentemente do tratamento da pesquisa. Além disso, o valor médio de seus investimentos não apresentou diferença significativa nos dois tratamentos, sendo de 445,00 U.M. no tratamento 1 e 494,44 U.M. no 2 (teste t, T = 0.381471, p = 0.7073), indicando que a aversão ao risco prevalece independentemente da imagem do analista.

Já os voluntários com razão 2D:4D menor que 1, isto é, menos avessos ao risco, que participaram do tratamento 2 investiram em média 23,5% a mais do que

os que participaram do tratamento 1, aumentado assim seu apetite pelo risco (teste t, T = -3.76621, p = 0.0002).

Para verificar se houve diferença no comportamento de homens e mulheres, realizamos o teste t para homens com razão 2D:4D menor que 1 e mulheres com razão maior que 1, para os tratamentos 1 e 2. O resultado encontra-se nas tabelas 6 e 7.

Tabela 6 – Resultado do teste t para Homens menos avessos ao risco com mulheres avessas ao risco no tratamento 1.

Variable Count Mean Std. Dev. of Mean

HOM_MENOR_1_TRAT_1 43 453.49 303.26 46.24

MUL_MAIOR_1_TRAT_1 5 420.00 303.31 135.64

p = 0.8163 Fonte: Elaborado pelo autor

Conforme tabela 6, no tratamento 1, os homens com razão 2D:4D menor que 1 investiram, em média, 453.48 U.M e as mulheres com essa razão maior que 1 aplicaram, em média, 420.00. Os homens menos avessos ao risco investiram quase 8% a mais que as mulheres avessas ao risco, mas esta diferença não se mostrou significativa (teste t, T = 0.233701, p = 0.8163).

Tabela 7 – Resultado do teste t para Homens menos avessos ao risco com mulheres avessas ao risco no tratamento 2

Variable Count Mean Std. Dev. of Mean

HOM_MENOR_1_TRAT_2 43 608.61 236.83 36.11

MUL_MAIOR_1_TRAT_2 9 433.33 250.00 83.33

p = 0.0509 Fonte: Elaborado pelo autor

Conforme tabela 7, no tratamento 2, os homens com razão 2D:4D menor que 1 aplicaram, em média, 608,60 U.M e as mulheres com razão maior que 1 investiram, em média, 433,33. Os homens menos avessos ao risco investiram 40% a mais que as mulheres avessas ao risco. (teste t, T = 2.000747, p = 0.0509).

Com estes resultados, observa-se que os homens realmente investiram mais que as mulheres, demonstrando claramente seus comportamentos diferentes perante situações de risco e incerteza. Para o tratamento 1, no qual a imagem do analista é de menor confiabilidade, a diferença foi menor e não significante.

Notadamente, para o tratamento 2, no qual esperava-se investimentos mais altos provocados pela imagem do analista, homens menos avessos ao risco investiram 40% a mais que as mulheres avessas ao risco, com significância de 5%. Resultado similar ao encontrado no experimento de Apicella (2008).

Apresentamos a tabela 8 para quantificar o grau de comportamento de risco que todos voluntários têm frente a cada tratamento da pesquisa, e assim medir o efeito que a imagem passa para as pessoas independentemente do sexo e da razão 2D:4D.

Tabela 8 – Quantidade percentual de investidores versus o valor investido.

Tratamento 1 Tratamento 2 Investiu Zero 6% 1% Investiu $1.000 3% 7% Investiu ACIMA de $500 33% 55% Investiu ABAIXO de $500 49% 24%

Percentual de investidores por tratamento e valores chave

Fonte: Elaborado pelo autor

Quanto aos investimentos extremos – investir tudo ou nada – tem-se que, no tratamento 1 (analista vestido de short e camiseta), enquanto 6% dos voluntários não investiram nada, apenas 3% investiram tudo. Já para o tratamento 2 (analista vestido de terno e gravata), a situação se inverte, apenas 1% não investiu nada e 7% investiram toda sua dotação.

No tratamento 1, apenas 33% investiram acima da metade (500 U.M.) e 49% investiram menos da metade de sua dotação inicial (p = 0.000). Já para o tratamento 2, a grande maioria (55%) investiu acima da metade (500 U.M.) e apenas 24% investiram menos da metade de sua dotação inicial (p = 0.000).

O resultado aponta que as pessoas realmente levam em consideração a apresentação pessoal em sua tomada de decisão, visto que, quando foi apresentada a foto do analista bem vestido 55% dos indivíduos investiram mais da metade de sua dotação inicial e que 7% dos entrevistados investiram toda sua dotação. Em contrapartida, quando o mesmo analista se apresentou de maneira mais humilde (vestindo short e camiseta), apenas 33% dos indivíduos investiram mais da metade de sua dotação e apenas 1% investiu toda sua dotação. (ROSENBERG ET AL. 1986, 1991).

4.5 ANÁLISE ECONOMÉTRICA PARA O MARCADOR 2D:4D E VALOR DO

No documento Razão 2D:4D e as decisões de investimento (páginas 43-54)