• Nenhum resultado encontrado

Razão 2D:4D e as decisões de investimento

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Razão 2D:4D e as decisões de investimento"

Copied!
123
0
0

Texto

(1)

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Economia

RAZÃO 2D:4D E AS DECISÕES DE INVESTIMENTO.

Autor: Eduardo Borges da Silva

Orientador: Dr. Benjamin Miranda Tabak

(2)

EDUARDO BORGES DA SILVA

RAZÃO 2D:4D E AS DECISÕES DE INVESTIMENTO.

Tese apresentada ao programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Economia, da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Doutor em Economia de Empresas.

Orientador: Dr. Benjamin Miranda Tabak.

(3)

Revisão ortográfica e formatação ABNT Juliana Cristina dos Santos

Jornalista e Especialista em Comunicação com o Mercado. jucris.df@gmail.com

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB S586r Silva, Eduardo Borges da.

Razão 2D:4D e as decisões de investimento. / Eduardo Borges da Silva – 2014.

120 f.; il.: 30 cm

Tese (Doutorado) – Universidade Católica de Brasília, 2014. Orientação: Prof. Dr. Benjamin Miranda Tabak

1. Economia. 2. 2D:4D. 3. Excesso de confiança. 4. Imagem. 5. Risco. 6. Testosterona. 7. Experimento. I. Tabak, Benjamin Miranda, orient. II. Título.

(4)

Tese de autoria de Eduardo Borges da Silva, intitulada Razão 2D:4D e as decisões de investimento, como requisito parcial para a obtenção do grau de Doutor em Economia de Empresas da Universidade Católica de Brasília em 05/12/2014, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

_______________________________________________________ Prof. Dr. Benjamin Miranda Tabak

Orientador

Universidade Católica de Brasília – UCB

_______________________________________________________ Prof. Dr. Tito Belchior S. Moreira

Examinador Interno

Universidade Católica de Brasília – UCB

_______________________________________________________ Prof. Dr. Leonardo Monteiro Monastério

Examinador Interno

Universidade Católica de Brasília – UCB

_______________________________________________________ Dra. Erika Akemi Kimura Reis

Examinadora Externa Ministério da Fazenda - MF

_______________________________________________________ Prof. Dr. Décio Bottechia Júnior

Examinador Externo Banco do Brasil - BB

(5)
(6)

AGRADECIMENTO

(7)
(8)

RESUMO

Referência: SILVA, B. Eduardo. Razão 2D:4D e as decisões de investimento. 2014. 120f. Pós-Graduação Stricto Sensu em Economia - Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2014.

Este trabalho foi motivado pela escassez de informações na literatura de finanças, relativas à interferência de fatores biológicos, especialmente o hormônio testosterona, na tomada de decisão. Aborda decisões financeiras de investidores no momento de realizar seus investimentos. Os estudos de economia comportamental inferem que existem vieses cognitivos que levam as pessoas a tomarem decisões que nem sempre vão ao encontro da teoria da racionalidade. Realizamos dois experimentos com um total 349 voluntários. O primeiro relacionando a tomada de decisão com a imagem e com a exposição ao hormônio testosterona. Neste experimento identificamos que a imagem é importante, porém o hormônio testosterona influi bastante neste resultado. O segundo experimento relacionou o excesso de confiança com o hormônio testosterona. Este trabalho mostra que a testosterona está ligada ao vies do excesso de confiança e é um fator importante para a compreensão desse processo. As principais contribuições desta tese são: a) Os indivíduos com razão 2D:4D maior que 1 - menos expostos à testosterona - têm sua opinião dificilmente influenciada, independente da construção de uma imagem, continuando com suas convicções avessas ao risco, b) Os indivíduos com razão 2D:4D menor que 1 - mais expostos à testosterona – exibem comportamento de excesso de confiança, principalmente entre os homens.

Palavras-chave: 2D:4D. Excesso de confiança. Imagem. Risco. Testosterona.

(9)

ABSTRACT

This work was motivated by the lack of information in the financial literature related to interference of biological factors, especially the hormone testosterone, in decision making. It approaches financial decisions of investors in the moment they realize their investments. The behavioral economic studies infer that exist cognitive biases which take people to make decisions that not always go with rational choice theory. We realized two experiments with a total of 349 volunteers. The first one related to decision-making with image and exposition to testosterone. In this experiment, we have identified that image is important, but the testosterone hormone has quite influence in this result. The second experiment relates overconfidence with testosterone. This work shows that testosterone is linked to overconfidence bias and it is an important factor for understanding this process. The main contributions of this thesis are: a) Individuals with 2D:4D length ratio greater than 1 – less exposed to testosterone – have their opinion hardly influenced, regardless of an image construction, keeping their risk averse convictions; b) Individuals with 2D:4D length ratio less than 1 – more exposed to testosterone – have higher overconfidence, mainly among men.

(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição razão 2D:4D e Densidade de Kernel Experimento Imagem

46

(11)

LISTA DE TABELAS CAPÍTULO 2 EXPERIMENTO “IMAGEM”

Tabela 1 – Teste de Mann-Whitney (U) para mãos direita e esquerda. 47 Tabela 2 – Estatística descritiva da razão 2D:4D de ambas as mãos. 47 Tabela 3 – Resultado do teste de Mann-Whitney (U) 2D:4D mão direita

homens e mulheres. 48

Tabela 4 – Resultado do teste t 2D:4D mão direita homens e mulheres. 48 Tabela 5 Valores médios investidos por variável com resultado do teste t. 49 Tabela 6 – Resultado do teste t para Homens menos avessos ao risco com

mulheres avessas ao risco no tratamento 1. 50

Tabela 7 – Resultado do teste t para Homens menos avessos ao risco com

mulheres avessas ao risco no tratamento 2 50

Tabela 8 – Quantidade percentual de investidores versus o valor investido. 51 Tabela 9 – Estimativas MQO. Variável dependente: Log do Valor investido 53 CAPÍTULO 3 EXPERIMENTO “OVERCONFIDENCE

Tabela 1 – Teste Mann-Whitney para mãos direita e esquerda. 75 Tabela 2 – Estatística descritiva da razão 2D:4D de ambas mãos. 75 Tabela 3 Resultado do teste de Mann-Whitney (U) 2D:4D mão direita

homens e mulheres 76

Tabela 4 – Resultado do teste t 2D:4D mão direita homens e mulheres 76 Tabela 5 – Apuração da nota prevista com a nota real de todos os alunos. 77 Tabela 6 Resposta dos alunos em relação qual seria sua média. 78 Tabela 7 – Resposta dos alunos em relação qual seria sua média vs. relação

2D:4D 79

Tabela 8 – Resultado da nota obtida em relação à previsão da média. 80 Tabela 9 – Resultado da nota obtida em relação à previsão da média para

alunos avessos ao risco. 80

Tabela 10 – Apuração dos alunos com excesso de confiança. 81

(12)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12

1.1 OBJETIVO 18

1.2 HIPÓTESE 19

2 DESENVOLVIMENTO. 20

3 CAPÍTULO 1 TOMADA DE DECISÃO E HORMÔNIO TESTOSTERONA

TEORIA E PRÁTICA 22

3.1 PROCEDIMENTOS E O DESENHO DOS EXPERIMENTOS 30

4 CAPÍTULO 2 EXPERIMENTO “IMAGEM” 33

4.1 INTRODUÇÃO 36

4.2 LITERATURA RELACIONADA 38

4.2.1 Imagem 38

4.2.2 Razão 2D:4D e testosterona no comportamento de risco 41

4.3 METODOLOGIA 43

4.4 RESULTADOS 46

4.5 ANÁLISE ECONOMÉTRICA PARA O MARCADOR 2D:4D E VALOR DO

INVESTIMENTO 52

4.6 CONCLUSÕES 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 57

5 - CAPÍTULO 3 EXPERIMENTO “OVERCONFIDENCE 61

5.1 INTRODUÇÃO 64

5.2 LITERATURA RELACIONADA 66

5.2.1 Excesso de confiança 66

5.2.2 Razão 2D:4D e testosterona no comportamento de risco 69

5.3 METODOLOGIA 71

5.4 RESULTADOS 73

5.4.1 Em relação à previsão de nota da prova: 77

5.4.2 Em relação à previsão da média: 78

5.4.3 Análise econométrica para o marcador 2D:4D e excesso de confiança 82

5.5 CONCLUSÕES 87

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 88

6 CAPÍTULO 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 92

(13)

APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 103 APÊNDICE B – Termo de autorização do uso de imagem 104 APÊNDICE C Fotografias para experimento “imagem importa?” 105 APÊNDICE D Formulário para a pesquisa “imagem importa? 106 APÊNDICE E Formulário para a pesquisa “Overconfidence” 107 APÊNDICE F Questionário para a pesquisa “Overconfidence” 108 APÊNDICE G Tabela Estimação MQO artigo “imagem importa?” Variável

2D:4D 109

APÊNDICE H Tabela Estimação MQO artigo “imagem importa?” - Todas

variáveis. 110

APÊNDICE I Tabela Estimação MQO artigo “Overconfidence” - Variável

2D:4D. 111

APÊNDICE J Tabela Estimação MQO artigo “Overconfidence” - Todas

variáveis. 112

APÊNDICE K Tabela Estimação MQO artigo “Overconfidence” - Todas

variáveis. Probit. 113

APÊNDICE L - Tabela Estimação MQO artigo “Overconfidence” – Variável

dependente: Prev-Real. 114

APÊNDICE M Teste de Mann-Whitney para as medidas da mão direita de homens e mulheres do experimento “imagem importa?”. 115 APÊNDICE N Teste t para as medidas da mão direita de homens e mulheres

do experimento “imagem importa?” 116

APÊNDICE O – Teste de Mann-Whitney para as medidas da mão direita de

homens e mulheres do experimento “Overconfidence”. 117

APÊNDICE P Teste t para as medidas da mão direita de homens e mulheres

do experimento “Overconfidence”. 118

APÊNDICE Q Teste de Mann-Whitney para as medidas das mãos direita e

esquerda geral do experimento “Imagem importa?” 119

APÊNDICE R Teste de Mann-Whitney para as medidas das mãos direita e

(14)

1 INTRODUÇÃO

O processo de tomada de decisão é um tema de muita importância e tem sido frequentemente pesquisado. A literatura é abrangente neste assunto. No entanto, até hoje há muita controvérsia. As decisões são tomadas sem segurança efetiva, isto porque vários aspectos deveriam ser levados em consideração. Tomar uma decisão é um processo de escolha que terá alguma consequência ou desdobramento em um momento futuro. Consequentemente, os resultados das escolhas nem sempre alcançam os objetivos iniciais dos tomadores de decisão. Nossas escolhas são baseadas não apenas pela racionalidade, mas também pelos vieses comportamentais. (TVERSKY & KAHNEMAN,1974).

Em nosso cotidiano nós deparamo-nos constantemente com várias situações, tais como fazer um seguro de casa, comprar ou não um automóvel, fazer um curso de francês, investir em uma determinada ação na bolsa de valores e até mesmo se devemos nos casar. Como o futuro é algo não conhecido previamente, a decisão é sempre tomada em um ambiente de incerteza.

A economia neoclássica baseia-se em três pressupostos para a tomada de decisão, o primeiro é que existe o Homo-economicus, o segundo é que existem motivações por interesse próprio e o terceiro é a capacidade de tomar decisões racionalmente. Esta é a base da teoria da utilidade esperada. (VON NEUMANN & MORGENSTERN 1944). Essa teoria se tornou predominante entre vários teóricos. Assim, acredita-se que os indivíduos conhecem as probabilidades de todos os possíveis resultados que por sua vez associam-se a vários estados da natureza e dessa forma podem calcular a esperança da utilidade e, a partir desse cálculo, tomam a decisão que mais lhe favoreça.

(15)

para identificar situações onde os agentes se desviam da teoria da utilidade esperada. (CAMERER & WEBER 1992).

Hastie (2001) relata que os métodos de tomada de decisão foram modificados, principalmente quando se tem que tomar decisões, com informações recebidas de maneira incompleta e não confiáveis, em ambientes complexos. Por isso deve-se levar em consideração que o processamento mental muitas vezes é limitado. Assim uma forma interessante de se aproximar ao máximo de uma boa decisão, é a utilização de heurísticas em ambientes complexos. Heurísticas são regras gerais de influência que as pessoas utilizam para realizar seu julgamento em momentos de incerteza (PLOUS,1993).

Tversky e Kahneman (1974) realizaram uma pesquisa na qual estudaram o julgamento sob incerteza. As pessoas se utilizam de regras práticas chamadas de heurísticas, através de vieses comportamentais. As heurísticas são consideradas bons parâmetros para tomadas de decisões, mas quando utilizadas erroneamente levam as pessoas a cometerem erros sistemáticos, como os vieses de decisão. Relataram, a partir daí, importantes heurísticas que os indivíduos utilizam no processo de decisão. São elas, a heurística da ancoragem com ajustamento, a heurística da representatividade e também a heurística da disponibilidade.

Outros autores também estudaram vieses que interferem no comportamento das pessoas frente ao risco. Ancoragem (SLOVIC & LICHTENSTEIN, 1971), otimismo (WEINSTEIN, 1980), disposição (ODEAN 1998), excesso de confiança (BARBER & TERRANCE, 2001), perseverança e disponibilidade (BAZERMAN, 2002), entre vários outros.

(16)

isso as pessoas protelam ao máximo as perdas e realizam os ganhos o mais rápido possível. Os ganhos as fazem se sentirem melhores. Assim, as pessoas são avessas ao risco quando estão no setor de ganhos e menos avessos ao risco quando estão no setor de perdas (KAHNEMAN & TVERSKY,1979).

A partir de então, a economia comportamental começou a ganhar força entre os economistas, sendo criada a SABE em 1980 Society for the Advancement of

Behavioral Economics. A SABE se define como uma associação de estudiosos comprometida com a análise econômica rigorosa do mundo em que vivemos. Dessa forma, estes economistas se utilizam de outras disciplinas, tais como: psicologia, sociologia, biologia e outras que possam auxiliar a compreensão de escolhas econômicas. Alguns de seus pesquisadores ganharam notoriedade como Richard Thaler, Matt Rabin, Sendhil Mullainathan, dentre outros.

A economia experimental também ganhou muita força, principalmente após Kahneman e Tversky ganharem o prêmio Nobel em economia no ano de 2002. Em um artigo clássico da economia comportamental denominado “Choices, Values and

Frames” Kahneman e Tversky (1984) definiram o processo de tomar decisões como sendo a opção por um determinado produto ou situação em detrimento a outras.

Kahneman, Knetsch, and Thaler (1990) testaram o efeito dotação “endowment effect", com a realização de um experimento em que aleatoriamente deram canecas que valiam cerca de U$ 5 cada para um grupo de alunos. Outro grupo não recebeu as canecas mas sim uma dotação em dinheiro para efetivar suas compras. O experimentou mostrou que as pessoas que receberam dinheiro estavam dispostas a gastar 3,5 dólares na compra das canecas, mas as pessoas que receberam as canetas grátis só as venderiam por 7,00 dólares, mostrando que o efeito da perda de algum bem é mais valorizado que os ganhos.

(17)

mesmo tamanho, que leva a uma função de utilidade côncava, o que pode ser utilizado como explicação para a aversão ao risco. Mas a aversão à perda diz que a função valor muda abruptamente a sua inclinação no nível de referência, de modo que as pessoas não são avessas ao risco em pequena escala.

Entretando, economistas tradicionais fizeram várias críticas a estes estudos da economia comportamental, assim Rabin (1998) faz uma análise da economia comportamental e conclui que ao longo dos anos os economistas tradicionais têm subestimado a relevância da pesquisa comportamental desafiando as suposições habituais econômicas. Argumentam que as evidências de que existe inconsistência com o modelo tradicional econômico deriva de observações de pessoas insuficientemente motivadas a se comportar de acordo com tais pressupostos.

Rabin (1998) conclui que muitos dos argumentos invocados contra a realidade ou a relevância da pesquisa comportamental derivam da falta de familiaridade com os detalhes desta pesquisa, e que, quando os economistas tradicionais se familiarizarem mais com ela os argumentos se dissiparão.

Apesar das críticas dos economistas tradicionais, os pesquisadores experimentais têm buscado na economia comportamental subsídios para compreender melhor o processo de tomada de decisão e julgamentos realizados pelas pessoas. Dessa forma, pesquisas importantes foram realizadas para identificar o quanto o comportamento humano interfere na racionalidade dos modelos.

Os economistas tradicionais, no mercado financeiro, apoiam-se na Hipótese de Eficiência de Mercado – EMH. Essa hipótese sugere que em um mercado eficiente, constituído por agentes racionais com informação completa, perfeita e simétrica, o preço da ação deve se ajustar imediatamente. E caso haja defasagem no ajuste, os mercados não são eficientes, levando a oportunidade de arbitragem.

(18)

Shleifer, Lee, e Thaler (1991) descartam este fato como possível explicação para o EFF ao observar que quotas de fundos que só tem em sua carteira ações de grandes empresas também são negociadas com desconto. Desta forma, infere-se que o EEF é influenciado pelo efeito comportamental.

Ainda evidenciando o efeito do comportamento no mercado financeiro, Thaler (1999) apresenta as finanças comportamentais como “finanças simples de cabeça aberta”. Thaler mostra que os agentes da economia nem sempre se comportam de forma completamente racional, sendo assim, torna-se necessário aceitar a irracionalidade nas decisões através de outros vieses.

Esta relação financeira das pessoas é intrigante e realmente afeta a racionalidade no processo de escolha. São relatadas em estudos comportamentais algumas situações onde a razão é surpreendida pela emoção, afetando a racionalidade das respostas [(GNEEZY ET AL. ,2006), APICELLA ET AL. ,2008)].

Gneezy, List e Wu, (2006) realizaram um estudo com dois vales compras de uma loja dos Estados Unidos da América, um de $50 e outro de $100. Separaram dois grupos de voluntários e fizeram as seguintes perguntas. Para o grupo 1 foi perguntado quanto o participante estaria disposto a pagar por cada vale compra e para o grupo 2 perguntaram quanto o participante estaria disposto a pagar pela chance de 50% de ganhar um vale presente de $50 e uma chance de ganhar um vale presente de $100.

Gneezy, List e Wu, (2006) obtiveram o seguinte resultado:

 Grupo 1 pagou $20,10 em média pelo vale compra de $50.

 Grupo 2 pagou apenas $16,12 em média pela possibilidade de ganhar $50 ou $100.

(19)

Continuando neste processo de entender a tomada de decisão sob incerteza, outros economistas buscaram subsídios na biologia e encontraram o fato de que uma maior exposição aos hormônios andrógenos, especialmente a testosterona, podem trazer características psicológicas como: maior motivação para a competição, redução do medo, preferência pelo risco e comportamento inclinado para o jogo.

Coates et al (2009) realizou um estudo confrontando a exposição à testosterona e a taxa de retorno de uma carteira de investimentos, concluindo que os traders - que foram expostos a um maior nível de testosterona pré-natal - ganharam maiores retornos a longo prazo e permanecem mais tempo no negócio.

Apicella (2008), Sapienza e Maestripieri (2009) e mais recentemente Garbarino e Sydnor (2011) inferiram que um indivíduo que recebeu uma maior exposição à testosterona tem maior propensão ao risco, mostrando que os homens têm maior propensão ao risco que as mulheres.

Uma das maneiras de medir se o indivíduo foi mais ou menos exposto ao hormônio testosterona é por meio do marcador biológico 2D:4D. Esta técnica indica que a razão do comprimento do segundo dedo da mão (indicador) e o quarto dedo da mão (Anelar) determina uma maior ou menor exposição do feto humano ao hormônio andrógeno testosterona e que isso influencia no comportamento de risco do ser humano. Quando o segundo dedo é menor que o quarto dedo indica uma maior exposição à testosterona e quanto menor esta relação, maior a exposição do feto à testosterona, implicando maior propensão ao risco.

Dessa forma, este projeto pretende contribuir para literatura econômica no sentido de investigar se, em ambientes de incerteza, fatores biológicos especialmente a testosterona, interferem no processo de tomada de decisão. Esta tese traz dois experimentos relacionados com o processo de tomada de decisão. Através da razão 2D:4D foi medido o quanto os indivíduos foram expostos ao hormônio andrógeno testosterona enquanto feto e quanto isso afeta suas decisões e julgamentos.

(20)

o quanto o feto foi exposto à testosterona no útero materno. Uma razão menor que 1, isto é, o comprimento do dedo indicador menor que o comprimento do dedo anelar indica uma maior exposição e, quanto menor esta razão, maior foi a exposição do feto à testosterona. Uma razão igual ou maior que 1, isto é, o comprimento do dedo indicador maior ou igual ao do dedo anelar, indica uma menor exposição à testosterona e, quanto maior a razão, menor foi a exposição à testosterona. Manning et al (1998), deduziram que a testosterona é um fator importante no controle dos órgãos do corpo humano, assegurando um bom funcionamento destes sistemas.

Assim, como resultado final esta tese conclui que quanto maior for a exposição à testosterona, mais as pessoas são menos avessas ao risco. Isto leva a um maior sentimento de excesso de confiança e a propensão de correr mais risco. Outra conclusão foi de que as pessoas menos expostas à testosterona não apresentam comportamento de excesso de confiança muito elevado.

1.1 OBJETIVO

Testar se uma maior exposição ao hormônio andrógeno testosterona, medido pela razão 2D:4D, determina em ambos os sexos, um comportamento de menor aversão ao risco.

(21)

1.2 HIPÓTESE

(22)

2 DESENVOLVIMENTO

Para melhor entendimento o trabalho foi divido em capítulos.

No capítulo 1 apresenta-se a teoria do hormônio testosterona, analisando qual a sua influência na determinação de traços de personalidade e comportamento em via de situações de risco relacionando com a razão 2D:4D.

No capitulo 2 é apresentado um experimento sobre o efeito da imagem pessoal, que já foi amplamente estudado na literatura, mas que ainda não havia sido relacionado com exposição a testosterona. Este experimento foi inspirado no trabalho de Rosenberg (1986) no qual ele mostra aos voluntários duas fotografias. Uma em que uma pessoa aparenta ter maior credibilidade e outra que aparenta menor credibilidade. Desta maneira, simula uma eleição e pergunta em quem o pesquisado votaria para exercer um cargo político.

Para a avaliação de quanto a imagem pessoal e a exposição à testosterona, medida pela razão 2D:4D, podem influenciar no processo de decisão financeira, foi realizado um experimento que mostrou uma fotografia aos pesquisados, de um voluntário apresentado como um analista. Este analista apresentava informações financeiras de uma empresa fictícia, recomendando em um texto que os participantes aplicassem seu dinheiro na empresa fictícia, pois, de acordo com as suas perspectivas, as ações dessa empresa renderiam mais que a média do mercado.

O experimento foi conduzido com duas formas de tratamento. No tratamento 1, foi apresentada a fotografia do voluntário com roupas simples (short e camiseta) e no tratamento 2, foi apresentada a fotografia do mesmo voluntário trajando terno e gravata.

(23)

literatura para medir o sentimento de overconfidence das pessoas. Em seu experimento, McCormik pede para que os motoristas respondam se eles estão acima ou abaixo da média dos outros motoristas em suas habilidades de condução. No experimento desta tese, alunos de graduação foram convidados a responderem a um questionário que indagava se o aluno estudou para a prova e em caso afirmativo, por quanto tempo. Solicitava ainda para que o aluno respondesse qual a nota que ele esperava tirar na prova e se sua nota ficaria “abaixo”, “acima” ou “igual” a média da turma.

(24)

3 CAPÍTULO 1 – TOMADA DE DECISÃO E HORMÔNIO TESTOSTERONA – TEORIA E PRÁTICA

A testosterona é um importante hormônio em circulação no corpo humano e tem sido alvo de vários estudos que buscam relacioná-la com o comportamento humano. Estes estudos demonstram que a exposição a andrógenos pré-natais, especialmente a testosterona, causam diferenciação sexual. (MANNING ET AL., 1998; PETERS ET AL., 2002).

Manning et. al. (1998), identificaram que a diferença sexual já podia ser visível em crianças de 2 anos de idade (o grupo de amostra mais jovem), e assim, sugeriram que esse padrão deveria ser estabelecido no útero materno. Inferiram que a referida diferenciação sexual seria causada por diferenças na exposição do andrógeno, e estudos individuais com hiperplasia adrenal congênita (CAH). Os autores se respaldaram, em um distúrbio no qual o feto é excessivamente exposto aos andrógenos. Posteriormente, dois estudos mostraram que mulheres e homens com CAH possuem uma razão 2D:4D menor que as pessoas de um grupo de controle (BROWN ET AL., 2002B; OKTEN ET AL., 2002).

Dixson (1998) e Wingfield, et al. (1990) afirmam que a testosterona é um hormônio que influência não só a masculidade mas também desempenha um papel importante para a explicação de certos comportamentos masculinos. Neste sentido, a testosterona tem sido associada a traços de personalidade, tais como: aumento da agressividade [ARCHER, (2006) E BAILEY & HURD (2005)], neuroticismo, extroversão, conscienciosidade e afabilidade (FINK ET AL, 2004), e a outros comportamentos como: maior fertilidade (MANNING ET AL, 1998); boa saúde (MANNING ET AL, 2002); maior habilidade esportiva (MANNING ET AL. 2001/2002); competitividade (CROSSON & GNEEZY 2009); infrações de trânsito (SCHWERDTFEGER ET AL. 2010); depressão (SMEDLEY ET AL. 2014) e outros.

(25)

Um marcador de testosterona pré-natal intensamente estudado atualmente é a razão 2D:4D, isto é, a razão entre os comprimentos do dedo indicador (2D) e o dedo anelar (4D). A razão 2D:4D é sexualmente diferenciada, de modo que os homens tendem a ter menor razão 2D:4D do que as mulheres. Essa pequena diferença na anatomia da mão humana já era conhecida final do século 19. (Para revisões da literatura clássica, ver Peters et al., 2002 e Voracek et al., 2008).

Manning et al. (1998) aplicaram a técnica 2D:4D para medir a exposição do feto ao hormônio testosterona. Realizaram o procedimento de medir o comprimento do segundo dedo (indicador) e do quarto dedo (anelar). A razão entre eles determina o quanto o feto foi exposto à testosterona no útero materno. Uma razão menor que 1, isto é, o comprimento do dedo indicador menor que o comprimento do dedo anelar, mostra uma maior exposição. Quanto menor esta razão, maior foi a exposição do feto à testosterona. Uma razão igual ou maior que 1, quando o comprimento do dedo indicador é maior ou igual ao do anelar, indica uma menor exposição à testosterona e quanto maior a razão, menor foi a exposição à testosterona. Os autores inferem que a testosterona é um fator importante no controle dos órgãos do corpo humano, assegurando um bom funcionamento deles.

Brown et al, 2002a, b;. Lutchmaya et al, 2004;. Ökten et al., 2002 em seus estudos encontraram evidências para a hipótese de que a razão 2D:4D está relacionada com andrógenos pré-natais. Estes estudos mostram que uma menor razão 2D:4D está associada a maior exposição à testosterona pré natal.

Com o aumento de pesquisas relacionando hormônios sexuais ao comportamento humano, Cohen-Bendahan et al (2005), fizeram comparações dos diversos métodos utilizados para estudar os efeitos comportamentais dos hormônios pré-natais, incluindo aqueles que utilizam populações clínicas, em especial hiperplasia adrenal congênita e síndrome de insensibilidade androgênica, medidas diretas e indiretas, inclusive o biomarcador 2D:4D. Sustentam que existem evidências de que o comportamento humano é influenciado por hormônios sexuais que estão presentes durante o desenvolvimento pré-natal.

(26)

são muito invasivos. Portanto, para o progresso da pesquisa é importante descobrir marcadores simples, não invasivos que irão medir a exposição à testosterona pré-natal com maior comodidade.

Pesquisas investigam o quanto o hormônio testoterona pode interferir em traços de personalidade. Fink at al. (2004) investigaram a associação entre a proporção 2D:4D e o os cinco maiores fatores de personalidade (extroversão, neuroticismo, abertura, conscienciosidade e afabilidade). Os resultados relatam que 2D:4D teve maior correlação de traços de personalidade em mulheres do que em homens. Assim, eles inferem que comportamento do gênero é afetado pela exposição à testosterona durante períodos críticos do desenvolvimento pré-natal.

Schwerdtfeger et al. (2010) realizaram um estudo para identificar a relação entre a razão 2D:4D e as infrações de trânsito promovidas por motoristas habituais. A amostra continha 77 homens. Além disso, testaram também a busca de sensações (risco). As infrações foram analisadas por auto-relato e pelo cadastro nacional de infrações de trânsito da Alemanha. Os resultados mostraram que a razão 2D:4D foi inversamente relacionada com as entradas de pontos de penalização, o que sugere mais infrações de trânsito para os indivíduos com maior exposição à testosterona pré-natal. A busca de sensações (risco e agressividade) foi positivamente correlacionada com as infrações.

(27)

Com a confirmação que a razão 2D:4D é uma boa proxy para a exposição à testosterona, alguns estudos importantes foram realizados para relacioná-la a problemas de saúde. (BRABIN ET AL. 2008) relacionaram ao surgimento de doenças no aparelho reprodutivo, (MANNING 2002), encontraram correlações positivas em estudos do aparelho locomotor, [BRABIN ET AL., (2008), RAHMAN ET AL., (2011), HOPP & JORGE (2011 E 2013)] fizeram relações no desenvolvimento de neoplasias.

Estudos relacionados à tomada de riscos econômicos e financeiros ainda não foram suficientemente explorados. Uma grande parte dos estudos conclui que as mulheres são mais avessas ao risco que os homens. Os estudos da relação 2D:4D demonstram que, uma menor a razão 2D:4D (maior exposição à testosterona), leva os indivíduos a uma maior propenção a assumir riscos e uma maior a razão 2D:4D (menor exposição à testosterona), conduz os indivíduos à aversão ao risco. [APICELLA ET AL. (2008), COATES & RUSTICHINI (2009), SAPIENZA & MAESTRIPIERI (2009); GARBARINO & SYDNOR (2011)]

Van Honk et al. (2004) realizaram um experimento com voluntários apenas do sexo feminino. Administraram uma dose de testosterona sublingual para um grupo e para o outro grupo administraram um placebo. O primeiro, que recebeu a testosterona sublingual, realizou escolhas financeiras mais arriscadas e menos vantajosas que o grupo que recebeu apenas um placebo. Concluiu-se que a testosterona está correlacionada positivamente com a tomada de risco.

White, et al. (2006) em um estudo de comportamento de risco de homens e mulheres demonstraram que homens com maior nível de testosterona foram mais propensos ao desafio de criar novas empresas. Como resultado do experimento os autores chegaram à conclusão que, homens possuem maior predisposição em assumir risco em investimentos financeiros que as mulheres.

(28)

com a oferta do proponente. Quando homens com menor razão 2D:4D, isto é com alta exposição à testosterona,(menos avessos ao risco) foram alocados para o papel do receptor, estavam mais propensos a rejeitar ofertas injustas, porém os homens com maior razão 2D:4D, isto é com baixa exposição à testosterona,(avessos ao risco) preferem receber a proposta, mesmo que o outro fique com mais dinheiro.(VAN DEN BERGH & DEWITTE, 2006).

Millet and Dewitte, (2009) testaram o jogo do ditador, que é semelhante ao jogo ultimato. A diferença está no fato de que o receptor é obrigado a aceitar a oferta não interferindo no resultado do jogo. O ditador determina o quanto cada um vai receber. Novamente os voluntários com maior razão 2D:4D (avessos ao risco), tenderam a distribuir o dinheiro igualmente com os receptores. Entretanto os voluntários com menor razão 2D:4D, (menos avessos ao risco), preferem ganhar mais, não se importando que outro jogador acabe com uma menor quantidade de dinheiro. Dessa forma os autores concluem que uma baixa exposição à testosterona leva as pessoas se preocuparem mais com a igualdade, mesmo que para isso tenha um custo pessoal, e as pessoas com menor razão 2D:4D, isto é, com maior exposição à testosterona estão mais preocupados com suas próprias recompensas.

Coates e Herbert (2008) realizaram um estudo com operadores financeiros do sexo masculino. O propósito foi medir o quanto a testosterona interferia na rentabilidade dos operadores. Para isso, pela manhã, antes de começar as operações, mediram os níveis de testosterona dos operadores financeiros e como resultado encontaram que operadores com maior nível de testosterona obtiveram mais rentabilidade naquele dia.

(29)

Coates et al (2009) realizaram um estudo confrontando a exposição à testosterona e a taxa de retorno de uma carteira de investimentos, concluindo que os traders com menor razão 2D:4D, isto é, que foram expostos a um maior nível de testosterona pré-natal (menos avessos ao risco), ganharam maiores retornos a longo prazo e constantemente permanecem mais tempo no negócio.

Sapienza, Zingales, e Maestripieri (2009) realizaram uma pesquisa com estudantes de MBA e verificaram que os que possuíam maior nível de testosterona estavam mais propensos a escolher uma carreira em finanças do que uma carreira em um campo menos arriscado após a graduação. Outro resultado importante dessa pesquisa foi que as preferências em assumir riscos financeiros foram positivamente correlacionadas com os níveis de testosterona entre os estudantes do sexo feminino, mas não entre os homens.

Lucas & Koff, (2010) realizaram um experimento de desconto hiperbólico com 206 voluntários. Aplicaram uma versão do questionário escolha monetária, desenvolvido por Kirby e Marakovic (1996), com perguntas como, por exemplo, “Você prefere receber 31 dólares amanhã ou US $ 72 em 10 dias). Encontraram uma relação negativa entre o dinheiro descontado e 2D:4D apenas para as mulheres. Mulheres com menor razão 2D:4D, isto é com alta exposição à testosterona estavam mais dispostas a receber uma recompensa menor, mais cedo a uma recompensa maior mais tarde.

Incluindo uma variável econômica que foi o PIB Produto interno Bruto, Manning & Fink (2011) realizaram um estudo para identificar as relações entre razão 2D:4D, e pontuações de personalidade agregados através das nações. As diferenças nas pontuações de personalidade nacionais podem ser influenciadas por fatores tais como a prevalência do parasita Toxoplasma gondii (T. Gondii), latitude e economia (PIB). Relacioram a T. gondii e a latitude em virtude de que a razão 2D:4D também tem sido associada a estas variáveis. Em 23 nações encontraram a razão 2D:4D não relacionada à latitude ou para T. gondii, mas foi relacionado para o PIB (apenas mulheres).

(30)

de neuroticismo nos homens. A razão 2D:4D dos homens foi significativamente relacionada com a aversão à incerteza e neuroticismo independente de T. gondii, enquanto a razão 2D:4D das mulheres não foi significativamente relacionada com a aversão à incerteza ou neuroticismo depois de controlar o efeito de T. gondii e PIB. Concluíram que nos países analisados, homens com alta razão 2D:4D (baixos níveis de testosterona pré-natal) tem pontuações altas para evitar a incerteza e neuroticismo.

Hönecopp (2011) realizou um estudo para identificar as relações da razão 2D:4D com a tomada de risco e com a agressividade. Voluntários na Alemanha, sendo 1.254 homens e 1.038 mulheres. Para os homens, a razão 2D:4D foi significativamente correlacionadas com agressão verbal. Para o sexo feminino, não houve relação entre agressão e a razão 2D:4D. Já para a assunção de riscos a razão 2D:4D foi significativamente correlacionada tanto para mulheres quanto para homens. O resultado corrobora uma visão emergente de que a razão 2D:4D é negativamente relacionada à tomada de risco em ambos os sexos.

Teixeira (2013) investigou a relação entre exposição ao hormônio testosterona e o processo de tomada de decisão. Realizou três experimentos, sendo o primeiro relacionado com a myopic loss Aversion (MLA), replicando o experimento de Gneezy e Potters (1997), e os outros dois, relacionados com house-money effect (HME), e aversão à ambigüidade.

No experimento myopic loss aversion (MLA) os voluntários de ambos os sexos com maior exposição ao hormônio testosterona investiram mais após ganhos e perdas e, as mulheres com menor razão foram avessas à ambiguidade. O autor conclui que a maior exposição à testosterona deve ser tratada com parcimônia.

(31)

arriscando mais vezes em obter a maior quantidade de comida em comparação com o outro grupo.

Com o relevante aumento da utilização da metodologia 2D:4D, em pesquisas experimentais, que buscam relacionar a exposição à testosterona com comportamentos de risco, alguns pesquisadores têm realizado comparações, afim de mensurar as diferentes técnicas para a aferição das medidas dos dedos dos voluntários, tentado assim estabelecer quais técnicas proporcionam medidas mais precisas [COSTAS ET AL.(2013); HUANJIU XI ET AL. (2014)].

Costas et al.(2013) compararam dois métodos para se medir a razão 2D:4D. Realizaram as medições com um paquímetro digital e compararam os resultados com uma análise assitida por computador através de imagens digitalizadas. Ambos os métodos foram moderadamente correlacionados, mas o método de verificação digital produziu uma razão 2D:4D ligeiramente inferior. A confiabilidade foi maior entre os homens e entre os participantes mais jovens. Entende-se que os resultados sugerem que a confiabilidade é influenciada pelas características dos participantes. As medidas por paquímetro digital são muito precisas, mas as digitalizadas também produzem bons resultados.

Outra comparação foi realizada por Huanjiu Xi et al. (2014) que fizeram um estudo para medir a razão 2D:4D da etnia Han na China. Realizaram seus estudos com 128 homens e 122 mulheres. Comparam o método direto através de um paquímetro com dois métodos através do uso de raio x. Avaliaram também a espessura dos tecidos moles das pontas dos dedos. Concluem que a razão 2D:4D é menor em homens em consonância com a literatura, e o dimorfismo sexual em relação a razão 2D:4D foi mais forte com medidas de raios-x em comparação com a medição direta. Entretanto não encontraram diferença no tamanho dos tecidos moles da ponta dos dedos em ambos os sexos. O que não inviabiliza a medida direta.

(32)

3.1 PROCEDIMENTOS E O DESENHO DOS EXPERIMENTOS

Os procedimentos experimentais aqui relatados valem tanto para o experimento de imagem quanto para o de overconfidence.

Para o desenvolvimento deste trabalho aplicou-se técnicas experimentais em economia. Os experimentos foram realizados de maneira que se pudesse controlar as variáveis a serem testadas em um ambiente abstrato e manipulável. Em cada experimento os voluntários se apresentavam de maneira organizada e sem tumultos.

Para a realização do experimento foram recrutados alunos de graduação de duas faculdades na cidade de Brasília, no Distrito Federal. A UNIPLAN (Centro Universitário Planalto do Distrito Federal) e IESB (Instituto de Ensino Superior de Brasília). A pesquisa contou com elevado grau de heterogeneidade. Os voluntários eram de cursos de várias áreas do conhecimento, como engenharias civil e elétrica (exatas), gestão em recursos humanos (humanas), gestão empresarial (negócios) e gestão hospitalar (saúde).

A participação foi voluntária e os alunos foram estimulados a participar da pesquisa mediante uma recompensa, receber 10 pontos - em 100 possíveis no semestre - em uma disciplina que estavam cursando no momento (show up fees). Este estímulo se justifica para um maior comprometimento dos voluntários, conforme o artigo Pay - But do not pay too much: An experimental study on de Impact off

incentives (POKORNY, K. 2008).

A amostra do experimento 1 (imagem) é composta por 219 voluntários, sendo 92 homens e 127 mulheres (idade M = 27,5 e DP = 7,6). A amostra do experimento 2 (excesso de confiança) contém 130 voluntários, sendo 67 homens e 63 mulheres (idade M = 29,6 e DP = 7,1).

(33)

mesma sala de aula em que estão acostumados a frequentar, assegurando sua assiduidade e costume com o horário.

Os participantes eram conduzidos aos seus assentos e orientados a desligar todos os aparelhos eletrônicos, tais como aparelhos celulares, computadores, tablets etc. Desta forma, pudemos evitar algum tipo de ruído externo que comprometesse as respostas dadas. (DAVIS & HOLT 1993)

Todos os voluntários receberam as instruções escritas para sua leitura individual. Entretanto, antes do início de cada experimento todas as instruções referentes à pesquisa eram lidas em voz alta e ao final da leitura os participantes assinaram um termo de consentimento esclarecido no qual todo o procedimento era explicado e caso alguém não concordasse com os termos estabelecidos poderia se recusar a continuar.

Para a realização dos experimentos foi convocada uma aluna estagiária do curso de estatística da UnB – Universidade de Brasília, que acompanhou todos os experimentos juntamente com a equipe do projeto. O procedimento para obtenção das medidas das mãos dos voluntários com o intuito de determinar a razão 2D:4D dos participantes ficou a cargo dessa estagiária, em todos os experimentos, garantindo assim um só tratamento neste procedimento. Os experimentos demoraram em média sessenta minutos.

A retirada das cópias de ambas as mãos dos voluntários foi realizada por meio de um scanner da marca HP Scanjet G4050, com resolução de digitalização de até 4800 x 9600 dpi. Para evitar distorções antes de colocar a mão no scanner foi solicitado aos voluntários a retirada de quaisquer objetos ou adornos da mão. Este procedimento de fotocopiar as mãos dos voluntários é bastante utilizado na literatura e não prejudica a saúde.

(34)

Para verificar se as medidas encontradas foram estatisticamente significantes realizamos os testes t e o teste não paramétrico de Mann-Whitney. O teste t mede a diferença entre as médias e é tradicionalmente utilizado em pesquisas acadêmicas. O teste de Mann-Whitney (U) foi desenvolvido primeiramente por F. Wilcoxon em 1945, para comparar tendências centrais de duas amostras independentes de tamanhos iguais.

O teste U pode ser considerado a versão não paramétrica do teste t, para amostras independentes. Ao contrário do teste t, que testa a igualdade das médias, o teste U testa a igualdade das medianas. Os valores de U calculados pelo teste avaliam o grau de entrelaçamento dos dados dos dois grupos após a ordenação. A maior separação dos dados em conjunto indica que as amostras são distintas, rejeitando-se a hipótese de igualdade das medianas. Quanto menor for U, mais significativas serão as diferenças entre as ordens das duas situações.

As instruções específicas para cada experimento, assim como os termos de consentimento esclarecido e de uso de imagem, estão apensados a este trabalho. Para evitar redundâncias explicamos cada experimento mais detalhadamente no capítulo 2 e 3 onde os mesmos são demonstrados.

(35)

4 CAPÍTULO 2 –EXPERIMENTO “IMAGEM”

(36)

RESUMO

Sim. Este trabalho pretende mostrar que a imagem pessoal está relacionada com aspectos de tomada de decisão e é um fator importante para a compreensão do processo decisório. Aliado a isto, o presente estudo analisou o quanto variáveis biológicas, especificamente o hormônio andrógeno testosterona, pode interferir na tomada de decisão. Neste experimento, foi examinada a relação entre a imagem, à exposição pré-natal ao hormônio testosterona e a preferência de risco financeiro de homens e mulheres. Utilizando uma amostra de 219 voluntários foi identificado que a tomada de decisão em um ambiente de risco está relacionada com a imagem e a exposição à testosterona, medidos pelo método 2D:4D, altera essa correlação. Os resultados mostraram que as pessoas entrevistadas com razão 2D:4D maior que 1, isto é, menos expostas à testosterona, tem sua opinião dificilmente influenciada, independente de uma imagem, continuando com suas convicções avessas ao risco.

(37)

ABSTRACT

Yes. This paper intends to show that personal image is related with decision-making aspects and it is an important factor for understanding the decision-making process. Associated to this, this research analyzed how biological variables, specifically the androgen hormone called testosterone, can interfere on decision-making. In this research, it was examined the relation between image, prenatal exposition to testosterone and financial risk preferences of men and women. Using a sample of 219 volunteers, it was identified that decision-making in a risk environment is related to the image and the exposition to testosterone, measured by the 2D:4D method, changes this correlation. The results showed that people interviewed who has 2D:4D ratio greater than 1, this is, less exposed to testosterone, have their opinion hardly influenced, independently of the image, keeping with their convictions averse to risk.

(38)

4.1 INTRODUÇÃO

Cotidianamente, os investidores do mercado financeiro tomam decisões sobre investimentos pessoais que vão desde uma simples aplicação em poupança até aplicações mais sofisticadas. No entanto, nem sempre estas decisões chegam aos resultados inicialmente pretendidos pelos investidores. O processo de tomada de decisão não é tão simples quanto parece e envolve mais variáveis do que apenas a racionalidade dos agentes. A economia neoclássica baseia-se em três pressupostos para a tomada de decisão, o primeiro é que existe o Homo-economicus, o segundo é que existem motivações por interesse próprio e o terceiro é a capacidade de tomar decisões racionalmente. Essa é a base da Teoria da Utilidade Esperada. (VON NEUMANN & MORGENSTERN 1944). Uma alternativa a esta Teoria, foi proposta por Kahneman & Tversky (1979) que desenvolveram a Teoria dos Prospectos, cujo papel é compreender o processo decisório em um ambiente de risco. Essa teoria mostra uma assimetria entre o sentimento de perda e o de ganho. Em geral, pessoas são mais propensas ao risco quando estão perdendo do que quando estão ganhando, assim, eles evidenciaram três efeitos que afetam a tomada de decisão: certeza, reflexo e isolamento. Em 1984, Kahneman & Tversky definiram o processo de tomar decisões como a opção por um determinado produto ou situação em detrimento de outras.

Outros vieses comportamentais começaram a ser estudados por muitos pesquisadores e, a partir do final da década de 1980, a economia comportamental começou a ganhar força entre os economistas. Kahneman, Knetsch, and Thaler (1990) testaram um viés denominado efeito dotação (endowment effect), mostrando que o efeito da perda de algum bem é mais valorizado que a sensação provocada pelos ganhos. Em outro experimento denominado “Anomalies; The Endowment Effect, Loss Aversion, and Status Quo Bias”., Thaler et al. (1991), sugerem que as pessoas valorizam as perdas pequenas cerca de duas vezes mais que os ganhos de igual tamanho.

(39)

aversão à ambiguidade (KAHNEMAN & TVERSKY 1974), representatividade (KAHNEMAN & TVERSKY 1974), otimismo (WEINSTEIN, 1980), excesso de confiança (BARBER & TERRANCE, 2001), perseverança e disponibilidade (BAZERMAN, 2002), entre vários outros.

Dessa forma, o objetivo do experimento deste estudo é investigar a relação da tomada de decisão perante a imagem que os indivíduos têm das pessoas no momento de realizar um investimento financeiro que envolve risco. Aliado a isso, foram relacionados também fatores biológicos, especialmente o hormônio andrógeno testosterona, no processo de tomada de decisão financeira em um ambiente de risco e incerteza.

Neste sentido, foi utilizado um método não invasivo denominado 2D:4D para a aferição do nível de testosterona. Neste método é medida a razão entre os comprimentos do dedo indicador (2D) e o dedo anelar (4D). A razão 2D:4D é sexualmente diferenciada, de modo que os homens tendem a ter menor razão 2D:4D do que as mulheres.( MANNING ET AL.,1998; MANNING, 2002). Uma razão menor que 1, isto é, o comprimento do dedo indicador menor que o comprimento do dedo anelar indica uma maior exposição ao hormônio. Quanto menor for esta razão, maior a exposição pré-natal. De forma semelhante, uma razão igual ou maior que 1, sendo o comprimento do dedo indicador maior ou igual ao do anelar, indica uma menor exposição à testosterona. Assim, quanto maior for a razão, menor a exposição à testosterona pré-natal (Manning et al., 1998). A hipótese do presente estudo é que o hormônio andrógeno testosterona é um preditor significante para compreender o comportamento de mulheres e homens em relação as decisões de tomada de risco financeiro.

(40)

O presente artigo está divido em cinco seções, sendo a primeira esta introdução; na seção 2 apresenta-se a literatura relacionada, trazendo as sub seções 2.1, que trata da literatura relacionada com a imagem; e 2.2, que traz a literatura relacionada com a razão 2D:4D e o hormônio testosterona; a seção 3 traz a metodologia da pesquisa; na seção 4 são mostrados os resultados e; finalmente, na seção 5, são apresentadas as conclusões da pesquisa.

4.2 LITERATURA RELACIONADA

4.2.1 Imagem

A imagem e a apresentação pessoal foram estudadas por vários pesquisadores. Baker, J. et al. (2004) demonstram que pessoas mais bem vestidas geram maiores expectativas na qualidade de serviços prestados e, consequentemente, maior intenção de compra por parte dos consumidores. Paulins, A. V. (2005) simulou situações nas quais um voluntário entrava em uma loja e, conforme a roupa que usava, recebia um tratamento diferente dos balconistas. Em seus experimentos, a autora identificou que existem diferenças significativas no atendimento dos clientes conforme a roupa que o personagem está usando. Rehman, S.U. et al. (2005) e Maruani A. et al. (2012) mostram que pacientes de hospitais respeitam mais médicos vestidos de jaleco branco, e que esta imagem transmitia ao paciente maior nível de confiança nos profissionais.

(41)

No presente experimento foi mostrada uma fotografia aos pesquisados de um voluntário apresentado como um analista. Este analista apresentava informações financeiras em um texto entregue aos voluntários, de uma empresa fictícia e recomendava que os investidores aplicassem seu dinheiro nessa firma. De acordo com as perspectivas, as ações dessa empresa renderiam mais que a média do mercado.

Os participantes foram divididos em duas turmas, conduzidas a salas diferentes. Assim, o experimento foi realizado com duas formas de tratamento. No tratamento 1 foi apresentada a fotografia de um voluntário com roupas simples (short e camiseta). No tratamento 2 foi apresentada a fotografia da mesma pessoa, mas agora, vestida socialmente (terno e gravata).

No experimento de Rosenberg et al. (1986), os autores criaram panfletos de campanha para eleições fictícias ao Congresso dos Estados Unidos da América. Utilizaram-se de modelos fotográficos masculinos para posar nas fotos dos panfletos. O efeito imagem mostrou-se muito forte, pois os candidatos com “melhor” aparência, na média, ficaram com 59% dos votos. Em um segundo estudo, Rosenberg et al. (1991) recrutaram apenas modelos mulheres para aparecer nas fotografias dos panfletos. As modelos eram consideradas mulheres comuns, porém os pesquisadores utilizaram maquiadores para criar duas versões fotográficas de cada candidata: uma em que aparentava ser mais competente; e outra em que a candidata parecia ser menos competente. A versão “competente” de uma mulher era comparada com a versão “incompetente” da outra. Os resultados mostraram que uma aparência mais competente gerava uma vantagem de 15% na pesquisa. A resposta ao experimento é muito forte, pois, quando uma candidata era apresentada em sua versão mais “competente”, ela vencia a eleição e, quando era a presentada sua versão “incompetente”, ela perdia, em ambos os casos com vantagem média de 15%.

(42)

aparecia debilitado por uma internação e Kennedy aparecia mais forte e saudável, teve forte influência naquela eleição.

Contudo, muitas críticas foram feitas às pesquisas, alegando-se que elas eram realizadas em ambientes simulados e poderiam não retratar a realidade. Para verificar tal hipótese, Todorov et al. (2005) reuniram fotos de todos os vencedores e candidatos de 95 eleições para o senado dos Estados Unidos da América e de 600 candidatos à câmara dos representantes dos anos de 2000, 2002 e 2004. Os pesquisadores pediram para os voluntários avaliarem a competência dos candidatos apenas com uma olhada rápida nas fotografias, eliminando informações sobre qualquer rosto que um voluntário pudesse reconhecer. Como resultado, verificou-se que os candidatos que os participantes da pesquisa viram como mais competentes haviam vencido em 72% das eleições para o senado e em 67% das eleições para a câmara, resultando em uma taxa de sucesso ainda maior que as realizadas em laboratório. Após esses resultados, os pesquisadores conduziram uma avaliação de rostos antes das eleições em questão e previram os vitoriosos baseados apenas na aparência dos candidatos. O resultado foi que os candidatos votados como aqueles de aparência mais competente veceram em 69% das eleições governamentais e em 72% das eleições para o senado.

Assim como o trabalho de Todorov et al. (2005), o presente experimento traz uma situação real para o cotiano das pessoas, pois existe um bombardeio de propangandas de vários tipos de investimentos, tais como fundos, ações e outros, nas quais sempre aparecem imagens de pessoas bem sucedidas orientando o público geral a investir em um determinado empreendimento. Dessa forma, este trabalho tem uma contribuição relevante para a literatura, pois adota a imagem como referencial na decisão de investimento.

(43)

4.2.2 Razão 2D:4D e testosterona no comportamento de risco

Estudos demonstram que a exposição a andrógenos pré-natais, especialmente a testosterona, causa diferenciação sexual. Dixson (1998) e Wingfield et al. (1990) afirmaram que a testosterona é um hormônio que influência não só a masculidade, mas também desempenha um papel importante na explicação de certos comportamentos masculinos.

A testosterona tem sido associada a traços de personalidade, tais como: aumento da agressividade (ARCHER, 2006), neuroticismo, extroversão, conscienciosidade e afabilidade (FINK ET AL., 2004), e a outros comportamentos como: maior fertilidade (MANNING ET AL., 1998), boa saúde (MANNING ET AL., 2002), maior habilidade esportiva e para a música (MANNING ET AL. 2001/2002), infrações de trânsito (SCHWERDTFEGER ET AL., 2010), depressão (SMEDLEY ET AL., 2014), competitividade (CROSSON & GNEEZY, 2009) e outros.

[BROWN ET AL. (2002A, 2002B), LUTCHMAYA ET AL. (2004), ÖKTEN ET AL. (2002), APICELLA ET AL. (2008), COATES &RUSTICHINI (2009), SAPIENZA & MAESTRIPIERI (2009) GARBARINO & SYDNOR (2011)] e outros, relacionaram a exposição ao hormônio testosterona, ao comportamento das pessoas.

Para medir a exposição ao hormônio testosterona, a literatura aponta diversos marcadores biológicos. Foram utilizados, por exemplo, o líquido amniótico (JUDD ET AL.,1976), o sangue do cordão umbilical ( MACCOBY ET AL., 1979), o sangue da mulher grávida (DOKRAS ET AL., 2003) entre outros.

Outro marcador de testosterona pré-natal intensamente estudado atualmente é a razão 2D:4D, isto é, a razão entre os comprimentos do dedo indicador (2D) e o dedo anelar (4D). A razão 2D:4D é sexualmente diferenciada, de modo que os homens tendem a ter menor razão 2D:4D do que as mulheres. Essa diferença sutil na anatomia da mão humana já era conhecida final do século 19. (PETERS ET AL., 2002) e (VORACEK ET AL., 2008).

(44)

importante no controle dos órgãos do corpo humano assegurando um bom funcionamento destes sistemas. Manning et al. (1998) e Manning (2002) confirmaram a existência de um padrão de dimorfismo sexual entre os sexos, indicando que os homens têm uma razão menor 2D:4D que as mulheres.

No presente trabalho foi aplicado este mesmo método por se tratar de uma maneira menos invasiva e mais acessível de obter o grau de exposição à testosterona que as pessoas foram expostas. Além disso, vários pesquisadores têm utlizado este método em suas pesquisas. Por exemplo, os estudos de Brown et al. (2002a, 2002b), Lutchmaya et al. (2004), Ökten et al. (2002) encontraram evidências para a hipótese de que a razão 2D:4D esteja relacionada com andrógenos pré-natais. Estes estudos mostram que uma menor razão 2D:4D está associada a maior exposição à testosterona pré-natal. Sapienza & Maestripieri (2009), Garbarino & Sydnor (2011) concluíram que um indivíduo que recebera uma maior exposição à testosterona tem maior propensão ao risco, mostrando que, por isso, os homens têm maior propensão ao risco que as mulheres.

Coates et al. (2009) realizaram um estudo confrontando a exposição à testosterona e a taxa de retorno de uma carteira de investimentos. Chegaram a conclusão que os traders, que foram expostos a um maior nível de testosterona pré-natal, ganharam maiores retornos a longo prazo e permanecem mais tempo no negócio.

Destacamos aqui dois estudos que também estão relacionados com investimentos financeiros. O trabalho de Apicella et al. (2008) foi adaptado do jogo proposto por Gneezy e Potters (1997) no qual cada participante recebeu um saldo de US $ 250 e foi solicitado a escolher um valor X entre 0 e 250 que desejava atribuir a um investimento de risco. Caso tivesse sucesso, teria seu investimento multiplicado por 2,5. O valor não investido ficaria de posse do voluntário que teria uma chance de ganhá-lo, caso fosse sorteado no final do experimento. Os homens com níveis de testosterona mais altos investiram quase 12% a mais que os homens com níveis médios de testosterona.

(45)

Realizou três experimentos relacionados com a Myopic Loss Aversion (MLA), replicando o experimento de Gneezy e Potters (1997), house-money e effect (HME), e na aversão à ambiguidade. No experimento Myopic Loss Aversion (MLA), os voluntários de ambos os sexos com maior exposição ao hormônio testosterona investiram mais após ganhos e perdas. Já as mulheres que foram menos expostas foram avessas à ambiguidade. O autor conclui que a maior exposição à testosterona deve ser tratada com parcimônia.

No presente experimento também chamamos a atenção para o possível papel da testosterona no comportamento econômico e financeiro das pessoas. Para tanto, foi proposta uma experiência de tomada de decisão financeira que estabelece uma conexão entre a razão 2D:4D com a imagem pessoal.

Um dos resultados importantes deste experimento é que os voluntários com a razão 2D:4D maior que 1, isto é, com menor exposição à testosterona quase não mudam de opinião, independente da imagem do analista, continuando com suas convicções avessas ao risco.

4.3 METODOLOGIA

Para a realização do experimento foram recrutados alunos de graduação de duas faculdades na cidade de Brasília, Distrito Federal: UNIPLAN (Centro Universitário Planalto do Distrito Federal) e IESB (Instituto de Ensino Superior de Brasília). A pesquisa contou com elevado grau de heterogeneidade. Os voluntários eram de cursos de várias áreas de conhecimento: engenharias civil e elétrica (exatas), gestão em recursos humanos (humanas), gestão empresarial (negócios) e gestão hospitalar (Saúde).

(46)

Este estímulo se justifica para um maior comprometimento dos voluntários, conforme o artigo Pay - But do not pay too much: An experimental study on de Impact off

incentives (POKORNY, K. 2008). Foram realizadas várias sessões em dias e locais diferentes, caracterizando a não influência de um grupo de participantes em outros. Foram excluídas da amostra as observações com valores ausentes de qualquer das variáveis utilizadas neste trabalho. A amostra é composta por 219 voluntários, sendo 92 homens e 127 mulheres (Idade M = 27,5 e DP = 7,6).

Com o propósito de alcançar a obtenção do melhor conjunto de dados sem viesar as inferências, buscou-se o controle do experimento de acordo com o estudo de Davis & Holt (1993), no qual são definidas regras básicas para a realização de procedimentos experimentais. Assim, minimizamos os impactos das variáveis perturbadoras realizando as pesquisas em horário normal de aula dos alunos, na mesma sala de aula em que estão acostumados a frequentar, assegurando sua assiduidade e costume com o horário.

Os participantes eram conduzidos aos seus assentos e orientados a desligar todos os aparelhos eletrônicos, tais como aparelhos celulares, computadores, tablets etc. Desta forma, pudemos evitar algum tipo de ruído externo que comprometesse as respostas dadas (DAVIS & HOLT 1993).

Os voluntários receberam as informações relativas ao experimento impressas e verbalmente. Todos os voluntários assinaram o termo de consentimento esclarecido.

Inspirado no trabalho de Rosenberg (1986), no presente experimento, foi exibida uma fotografia aos pesquisados, de um voluntário apresentado como um analista. Este analista apresentava informações financeiras de uma empresa fictícia, recomendando por meio de um texto que os participantes aplicassem seu dinheiro na empresa fictícia, pois, de acordo com as suas perspectivas, as ações dessa empresa renderiam mais que a média do mercado.

(47)

unidades monetárias para efetuar seu investimento. Os participantes foram divididos em duas turmas, conduzidas a salas diferentes, e o experimento foi dividido em três fases. Na primeira fase foram apresentadas as informações dadas pelo analista financeiro e uma fotografia foi projetada em uma tela, informando que a pessoa apresentada era o analista. Naquele momento, cada participante deveria decidir o quanto de sua dotação financeira inicial estaria disposto a investir. Na segunda fase, os entrevistados responderam a um questionário sobre alguns traços biológicos e sociais. Finalmente, na terceira fase, todos os participantes foram convidados a tirar a fotocópia das mãos direita e esquerda.

O experimento foi conduzido com duas formas de tratamento. No tratamento 1 foi apresentada a fotografia do voluntário com roupas simples (short e camiseta) e no tratamento 2 foi apresentada a fotografia do mesmo voluntário trajando terno e gravata. A duração média de cada sessão foi de 60 minutos.

Para a retirada das cópias de ambas as mãos dos voluntários, foi utilizado um

scanner da marca HP Scanjet G4050, com resolução de digitalização de até 4800 x 9600 dpi. Para evitar distorções foi solicitado a cada voluntário que retirasse quaisquer objetos e/ou adornos dos dedos antes de colocar a mão no scanner.

(48)

4.4 RESULTADOS

A figura 1 reporta a estimativa do histograma e a densidade de kernel da razão 2D:4D da amostra. Os resultados são apresentados tanto para a mão direita quanto para a mão esquerda, separarando homens (n = 92) e mulheres (n = 127).

Figura 1 - Distribuição razão 2D:4D e Densidade de Kernel.

Fonte: Elaborado pelo autor

O histograma, conjuntamente com a Densidade de Kernel, mostra que a distribuição das medidas das mãos das mulheres e dos homens é bastante similar para ambas às mãos. Densidade de Kernel é um método estatístico não paramétrico de estimação de curvas de densidade, também podendo ser utilizado como uma medida de similaridade entre amostras.

(49)

Entretanto, a fim de se obter significância estatística, realizamos também o teste de Mann-Whitney (U) para as mãos direita e esquerda de todos os voluntários, não sendo possível rejeitar a hipótese de que elas são estatisticamente iguais. Como não houve diferença significativa, apesar de ter sido realizado testes para ambas às mãos, neste trabalho, apresentam-se os resultados apenas da mão direita.

Tabela 1 – Teste de Mann-Whitney (U) para mãos direita e esquerda.

Variable Count Median Median Mean Rank Mean Score D2D4DIR 219 0.94 99 209.8128 -0.086381 D2D4ESQ 219 0.944 113 229.1872 0.087253

p = 0.1093 Fonte: Elaborado pelo autor

As estatísticas descritivas da razão 2D:4D são apresentadas na tabela 2. Os resultados são apresentados separadamente para homens e mulheres e para as mãos direita e esquerda.

Tabela 2 – Estatística descritiva da razão 2D:4D de ambas as mãos.

Direita Esquerda Direita Esquerda Mean 0.9301 0.9477 0.9455 0.9491 Median 0.9305 0.9475 0.9400 0.9400 Maximum 1.0500 1.0300 1.0600 1.100 Minimum 0.8100 0.8800 0.8500 0.8600 Std. Dev. 0.0459 0.0308 0.0354 0.0377 Skewness -0.1669 0.4616 0.4820 0.7730 Kurtosis 3.2531 3.4106 3.4446 4.2225

Jarque-Bera 0.6731 3.9141 5.9647 20.5587 Probability 0.7142 0.1412 0.0506 0.00003

Homens Mulheres

Fonte: Elaborado pelo autor

Imagem

Figura 1 - Distribuição razão 2D:4D e Densidade de Kernel.
Tabela 1 – Teste de Mann-Whitney (U) para mãos direita e esquerda.
Tabela 3 – Resultado do teste de Mann-Whitney (U) 2D:4D mão direita homens e mulheres
Tabela 5  –  Valores médios investidos por variável com resultado do teste t.  Tratamento 1 (SD) Tratamento 2 (SD) t  p Homem/ Mulher 456.41 (286.31) 577.16 (286.31) -3.387646 0.0008 *** Homem 464.89 (305.04) 603.77 (241.12) -2.415739 0.0177 *** Mulher 449
+7

Referências

Documentos relacionados

A Psicologia, por sua vez, seguiu sua trajetória também modificando sua visão de homem e fugindo do paradigma da ciência clássica. Ampliou sua atuação para além da

A crescente preocupação com taxas elevadas de insucesso escolar, fez incidir as atenções dos responsáveis políticos sobre a função dos serviços de apoio à infância como meio

repartição mais alargada dos rendimentos, através de outros meios de transferência que não a segurança social, e onde cada um saiba que pode contribuir não apenas para a produção

Por mais que os repertórios interpretados pelos diferentes flauteros nas muitas comunidades chané e guarani da região não sejam idênticos, existem temas que podem ser

O artigo 2, intitulado “Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC): Estar fora da família, estando dentro de casa”, foi resultado da realização de uma pesquisa de

Com o objetivo de compreender como se efetivou a participação das educadoras - Maria Zuíla e Silva Moraes; Minerva Diaz de Sá Barreto - na criação dos diversos

Os tratamentos do estudo foram desenvolvidos a partir das soluções do extrato de Cyperus rotundus (tiririca), do extrato do pirolenhoso de clone de eucalipto e da

A gestão do processo de projeto, por sua vez, exige: controlar e adequar os prazos planejados para desenvolvimento das diversas etapas e especialidades de projeto – gestão de