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Análise do Episódio 2.2: Expondo e Questionando: O avanço da ciência está a serviço da humanidade?

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CAPÍTULO VII RESULTADOS E DISCUSSÃO

7 ANÁLISE DA DINÂMICA DISCURSIVA DA SALA DE AULA DE B

7.2 Visão Geral da Aula no 2º Ano de Logística

7.2.2 Análise do Episódio 2.2: Expondo e Questionando: O avanço da ciência está a serviço da humanidade?

O episódio 2.2 foi extraído do momento no qual um dos estudantes expressa o que teria lhe chamado atenção no vídeo: a ausência da dor. Para isso, utiliza-se como exemplo, de uma reportagem que teria visto na televisão, e a professora chama atenção para a importância da dor para ativação das defesas do organismo e nesse processo, o papel do sistema nervoso

de forma geral e os neurônios de forma específica como podemos analisar, no quadro 22 a seguir:

Quadro 22: Episódio 2.2: Expondo e Questionando: O avanço da Ciência está a serviço da humanidade?

1. Prof.: É existe assim. Como você viu, são pesquisas ainda, não é? Eu diria em caráter experimental, tá? Pra se tentar ver a possibilidade de fazer com que alguém, que tenha perdido a condição, no caso da visão, tenha a possibilidade de voltar pelo menos, a enxergar. Quando a situação, é uma situação de nascença, não é? Uma coisa que já foi uma má formação, já foi uma alteração, a situação fica mais complexa, bem mais complexa! Não significa dizer que a Ciência cruzou os braços diante do desafio, claro que não! Mas fica mais complexa. É diferente de uma pessoa que já teve a capacidade, ta? E ter a possibilidade de retomar. Então, é aquilo que a gente viu, no caso daquela técnica do uso do vírus geneticamente modificado. Então, geneticamente modificado. Veja! O que é que a gente entende por vírus? Um parasita obrigatório, né? Obrigatório, ou seja, precisa da célula para, eu tirar, para se replicar, se reproduzir e causar mal ao hospedeiro, aí veja o que a Ciência mostra (+++). Olha, vou usar vírus, que são parasitas obrigatório. Modifico geneticamente, e aí vou tentar reparar uma situação de danos com a região lesada do olho. Então, é assim: É a ciência buscando, né?, formas de utilização, inclusive de seres considerados altamente perigosos, que são os vírus, na tentativa de minimizar uma situação. Foi assim que aconteceu com a vacina. Da descoberta da vacina, a gente sabe que foi justamente, a partir, que é usado até hoje, do uso do próprio microrganismo causador da doença, não é? Então, quando se produz uma vacina, quando você toma uma vacina, você tá recebendo o microorganismo atenuado, não é?, fraco, ou então, fragmentos dele. Mas foi uma forma de que o homem encontrou, de fazer com que o corpo, passe a produção de anticorpos diante da presença... ((Chegou alguém na sala em busca de um aluno que estava fazendo prova de matemática com outro professor)) Sim, então assim, imagine, uma forma de fazer com que o organismo, ele interprete a presença do agente, ali, causador e, consequentemente, o sistema imunológico, seja ativado no sentido de produção de anticorpos. Então, a questão da vacina aí, é outra, é tem um outro mecanismo em que é usado o próprio agente causador pra conseguir um resultado , tá? Satisfatório, no caso da produção de anticorpos.

2. E1: É como, é como o veneno da cobra, né?, que é usado também pra fazer o soro.

3. Prof.: Isso, no caso do soro que ela fala que, então o soro, o antiofídico, que ela fala da cobra, então o próprio veneno da cobra é usado no animal, no caso o cavalo, pra que ele produza anticorpos, e esses anticorpos são usados em pessoas quando são atingidas por cobras.

4. E2: Professora, os anticorpos são iguais? 5. Prof.: Como assim, Eudes?

6. E2: São iguais? Porque se eles fossem diferentes e quando chegassem à corrente sanguínea, seriam criados os anticorpos pra combater eles? Tipo, se fossem reconhecidos como anticorpos estranhos...

7. Prof.: Han han! Os anticorpos, eles são específicos, tá? Então assim, para determinar algum tipo de bactéria. Vamos pensar a bactéria da tuberculose! Então, os anticorpos que são produzidos a partir da vacina que a gente recebe, que a gente toma, que contém a bactéria atenuada, né?, ou fragmentos dela, então, os anticorpos que vão ser produzidos para aquele tipo de bactéria são ESPECÍFICOS para ela. Tá dando para entender?

8. E2: Então, em todos os animais, os anticorpos, vai ser tudo igual? 9. Prof.: Tudo igual?

10. E2: Os anticorpos? Vão ser...

11. Prof.: Dependendo do tipo de, digamos de doença, né? Então, por exemplo: no caso da produção de soro, eles usam mamíferos. No caso, cavalos, não é? Mamíferos que tem logicamente, um funcionamento muito parecido com o nosso. É claro que não é todo animal que vai conseguir fazer isso. Eles fazem as pesquisas e veem que tipo de animal poderia acontecer de uma forma muito parecida com o que acontece no organismo humano, entendeste? Bem, então assim. Trazendo, a gente viu o título do vídeo, do filme né? Que é ‘Eu Humano’, eu humano, tá? E, observe, que ele fez, iniciou fazendo uma referência ao nascimento, né? O nascimento, onde tudo se inicia, né? A gente sabe que tem todo um processo de desenvolvimento embrionário que ocorre dentro do corpo da nossa mãe, tá? Que consequentemente, é, nós passamos os nove meses sendo alimentados, recebendo oxigênio, não é? Sendo protegido. Mas, chega um determinado momento, em que esse novo ser, precisa fazer uso dos seus órgãos, dos seus sistemas para conseguir sobreviver aqui fora. E aí a gente, é, percebeu lá no início, mostrando esse nascimento, o quanto tanta coisa ali, precisa funcionar pra dar conta, não é? de esse novo ser, realmente conseguir se manter nesse ambiente. Então, é mostrou a questão da própria voz, do choro, não é? Do, do impacto que esta criança vai ter com esse mundo cheio de ar, já que vem de um mundo pequenininho, cheio de água.

nasce.

13. Prof: Exatamente! Olha aqui o que ela (Milena) coloca, né? A comparação que foi feita em relação, quando a criança nasce, os sentidos todos confusos ainda, misturados, e fez aquela comparação com que a gente viu naquela jovem que tem defeito, né? Que tem um problema em que, quando sente cheiro, ver cores, não é? Sente, percebe o som, ver cores. Tudo misturado. Foi feito, inclusive, esta comparação. O bebê quando nasce, como tudo ainda está confuso, não é? E precisa, logicamente, entrar em funcionamento pra dar condição, o reconhecimento desse mistério por essa criança. Outra coisa aí, a gente viu vários sistemas não é, o sistema de defesa do corpo. Como é que esse corpo consegue se defender dos ataques externos, sobretudo de uma infinidade de microrganismo? Que nós vimos que nós temos mais bactérias dentro do corpo da gente do que mesmos, células. Imagine! A batalha que é travada todos os dias no nosso corpo, pra que a gente consiga vencer essa batalha e não adoecer. Todos os dias, temos contato com bactérias, vírus, com protozoários, com fungos, com ácaros, como a gente viu. E, no entanto, a gente não adoece todos os dias. Atenção meninos! E por quê? Dispomos de um sistema imunológico, que está sempre alerta, que está sempre nos defendendo da presença desses microrganismos que invadem o nosso corpo, não é?

14. E2: Obrigado!

15. Prof.: Que mais a gente viu? Uma outra, é, questão assim importante, foi a boca, enquanto órgão que, na verdade, existe maior contaminação, não é? Mostrou aquele detalhe da língua e a gente viu ali, é, a quantidade de bactérias não é? Eudes e Rafael! E de microrganismos que chegam à nossa boca. Inclusive, você me perguntou no momento (Eudes). Ô professora e porque então, não é? Na boca tem uma quantidade tão grande, não foi assim seu Elvis?

16. Eudes: Por causa do Ph.

17. Prof.: E a gente não, não adoece, assim, não ataca o tanto. Então, aí eu estava falando pra ele ali baixinho, que na boca a gente tem a saliva, não é? Que consequentemente, tem enzimas, tá? E que, de uma certa forma, não é local favorável ao desenvolvimento de alguns microrganismos.

18. E2: Graças a Deus!

19. Prof.: Graças a presença da saliva. Bem, depois nós vimos a questão do estômago, não é? A grande quantidade também, de bactérias, que se alojam no nosso estômago, e que também, a gente consegue, em muitos casos, né? Evitar que essas bactérias desenvolvam sintomas, né? Doenças. Lá a gente tem o suco gástrico, que tem o PH ácido, que não serve apenas pra quebrar as moléculas de alimentos, mas também mata microrganismos sensíveis a esse tipo de PH, ao PH ácido. Bem! Foi apresentado também, algumas doenças consideradas, doenças raras, vamos ver se vocês lembram? Quais foram as doenças raras que a gente viu? 20. E6: Insensibilidade

21. Prof.: Insensibilidade de que? 22. E6: No sei que lá a dor 23. E2: Congênita

24. Prof.: Congênita a dor 25. E2: Sines

26. Prof.: Oi, repete! 27. E2: Sinistisia

28. Prof. Sinestesia, qual é essa dificuldade? 29. E4: É a da cor

30. Prof.: Licença um instantinho! (alguém chega na porta e a chama. Foi o pai de um aluno pedindo o capacete que o mesmo teria deixado na sala). Sim, então, a sinestesia, é o que?

31. Letícia: Os sentidos são embaralhados

32. Prof.: Muito bem! Os sentidos são embaralhados. Além da insensibilidade congênita a dor, a sinestesia, qual foi a outra?

33. E6: Ô professora, esse, Strepto 34. E2: Streptococus,

35. Prof.: Isso aí, Streptococus. O que é o Streptococus? 36. E2: A bactéria muito séria que causa.

37. Prof.: A bactéria que causa 38. E2: A necrose

39. Prof.: A necrose, né? Qual foi a outra doença? 40. E6: Hipertiméstica

41. Prof: É o que isso ai? 42. E7: Supermemória

43. Prof.: Supermemória, não é? A capacidade que, algumas pessoas, que a minoria tem, de ter uma SUPERMEMÓRIA, né? Lembrar acontecimentos, não é? Que ficaram lá atrás, no passado, e ter a condição de

lembrar, com precisão, esses acontecimentos no presente, não é? Outra coisa, que eu queria ver com vocês, nós vimos também através do vídeo, técnicas sofisticadas, não é? Adotadas pela tecnologia, na ciência, na medicina, na tentativa de minimizar esses problemas. Eu escutei Roberval, num momento, me chamou atenção, quando ele disse assim: essa tecnologia aí, não é, lá, no hospital de lá, isso não chega para o pobre, não foi assim? Eu escutei quando ele colocou aí, no momento que estava passando. Eu queria que você passasse pra gente o que você, porque esse vídeo lhe chamou tanto a atenção? Vamos escutar!

44. E8: Eu sei que tá, essa, alguma cura, a tecnologia da ciência, tá começando agora, com as coisas. Estão começando a descobrir agora, mas eu acho que poderia trazer mais, não só pro Brasil, como o ebola. Descobriram, descobriram lá nos Estados Unidos, algumas coisas. Era pra exportar pra África, porque os países pobres precisam mais de tecnologia de que os países ricos, porque aparecem mais doenças nos países pobres do que nas...

45. Prof.: Aparece mais doenças nos países pobres, e a tecnologia não vem para dos países pobres, vem dos países ricos

46. E2: A fome mata mais que o ebola. Ela já matou bem mais que o ebola e há bem mais tempo. Só não tem cura, porque fome não mata rico. Se matasse.

47. Prof.: Então assim, isso é um questionamento, assim importante no sentido que. A gente sabe que a ciência é pra está a serviço da humanidade. Esse é o papel da ciência, está a serviço da humanidade, não é? Buscar meios, mecanismos tecnológicos para, consequentemente, aliviar a dor. Encontrar estratégias de uso sustentável, né?, dos recursos, enfim, está a serviço da humanidade. Então, quando e essa ciência, ele esteja realmente ao acesso de todos, não é, a gente percebe, sem dúvida nenhuma, que há esperanças, mas agente também...

48. E6: Aquela cirurgia. Quem tem câncer e faz aquela cirurgia mesmo, dos rins, dos rins [...]

49. Prof.: Pois é! o que precisa é que essa tecnologia, que essa ciência, ela esteja realmente ao acesso de todos, não é? Se estar a serviço da humanidade, é preciso que todos tenham direito. E ai quando a gente ver, técnicas sofisticadas como a gente viu, né? Equipamentos de terceiro mundo, a gente percebe, sem dúvida nenhuma, que há esperanças, mas a gente também...

50. E2: De primeiro mundo

51. Prof.: De primeiro mundo, verdade! De primeiro mundo. 52. E5: De terceiro mundo é o Brasil.

53. Prof.: De terceiro, não é nosso caso. Então assim, o que acontece? A gente vê... 54. E2: Terceiro mundo é pior

61. Prof.: É verdade! A gente vê as técnicas, a gente vê que existe possibilidade, mas é preciso que cada país, não é? Tenha realmente, possibilidades de avançar, na ciência e na tecnologia pra atender as pessoas, certo?

Fonte: Aula de B1 no 2º ano de Logística em 17.11.2014.

Nesse episódio, a professora tinha como foco possibilitar uma reflexão sobre o estudo do funcionamento do organismo humano para o avanço da Ciência e da Tecnologia, sendo esse último um processo decorrente de idas e vindas. Além disso, possibilitar aos estudantes espaço para refletirem sobre a importância do desenvolvimento científico e respectivos impactos na qualidade de vida das pessoas. Sendo assim, sua intenção no primeiro segmento do episódio 2.2 é desenvolver a história científica, ao mesmo tempo guiar os estudantes com as ideias científicas e dar suporte ao processo de internalização (Turnos 1- 11). Ao ser questionada sobre a possibilidade de tratamento das pessoas que nascem sem enxegar por meio da técnica exposta no vídeo, B1 revendo o progresso da história científica, recapitula o momento do vídeo no qual retrata as pesquisas que vêm sendo desenvolvidas. Esclarece ainda que as mesmas estão em processo experimental e que no momento, o investimento está sendo para as pessoas que deixam de enxergar. Importante ressaltar, a postura de B1 em relação à Ciência. Ao mesmo tempo em que deixa claro o caráter provisório do conhecimento

científico, fortalece sua importância para a melhoria de vida das pessoas (Turnos 1-3). Ainda compartilha significados, repetindo a contribuição de Milena (Turnos 2 e 3). Também intervém checando o entendimento de Eudes, quando o questiona em relação à dúvida sobre anticorpos (Turnos 4-5, 8-9). Marca significados, usando tom de voz particular para chamar atenção da especificidade dos anticorpos (Turno 7). A abordagem comunicativa é interativa dialógica e de autoridade, sendo mobilizado saberes diversos ao longo do segmento. O saber pedagógico de conteúdo é mobilizado por meio de questionamentos feitos por B1 no processo de interpretação do vídeo. A exemplo disso destacamos o momento no qual a mesma questiona os estudantes sobre vírus: “Então, é aquilo que a gente viu, no caso daquela técnica do uso do vírus geneticamente modificado. Então, geneticamente modificado. Veja! O que é que a gente entende por vírus?”. Tal questionamento se constitui em estratégia para facilitar a compreensão sobre o conceito trazido a tona. Também mobiliza esse saber quando utiliza sinônimos para facilitar a compreensão, conforme explicitado na frase: “recebendo o microorganismo atenuado, não é?, fraco, ou então, fragmentos dele” (Turno 1). Também faz associação do conhecimento novo com o que o aluno já conhece (Turnos 2-3). Ainda usa de exemplos conhecidos pelo estudante, como no caso da bactéria da tuberculose para tratar dos anticorpos (Turno 7 e 11). Ao mesmo tempo utiliza o saber do contexto dos estudantes, como é o caso do exemplo do veneno da cobra utilizado pela estudante (turno 2). Saberes da ação pedagógica são mobilizados ao considerar as respostas dos estudantes e inclusive, estimular a participação dos mesmos, o que nos permite pensar numa postura de valorização do estudante como sujeito do processo de aprendizagem. Também se utiliza de expressões como “né? não é? tá? e entendestes?” (Turnos 1 e 11), demonstrando uma permanente vigilância entre o que expõe e a compreensão dos estudantes, utilizando-se como parâmetro para continuar e/ou retomar. Essas expressões nos parecem possibilitar espaços para possíveis inquietações por parte de quem escuta. Também utiliza questionamentos para entender o que o estudante compreende, sobre sua inquietação e para fazer a devida intervenção, além de também utilizar como estímulo para que o mesmo possa expressar sua dúvida sem medo de errar. O erro para professora parece ser considerado como ponto de retomada para a condução da aula (Turnos 4-11).

No segmento seguinte, B1, após estimular a participação dos estudantes em relação ao vídeo, ainda com a intenção de guiá-los nas ideias científicas (Turnos 12-43), recapitula a aula, buscando priorizar aquilo que ainda não tinha sido evidenciado na fala dos estudantes. Desse modo, rever o conteúdo, considerando aspectos do nascimento, da adaptação do corpo

para viver mergulhado na camada de ar, das doenças raras e o sistema imunológico, responsável pela defesa do organismo, onde aprofunda um pouco. Compartilha significados quando repete a ideia de Milena sobre a sinestesia, sentidos confusos da criança ao nascer assemelhado à doença rara na qual o sentido da visão é sentido pelo olfato (Turno 12-13). Ainda seleciona significados quando ignora a fala de Eudes (turnos 16-17; 18-19) e quando considera as respostas dos demais (Turnos 20-43). A abordagem comunicativa, assim como no segmento anterior, é interativa de autoridade. Há uma participação dos estudantes, todavia para fortalecimento da Ciência escolar. O saber pedagógico do conteúdo é mobilizado, quando questiona sobre o assunto que expõe e ao mesmo tempo responde, conforme explicitado na fala: “Como é que esse corpo consegue se defender dos ataques externos, sobretudo de uma infinidade de microrganismo?”; “Todos os dias, temos contato com bactérias, vírus, com protozoários, com fungos, com ácaros, como a gente viu. E, no entanto, a gente não adoece todos os dias. Atenção meninos! E por quê?”. Também mobilizada o mesmo saber quando se utiliza de expressão exclamativa e analogias para possibilitar pontes entre o novo e o que os estudantes já conhecem, conforme podemos conferir na seguinde fala: “Imagine! A batalha que é travada todos os dias no nosso corpo, pra que a gente consiga vencer essa batalha e não adoecer” (Turno 12).

No último segmento desse episódio, B1 parece ter a intenção de guiar os alunos na aplicação das ideias científicas (Turnos 43-61) para o desenvolvimento de posturas críticas frente à relação Ciência Tecnologia e Sociedade (CTS). Desse modo, após refletir sobre técnicas sofisticadas, desenvolvidas para minimizar problemas de saúde humana, compartilha significados repetindo a ideia de Roberval para toda classe e ainda, solicitando que o mesmo repita o enunciado para todos os colegas: “Eu escutei Roberval, num momento, me chamou atenção, quando ele disse assim: essa tecnologia aí, não é, lá, no hospital de lá, isso não chega para o pobre, não foi assim? Eu escutei quando ele colocou aí, no momento que estava passando. Eu queria que você passasse pra gente o que você, porque esse vídeo lhe chamou tanto a atenção? Vamos escutar!” (Turnos 43). Nos demais turnos, selecionando significados, B1 considera a contribuição dos estudantes no esforço de trabalhar essas contribuições no desenvolvimento das atitudes por parte dos mesmos (Turnos 43-61). A abordagem comunicativa é interativa e dialógica. O conhecimento dos estudantes é considerado durante todo segmento. O saber da ação pedagógica é mobilizado para estimular os estudantes a exporem seu pensamento e também na utilização de expressões como “né? não é? certo? não

foi assim? como estratégia de acompanhamento da situação de ensino. O quadro 23 a seguir, sistematiza os aspectos discursivos e saberes identificados.

Quadro 23: Síntese da análise do Episódio 2.2.

Segmento, turnos, sujeitos do discurso Turno (1-11) Professora e Estudantes Turno (12-43) Professora e Estudantes Turno (43-54) Professora e Estudantes Estartégias Exposição oral e

questionamento Exposição oral e questionamento Exposição oral e questionamento Intenções da professora

Desenvolver a história científica e guiar os estudantes com as ideias científicas e dar suporte

ao processo de internalização

Guiar os estudantes com as ideias científicas

Guiar os alunos na aplicação das ideias científicas para o desenvolvimento de posturas críticas Abordagem comunicativa Interativa/dialógica/de autoridade

Interativa/de autoridade Interativa/dialógica Intervenções da

professora

Rever o progresso da história científica

Compartilha significados Checa o entendimento de Eudes

Marca significados Rever o progresso da história científica Compartilha significados Seleciona significados Compartilha significados Selecionando significados

Ações Recapitula o momento do vídeo Repete a contribuição de

Milena

Questiona em relação a dúvida sobre anticorpos Usa tom de voz particular para

chamar atenção da especificidade dos anticorpos

Recapitula as atividades do vídeo

Repete a ideia de Milena sobre a sinestesia Ignora a fala de Eudes

Repete a ideia de Roberval e pede que o mesmo repita o

enunciado para todos os colegas

Considera a contribuição dos estudantes.

Saberes mobilizados Saber da ação pedagógica Saber pedagógico do conteúdo

Saber do contexto

Saber da ação pedagógica Saber pedagógico do

conteúdo

Saber da ação pedagógica Saber pedagógico do

conteúdo Fonte: Produzido pela autora.

Na análise da aula 2, podemos constatar que as estratégias de exposição oral e questionamentos parecem consolidar ações da professora B1 na sala de aula no sentido de introduzir e desenvolver as ideias científicas e discutí-las com os estudantes. Na aula 2, a professora parece ter uma postura mais dialógica e as ideias dos estudantes são incluídas na discussão em sala de aula. Também persiste a ação de selecionar falas de alunos orientando a discussão na direção das ideias que deseja evidenciar no ensino da Biologia.

A terceira aula selecionada foi ministrada no dia 09 de março de 2015 em uma turma de 3º ano de Meio Ambiente sobre Mendel e a Genética teve uma duração de 87 minutos. A aula foi constituída por 5 momentos: revisão da aula anterior sobre variabilidade genética,

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