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4 ANÁLISE DAS OBRAS

4.2. Edifício Escolar Universidade Anhembi Morumbi (2002) – Arq Francisco Petracco

4.2.2. Análise da estrutura

O tempo de construção foi fator determinante para a escolha da estrutura metálica, como sistema construtivo no projeto do novo bloco da universidade, considerando que a nova edificação permitiria abrir até duas mil novas vagas na instituição.

“(...) quando se avalia o quanto um prédio, que pode abrigar até dois mil alunos, pode render em um semestre, o tempo passa ser um fator determinante. Ou seja, se ele levaria um ano e meio para ser construído, e podemos fazer isso em apenas seis meses, é um ano de mensalidade de dois mil alunos que serão contabilizados, e esse foi o grande motivo.” (Francisco Petracco, 2014)

A estrutura (fig. 83) é marcada por duas grandes treliças horizontais, de 33 metro de comprimento, unidas por treliças verticais, que permitiram liberar um grande vão central. Esse conjunto, que se repete em todas as fachadas, determina o contraventamento da edificação e garante a permeabilidade que se pretendia no projeto, possibilitando áreas livres de circulação e definindo, no pavimento térreo, uma grande praça de convivência, que permitiu uma maior interação entre o público externo e interno, e criou um grande espaço de convívio para os alunos dos diversos cursos da instituição.

Segundo a definição do próprio arquiteto:

“ ...o prédio é composto a rigor de dois anéis de treliças contraventadas nos quatro lados do prédio, uma em cima e outra em baixo, ligadas por outras treliças verticais contraventadas, o que proporcionou uma maior rigidez a todo o conjunto.” (Francisco Petracco, 2014)

Fig. 83 Perspectiva evidenciando o sistema de contraventamento da estrutura metálica aparente. Fonte: Wladimir Capelo Magalhães (2014).

O modelo estrutural proposto, evidenciado na estrutura metálica externa, pode ser definido como um sistema porticado, onde as conexões são soldadas (fig. 84) dando uma maior rigidez ao modelo. A transferência das cargas transversais exercidas pelo vento, são absorvidas e transmitidas para as fundações através do sistema de contraventamentos verticais e horizontais nas quatro fachadas, propiciando uma maior estabilidade estrutural.

Fig. 84 Detalhe da conexão soldada entre os elementos estruturais. Fonte: Wladimir Capelo Magalhães (2014).

A estrutura metálica externa é conectada, também por meio de soldas, a um sistema de vigas e pilares internos (fig. 85 e 86) que dão sustentação as lajes dos quatro pavimentos de salas de aulas, do mezanino e da coberta.

Fig. 86 Perspectiva explodida. Fonte: Wladimir Capelo Magalhães (2014).

Inicialmente, segundo o arquiteto Francisco Petracco (2014), a empresa construtora chegou a propor um quadro com núcleo central rígido em concreto, onde se estabeleceriam as circulações verticais e garantiria a estabilidade estrutural porém, essa opção foi rejeitada pelo arquiteto, e as vigas treliçadas proveram a rigidez e estabilidade estrutural necessária.

“Quando comecei a desenvolver o projeto e conversei com o construtor, que não construía em aço, ele chegou a propor que colocássemos um núcleo rígido no vão compreendido entre os dois blocos(...) (...) Nesse momento, expliquei que ia deixar esse grande vazio central e que não utilizaria o núcleo rígido, o que causou um grande espanto para o construtor, que estava certo que faria um núcleo rígido em concreto aonde seriam apoiadas as estruturas em aço. Foi então que eu disse que teríamos que pensar uma outra maneira de viabilizar a obra, porque o partido proposto previa esse grande vazio que serviria como uma grande praça, o ponto de encontro.” (Francisco Petracco, 2014)

Os pilares dos subsolos (fig. 88), área de estacionamento, foram revestidos com concreto para garantir uma maior segurança contra a ação do fogo e possíveis

acidentes estruturais. Segundo o arquiteto Francisco Petracco, “para as vedações internas foi especificado o Pumex, que são blocos de concreto celular que vinham em placas na altura do pé direito e eram montadas no local”. As vedações externas (fig. 87), em grande parte da edificação, é garantida por esquadrias metálicas e vidro, e seguem uma modulação independente das treliças da estrutura externa.

Fig. 87 Modulação das esquadrias metálicas nas fachadas. Fonte: Wladimir Capelo Magalhães (2014).

A prevenção contra incêndio, seguindo as exigências dos bombeiros, foi assegurada a partir de pintura especial e do revestimento das principais peças estruturais com espuma química:

“Todas as vigas principais tiveram que receber um tratamento especifico contra incêndio, e esse resultado é alcançado a partir de dois processos. Um, é a utilização de tintas que são caríssimas, e outra, é a utilização do revestimento com um tipo de espuma química (...).”(Francisco Petracco, 2014)

Os elementos estruturais que compõem as vigas e os pilares, externos e internos, são definidos por perfis de seção “I”. O sistema de lajes adotado foi o steel deck, que se ajustou perfeitamente as distâncias estabelecidas pela modulação estrutural, demarcada pelos pilares e vigas internas, e permitiu uma maior flexibilização da divisão dos espaços de salas de aula.

Segundo o arquiteto informou em entrevista:

“No projeto, havia uma preocupação com a flexibilidade do uso dos espaços, pois uma sala, que hoje está sendo usada por 50 alunos, amanhã pode ser utilizada por 30 pessoas, ou ainda, em determinados casos, poderá ser necessário reduzir ou dividir o espaço para o uso de 15 pessoas. Dessa forma, era imperativo prever a colocação das divisórias aonde fosse necessário, e no caso do steel deck, os condicionantes são maiores para o seu uso, mas isso conseguimos resolver tendo cuidado de especificar a laje sempre vencendo os menores vão entre as vigas. O interessante que essas vigas de apoio das lajes, muitas vezes não são muito exigidas e podem ser vazadas para a passagem de todo tipo de cabeamento e tubulação de infra-estrutura.” (Francisco Petracco, 2014)